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  • Capitulo 33

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Um Novo Começo: O Despertar de Alice por maktube

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Palavras: 4705
Acessos: 2989   |  Postado em: 10/10/2021

Capitulo 33

 

 Capítulo 33º

Alice

            O fato de estar sozinha em casa me deu tempo de pesquisar sobre as casas para Rebeca. Nem sei aonde eu estava com a cabeça quando ofereci ajuda. Não estava sendo uma tarefa fácil encontrar algo com todas as exigências dela. Durante a semana mandei algumas fotos para ela, mas até pelas fotos a mulher encontrava defeito o que fazia com que meu trabalho tivesse sido perdido.

- Droga! – resmunguei deixando o notebook na cama. – É impossível encontrar um lugar para ela. – revirei os olhos.

            Até que tive uma brilhante ideia. Mandei uma mensagem para a mamma. Fiquei encarando o celular, ansiosa para que ela me respondesse. Não demorou nada e a resposta apareceu na tela e eu sorri. Era final de tarde e sei bem que a essa hora Rebeca ainda estaria na empresa.

            Sem deixar brecha para que ela recusasse fazer uma visita sai de casa decidida a arrastá-la comigo. Parei o carro no estacionamento e alguns funcionários saiam conversando animados. Certeza estavam combinando sobre o happy hour.

            Incerta se deveria entrar e ir a seu encontro acabei ficando sentada no carro. Até que ela apareceu nas largas portas de vidro. Sorria, conversando algo com Tália. Sai do veículo e me escorei no mesmo, esperando que ela me visse.

- Não sei o que é mais lindo, o carro ou você. – Tália comentou quando me viu. Rebeca revirou os olhos, mas notei um ar de riso em seus lábios.

- Obrigada pelo elogio. Mas acho meu carro mais bonito. – brinquei. – Vim te buscar. – comentei encarando Rebeca, que arregalou os olhos surpresa.

- Como assim me buscar?

- Encontrei o apartamento perfeito para você. – afirmei.

- Mas nem me mandou fotos. Como sei que ele é perfeito? – indagou receosa.

- Não mandei as fotos por que estamos indo para lá agora. E outra se eu mandasse as fotos você iria encontrar algum defeito e desistir de ir visitar, até parece que não quer ficar sozinha comigo. – comentei e ela ficou em silêncio. Mas notei Tália a olhando de soslaio.

- Bom, eu vou encontrar com a Anna. Divirtam-se.

            Tomou a chave das mãos de Rebeca e saiu em seguida nos deixando sozinhas. Rebeca continuava me encarando como se não acreditasse que eu estava ali para leva-la ao apartamento. Não falei nada, apenas desencostei do carro e entrei. Ela continuou parada alguns segundos, porém fez o mesmo que eu e ocupou o banco do carona.

- Espero que você saiba dirigir. – comentou em tom provocativo enquanto colocava o cinto de segurança.

- Às vezes eu prefiro quando você fica calada. Sabia? – resmunguei dando partida no carro.

            Andei alguns metros e parei em um prédio no centro. Apenas a alguns quarteirões da empresa. Ela fitou o edifício curiosa.

- Aonde está o corretor?

- Eu sou sua corretora. – brinquei tirando o cinto. – Vamos?

- Pirralha, você não me faz ir presa por invasão domiciliar. – resmungou saindo do carro.

- Falou a pessoa que anda com um canivete na bolsa e arromba portas nas horas extras. – revidei e ela fechou a cara.

            Fazia tempo que não andava naquele lugar. Me lembro que a última vez, Matheus me fez uma surpresa de namoro aqui. Um jantar à luz de velas. Segundo ele a mamma o ajudou a preparar tudo. E disse que se ele encostasse um dedo em mim ela o cortaria fora. De fato, aquela noite foi divertida, mas sem nada sexual.

- Como conhece esse lugar? – indagou para mim quando acenei para o porteiro que me deixou entrar.

- Você precisa confiar em mim. – afirmei. Entramos no elevador e eu apertei o último andar.

- Cobertura?

- Sim. Você disse que adora ostentar. – brinquei e ela sorriu.

