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A feiticeira e a loba por Alex Mills

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Palavras: 5185
Acessos: 981   |  Postado em: 13/08/2021

A cidade dos magos

—Alfa, para onde estamos indo? — Jhan questionou enquanto seguiam a mulher pela cidade.

—Para onde não estamos indo? — Ian mostrou a grande lista que ela tinha feito, com diversos itens de compras.

—Liora te deu uma lista de compras para a casa dela?

—Ela não me dá ordens. — Ilis pontuou, parando em frente a uma vitrine que mostrava um luxuoso vestido vermelho.

—Ah, agora eu entendi. A alfa quer impressionar Emeril.

—Eu quero organizar nossa casa para que quando ela volte, ela saiba que temos uma casa para irmos.

—Você tem moedas para pagar por tudo isso?

—Não, mas terei. Eu consegui uma ocupação que pagará pelos meus serviços. Entregar coisas que não conseguem carregar ou que não tem tempo, caças por animais ou ervas frescas para restaurantes específicos. Vocês serão pagos também.

—Mas se não tem moedas agora, como vai pagar por tudo isso? — Ian questionou.

—Nós conseguimos reputação depois de nossa última luta. Então posso pegar coisas na cidade e pagar dentro de um prazo.

—Reputação? — Jhan sorriu. — Mas levamos uma surra.

—E saímos vivos. E eu sei que não é justo porque isso custou a vida de Kenny e Emeril nos ajudou. Mas nossa aliança com Zenn nos deu alguns privilégios.

—Então se fizermos esses serviços, conseguimos moedas e ainda podemos pegar coisas sem pagar?

—Não é uma regalia que se estende a todos os lugares. Só os que tiverem a marca da aliança de Zenn na porta. Se pedirmos algo ou devermos algo nos comércios que tem ligação com as demais alianças, vai significar um ato de guerra com outras alcateias. Então prestem atenção e tomem cuidado.

—Ao menos estaremos mais visíveis se outros lobos decidirem procurar uma nova alcateia.

—Eu não gosto da ideia de lobos deixando a própria alcateia. São mais difíceis de confiar se não permanecem no mesmo grupo que jurou seguir e lutar.

—Eu concordo. — Ian falou lentamente, não tão animado com a ideia de outros lobos se juntando a eles. — Leve o vestido, alfa, vai fazer Emeril feliz. Eu ajudo. — Ele tateou os bolsos, retirando algumas moedas de prata e outra lascas de cobre.

—Não é sua função agradar Emeril. — Ilis o olhou com a mão estendida. — Mas eu agradeço a intenção.

—Emeril sempre nos ajudou, e ela salvou minha vida. Eu quero retribuir de alguma forma, e se for te ajudando a deixa-la feliz, que seja.

—Assim sendo, também quero ajudar. — Jhan retirou as poucas moedas que tinha dos bolsos, também estendendo a ela.

—Não deviam gastar seu pouco dinheiro assim. — Ilis olhou entre ambos, cruzando os braços.

—Não se preocupe alfa, nós conseguiremos trabalho para manter nossa alcateia prosperando também. Você não precisará fazer tudo sozinha, principalmente quando espera um filhote.

—E Emeril não é somente sua parceira, é nossa amiga também, e ela sempre buscou nos manter próximos. — Ian acrescentou. — Ela é como parte da alcateia, mesmo não sendo lobo.

—Obrigada. — Ilis aceitou uma moeda de cada, juntando as poucas que tinha. — Eu deixarei Emeril saber que não sou a única a querer agradá-la, ela ficará feliz.

Eles continuaram a seguir pela cidade, trocando os itens da lista pelos seus serviços. No fim do dia não tinham conseguido nem metade, mas os três conseguiram diversos serviços para se ocuparem e receberem recompensas com o resultado, de forma que conseguiriam se ajudar a terminar de mobiliar a casa de Ilis.

Naquela noite Ilis os recompensou com uma corrida na floresta até o lago, aproveitando que não chovia. Ainda que estivesse mais frio, eles se jogaram no lago gelado, fazendo brincadeiras entre si enquanto nadavam. Mas não ficaram sozinhos por muito tempo até serem encontrados pela alcateia de Zenn.

