Capítulo 32º

Rebeca

            Com muita insistência da parte de Tália resolvemos sair para almoçar. Eu estou atolada de trabalho. Parece que todos os pepinos do mundo apareceram agora que Larissa viajou. Suspirei encarando a paisagem do lado de fora do carro.

            Tália dirigia com tranquilidade deslisando por entre os outros veículos. Não era nem meio dia e minha cabeça já doía de tanto estresse. Apesar de ter aproveitado o final de semana para descansar a semana já começava me dando uma verdadeira surra.

            Chegamos ao Santé, já que era o único restaurante bom pelas proximidades da empresa. Descemos do carro e caminhamos conversando. Minha amiga falou o fim de semana inteiro sobre seu interesse em Anna, amiga de Alice.

            Por falar nelas mal entramos no restaurante e os olhos de Tália avistaram as duas em uma mesa no canto.

- Vamos até lá. – deu dois passos.

- Melhor não. – queria evitar ficar perto dela. Não sei muito bem o porquê. E isso de alguma forma me deixa confusa e assustada.

- Vamos, vai.

            Acabei cedendo ao desejo desenfreado da minha amiga em ficar perto de Anna. Ao nos aproximarmos ainda pude escutar uma parte da conversa.

– Puta que o pariu! Não acredito que você fez um ménage. – Anna comentou alto.

            Como assim ela havia ficado com duas pessoas ao mesmo tempo?  Será que isso era mesmo verdade? Não sei por que escutar aquela afirmação me deixou quase beirando a raiva.

- Olá garotas. Bom vê-las. – falei nos fazendo ser notadas.

            Alice se virou me olhando de cima a baixo. Observando atentamente cada parte da minha roupa. Sorri para ela para demonstrar que percebi sua boa observada. Sustentamos nossos olhares por alguns segundos. Mas eu não conseguia fazer isso por muito tempo, tem algo que me assusta. Me desestabiliza. Virei meus olhos para Tália que espaçosa já se sentava ao lado de Anna sem nem ao menos ser convidada. 

- Amiga, vamos deixar as meninas conversarem. Não vamos incomodá-las. – falei desejando sair de perto delas.

- Não é incomodo nenhum. E a única conversa nessa mesa vai ser a linda loira ao seu lado me explicar como conseguiu fazer um ménage antes de mim. – Anna falou em um misto de brincadeira, raiva e inveja. Alice corou levemente. Mas aposto que na hora do sex* não sentiu vergonha alguma. Encaramos a garota que permanecia calada.

            Tentei ao máximo disfarçar meu incomodo com aquela informação. Alice parecia tentar ver o que se passava na minha cabeça. Nós três ansiávamos pela história gloriosa de como ela foi parar na cama com duas mulheres.

- Essa eu quero saber. – Tália jogou o corpo para trás. – Senta aí, Beca. – apontou a cadeira obedeci no automático.

- Então, estamos esperando. – Anna insistiu.

- Ué gente. Aconteceu. – deu de ombros como se fosse algo comum.

- Claro. Você simplesmente escorregou na banana e caiu na cama com duas mulheres ao mesmo tempo. Espera! Foi com duas mulheres, não é?

- Sim. – mais uma vez ela enrubesceu.

- Vagabunda. – suspirou com cansaço. – Estou com raiva, mas muito orgulhosa de você. – Anna confessou com enfado.

- Quero detalhes. – Tália insistiu. – Alguém sobrou em algum momento?

- Não. Tudo bem sincronizado. Fluiu normalmente. Todas participativas. – ela dosa o que vai dizer, isso é bom da parte dela. Afinal se fosse um homem na roda de amigos estaria contando até o que não havia feito.  

- Foi com a Heloísa? – perguntei em um lapso de pensamento alto.

- Sim. – afirmou segura.

 - E a outra garota? – Anna perguntou em seguida.

- Uma moça que já foi namorada dela. Laura. Eu acho. – notei seu alivio ao perceber que o garçom de aproximava.