            As portas de abriram e uma pequena sala apareceu. Havia um jarro com uma linda planta ao lado da porta. Coloquei minha digital e logo a voz falou “aberto”.  Rodei a maçaneta e a grande sala de estar nos privilegiou com sua vista. O sofá em L, preto com detalhes em um tom de madeira, as prateleiras com livros. Um lindo tapete repousando no chão de mármore. Era possível se ver naquele piso. Fitei Rebeca que deu um giro observando tudo.

- Esse lugar é...

- Lindo. Eu sei. – comentei me sentando e deixando que ela assimilasse tudo o que via.

            Curiosa ela foi até a cozinha. Passou as pontas dos dedos nas bancadas, observou as luminárias. Os eletrodomésticos todos em um inox perfeito. Os armários embutidos e bem projetados. Seus olhos brilhavam, seus lábios sorriam inconscientemente. Ela tinha gostado, e eu sorri orgulhosa de mim. Restava saber apenas se ela estaria disposta a comprar o lugar.

            Virando em minha direção novamente, notou a porta que dava acesso a varanda. Afastou as cortinas e sorriu ao ver a imensa área da piscina.

- Além de tudo isso, ainda temos um escritório. – apontei para uma porta a direita. – Quatro suítes.

- Eu estou completamente encantada. – sorriu me fitando.

            Nesse momento um raio cortou o céu. Nos fazendo saltar de susto. A noite dava sinal que seria tempestuosa. Uma leve brisa já avisava que a chuva estava por vir. Ela fechou a porta, em seguida as cortinas. Virou-se para mim e indagou:

- Podemos ver o resto?

- Claro. – apontei para que ela me seguisse pelo corredor.

            Observou atenta cada detalhe de todos os cômodos. Acredito que não havia defeito algum já que ela permanecia apenas avaliando o lugar, mas sem dizer uma única palavra. Entramos no último quarto e ela sorriu, sem dúvidas aquele havia sido seu preferido. Terminamos o tour e voltamos para a sala.

- Primeiro, como você tem acesso a esse lugar?

- É meu.

- Como assim seu?

- Ganhei de presente do tio Ruan, quando fiz 18 anos. Mas nunca gostei muito daqui. Sou adepta de casas.

- De preferência a mansão das suas mães. – ela não perdia a chance de me alfinetar.

- Talvez. Mas apenas por enquanto. Tenho planos de casar um dia.

- Se continuar trans*ndo sem compromisso pode ser que isso leve um tempo. – deu de ombros.

- Só para você saber, estou sem sex* há três dias.

- Alguém me traga uma medalha. Ela quebrou um recorde. – revirou os olhos.

- Quando foi que o assunto foi do apartamento para a minha vida sexual?

- Tá, desculpa. Continua.

- Como eu não tenho pretensão de morar aqui. E nunca apareceu um comprador. Ele pode ser seu.

- Acha que tenho dinheiro para comprar esse lugar?

- Claro que tem. – afirmei e ela me sorriu.

- Quem falou que eu gostei? – usou um tom mais alto, pois eu havia levantado para buscar um vinho. Abri a garrafa que fez aquele típico barulho.

- Eu sei que não te conheço há muito tempo. Mas algumas coisas eu sei reconhecer em você. Eu te observo. – falei calma servindo nossas taças.

- Observa? – indagou com a voz baixa.

- Claro! Sei que quando fica nervosa, mexe nos cabelos. Mania que eu também tenho só que é quando eu minto. – entreguei uma das taças a ela. – Quando você acha algo muito engraçado, você gargalha. Mas não é uma coisa extravagante, até sua risada é controlada. – ela tomou um longo gole do vinho me fitando atenta. – E quando você rir muito, joga a cabeça para trás, sempre. Quando algo não te agrada, você ergue uma das sobrancelhas. Como se fosse uma ameaça silenciosa. O que na maioria das vezes funciona. – afirmei e ela sorriu. – E não consegue me encarar por muito tempo, mas essa eu não sei o motivo.

            Vi seus músculos tensionarem. Sorveu outro gole em completo silêncio, e vagarosamente coloco a taça sobre o descanso de copo em cima da mesa de centro.

- Quem diria que você é tão observadora. – afirmou sorridente.

