Antigos amantes
Emeril sentiu toques pelo seu corpo, e ainda sonolenta, virou o rosto, piscando algumas vezes. Seus pulsos foram presos ao lado da cabeça e um corpo se projetou sobre o seu. Assustada, ela enxergou os olhos verdes claros que reconheceu de imediato.
—O que está fazendo aqui? Como me achou? — Perguntou, sua boca secando com a abordagem abrupta.
—Que recepção, Emeril. Depois de tanto tempo, achei que fosse me receber melhor. Abrindo as pernas, para começar. Você fazia isso bem.
—Não me faça te machucar, Henri.
O rapaz riu, pressionando com força os dedos nos pulsos dela, queimando sua pele e a fazendo gem*r de dor.
—Quando meu pai falou que foi você quem foi atrás de Tâmara na outra noite, ah, Emeril, tive que vir pessoalmente.
Emeril prendeu as pernas em sua cintura e forçou seu corpo contra o dele, derrubando-o de lado e por fim libertando seus pulsos, mas usou disso para prender as mãos em seu pescoço, suas pernas imobilizando os braços do rapaz, que travou os dentes para ocultar a surpresa.
—O que você quer comigo, Henri? De onde conhece Tâmara?
—Quem você acha que amaldiçoou aquela idiota?
—Você é um bruxo?
—Vocês magos se acham tão mais importantes e inteligentes que nós, mas nunca conseguem identificar um bruxo quando veem um. Devia se envergonhar. Você abriu as pernas tantas vezes para um bruxo, que estou surpreso que não chegou aqui com um bastardo.
—Como se você não fosse estéreo. Como se eu fosse deixar vocês garotos tocarem em mim sem algum cuidado. Com tantos feitiços no mundo, e você nunca notou que suas bolas são secas que nem seu cérebro sempre foi? Mas que bom que me disse que foi você que lançou a maldição em Mara. Eu só tenho que matar você.
Henri a afastou ao soprar uma rajada de vento contra ela, derrubando-a da cama. Levantou rapidamente, conjurando uma espada e investindo contra a feiticeira, mas Emeril previu seus movimentos e sussurrou um feitiço, fazendo-o paralisar no lugar, aspirou o ar, somente a luz intensa em sua garganta antecedendo as chamas que saíram com força da sua boca.
Liora entrou no quarto diante do barulho, fazendo Emeril se distrair. Liora impediu que Henri acertasse a lâmina em sua filha, segurando seu pulso e o torcendo nas costas, imobilizando-o contra a parede. Emeril viu parte do couro cabeludo e do ombro dele parcialmente queimados, ouvindo-o murmurar xingamentos. Liora a olhou, procurando confirmação de que estava bem, e ela somente assentiu.
—Isso é só o começo, Emeril. — Henri murmurou a ameaça.
Então Henri desapareceu, e por precaução, Liora checou a casa em busca do rapaz, mas não havia ninguém mais. Voltou ao quarto de Emeril, que estava sentada na beira da cama, só então fechou os botões de sua própria calça.
—Você se machucou?
—Não exatamente. Só tenho o orgulho ferido.
—Não tenho cura para isso. Fico feliz que esteja bem. De onde conhece Henri Mullivan?
—Era meu namorado, até Selen chegar na floresta. Eu não sabia que era um bruxo.
—Suponho que ele seja mais idiota que Selen.
—Não era. Como você o conhece?
—Os pais dele eram clientes frequentes na minha loja, até a mulher morrer ou sair da cidade. Nunca soube. Henri morava fora, por causa dos problemas dos pais. Voltou antes da mãe ir.
—Maldito... Ele me enganou todo aquele tempo. Não acredito que fui enganada por um idiota que nunca tinha entrado numa garota.
—Acho que passei mais traços meus para você do que deveria.
—Pode me culpar. Eu gostava de me divertir com os garotos. Mas era só isso.
—Você os avisava que era só isso?
—Não? Deveria?
Liora balançou a cabeça, contendo um riso, então sentou ao seu lado, abraçou seus ombros e beijou sua bochecha.
—Tem ideia do que ele queria com você? Não me agrada a ideia de ele ter entrado aqui e tentado te matar.
—É por causa de Mara. Tenho que falar com ela.
—Mara? Ela teve problemas com os Mullivan? Isso é ruim.
—Pior do que imagina. Eu vou falar com ela e-
Emeril se interrompeu enquanto levantava, pressionando uma mão no peito, a sensação de agonia crescendo dentro de si. Fechou os olhos, tentando decifrar o que era, um misto de medo e dor gritando dentro de si.