—Que surpresa agradável. — Zenn falou na beira do lago tão logo voltou a forma humana. — Parece que nossos caminhos estão destinados a se encontrarem, Ilis Mae.

—Isso ou você está me seguindo, Zenn Zuhka. — Ilis falou com bom humor.

—Não nessa noite. Ouvimos vocês na floresta, decidimos nos juntar a diversão, estávamos entediados, se vocês não se incomodarem de compartilhar, é claro. — Ela gesticulou seus companheiros, que retiravam comida e bebida das mochilas daqueles que estavam montados nos lobos.

—A noite está agradável e a terra é de todos.

—É bom saber. Sintam-se à vontade para aproveitarem também. Me ajuda com a fogueira?

—Claro.

Ilis saiu do lago e a seguiu, usando os galhos que os outros lobos trouxeram e começando a acender as primeiras labaredas. Carnes foram assadas e bebidas divididas enquanto os lobos se divertiam contando histórias e cantando músicas.

—Fico feliz que tenha se recuperado dos ferimentos. — Zenn falou para Ilis, ambas compartilhando a mesma bebida, mais afastada dos lobos. — Soube que conseguiram serviços pela cidade.

—Sim. Meus lobos vão precisar se manter ocupados enquanto mantenho a gravidez.

—Você tem razão, um filhote requer cuidados. Não te faria bem continuar fora da cidade nas próximas luas. Mas se eles quiserem, posso leva-los junto enquanto você se dedica a esse período.

—Meus lobos, minha responsabilidade.

—Tudo bem, eu entendo. Mas você devia estar procurando aumentar sua alcateia. Minha aliança irá te proteger, mas você sabe que é mais seguro ter mais lobos ao seu lado. Fortalecerá sua equipe.

—Não queremos acrescentar outros lobos que desonram um compromisso com a alcateia. E também acho que a perda recente de Kenny os deixe mais receosos em aceitar novos lobos.

—É nesse momento que novos lobos devem ser acrescentados. — Zenn a olhou, seus olhos escuros brilhando com a luz da fogueira. — Não necessariamente os que deixam outras alcateias, mas há diversos lobos novos na cidade, em busca de se provarem para entrarem numa alcateia.

—Lobos jovens são um problema. Difíceis de serem controlados. Vivem se metendo em confusão. — Ela suspirou, bebendo um longo gole da bebida e relaxando contra o tronco em que Zenn estava sentada. — Além de que eu não poderei ensinar muito a um lobo jovem quando estou esperando um na minha barriga. — Ela fechou os olhos ao tocar a própria barriga, balançando a cabeça e devolvendo a garrafa para ela. — Eu não devia estar bebendo.

—Sua feiticeira não vai gostar de te receber em casa se estiver fedendo que nem gambá?

—Ela se preocuparia com nosso filhote. E eu devia estar sendo mais responsável.

—Oh, Ilis Mae, uma mãe irresponsável, quem diria. — Falou em tom de goz*ção.

—É difícil me acostumar com a ideia. Sabia que um dia iria acontecer, mas ter um filhote dentro de mim e sentir tudo isso é tão diferente de como imaginava. Diferente de quando cuido desses garotos. — Ela olhou através da fogueira, vendo Ian e Jhan cantando uma música, animados e bêbados.

—Como aconteceu? — Zenn perguntou com cautela. — Sua feiticeira colocou um feitiço em você?

—Não. Nos deitamos durante a última lua de sangue, eu não sabia que ela tinha conhecimento sobre a chance de engravidarmos nesse período. De certa forma nós duas pensamos nesse filhote durante aquela noite, e a lua nos concedeu esse direito.

—Vocês são realmente conectadas. Não achei que fosse tão sério.

—Ela nunca parou de chamar por mim até que eu voltasse. Mesmo agora. — Ela sorriu, olhando a lua crescente no céu estrelado. — Ela está sempre com meu nome em seus pensamentos, e eu sei que isso vai nos manter unidas.

—Espero que sim, porque ela estaria perdendo uma alfa e tanto. — Ela tocou a garrafa na sua cabeça, sorrindo quando a olhou. — Você devia ir para casa e levar seus garotos antes que estejam trocando as pernas.