- Tem muita coisa sobre mim que você não sabe. – falei levando a taça a boca. Percebi que ela corou e decidi mudar de assunto. – Mas chega de falarmos disso, quero saber o que achou. Mas dessa vez quero que fale, já que observei que seus olhos falaram muito por você enquanto admirava tudo.

- Verdade. Eu não tenho nenhuma reclamação. O lugar é grande, bem dividido e lindo. Só me pergunto se já fez alguma orgia aqui nesse sofá, com a sua vida sexual tão agitada. – provocou e eu mordi o lábio para tentar não responder sua provocação.

- Lá vem minha vida sexual mais uma vez ser o assunto. – revirei os olhos. - Andei poucas vezes aqui. E a única vez que vim acompanhada, foi uma surpresa que o meu ex-namorado me fez. Então fica tranquila. Nada de orgias, pode confiar. – afirmei e ela sorriu.

- Quanto custa?

            Mostrei a escritura e o valor estava no final da folha. Ela não esboçou nenhuma reação. Apenas encarou o papel e em seguida o deixou em cima da mesinha.

- O que pretende fazer com todo esse dinheiro? Pensando em fugir do país?

- Não. Minha vida é aqui. Estou fazendo isso por você, não pelo dinheiro.

- E o que suas mães acham de você vender esse lugar?

- A mammy deve ter adorado, já que sempre considerou isso como uma ameaça que qualquer dia eu sairia de casa. A mamma achou uma boa ideia quando falei o que estava pensando em fazer. E fora que o fato de você ser a compradora facilita, já que elas te idolatram. – falei a última parte com um enfado na voz, mas ela abriu um largo sorriso.

- Tudo bem, você já tinha me convencido ao dizer que estava fazendo por mim. – piscou para mim.

- Então, negócio fechado?

- Sim.

            Nossas mãos se tocaram em um breve aperto. Mas senti o calor de sua pele na minha. Então um pequeno choque percorreu meu corpo. No mesmo instante um som estrondoso cortou o céu e fez as luzes se apagarem.

- Acho que os céus concordaram com o nosso acordo. – comentei divertida e sai em direção aos armários tentando encontrar em alguma das gavetas as velas que Matheus usou no nosso jantar.

            Assim que as encontrei voltei para junto de Rebeca. As velas acesas nas minhas mãos foram depositadas na mesinha de centro, próximas a nossas taças. Mas antes afastei os papéis da escritura, na tentativa de evitar que eles queimassem. O clima frio da noite invadia a sala. Me sentei esticando as pernas sobre o tapete. Rebeca fitava a chama da vela. Parei para observa-la sobre a pouca iluminação.

            Seus traços expressivos, a pele em um tom um pouco mais escuro que a minha. A boca carnuda, e eu não pode evitar imaginar como seria beijá-la. As sobrancelhas bem feitas. Tudo nela era perfeito. Parecendo perceber minha breve admiração ela me encarou.

- O quê? Tem algo errado comigo?

- Não. Eu só...- pausei. - ...estava procurando um defeito em você.

- Encontrou?

- Falhei miseravelmente. – gargalhamos juntas. – Você chega a ser ridícula de tão linda. – me fitou tentando assimilar o que eu disse. Notei que ela ficou um pouco envergonhada. – Mas se contar a alguém que eu disse isso vou falar que é mentira. – afirmei brincando e ela sorriu.

- Seu segredo está guardado. Não se preocupe. Devemos ir?

- Olha a tempestade lá fora. – apontei para os raios que iluminavam mesmo por trás das cortinas. – Fora que além desse lugar ser o mais seguro, você está com duas coisas maravilhosas.

- E o que seriam essas coisas?

- O vinho, que por sinal já está acabando. E claro...- comentei me pondo de pé para pegar mais uma garrafa. – A minha ilustre companhia. – gesticulei minha mãos próximas ao meu corpo.

- Você é super convencida. – respondeu rindo.

            Pisquei para ela e rimos em sintonia. Voltei ao meu lugar anterior, servi sua taça novamente. Seus olhos me analisavam com cuidado, como se não fosse possível parar. Por mais que volta e meia ela desvie encarando qualquer outra coisa dentro do apartamento. Como se tentasse fugir da necessidade de me observar.