—Ilis... Não...
—Querida? O que aconteceu?
—Ilis corre perigo. Está machucada e sofrendo. Algo aconteceu.
—Vamos atrás dela, então.
Emeril seguiu para o andar debaixo e então para a rua, abraçando a cintura de sua mãe para mantê-la perto enquanto batia as asas, subindo alto e avançando para além dos limites da cidade.
—Você sabe onde ela está?
—Faço ideia. Que droga... Ela voltaria amanhã de manhã.
—Tenha calma. Pode me soltar nessa altura. Vou procurar por ela a norte. Veja a oeste, é onde começa a trilha para a floresta.
—Está bem.
Emeril soltou o corpo da mulher, que se transformou em dragão após alguns segundos, então ganhou altitude e seguiu para o norte enquanto ela seguiu para o oeste, suas asas trabalhando com força.
As sensações do feitiço que a ligava a Ilis aumentaram a intensidade, o que a fez pensar que estava chegando perto. Antes de entrar na floresta, ela viu o que estava temendo. Ilis corria a frente junto de Ian e Jhan, outro lobo seguia perto, mas uma alcateia de quinze lobos e outra com meia dúzia seguia logo atrás, com rosnados selvagens junto de seus alfas.
Não pensou no que faria quando mergulhou, diminuindo rapidamente sua altitude. Voou sobre Ilis, então parou enquanto os lobos avançavam em sua direção, plainando no ar. Moveu as mãos em frente ao corpo e falou as palavras do feitiço em voz alta. As alcateias deslizaram sobre o gelo e caíram após alguma distância, momento que ela moveu uma mão para cima, fazendo lâminas crescerem do gelo e perfurarem os corpos dos lobos. Teve que repetir o gesto rapidamente, perfurando o maior número de lobos que conseguia antes que terminassem a distância até onde estava.
Liora sobrevoou a luta, então cuspiu fogo em direção aos lobos restantes, mas um dos lobos conseguiu escapar, e usou o corpo de um dos mortos para saltar o restante do gelo em direção a Emeril. Ela caiu no chão com o impacto, mas usou a adaga que Selen lhe deu para segurar entre os dentes do lobo, que tentava chegar ao seu pescoço.
—Sua alcateia está morta. Aceite isso e deixe Ilis em paz. — Falou em meio a força que fazia.
O lobo voltou a forma humana, revelando uma mulher de cabelos escuros. Ela socou o rosto de Emeril, sons incompreensíveis saindo de sua boca enquanto ela vociferava, tentando acertá-la mais vezes. Emeril usou as pernas, empurrando-a para o lado, aspirou o ar, e quando ela avançou outra vez, a feiticeira soltou uma rajada de fogo em sua direção, queimando-a em meio aos gritos agonizados, até que finalmente caísse sem vida no chão.
Emeril se levantou e procurou por Ilis, correndo em sua direção quando viu o lobo que não conhecia lambendo suas feridas. Afastou o lobo com as mãos e se ajoelhou em frente a Ilis, usando as asas para impor uma barreira física entre ele e os lobos, que se encolhiam atrás da alfa.
—Ilis, estou aqui. Volte para que eu possa levar vocês até minha mãe. Vocês precisam de cuidados rápidos.
—Deixe-me curar ela, maldita feiticeira. — A loba falou em suas costas.
—Saia de perto, idiota, ou vai conhecer a pós morte igual seus amigos. — Respondeu entredentes, sem se dar o trabalho de olhá-la.
—Emeril... — Ilis pressionou os dedos em seus ombros, o rosto humano torcido em dor. — Ela nos ajudou a sair de lá.
—Tudo bem, mas sou eu quem vai cuidar de você e dos lobos. Se quiser falar com ela depois eu não me importo.
Ilis não disse nada, somente assentiu, então abraçou o pescoço da feiticeira, permitindo que a levasse do chão para as costas de Liora, que sobrevoava alguns metros acima. Fez o mesmo percurso com Jhan e Ian, que estava quase perdendo a consciência e o que mais sangrava devido ao ferimento aberto no peito.
—Onde está Kenny? — Perguntou, olhando cada um.
—Morta. — Ilis respondeu, então olhou para Ian. — Vamos voltar, ou ele estará morto também.
—Mãe, vamos.
Liora seguiu rumo a cidade, quebrando uma das leis, que era não se transformar dentro dos limites da cidade. Emeril levou cada um para dentro de casa, deitando todos numa toalha estendida no chão da sala.