—Sim, você tem razão. Ainda que seja bom vê-los animados e se divertindo outra vez. Mas temos trabalho amanhã, e eles precisam estar inteiros.

—Eu te acompanho. Em caso as outras alcateias ainda estejam se fazendo de ignorantes sobre nossa aliança.

—Ou queiram retaliação pelas mortes.

—É provável, sim. Mesmo com a interferência da sua feiticeira, ainda acho que o restante iria te procurar.

—Um por um, seria justo, mas todos de uma vez é impossível.

—Oh, eu sei. Mas não se preocupe. Tenho meus aliados sempre informados em relação as outras alcateias aqui da cidade. Eu te deixarei saber se houver alguma movimentação.

Ilis assentiu, inclinando-se enquanto se alongava, então deixou que a forma de lobo assumisse seu corpo. Ela uivou, atraindo a atenção de Ian e Jhan, que se apressaram em se afastar dos demais e também se transformarem, seguindo o comando de sua alfa de volta para a cidade. Zenn os acompanhou junto de mais três lobos, não encontrando problemas no caminho de volta. Encontraram as próprias roupas próximo a entrada principal, vestindo-se antes de entrar pelos portões e seguirem rumo a casa de Liora.

—Obrigado pela comida e pelas bebidas, Zenn! — Jhan agradeceu, trocando um abraço apertado com a alfa. — Estou contente que sejamos aliados agora. Espero que possamos festejar mais vezes no futuro ou caçar juntos.

—Por que não os dois? — Zenn bagunçou seus cabelos antes de o empurrar para trás, acertando um soco em seu ombro em sinal de amizade.

—Também agradeço pelo tempo, Zenn. — Ian sorriu. — Estava precisando disso. Sei que Kenny não iria querer que eu ficasse encolhido num canto. Então agradeço pela diversão oferecida hoje e pela aliança que ofereceu. Faremos um ótimo trabalho em equipe, você pode contar comigo para o que precisar.

—Não seja tão formal, somos todos parceiros agora. — Zenn pressionou os dedos em seu ombro. — Sinto muito por sua parceira. Espero que o espírito dela esteja em paz por sua felicidade.

—Eu também.

Ambos se despediram e foram para as suas respectivas casas na mesma rua, restando as alfas somente.

—Foi uma boa comemoração, realmente. — Ilis falou eventualmente. — Ian tem razão, qualquer coisa que precisarem, vocês podem contar conosco. Não somos muitos, mas somos leais, e no fim isso vale mais que dezenas de lobos solitários.

—Sim, você tem razão. Eu aprecio sua amizade, Ilis Mae. Agora vá levar seu filhote para descansar.

Enquanto isso, Emeril e a mãe entravam na mansão em que Liora cresceu, o sentimento de nostalgia crescendo conforme avançavam lentamente pelos salões. A mobília era a mesma que se lembrava, moderna e elegante, sempre com vasos de plantas bem tratadas espalhadas pelo cômodo. O teto era todo de vidro, e agora dava visão para a tempestade que caía lá fora. Emeril segurou a mão de sua mãe, buscando segurança diante do ambiente novo.

Foram levadas para uma estufa após caminharem por uma passagem coberta no jardim dos fundos, por todo caminho encontrando empregados e guardas que a lançavam olhares respeitosos.

A estufa era espaçosa, ambas ficaram admiradas com a quantidade de espécies de plantas que possuía ali. Os guardas não entraram com elas, então seguiram sozinhas pela grama que o chão possuía, passando entre prateleiras eternas e sentindo o cheiro úmido de terra. Encontraram Amara podando uma pequena árvore perto do centro da estufa, a tesoura proporcional. Emeril buscou pelos olhos da mãe, em busca de confirmação, mas Liora olhava Amara com seriedade.

—Não haja como se estivesse vendo um fantasma, Liora. Eu estou muito bem viva. — Amara ergueu os olhos da tarefa, mirando ambas, que estavam mais afastadas.