- Quem diria que a primeira noite na minha casa nova seria a luz de velas e com você.

- Em outras ocasiões esse seria o encontro perfeito. – respondi fitando-a, ela riu como se discordasse. – Você iria adorar ir a um encontro comigo.

- Duvido. – desafiou. - E eu não quero um encontro com você. – completou.

- Não duvida da minha capacidade de ser romântica. E só para constar nos seus registros, eu iria a um encontro com você. – usei firmeza em minhas palavras, para não deixar dúvidas de que poderia fazer aquilo. – Você não iria comigo? Claro, antes vamos esquecer o triste fato de que você só fica com homens.

- Esse é um bom ponto. Gosto de homens. – senti uma hesitação em seu tom, me pareceu como se ela tentasse se convencer daquilo. – Fora que você é bem mais nova do que eu.

- Então esse vai ser o meu pedido na aposta.

- Qual?

- Você ir a um encontro comigo.  

- Você só pode ter bebido demais. – balançou a cabeça negando.

- Qual foi nosso acordo?

- Fazer o que a outra pedisse sem reclamar. – resmungou. Aposto que se arrependeu de sua ideia.

- Isso mesmo, sem reclamar. – comentei rindo. – Agora seja uma mulher de palavra e honre seus compromissos. Afinal estou de vendendo algo muito valioso, e se não posso confiar em sua palavra para cumprir uma simples aposta, como vou confiar em você na questão do dinheiro? – provoquei e ela me mostrou o dedo. – Isso são modos, senhora CEO?

- Vai a merd*. – comentou divertida. Arremessou uma das almofadas em mim.

            Engatamos em uma conversa sobre Anna e Tália. As duas estavam indo a encontros desde que trans*ram lá em casa. Por falar nisso, aquela noite quase não dormi com os gemidos das duas. Que mais pareciam duas gatas no cio.

- Vocês lésbicas são emocionadas demais. – afirmou em tom de julgamento.

- Nós?

- Sim. Emocionadas e escandalosas. Precisava de tudo aquilo no dia que elas dormiram juntas?

- Aquilo o quê? Gem*r enquanto dá uma maravilhosa foda?

- Isso. Aposto que sex* com mulher nem é tudo isso. – eu ri divertida.

- Se quiser eu te mostro. – Rebeca se engasgou com o vinho, tossindo vezes seguidas tentando puxar o ar para seus pulmões. Minha resposta foi automática.

            Me arrependi da brincadeira a sim que notei que ela começava a ficar vermelha. Não poderia deixa-la morrer por uma simples frase dita sem pensar. Fui para o seu lado, até que ela conseguiu voltar a respirar normalmente. Mas seus olhos lacrimejaram om todo o esforço. Ficou com os olhos fechados, tentando se acalmar.

- Você está bem? – indaguei com a voz baixa. Nós estávamos próximas. Eu sentia seu cheiro adocicado. Não sei se do perfume ou do xampu, só sei que era delicioso.

            Ela abriu os olhos e eles encontraram os meus. Vi sua pupila dilatar enquanto ela olhava da minha boca para os meus olhos. O que aquilo significa? Eu estava dividida entre a vontade de beijar aquela boca deliciosamente ridícula e ela simplesmente me afastar, e o medo de que ela me jogasse pela varanda em plena tempestade caso eu me aproximasse mais. Mordeu o lábio inferior me fazendo acompanhar seu gesto.

            O vinho mexeu com a minha cabeça. Tenho certeza. Naquele momento ela me parecia tão mais linda, mais atraente, mais divertida e tão sexy que não me importaria de fazer amor com ela naquele tapete. O que é isso Alice? Fazer amor, sério? Mas não tenho culpa de ela está tão perfeita que eu me sinto em completo enfeitiçada por sua beleza. Não me responsabilizaria por passar mais um segundo olhando-a enquanto meus pensamentos não eram nada puros.

- Eu vou buscar...- me levantei rapidamente. – ... água para você. Dei as costas e fui até a cozinha.

- Obrigada. – falou com dificuldade.