            O almoço seguiu com assuntos mais amenos. Houve uma breve discussão sobre quem pagaria a conta. Mas Alice contornou a situação ao me deixar pagar caso eu aceitasse fazer a segunda prova da nossa aposta. Marcamos de ir para casa dela as seis da noite e lá realizaríamos a tal disputa de natação.

            Na volta para a empresa minha amiga me olhava de canto de olho vez o outra. Conheço bem esse olhar. O olhar de quem está doida para falar algo, mas tem medo da minha recepção a opinião dela.

- Diz de uma vez. – mandei com a voz baixa.

- O quê? – se fez de desentendida.

- Diz o que quer falar. Antes que eu mude de ideia. – fitei os carros a nossa frente.

- Ficou com ciúmes quando a Anna falou do ménage?

- Não. – respondi. Não era de todo mentira, me incomodou de alguma forma. Entretanto não acredito se tratar de ciúmes.

- Sei. – deu de ombros. – É que você está toda atenciosa com ela. Ajudou quando nem mesmo a melhor amiga foi capaz.

- Exatamente. Eu a ajudei. Apenas isso. Faria o mesmo por qualquer uma.

- Mas Alice não é qualquer uma. A garota é linda. O sorriso, o corpo. Tudo nela é perfeito, até a conta bancária. – falou rindo.

- Essa sem dúvidas. – comentei ficando em silêncio e ela entendeu que não queria mais tocar no assunto.

            A tarde passou rápida e eu agradeci. Precisava de um banho. Meu corpo está exausto. Cheguei até a cogitar mandar mensagem para Alice e dizer que nossa competição ficaria para outro dia. Mas mudei de ideia. Queria vê-la. Ou melhor queria vê-la perder a disputa para mim. Sorri com o meu pensamento, juntei minhas coisas e sai da sala.

- Espero que tenham algo para fazer. Vou receber visita.

- Boa noite para você também, Mellie. – falei irônica e ela riu de canto. – Pelo visto a noite vai ser longa. – comentei analisando o ambiente.

            A mesa estava posta para duas pessoas, suas garrafas de vinho no gelo. Algumas velas espalhadas pela sala. Uma aura romântica toma conta do local.

- Vai sair pedido de namoro? – Tália indagou curiosa.

- Não. Ainda não.

- Ela só quer impressionar para fodê-la. – falei colocando uma uva na boca.

- Todo mundo trans*. Tô precisando disso também. – choramingou.

- Quem seria o todo mundo? – Amélia questionou curiosa.

- Alice por exemplo, fez um ménage.

            Revirei os olhos, lá vem aquele maldito assunto de novo. Amélia abriu a boca chocada, mas sorriu com malicia. Aposto que teve alguma lembrança das suas muitas aventuras.

- Chega desse assunto. Deixa a vida sexual da outra. Eu eihm. – resmunguei e sai deixando as duas a sós.

- O que deu nela? – escutei a voz da minha irmã.

- Falta de sex*. – minha amiga gritou para que eu escutasse antes de terminar de subi as escadas.

            Deitei meu corpo na cama por dois minutos, e foi o suficiente para me fazer relaxar e adormecer. Acordei com Tália me chamando avisando que já estávamos atrasadas. Com dificuldades fui para o banho. Deixei minhas peças de roupas separas em cima da cama. Assim como o maiô que usaria.

- Nem fodendo que você vai usar esse maiô de vó. – Tália estava indignada com a peça na mão.

- O que tem demais nele? É confortável e comportado. – revirei os olhos secando os cabelos.

- Você vai de biquíni. – abriu a porta do closet e foi revirar minhas gavetas. – Esse aqui. – atirou as peças na minha cara.

- Esse troço nem me cabe mais.

- Veste. – ordenou. – Vamos, até parece que tem algo aí que eu não tenha visto antes. – bufou.

 - Você precisa mesmo trans*r. Com urgência. – comentei enquanto fazia o que ela pediu.

            Não que vestir aquelas duas minúsculas peças tenha mudado alguma coisa. Me sentia nua assim como estava antes.