—Desculpa, mãe. — Liora se aproximou sozinha, ficando em frente a mulher que era tão alta quanto ela. — Já faz tanto tempo.

—Sim, já faz anos demais, mas eu sabia que você ficaria bem. — Amara sorriu, deixou a tesoura de lado e bateu as mãos nas laterais para afastar a sujeira, então segurou o rosto da filha, olhando-a de perto. — Você amadureceu, espero que tenha aprendido tudo o que precisava em suas viagens. Eu sabia que um dia você acabaria voltando.

—Sim, aprendi muito em minhas viagens, mas nada me ensinou a esquecer tudo o que aconteceu nessa casa.

—Isso não há ninguém que ensine. Mas espero que tenha aprendido a se perdoar, porque eu nunca te culpei por nada, se é por isso que não voltou para a sua casa mais cedo, Liora.

—Não mãe, não foi por isso. Eu aprendi muito em minhas viagens, mas as coisas mais importantes aprendi nos últimos meses. — Ela sorriu e se virou, esticando o braço em direção a própria filha, que se aproximou devagar. — Mãe, essa é Emeril, minha filha, sua neta. Finalmente estamos juntas e ela tem me ensinado muito nos últimos tempos. Quis vir te conhecer. Conhecer nossa casa e nossa terra.

—Você é igual sua mãe na idade dela. — Amara espalmou a mão na bochecha de Emeril, acariciando. — É bom finalmente te conhecer, Emeril. Eu tenho esperado por esse momento.

—É bom te conhecer também. — Emeril sorriu mais timidamente. — É estranho estar aqui. Sinto que estou no lugar certo, mas ao mesmo tempo me sinto estranha.

—É natural. É um lugar novo para você e eu sou somente uma mulher velha que você está conhecendo.

Amara tinha o mesmo aspecto alto de ambas descendentes, os longos cabelos trançados eram brancos e hidratados. Os olhos castanhos guardavam sabedoria e paciência. Vestia-se com tecidos de cores sóbrias e largos, cobrindo o corpo mais carnudo. Suas orelhas possuíam diversos furos com brincos, além do nariz e em sua sobrancelha esquerda.

—Ainda assim estou feliz por conhecer a senhora. — Emeril alegou, segurando a mão que estava em seu rosto e acariciando entre suas mãos. — E quero poder conhecer a cidade também.

—Tudo em seu tempo. — Amara garantiu. — Vocês devem estar cansadas e famintas da viagem. Venham, eu vou mandar que preparem algo para vocês comerem enquanto mostro os quartos.

Liora e Emeril foram conduzidas de volta pelas salas, assistindo serviçais e seguranças se movimentarem junto conforme Amara dava ordens. Suas bagagens foram levadas ao andar superior enquanto seguiam para a sala de refeições. Uma pequena mesa quadrada de mármore com um castiçal acima e um amplo lustre as esperava. Os empregados se apressaram em servir ingredientes de lanches sobre a mesa após elas se sentarem.

—Você tem morado onde? — Amara questionou, olhando para a filha.

—Na cidade dos elfos no último ano. — Liora respondeu devagar.

—Ao menos se estabilizou num lugar. Soube que abriu uma loja.

—Sim. Tem rendido bem.

—Minha mãe tem vários clientes. — Emeril pontuou. — Muitos fiéis. Eu tenho ajudado na loja. Feitiços Arin. — Sorriu com o nome. — É um lugar bastante movimentado, eu ainda tenho me acostumado com tantas pessoas.

—Vocês não deveriam ter vivido viajando. — Amara as repreendeu. — Deve ser confuso se estabilizar num lugar após tanto tempo viajando.

—A única viagem que fiz foi para encontrar minha mãe.

Liora sentiu o olhar questionador da mãe, assim como sentiu o chá de cidreira com flor do sol descer mais amargo em sua garganta. Emeril não se moveu para fazer o próprio sanduíche ou se servir de um dos chás e sucos, percebia a própria ansiedade em estar com a sua avó. Ao tempo que notava o estranho jeito que se comunicavam, esperava que sua avó fosse mais receptiva a chegada da própria filha.

—Vocês não viajavam juntas? — Amara questionou após uma pausa mais tensa. — Onde e com quem você estava Emeril?