            Respirei fundo tentando controlar meus anseios. Acho que os três dias de abstinência de sex* com Heloísa tem prejudicado meu juízo. Essa é a única explicação para tudo que eu acabei de pensar a respeito de Rebeca.

- Toma. – estiquei minha mão e ela segurou o copo. – Desculpa a brincadeira.

            Acenou concordando. Bebeu todo o líquido transparente com rapidez. Em segui depositou o copo ao lado da taça. Voltei a me sentar e o mundo parecia querer desabar lá fora. Os ventos estavam mais fortes, a chuva fazia um barulho alto tocando o chão. Tudo isso acontecia enquanto Rebeca e eu trocávamos olhares silenciosos.

            Não queria mais correr o risco de dizer outra bobagem. Muito menos ficar fitando aqueles olhos intensos. Deixei meu corpo escorregar pelo tapete, apoiei a cabeça em uma almofada. Sentia que ela me observava com curiosidade sobre o que eu pretendia.

- Sempre adorei os dias chuvosos. – confessei. – Principalmente para dormir. – me aconcheguei melhor no tapete felpudo. – Deita.

            Em silêncio ela fez o que eu pedi. Ficamos separadas apenas por alguns centímetros. Mas diferente de mim que encarava o teto, se deitou de lado o que possibilitava que me olhasse.

- Nunca gostei muito. Lembro que na minha infância quando íamos para a fazenda sempre detestava o fato de não poder andar a cavalo na chuva.

- Eu não andaria nem se estivesse sol. Morro de medo.

- Como assim? – me encarou incrédula. Apoiando o rosto nas duas mãos.

- Isso mesmo que você ouviu. Acho eles lindos, mas de longe. Jamais me atreveria a montar em um.  – respondi com meus olhos presos ao teto de gesso.

- Covarde. – provocou.

- Com todo orgulho. – sorri sem dar importância ao que ela falava.

- Então esse vai ser o meu pedido.

- Não!

- Sim. E sem questionar lembra?

- Droga! – resmunguei.

- A gente vai passar um final de semana em Ouro Preto. E eu vou te ensinar a andar de cavalo.

- Amei a parte da fazenda, quanto ao cavalo nem tanto. Mas, como sou uma mulher de palavra terei que ir.

- Uma pirralha de palavra. – provocou.

- Idiota. – atirei uma almofada em sua direção. Porém ela a segurou sem tanto esforço o que de certa forma me impressionou. Ótimos reflexos.

            Engatamos em outra conversa, enquanto lá fora a chuva continuava caindo. Dentro de casa eu me permiti apenas escutar o som a voz de Rebeca que me contava animada sobre suas aventuras na fazenda do pai. Conversamos por horas seguidas, assuntos leves e divertidos. Já era quase onze horas quando eu falei:

- Está tarde.

- Sim. Já que não iremos embora melhor irmos deitar.

- Claro. – concordei.

            Como eu havia pensado Rebeca escolheu o maior quarto para ser o dela. Não só aquela noite, mas confessou que iria ficar com ele quando se mudasse de vez.  Fui para o cômodo ao lado. Antes que eu abrisse a porta e nos despidíssimos ela falou:

- Quer dormir comigo? Digo, no mesmo quarto. – ela corou pela frase de duplo sentido.

- Medo da chuva? – provoquei.

- Não. – afirmou rapidamente. Mas um som ecoou por toda a casa. O trovão a fez pular para o meu lado e segurar meu braço com força.

- Imagina se tivesse. – ri debochando. – Eu ainda preciso do meu braço, sabia? – encarei seus dedos que me apertavam com muita força.

- Desculpa. – soltou-se e deu um passo para o lado. – Dorme comigo?

            Aquele sem dúvidas era um ótimo momento para tentar negociar minha divida com ela. Sorriu maldosa.

- Durmo. Com uma condição.

- Qual? Pode falar.

- Você vai deixar essa ideia de me ensinar a cavalgar.

- Você é traiçoeira. – comentou sem acreditar no que ouvia. – Vou dormir sozinha. Boa noite. – deu as costas.

- Espera! – segurei seu braço. – Não precisa ficar irritada. Eu durmo com você. Mas não custava nada tentar salvar minha pele. – sorri de canto.