Quando sua mãe entrou, ela já misturava as ervas para aplicar no ferimento de Ian. Liora pegou panos na cozinha e encheu um recipiente com água, ajoelhando-se ao lado dela e limpando todo o sangue e sujeira que tinha nos cortes.
—O que está misturando aí? Eu não te ensinei isso.
—Defini que essa mistura é mais forte que as outras. E fecha mais rápido cortes fundos assim.
—Foi o que fez no braço?
—Sim. Ele vai precisar de sangue. Pode pegar uma seringa e uma bolsa para colocar sangue?
Liora ergueu a sobrancelha, mas não disse nada, movendo os dedos para conjurar o que ela pediu. Emeril pegou a mistura na mão e cuspiu sua saliva, então aspirou o ar, soprando somente uma fagulha de fogo na sua palma e então pressionando nos ferimentos de Ian, espalhando em toda a região, fazendo o rapaz gritar de dor.
—Emeril. — Liora estreitou os olhos. — É uma dose muito forte.
—O sangramento precisa parar senão não vai adiantar colocar sangue nele. Olhe os ferimentos de Jhan, eu vou checar Ilis enquanto o sangramento dele diminui.
—Pare de me dar ordens.
Emeril somente a olhou antes de engatinhar até Ilis e acariciar seu rosto, olhando seu corpo e tocando com a mão sobre suas costelas, observando seu rosto se torcer em dor.
—Estão quebradas. Como você estava correndo desse jeito?
—Não tive escolha.
Emeril suspirou, espalmando as mãos sobre as costelas, a luz branca saindo de suas mãos, buscando colocar os ossos no lugar. Tentou ser sutil, mas Ilis gem*u ainda assim, prendendo os dedos em seus pulsos.
—Você só não está pior que Ian, porque não tem hemorragia. Mas preciso checar o bebê.
—Não. Sua mãe faz isso.
—Pare de ser cabeça dura.
—Não. Eu não quero que veja.
—Ilis-
—Não é hora de discutirem. — Liora suspirou, colocando-se ao lado da filha. — Jhan está bem. Faça a transfusão em Ian.
—Ainda há ferimentos em Ilis.
—Eu cuidarei disso. Não temos tempo a perder.
Emeril olhou para Ilis, que acariciou seus pulsos e assentiu, então se afastou, voltando ao lado de Ian, que lutava para ficar acordado.
—Você vai ficar bem. — Garantiu, limpando em torno dos cortes para garantir que o sangramento tinha diminuído. — Vai ganhar um pouco de sangue de mago, mas não vai sair lançando feitiços depois.
—É tudo minha culpa. — Sussurrou, fitando o teto. — Eu quem devia ter morrido.
—Você acha isso? — Suspirou, tirando as mãos do seu corpo e sentando ao seu lado. — Você quer morrer, é isso?
—Kenny me protegeu, e agora não posso nem enterrar o corpo dela. De que adianta viver sem ter isso? Sem ter ela?
—Isso é algo que você irá descobrir. Não posso te dizer.
—E se eu não quiser descobrir?
—Bem... Então eu tiro essas ervas de você, e você pode sangrar até a morte.
—Não ouse fazer isso, Emeril. — Ilis falou em tom duro, mas a feiticeira a ignorou.
—É o que você quer, Ian? Jogar fora o que Kenny fez por você?
—Eu não pedi que ela fizesse nada. — Ele falou, frustrado, ainda fitando o teto.
—E pediria que ela desse a vida dela pela sua? Ela quis isso, Ian. Ou você aceita, e faz alguma coisa com isso, ou desiste e não desperdiça meu sangue.
—O que você faria se fosse Ilis quem estivesse lá? Você não tem ideia do que fazem com os corpos dos alfas. — Seus olhos focaram nas irises de Emeril, lágrimas começando a transbordar.
—Eu iria atrás de cada maldito lobo que fez isso a ela, não deixaria nenhum vivo.
—Ela continuaria morta.
—E os idiotas que encostaram nela também. Ela não estaria de volta. Kenny não vai voltar, e sinto muito por isso. Mas em algum momento ela decidiu que era você quem devia continuar vivo. Então, por favor, Ian, descubra o motivo você.
—Escute ela. — Jhan falou, a cabeça virada em sua direção. — Kenny jamais faria isso sem motivos. Então honre sua alfa. Não estaríamos aqui sem ela.
Ian não falou nada, somente assentiu. Emeril pegou a seringa e tateou seu braço, procurando pela veia, então perfurou a própria pele, o sangue saindo e sendo coletado na bolsa. Olhou para Ilis enquanto esperava, vendo sua mãe usar outro pano para limpar sua pele. Mordeu o lábio, só então se permitindo sentir alívio. “Ela está aqui”, pensou, “ela voltou com nosso bebê.”