- Estou ridícula.

- Nada disso. A Alice vai ficar babando. – falou sorrindo.

- E quem disse que quero ela babando em mim? – girei nos calcanhares para encara-la.

- Ninguém disse. – ela ficou séria.

            Tudo bem, talvez o meu super ego gostasse da ideia de ser observada por ela. Mas eu jamais assumiria isso a Tália. Me admirei mais alguns minutos no espelho e resolvi que iria com aquele biquíni mesmo.

- Por favor, não vai trans*r no sofá. A gente volta para dormir em casa. – falei beijando a bochecha de Amélia.

- Aonde estão indo de biquini, a essa hora?

- Para casa da Alice. – Tália falou e Amélia e ela trocaram um olhar.

- Divirtam-se. – comentou apenas.

            Acho que a falta de comer algo estava incomodando minha barriga. Sentia ela completamente vazia. Ou isso seria nervosismo por saber que encontraria Alice daqui a pouco? Não, é apenas o velho frio na barriga de pré-campeonato. Apenas isso. Respirei fundo. Tália parou o carro e interfonamos para casa. Não demorou e o portão foi aberto.

            O plano de fazer Alice babar por mim foi por água a baixo quando meus olhos encontraram seu corpo perfeito em um minúsculo biquíni preto. Ela estava de cabelos molhados, e sua pele. Jesus! Sua pele estava pingando água. E aquilo de certa forma a deixa ainda mais sexy. O braço esquerdo em volta do pescoço de Anna, deixando suas costelas a amostra, e a parte de cima do biquíni quase deixo-a desprotegida nos seios.

- Oi. Vamos entrando, como podem ver a peixinha aí não resistiu e já caiu na água. – Anna comentou rindo e arrastando Tália pela mão. 

            Eu permaneci parada, meus pés não obedeciam a nenhum dos meus comandos para andar. Por mais que eu lutasse para encarar até as lindas rosas que eram exibidas no jardim, eu não conseguia. Alice era o ímã para o meu par de olhos curiosos e admirados.

- Você vai entrar? – questionou incerta.

- Claro, desculpe. – sai do meu transe, ou melhor fui tirada dele pelo doce som de sua voz. Espera! Doce? 

            Afastou para o lado e me deu passagem. Cuidei em caminhar em sua frente, evitando admirar suas costas. Escutei ela respirar pesadamente algumas vezes, também estava nervosa. Tália e Anna estavam na piscina rindo igual duas bobas. Era notório o interesse das duas. Não sei o que estavam esperando para ficar.  

- Já quer competir? – questionei quando Alice ficou ao meu lado.  

- Se você quiser. – deu de ombros e me fez sorrir.  

            Passou por mim e mergulhou em seguida. Mas aquela provocação na porta iria ter troco. Ah se ia. Quando ela emergiu, seus olhos me buscaram. Tirei a roupa que cobria meu biquíni, a sentindo acompanhar cada movimento meu. Ajeitei as bordas da calcinha.

            Baguncei os cabelos, qualquer pessoa que me conhecesse bem saberia que estou nervosa. Mas aquele jogo eu iria ganhar. Dei um passo após o outro caminhando de forma lenta até sentir meus pés tocarem a água fria da piscina.

- De férias com o ex tá diferente. – Anna disse gargalhando junto de Tália. As duas estavam mais afastadas. E eu sorri do comentário, mas sem tirar meus olhos dos de Alice que me admiravam.

            Aproveitei que ela olhou para as duas e mergulhei em silêncio. Observei que ela me procurava com certa inquietação.  

- Me procurando? – perguntei quase colada ao seu corpo.

            Adorei tê-la me admirando daquela forma. Então por que não provocar um pouco mais? Ao escutar minha voz, notei que seus pelos arrepiaram. Sorri satisfeita.

- Sim. – virou-se me fitando.