—Com o meu pai. — Emeril não hesitou em responder. — Ele me criou como filha dele, ajudou com que eu estivesse segura por todos esses anos numa floresta longe do alcance dos elfos.

—Numa floresta? — A surpresa tomou conta de sua expressão. — Você foi criada no meio do mato?

—Fui. E isso foi bom, porque conheci companheiros e amigos que levarei para o resto da vida. E eu pude estudar todos os feitiços sem qualquer atraso.

—Emeril sempre foi bastante aplicada nos estudos, isso eu nunca vou poder reclamar. — Liora pontuou com um pequeno sorriso para a filha, buscando por sua mão no colo e apertando. — Não nego que foi imprudência minha deixar que Julian ficasse com ela por tanto tempo. Mas temos buscado compensar todo esses momentos perdidos.

—Acredito que não tenham sido só momentos perdidos. — Amara estreitou os olhos entre ambas, observando a marca no pescoço delas. — Você não tem idade para já ter a marca do ritual.

—Elijah é o responsável por isso. Lembra dele não lembra?

—O que aquele tolo fez a minha neta? Faz anos que não tenho notícias dele.

—Ele acelerou o desenvolvimento de Emeril. Eu consegui impedir que fosse longe demais. Mas Emeril é incrivelmente talentosa e conseguiu aprender todo o necessário para estar pronta para o ritual.

—Apesar de ter crescido na floresta você realmente conseguiu se desenvolver acima da média. A marca do ritual nunca apareceu tão cedo para um Arin antes.

—Eu sempre gostei de aprender tudo o que minha mãe me deixou como forma de tentar honrar tudo o que ela já fez por mim para que eu continuasse viva. — Emeril falou com uma seriedade não habitual. — Ainda assim senti que deveríamos vir aqui antes de realizarmos o ritual porque não seria justo receber a energia de quem nunca conheci.

—Você queria me conhecer?

—Sim. Era o certo a ser feito.

— Então estou feliz que você tenha vindo me ver. Quero saber tudo o que andou fazendo.

—Temos a mesma curiosidade. — Emeril garantiu, então se voltou a mãe. — Podemos dormir? Estou realmente cansada.

—Claro, se não se incomodar mãe. — Liora mirou a mulher.

—Sem problemas. Já é tarde e podemos conversar amanhã. Vocês são bem-vindas para ficar o tempo que quiserem. Afinal, a casa também é de vocês. — Amara sorriu mais polidamente. — Você ainda se lembra do seu quarto, certo, Liora?

—Sim, eu lembro. Venha, filha, eu te mostro o caminho.

Amara somente observou enquanto ambas saiam da mesa e seguiam para fora da sala de refeições. Os cômodos continuaram com a estética luxuosa e conservada conforme avançavam para o andar superior. Nostalgia rompia o peito de Liora, que relembrava o caminho que percorreu tantas outras vezes por grande parte de sua vida. O carpete vermelho no chão de madeira cobria o caminho entre os diversos quartos e cômodos vazios, além de mais uma escadaria para o terraço. O mesmo lustre com braços curvos de vidro iluminava o caminho e as esculturas de mármore e argila, além dos quadros com moldura banhada em ouro dos membros recentes da família Arin.

Emeril parou em frente ao quadro de Liora, mais jovem e com olhar desafiador na pintura. Sorriu, tocando a superfície, observando o longo vestido lilás que moldava as curvas menos volumosas da mãe, mas valorizavam o decote bem justo. Os cabelos eram longos cachos que cobriam o quadril e possuíam algumas tranças, presas por enfeites de flores. Liora parou atrás da filha, pousando as mãos em seus ombros e beijando o topo de sua cabeça.

—Já faz tanto tempo. — Comentou. — Eu tinha atingido a maioridade.

—Somos mesmo parecidas, não é? Mas você tinha menos carne. Isso que dá comer só legumes.

—Engraçadinha. — Ela sorriu. — Tem um escritório com nossa árvore genealógica completa, se quiser conhecer quando descansar.

—Sim, eu iria gostar disso. Acha que eu terei um quadro também?