Realizou a transfusão em Ian, e teve que repetir o processo uma segunda vez. Nesse meio tempo, Jhan foi levado para o quarto de hóspedes, onde Milo dormia, e Ilis teve as costelas e um braço enfaixados, o rosto permaneceu com sutis marcas de escoriações.
—Ele dormiu. Deixe que eu levo para cima. — Liora falou. — Vá comer algo. Ou vai estar no chão em alguns segundos.
—Estou bem. Vou ajudar Ilis a subir. Então faço algo para todos comerem.
—Descanse, Emeril. Você perdeu quase tanto sangue quanto Ian. Além de ter usado demais sua energia hoje.
—Aquilo não foi nada. Eu ainda tenho energia.
—Emeril, relaxe. — Ilis pediu. — Todos estamos bem graças a vocês. Eu agradeço em nome dos lobos. Mas vocês duas também merecem descanso.
—Eu não fiz nada hoje, acredite em mim. — Liora tocou seu braço numa carícia. — Pode ter parecido rápido, mas aquele feitiço na luta usa uma grande quantidade de energia. Ela está mais cansada do que aparenta.
—Pare de colocar coisas na cabeça dela. — Emeril reclamou.
—Descanse. Você não vai ter grande energia até o ritual, então não se empolgue.
—É a única energia que tenho. Basta me acostumar com o quanto devo usar em cada situação.
—Você não vai ter só isso. A energia de minha mãe e a minha irão para você no ritual.
—Eu não quero te deixar sem sua energia. Tenho a minha e isso basta.
—Querida... É um presente. Uma tradição de séculos. Um mago nunca permanece somente com a própria energia porque ele não nasceu sozinho.
—É só por isso?
—Não. — Liora suspirou, levantando-se e indo até a filha, acariciando seus cabelos antes de se abaixar ao seu lado. — É apenas minha culpa que você não consegue ver o valor disso ou do ritual em si. Mas ainda temos tempo. Você vai acabar vendo o valor de tudo isso. Então me escute agora, e descanse. Eu levo algo para vocês duas comerem
—Está bem. Farei isso.
Liora beijou sua testa e tocou o peito de Ian, sua luz escura acendendo e o fazendo levitar. Quando subiu as escadas, Emeril ajudou Ilis a levantar, aproveitando o momento para beijar seus lábios, tendo cuidado com o corte na parte inferior.
—Como se sente?
—Quebrada. Em várias partes. Mas você sabe.
—Mas gosto de te ouvir falar. Vem, vamos para cima.
—No fim... o feitiço deu certo.
—A que custo? Eu deveria ter ido com vocês desde do começo. — Segurou sua mão, oferecendo apoio enquanto a ajudava subir as escadas.
—Fez bem em ficar. Você precisa construir uma relação com sua mãe para o ritual dar certo.
—Não é como se eu pudesse escolher entre vocês.
—Nunca pediria isso. Eu trouxe nosso filho de volta, como prometi.
—Eu sei... Queria poder senti-lo como você sente. Mas o feitiço não vai tão além.
—Sinto muito, queria que pudesse ver também. Mas... Eu não quero criar expectativas sobre ser menino ou menina. Entre os lobos todos somos criados iguais. Desde a gestação.
—Por que eu o trataria diferente, Ilis?
—Não faríamos isso intencionalmente. Mas haveria expectativas. Pensei que poderíamos tentar passar por essa gestação sabendo apenas que é nosso filho.
—Eu entendo, meu amor, só é difícil não poder senti-lo de forma alguma.
Ilis subiu o último degrau, então caminhou devagar até o quarto, parando na entrada ao sentir o cheiro de queimado, observando que a cama não era mais a mesma.
—Então aconteceu mesmo algo com você. Eu senti que estava em perigo quando Kenny foi pega. Então segui para a cidade, mas você me achou primeiro.
—Sim... Pelo visto minha mãe passou por aqui primeiro. Acho que queimei nossa cama durante a luta.
—Luta? — Ilis a olhou. — Com quem esteve lutando em nosso quarto?
—Um antigo namorado. Um idiota. Vem, você precisa deitar.
—O que ele estava fazendo em nosso quarto?
—Tentando me matar. Descobri que ele sempre foi um bruxo.
Ilis deitou na cama devagar, travesseiros sendo colocados em suas costas. Emeril sntou ao seu lado, inclinada em sua direção, procurando por sinais de mais ferimentos.