            Eu poderia ter me afastado, mas não queria e não fiz isso. Permaneci no mesmo lugar. Deixando nossos corpos próximos demais. Nossa troca de olhar foi intensa. E eu juro que senti uma dor no meu ventre. O que ela estava fazendo comigo? Isso era para ser um jogo de provocações, mas eu estava indo longe demais. Mas não sei se quero parar. Não sei se posso parar.

- Pronta para perder? – falei tentando amenizar o clima.

- Nem fodendo. – respondeu e eu gargalhei.  

- Se soubesse o que pretendo te pedir. 

            A frase saiu carregada de possibilidades. Mas na verdade eu não faço a menor ideia do que pedir caso ganhe. Deixei que sua mente buscasse o castigo.

- Três voltas completas. – respondeu.

- Por mim tudo bem.

- Vou adorar ver isso. – Tália saiu da água, e nós a seguimos.

            Foi feita a contagem e percebi que ela me deu uma vantagem. O que me deixou ainda mais admirada. Afinal na corrida ela havia furado a contagem. Nadei com toda a minha vontade de vencer. Mas não foi suficiente. Alice é muito boa, mil vezes melhor que eu. Isso a rendeu uma linda vitória sobre mim.

            Como sabia que havia perdido, nadei na última volta com calma. Tentando controlar minha respiração ofegante por conta do esforço.

- Você é rápida para caramba. – comentei quando me aproximei dela. Notei que estávamos sozinhas.

            Me pus de pé em um dos degraus da piscina. Alice está fascinada me observando. Seus olhos me admiravam por completo. Fui até ao seu lado e me sentei deixando que nossos braços roçassem de leve.

- Eu disse que aqui é a minha especialidade. – ela falou orgulhosa.

- Percebi. Aonde estão as meninas?

- Anna disse que ia buscar champanhe, mas pela demora acredito que estão se pegando em algum lugar.

- O que faremos agora?

- Eu quero uma cerveja.

- Estou falando sobre a aposta. – sorri com sua resposta.

- Ah! Acho que deu empate. Sem perda nem ganho.

- Tenho uma ideia melhor. – virou-se para me olhar melhor. – Podemos cada uma fazer algo que a outra queira. Ninguém perde. Todo mundo ganha.

- Por mim tudo bem. – ficamos em silêncio alguns minutos. – Só para você saber, tenho muitas medalhas de competições.

- Trapaceira! – reclamei com a cara fechada.

- Você também trapaceou na corrida. Só devolvi na mesma moeda.

- Pirralha! – provoquei.

- Com orgulho. – sorrimos juntas.

- Alice, você está bem? – fiquei preocupada com o fato das aventuras sexuais exageradas.

- Sim.

- Tem certeza?

- Por qual motivo não estaria?

- É que te ver fazendo coisas que não combinam com você me faz pensar se ainda é o efeito Virgínia. Só que dessa vez ao invés de ficar trancada no seu quarto, está apenas saindo por aí e trans*ndo com qualquer uma. – dessa vez não usei um tom de brincadeira.

- Está falando do ménage?

- Lógico, do que mais séria? – lá vem esse maldito assunto de novo.

- Estou bem. O ménage só aconteceu. Não planejei. Fui para o pub ver a Heloísa. Mas aí ela estava acompanhada e uma coisa levou a outra.

- Só espero que esteja se cuidando. O mundo anda cheio de doenças, sabia?

- Você está parecendo a minha mãe.

            Detestei escutá-la dizer aquilo. Tudo bem que sou mais velha que ela, mas não chega a tanto. Movida pela raiva, segurei sua cintura e a empurrei em direção a água. Ri da cara que ela fez.  

- Vai ter troco. – veio em minha direção e segurou minha perna.  

            Tentei com todas as minhas forças não a deixar me puxar para a água, mas assim como a disputa na natação aquela batalha eu também iria perder. Aos poucos senti meu corpo ser coberto pela água. Mergulhei e surgi em sua frente. Não sei por qual motivo suas mãos estavam em minha cintura.  