—Claro, você é minha filha, você é uma Arin. Além de já estar pronta para o ritual.

—Você já tinha passado pelo ritual quando te pintaram?

—Sim.

Liora esticou a mão e tocou o próprio rosto no quadro, deslizando a ponta do dedo até o pescoço, coberto pelas madeixas.

—Você já planejou o nosso?

—Tenha calma, minha luz. Há um lugar que quero te mostrar pela manhã.

—Aqui na cidade?

—Há lugares que quero te mostrar, sim. Mas esse lugar é especial, fora da cidade. Então é bom dormirmos cedo. Venha, vou te mostrar onde fica o banheiro.

Elas se revezaram em tomar banho e mesmo sabendo onde ficava seu quarto, Emeril esperou pela mãe no quarto dela. Liora não questionou quando voltou ao quarto e encontrou a filha já de pijamas, sorrindo e estendendo uma escova de cabelo para ela. Ainda de roupão, ela sentou atrás de Emeril e segurou a escova, começando a passar entre seus longos cabelos.

—Que feitiço você criou para marcar sua união a Selen? — Emeril questionou, olhando para a parede a frente.

—Ela pode me ver, se desejar, pelo reflexo do espelho. Basta me chamar. Então pode atravessar o espelho e me encontrar.

—Oh, parece um feitiço elaborado. E bastante útil quando estamos viajando, não é? Vocês podem se encontrar a qualquer momento.

—Não é como se eu quisesse fazer uso desse feitiço quando ela foi uma idiota da última vez que a vi. — Ela suspirou. — E eu prefiro me concentrar no que viemos fazer aqui.

—Sinto muito por Selen. Ao menos posso sentir que Ilis está bem, então o bebê deve estar também.

—Um neto quando comecei a aproveitar o papel de ser sua mãe. — Ela moveu a cabeça negativamente.

—Eu vou continuar sendo sua filha. — Pontuou. — Isso ninguém mudará. Nem mesmo a vó.

—Ainda acha que ela não aceitará seu filho com a loba?

—Ela te trataria diferente se eu não estivesse aqui, não é? — Argumentou. — Ela não parecia feliz com a nossa chegada.

—Sua vó é... complicada, querida. Lembre que ela é mais velha, está há muito mais tempo que eu aqui, acostumada com os costumes antigos da nossa família.

—E isso não é estranho, mãe? Ela continuar na casa em que todos foram mortos?

—Nossos parentes foram mortos fora daqui querida. Essa casa guarda a história de gerações, por isso ela continua aqui.

—Por que ela nunca te procurou? — A pergunta brotou num misto de frustração e confusão. — Pelo pouco que sei, nossa família é muito conhecida, não é? Ela saberia que você se estabilizou na terra dos elfos.

—Não é simples assim. Eu não parti em bons termos com ela, eu a abandonei aqui, Emeril, matei o marido dela e deixei nossos parentes serem presos ou dizimados. Mesmo que ela não me culpe, ela provavelmente se ressente de minha partida.

Emeril se virou quando Liora terminou de pentear seus cabelos, pegando a escova de sua mão enquanto refletia sobre suas palavras. Liora segurou seu rosto e beijou uma bochecha de cada vez, não conseguindo afastar a seriedade dos seus olhos.

—Você está cansada, não devia ficar pensando tanto uma hora dessas. Sua loba ficará preocupada.

—Você tem razão. Você se importaria se eu dormisse contigo aqui?

—Por que não estou surpresa com o seu pedido? — Sorriu, apertando suas bochechas. — Não está grande demais para ter medo de dormir sozinha?

—A menos que me diga que vai encontrar com Selen eu não vejo motivos para não ficar contigo. — Insistiu, suas bochechas esquentando de vergonha e pelo aperto. — Além de que nunca estive nesse lugar.

—Nada te aconteceria aqui. Mas está tudo bem, não será qualquer problema dormir contigo essa noite, querida. Sinta-se à vontade.

—Eu fico com o lado esquerdo da cama então.

Liora moveu a boca para protestar, mas Emeril já tinha se jogado entre os travesseiros e afastava a coberta para colocar sobre o corpo.