- Idiota. – se soltou e empurrou meu ombro.

            Eu simplesmente não consegui pregar o olho. Acabamos conversando quase toda a madrugada. Até que Rebeca caiu em um sono profundo. E eu? Bem, eu fiquei velando aquela linda mulher deitada ao meu lado. Os cabelos molhados do banho que havia tomado antes de deitar. A camisola, que graças ao esquecimento da esposa do tio Ruan, tínhamos algumas peças. Já que quando os dois vinham acabavam ficando aqui. Rebeca dormia calmamente. A respiração pesada indicava um sono profundo.            

            Mas então lembrei de Virgínia. Fazia tempo que ela não ocupava os meus pensamentos. Suspirei saindo da cama. Próximo à janela, uma poltrona estava virada em direção a cidade. Fui até ela, com cuidado para não acordar a mulher que dormia.

            Me sentei encarando as luzes, que a essa altura apareciam embaçadas pela água que estava nas vidraças. Não ter notícias da fotografa há muitos dias fazia com que eu não pensasse tanto nela. Porém, ter ao meu lado a irmã de sua atual namorada me fez recordá-la.

            Nossos momentos foram intensos, mesmo sendo um período tão curto. A nossa intensa noite de prazer, a forma como ela me tocava, me beijava. Foi totalmente diferente de como é o sex* com Heloísa. Não que o sex* com Heloísa seja ruim, longe disso. Mas com Virgínia era diferente. Havia algo que não tenho com Heloísa. Talvez Rebeca tenha razão e eu esteja usando o sex* como uma válvula de escape.

- Não conseguiu dormir? – escutei sua voz sonolenta. Ela havia se sentado na cama e me fitava.

- Não.

- Vem, eu te faço um cafuné. – esfregou os olhos enquanto oferecia educadamente o lado da cama para eu ir até ela. - Deita.

            Fitei-a incerta se deveria fazer aquilo. Ela me parecia decidida com sua oferta, e não me deixaria recusar. Bateu sua mão no espaço vazio ao seu lado. Me levantei e fui até ela.

            Não sei explicar em que momento eu apaguei. Recordo apenas dos dedos de Rebeca percorrendo os meus cabelos em uma caricia que me fez fechar os olhos instantaneamente.

            Na manhã seguinte, abri os olhos tentando assimilar toda a claridade que adentrava o quarto. Esqueci a cortina aberta na noite anterior. Tentei me mexer, porém o braço de Rebeca repousava suave sobre a minha cintura. Como se ela tivesse enroscada em mim. Até seus pés estavam emaranhados com os meus.

            Sua respiração próxima ao meu pescoço me fez arrepiar inteira. Droga! Essa hetero quer me enlouquecer, pensei comigo mesma. O calor do corpo dela próximo ao meu era delicioso. Me fazia de fato não querer sair daquela posição.

            Um barulho vindo da sala fez com que ela se mexesse me soltando de seus braços.

- Desliga aquele troço. – resmungou com a voz de sono.

- Pode deixar. – afirmei saltando da cama.

            Antes de sair do quarto me virei para olhá-la. As pernas torneadas de fora, o lençol cobrindo os olhos e os cabelos em desalinho.

- Desligaaa! – resmungou mais alto. Me tirando do meu breve momento de admiração.

            Corri para a sala. Procurei o celular que tocava insistentemente.  O despertador da corrida dela.

- Quem corre as cinco da manhã? – falei sozinha.

            Sabendo que eu não conseguiria dormir mais. Decidi ir para o quarto ao lado e tomar banho. Quando sai Rebeca já estava acordada.

- Perdi minha corrida por sua culpa. – afirmou coçando os olhos.

- Minha? – questionei enrolada apenas na toalha, já que minhas roupas estavam nesse banheiro.

- Sim. Me embriagou ontem. Maldito vinho.

- Não culpe o vinho. Você só estava com preguiça. – comentei divertida e ela me acompanhou. Acredito que concordando com o que eu falei.

- Vou tomar um banho. Se importa de me dá carona?

- De forma alguma.

- Obrigada. – saltou da cama e depositou um beijo na minha bochecha.