            Fitei seus olhos claros, e involuntariamente mordi o lábio inferior. Olhei seu rosto, indo de seus olhos aos lábios. O que deu em mim?  Alice apertou levemente seus dedos na minha cintura. E eu queria. Não, eu ansiava por seu beijo. Era isso?

- Champanheeeee! – escutei a voz de Anna e agradeci pela interrupção. Me afastei de Alice, sem olhar para trás.  

- Eu quero me deu uma sede. – falei recebendo a taça que ela me estendia.

- Um brinde a campeã. – falou procurando Alice.

            Mas ela estava do outro lado. Nadando calmamente. Não demorou e ela se junto a nós. Evitei olhar para ela quanto saia da água. Essa coisa toda está me assustando e deixando confusa de um jeito que nunca fiquei antes. Eu preciso de sex*. Pensei comigo mesma.

- Concordo. – Alice falou e eu me assustei com a possibilidade de ela pode ler mentes.- Concordo que o atual governo é uma merd*.

            Sorri agradecendo pelo assunto se tratar de política. Iniciamos uma conversa cheia de debates e revolta. Já que o país é governado por um miliciano desgraçado. O que não faltou foi assunto para falar mal dele.

            Não me deixei levar pela curiosidade de encarar Alice. Não tinha mais coragem para isso. Agora ela estava sentada na ponta da cadeira de sol que eu estava. Volta e meia tocava minha perna chamando minha atenção para o assunto.  

            Já estávamos terminando a terceira garrafa de champanhe. Anna se levantou dizendo que iria pegar outra. Mas o fato de ter chamado Tália me fez acreditar que as duas queriam apenas um momento sozinhas.

- Elas vão trans*r? – indaguei olhando-as caminhar conversando.

- Possivelmente. – Alice comentou ocupando a cadeira ao meu lado. Ela deitou-se. – É diferente te ver assim. – comento baixo.

- Assim como?

- Sem suas roupas casuais. – completou sem me olhar. – Assim fica menos parecida com Amélia.

- Isso foi a tentativa de um elogio?

- Não. Vocês são lindas, isso é fato e eu não sou cega. Muito menos tenho recalque por Virgínia tê-la escolhido. – comentou tomando um gole do espumante.

- Você é mais madura do que parece. – sorri entre dentes. – As duas estão em um encontro hoje. – comentei. – Acho que se não estão namorando, tá bem perto.

- Que ótimo para elas. – sorriu sem graça.

- Acha que consegue manter isso por muito tempo?

- Isso o quê?

- Essa coisa de só trans*r e não se apegar?

- Pretendo e farei o possível para que dure. – afirmou. – O amor só machuca.

- Não. As pessoas machucam. O amor é para ser libertador.

- Se acredita nisso porque não está com alguém? – sentou-se me encarando.

- Preciso focar no meu trabalho.

- Então. Você foca no trabalho, eu foco no sex* sem compromisso. – brincou e rimos.

- A tia Nina me perguntou de você.

- Sério? Podemos ir até lá qualquer dia desses. Iria adorar a comida dela. E por falar em comida estou começando a ficar com fome. Que tal a gente assaltar a geladeira?

- Topo.

            Caminhamos para dentro. Sem nenhum sinal das nossas amigas e muito menos do champanhe. Alice preparou uma linda bandeja de frios e em seguida voltou com mais uma garrafa de champanhe.

- Quer ficar na sala? Lá fora está começando a ficar frio.

- Claro. – concordei.

            Depositou a bandeja e o balde com o espumante na mesa de centro e em seguida sentou-se no tapete peludo. Fiz o mesmo ficando de frente para ela.

- Eu preciso de um apartamento. – comentei. – Estou com medo de chegar em casa e encontrar a minha irmã pelada no sofá. – fiz careta e só então percebi a minha mancada. – Desculpa, esqueci que ela está com a ...

- Não precisa se desculpar. Normal as duas trans*rem. – quando ela falou isso, escutamos um gemido vindo do segundo andar.

            Nos olhamos por alguns segundos e caímos na risada. Sem dúvidas as duas estavam se divertindo.