Pela manhã, nos primeiros raios de sol, elas tinham uma pequena bolsa com lanche e água quando saíram da mansão. Liora deixou o carro e guiou a filha pelas ruas da cidade, solitárias e geladas. Ainda assim Emeril se maravilhava com as estruturas antigas dos prédios na cidade, ainda que a maioria tivesse sido reformada com uma estética mais moderna. Era diferente da aparência da cidade dos elfos, que mesmo sendo um centro de passagem, conservava história de séculos.

—Uma cidade destruída. — Liora comentou com desagrado.

—Mas está tudo no lugar. — Emeril a olhou, confusa.

—Não é como tudo costumava ser.

Emeril continuou sem entender, somente seguiu a mãe pelas ruas até saírem a oeste da cidade, onde havia uma trilha para a floresta. Ela ajeitou o casaco sobre os ombros conforme penetravam entre as árvores, sentindo o vento frio como lâminas em sua pele.

—Você poderia se transformar em dragão e nos levar até o lugar, mãe. Eu vou chegar congelada lá.

—Você devia estar em sua outra forma. É mais resistente ao frio.

—Algum dia vou poder ser um dragão de verdade?

—Saberemos depois do ritual, minha luz. Tenha paciência.

—Você já decidiu quando faremos?

—Hoje à noite.

Emeril sorriu contente, sentindo-se mais animada para continuar a caminhada. Andaram e fizeram algumas pausas para descansarem e se hidratarem, subindo o começo de uma montanha congelada e o topo coberto pelas nuvens. Só então Liora e Emeril mudaram de forma, tendo a mais velha a tarefa de levar a filha até o topo da montanha.

A viagem não demorou muito, Emeril ficou sem fôlego diante da velocidade que a mãe podia atingir mesmo subindo tão alto. Acima das nuvens, Liora voou em torno do topo da montanha, ambas aproveitando a visão do nascer do sol. Após alguns instantes ela se aproximou da superfície, onde tinha uma grande pedra esculpida. Emeril desceu das suas costas e ela voltou a forma humana, respirando mais lentamente para conservar sua temperatura. Emeril se aproximou da pedra, podendo ver runas dos nomes que estavam escritos nela.

—Quem são essas pessoas?

—Todos que morreram a partir do momento que nossa família assumiu tanta fama e prestígio, momentos que tiveram que agir para impedir que a “honra” não se abalasse.

Liora parou ao lado da filha e cruzou os braços, suspirando com a amarga sensação que torceu seu estômago em nojo e rancor. Emeril a olhou, surpresa.

—Você quer dizer que nossa família sempre foi uma assassina por causa de poder e fama?

—O poder consegue muitas coisas, sim. Pessoas para você comandar, para inspirar.

—Inspirar e comandar pessoas para o que? — Ela estreitou os olhos. — Para uma guerra?

—Para defender sua família e aquilo que você acredita. Inspirar pessoas que queiram arriscar a própria vida para defender seus ideais.

—É como se fôssemos manipular essas pessoas a correrem perigo. Não parece certo.

—Talvez não mais agora, porque vimos onde isso levou nossa família. Mas foi o jeito da família Arin por muitas gerações.

—Então por que construir um memorial com os nomes das pessoas afetadas por esse jeito de pensar? — Ela se voltou a pedra.

—Para nunca nos esquecermos dos sacrifícios já feitos para manter a família unida. — Foi Amara quem respondeu.

Ambas se viraram, surpresas em encontrar a mais velha caminhando sem pressa em direção a elas, como se sempre tivesse estado ali.

—Você não aprendeu a se locomover de um ponto a outro sozinha, aprendeu? — Ela questionou a filha, mas não esperou por resposta. — Eu imaginei que viria aqui. Era onde treinávamos.

—Eu a trouxe aqui porque foi onde fizemos o ritual, mãe. — Liora suspirou, passando um braço sobre os ombros de Emeril. — Queria criar uma trajetória de como foram as últimas gerações para podermos construir algo a partir de agora. — Ela trocou um olhar com Emeril. — A partir do nosso ritual. — Sorriram de maneira cúmplice, Liora beijou sua têmpora antes de se voltar a mãe. — Achei uma boa oportunidade de relembrar a história de nossa família quando restou tão pouco de nós.