            Eu senti meu rosto arder. Sei que esse é um gesto de carinho entra amigas, afinal Anna vive me agarrando e beijando o tempo inteiro. Mas algo em Rebeca me deixa tensa quando ela se aproxima. Parece que a qualquer momento algo a mais vai acontecer. Tento então repetir meu mantra. Só para afirmar para mim mesma que me envolver com hetero seria uma roubada.

            Depois que me vesti fui para sala esperar que ela se aprontasse. Não demorou e ela surgiu com suas roupas impecáveis. Poderia muito bem ir com aquela mesma roupa trabalhar e continuaria linda.

- Podemos ir? – questionou ao me pegar observando-a.

- Claro.

            Descemos no elevador em silêncio. Aparentemente ela precisa de um empurrão do álcool para se soltar estando comigo. Pegamos o carro e ela colocou o endereço da casa de Amélia no GPS. Naquele momento algo me alertou sobre a possível ideia de um encontro inesperado com Virgínia. Entretanto, não quis dar ouvidos a minha intuição.

            Dirigi até a linda casa da irmã da minha carona. A desgraçada tem bom gosto para casa e para mulheres, pensei comigo mesma.

- Está entregue. – falei desligando o carro, me virando em direção a ela.

- Mais uma vez obrigada.

- Pelo quê?

- Por tudo. Pelo apartamento perfeito, pela dedicação, pelo cuidado, por se importar, pela companhia. Enfim, se eu fosse agradecer nos mínimos detalhes passaríamos o dia aqui. – ela sorriu sem graça.

- Não me importaria em perder um dia de aula. – brinquei.

- Eu não posso faltar ao trabalho. – lamentou.

- Imaginei. – sorriu.

- Acho que ninguém nunca se dedicou tanto para me agradar como você fez. – confessou.

- Nem o palerma do seu noivo?

- Ex-noivo. E não, nunca.

- São todos tolos. – afirmei.

            Nossos olhares se conectaram de uma forma encantadora. Era impossível prestar atenção em qualquer coisa que não fosse aquele lindo par de olhos verdes a minha frente. Aos poucos tenho criado um carinho muito especial por Rebeca. Só preciso tomar cuidado para que ele não vire outro sentimento. Sentimento esse que tenho certeza que jamais seria correspondido.

- Bom. Eu preciso ir ou vou me atrasar. Até mais.

- Até. – sorri para ela.

            Antes de sair, atirou seu corpo na direção do meu e me envolveu em um abraço. Acho que foi apenas mais uma forma de me agradecer por tudo. Fechei meus olhos e senti o cheiro que vinha dela. Aos poucos ela foi se afastando. Saiu do carro. Para quebrar o clima eu comentei:

- Ei! Espero olhar minha conta com muito dinheiro em algumas horas. – falei alto, já que ela estava perto da porta de entrada.

- Pode deixar, pirralha. – piscou para mim.

            Antes que eu pudesse dar partida e que ela pudesse entrar, a porta foi aberta por Amélia que sorria divertida com ninguém mais ninguém menos do que Virgínia ao seu lado. Ao ver sua irmã, Amélia procurou quem havia ido deixa-la. Não pude deixar de notar seu olhar ao me ver subindo o vidro do carro.

            Meu coração saltitava no peito. Ferido, em pedaços. A dor era quase insuportável. Ainda demorei alguns minutos para sair. Rebeca me procurou com os olhos, acredito que havia se preocupado comigo. Mas eu dei partida no carro, e dirigi para o mais longe possível.

            Para longe daquela mulher que me fazia sentir como um nada. Que claramente fez uma escolha, e ela não me inclui. O que me faz pensar que se eu não tivesse simplesmente me afastado, possivelmente ela ainda estaria me enganando. Talvez a mammy tivesse razão, talvez Virgínia fosse igual a Alana.

Fim do capítulo

Notas finais:

Voltei. Desculpem pelo final. kkkkk

Sei que não é o dia combinado de postar, mas tô boazinha.

Quem são sabe não volto mais algumas vezes hoje?????

Beijão e até já. Comentemmmm.