- Dorme aqui. – ofereceu. – Tem muitos quartos. Mas não garanto uma boa noite de sono já que as duas não são nada discretas. – comentou rindo.

- Concordo. Mas não posso dormir aqui. Não trouxe roupa para ir trabalhar amanhã.

- Você sai mais cedo. Vai me deixar sozinha com aquelas duas? Por que não acredito que a Tália vá embora hoje.

- Melhor não correr o risco. Já que você anda caindo nas camas ocupadas por duas mulheres. – provoquei.

- Nunca vão esquecer isso? – neguei com a cabeça. – Justo. Se precisar de ajuda com os apartamentos estou à disposição.

- Sério?

- Sim. Posso selecionar alguns, já que você é adulta e trabalha tanto.

- Eu aceito, mesmo com essa sua provocação. – revirei os olhos.

- Quantos quartos?

- Pensando bem, acho que quero uma casa. Afinal, não acredito que Tália vá sair do meu pé.

- Quer comprar ou apenas alugar?

            Assim iniciamos uma conversa sobre como seria um imóvel perfeito para mim. Alice parecia prestar bastante atenção ao que eu dizia. Como se fizesse notas mentais para lembrar de tudo depois, quando começasse sua busca. Nem percebemos o quanto nos entretemos na conversa.

- Acho que é hora de ir dormir. Amanhã preciso acordar cedo.

- Já? Só mais um pouco. A conversa está ótima, e a companhia melhor ainda. – me fitou de um jeito encantador.

- Só mais alguns minutos. – sorri para ela.

            Trinta minutos depois, Alice me mostrava o quarto de hospedes aonde eu iria dormir. Ficava ao lado do dela. Ela se despediu dando boa noite alegando que precisava de um banho. O quarto era impecável, assim como todos os cômodos naquela imensa mansão.

- Droga! – exclamei lembrando que meu celular havia ficado na bolsa na parte externa da casa.

            Sai em direção ao local. Quando voltei vi a porta do quarto de Alice semiaberta. Ela se encarava de frente ao espelho. Em seguida tirou o sutiã. Eu senti uma imensa dor no ventre ao vê-la quase nua. O que diabos está acontecendo comigo? Estou desejando Alice?

            Sai apressada até o quarto vizinho. Tranquei a porta e me escorei nela, com os olhos fechados e uma sensação estranha tomando conta de todo meu corpo. A imagem da garota refletida no espelho não saiu da minha mente.  

- Droga! O que eu faço?

            Minhas mãos tremiam como nunca. Meu coração batia completamente desesperado dentro do peito. E eu só conseguia pensar no quanto aquela menina era linda. Decidi ir para o banho. Mas isso não me ajudou muito ao imaginá-la fazendo o mesmo no cômodo ao lado. Recostei minha cabeça no azulejo frio, deixando a água amenizar o calor do meu corpo. Porém apenas ela não foi suficiente. Sem controle algum de minhas ações. Deixei minha mão ir de encontro a minha intimidade, que latej*v* desejosa de atenção.

            Suspirei sentindo meus dedos tocarem meu clit*ris. Imaginei Alice abrindo a porta e se juntando a mim. Me beijando intensamente, tocando meu corpo inteiro sem receios. Me chamando de gostosa com a voz rouca de desejo. Intensifiquei o contato dos meus dedos, entrando e saindo de mim mais rapidamente. Logo gemi em um gozo descontrolado.

- Eu estou fodida. – falei para mim mesma.

            Era isso. Não tinha mais o que negar, estou desejando Alice. Acabei de me masturbar pensando nela, no toque, no beijo. Droga! Só de pensar já estou com tesão de novo. Estou perdida. O que eu faço? Encarei meu reflexo no espelho embaçado por conta da água quente.  Passei a mão na tentativa de me ver melhor.

- O que você vai fazer da sua vida, Rebeca? – indaguei sem esperar uma resposta para a pergunta, afinal não havia uma.  

 

 

 

Fim do capítulo