—Vocês são o que restam de todos os Arin. Eu sei que o meu tempo está acabando nessa terra, sabia que quando encontrasse você de novo, Liora, seria nosso último encontro.

—Do que está falando, mãe?

—Eu já vivi muito, Liora. Já vi muito dessa vida, já perdi demais. Eu quero ter o direito de descansar depois que você realizar o ritual com a sua filha.

—Não. — Liora estreitou os olhos, sentindo um frio subir pela sua espinha. — Você não pode estar me pedindo isso. Eu acabei de te encontrar, mãe.

—Do que estão falando? Você está doente, vó? Me diga o que é, eu posso ajudar. — Emeril avançou um passo, preocupada com o estranho clima que pairava entre elas.

—Não, querida. Só estou cansada. — Amara segurou seu rosto em mãos, acariciando suas bochechas. — O que estou pedindo a sua mãe, é que me deixe participar uma última vez desse ritual, para que eu possa entregar as últimas de minhas energias a vocês, que são minhas herdeiras.

—Sua energia? — Ela franziu o cenho. — Se fizer isso você morre.

—Eu poderei descansar. — Ela sorriu calmamente. — Eu sei que pode parecer confuso para vocês agora, mas é o habito mais comum entre os idosos de nossa família. É a única herança que tem valor inestimável e que posso oferecer a vocês.

—Não a custo de sua vida.

—A morte é um relento, querida. Um descanso para almas cansadas que já fizeram demais. Eu já fiz demais nessa vida.

—Eu não acredito nisso. Há um milhão de coisas que aposto que a senhora não fez. E eu acabei de conhecer você! Você nem conheceu seu bisneto. Nem conheceu Selen ou Ilis, como pode dizer que já fez demais se não fez nada disso?

—Ela tem razão, mãe. — Liora a olhava com seriedade. — Há pessoas que queremos que conheça, você não pode simplesmente pedir que aceitemos sua partida quando chegamos agora.

—Eu já tenho um bisneto? — Ela sorriu para Emeril, mirando seu corpo com mais atenção. — Essa geração é tão impaciente.

—Em alguns meses meu filho com Ilis vai nascer. — Emeril sorriu com a recordação. — A lua nos concebeu uma criança e ela será a primeira de vários herdeiros de nossa família. Você não quer estar lá para ver?

—A lua? — Amara tombou a cabeça, então pressionou os dedos nas têmporas de Emeril, uma sutil luz branca saindo da sua pele.

—O que está fazendo?

—Eu sinto que você foi marcada. — Amara falou com a mesma voz calma. — Há uma magia antiga pairando em você. E você já fez o ritual com essa tal Ilis. Você já é uma mulher feita, minha neta. Estou orgulhosa de você.

—Meu filho-

—Eu sei. Assim como veio em busca de minha aceitação, peço que aceitem minha decisão. — Ela olhou entre ambas. — Eu sabia que viriam, cedo ou tarde. E eu já tomei minha decisão há muito tempo. É meu presente a vocês, eu quero que aceitem.

—Eu não quero que você morra. Há tanto que gostaria de aprender com a senhora, vó! — Emeril tinha lágrimas nos olhos.

—Não se preocupe. Você tem sua mãe e nada te faltará. — Ela beijou sua testa e sorriu, antes de se voltar a Liora. — Eu sei que há muito o que conversarmos, mas agora, só peço que aceitem.

Liora suspirou, encontrando somente determinação e serenidade nos olhos da mãe. Tocou seu rosto e acariciou, beijando o topo da cabeça da filha.

—Não se preocupe, vamos honrar seu desejo, mãe. — Ela inclinou o rosto para Emeril, que ameaçava protestar, mas diante do seu olhar, ela se calou. — Vamos voltar para casa. Há vários preparativos a serem feitos para o ritual.

Fim do capítulo

Notas finais:

Eu voltei, e agora é pra ficar, porque aqui é o meu lugar!

ahahaha

músicas a parte, estou conseguindo finalizar a história, então esperem por capítulo na segnda :D etapa final!


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