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Comentários para 33 - Capitulo 33:
Baiana
Baiana

Em: 11/10/2021

Mas rapaz! A Alice vai continuar com esse cheiro mole toda vez que se encontrar com a Virgínia e a Amélia juntas? Até pouco tempo atrás,ela estava de boa com a separação e até fantasiando sobre um possível envolvimento com a Rebeca,e agora fica assim! Parece que gosta de sofrer, guarde o sofrimento para quando descobrir que a Isabela,a Rebeca e a Amélia estão macumunadas na tarefa de te enganar e deixar o caminho livre para a Virgínia e a Amélia.


Resposta do autor:

kkk. Amo a sua revolta. kkk

Mas tudo vai acontecer no tempo certo.

Beijoss

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Tazinha
Tazinha

Em: 10/10/2021

Saindo da moita porque não me aguentei e quero perguntar o nome da autora pra gente te xingar mulher kkkkk

Não é possível que fez isso de novo!

To achando que o segredo meninos é a gente começar querer a Virgínia feliz , Alice mal e nada dela com Rebeca. Aí no próximo vamos ter tudo ao contrário....

Agora trate de voltar aqui e dar uma alegria pra gente porque merecemos, Record de comentários 


Resposta do autor:

Oiê, prazer. Me chamo Andrielly, mas como você já quer me xingar e somos íntimas, kkk pode me chamar de Andry.

E eu voltei viu, já estou chegando aonde vocês querem.

Beijosss e saia mais vezes da moíta, nem que seja para me xingar.

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barbara7
barbara7

Em: 10/10/2021

Eu já estou ficando pura de ver a Alice mal mesmo depois de ter novos sentimentos, bons momentos, e tenho certeza que ela vai ter a atitude de chegar na Rebeca. Agora Rebeca minha filha, começa jogar na cara dessas duas o quanto a Alice é perfeitaaaaaaa 


Resposta do autor:

kkkk. é sobre isso e ta tudo bem. Alice é mesmo a perfeitinha.

Beijoss

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CatarinaAlvesP
CatarinaAlvesP

Em: 10/10/2021

Eu só vou comentar porque deixou no ar a chance de ter mais caps hoje. Mas essas duas não vai rolar nunca ? Mil momentos, jurava que ia rolar elas dormindo na casa da Alice... E do nada, mais uma vez a gente tendo o desprazer da Virgínia felizona é Alice sofrendo ao ver. E sim Alice, sua mãe tinha muuuuuita razão 


Resposta do autor:

kkkk. Amo essa relação de amor e odio que vcs tem para com  a minha pessoa. kkkk

Brincadeira. Viu?

Beijosss

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laisrezende
laisrezende

Em: 10/10/2021

Ja vi que a gente não pode se iludir muito com cap.

Vem cá, não vai ter um dia gloria de ser Isso aqui a Virgínia sabendo das duas ? Não era ela que gostava da Alice? Que ódio mds,  parabéns autora. Virgínia é Amália o casal maks odiado desse site 


Resposta do autor:

E aí já leu os novos? Os dias de gloriam estão perto. kkkk

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izamoretti30
izamoretti30

Em: 10/10/2021

Porta, de novo a Alice mal é a Virgínia bem? Estragando o dia, fala sério 


Resposta do autor:

Pacieência é uma virtude. kkk

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preguicella
preguicella

Em: 10/10/2021

Eita que daqui a pouco começa a sair faísca entre essas duas!

O menos pior é que esse tempo de resistência de Rebeca dá a Alice tempo para tirar Virgínia da cabeça!

Volta mais, aqui no Rio tá um dia de inverno com chuva e frio, bem bom para ficar entre um cochilo e a leitura de mais capítulos!

Bjuuuuu
Resposta do autor:

Viu só que eu voltei né?kkkk

Beijos

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 10/10/2021

A vida segue Alice.


Resposta do autor:

Falta só ela deixar isso acontecer. kkk

 

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Mille
Mille

Em: 10/10/2021

Obaaa

A sintonia das duas está lindo, uma atenção especial. Rebeca se preocupa com a Alice.

Vamos ver as duas cumprir suas opostas e nós na torcida para elas enxergar o amor no ar.

Bjus e até o próximo capítulo 

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