—Emeril. Por que outro namorado seu estava tentando te matar em nosso quarto?
—Eu não tenho outros ou outras. — Pontuou, sem dar importância ao fato. — Vou limpar seu corpo e colocar algumas roupas.
—Não mude de assunto.
—Não estou mudando. Só quero dar atenção a você. Eu estou bem. Depois lidamos com isso.
Ela saiu da cama, buscando por outro recipiente, completando com água. Pegou um lenço no armário e voltou para a cama, passando o pano úmido nas pernas da loba.
—Emeril... Me diga. Falar da morte de Kenny não está nos meus planos de hoje.
—Tudo bem. — Emeril beijou seu joelho, acariciando sua coxa. —Eu descobri que Mara tem uma maldição. Jantei na casa dela ontem. Então Henri apareceu aqui de manhã, foi quando descobri que ele é bruxo. Minha mãe conhece a família. Ele assumiu que foi ele quem colocou a maldição em Mara.
—Então ele quer te matar porque você descobriu uma maldição?
—Ele quer me matar porque eu disse a Mara que quebraria a maldição. Pelo visto a família é importante e algo aconteceu com a mãe dele. Eu não sei.
—Ele fugiu?
—Sim. Mas pelo menos consegui queimar parte dele.
Ilis suspirou e Emeril aproveitou para continuar sua tarefa, limpando as coxas e então a barriga dela, beijando a região e acariciando. Ilis sorriu, acariciando seus cabelos.
—Então ele ainda vai voltar. — Falou devagar. — Não há nenhuma poção para acelerar esse processo de cura?
—Seu corpo precisa fazer esse processo. Você está bem, mas ferimentos mais complexos levam tempo para assimilar a cura. Tenha paciência. Não vou receber mais visitas. Minha mãe deve colocar um feitiço na casa.
—Você fez muito hoje.
—Não comece você também.
Ela subiu os beijos pelo seu peito, limpando toda a região até chegar no pescoço, onde pausou ao escutar uma batia na porta de entrada.
—O que ela veio fazer aqui? Que droga...
—Não fique assim. Se não fosse por ela, mais lobos teriam nos seguido.
—Não importa. Não quero ninguém lambendo você. Abro exceção para os seus lobos.
—Isso é ciúmes Emeril?
—Vou expulsá-la. Você tem que descansar.
—Não. Deixe que eu falo com ela. Preciso agradecer. Como alfa.
—Você quer fazer isso agora? Bem aqui? Com alguém que não conhece de verdade?
—Ela apareceu hoje, mas já a conhecia antes.
—De onde? Fazia parte da alcateia de Beah?
—Não. Foi depois disso.
—Depois? Foi durante aquele ano?
—Sim. Você não vai gostar de saber. Mas... ela fez parte das minhas tentativas de tentar ficar longe de você.
—Espera... Vocês duas...?
—Sim. Achei que assim deixaria de escutar você.
Emeril se afastou, soltando o pano enquanto absorvia os fatos. Recuou do colchão, massageando a ponte do nariz.
—Você lutou com todas as suas forças mesmo para isso acontecer.
—Emeril...
—Não. E eu fiquei preocupada com você aquele ano todo.
—Nós falamos sobre isso, achei que tinha me perdoado.
—Você nunca me disse que usou outras com essa finalidade.
—Não achei que fosse encontrá-la de novo. E não faz diferença agora. Estamos aqui, certo?
—Errado. Você está convidando essa mulher para o nosso quarto, Ilis. Nem mesmo Selen entrou aqui.
—Eu preciso fazer isso. Não é como Selen.
—Não, claro que não. Nunca usei Selen. Muito menos para não pensar em você.
—Emeril...
—Desculpa interromper, Liora disse que podia subir. — A loba parou na porta, olhando entre ambas.
—Sinta-se à vontade. — Emeril falou em tom azedo, saindo do quarto
—Você arranjou uma alfa e tanto, hun?
—Você não viu nada. — Ilis suspirou, tocando o colchão ao seu lado, enquanto movia as pernas para puxar o lençol sobre seu corpo, cobrindo sua nudez.
—Devo dizer a ela que tenho as melhores intenções com você? — Sorriu, andando pelo quarto até a cama, sentando na beira do colchão.
—Provavelmente iria piorar a situação.
—Você devia ter dito antes. E acrescentado que alfas não ficam juntos.
—Eu não era alfa na época.
—Isso importa agora? Ela vai acabar se acostumando com a minha cara. Temos uma aliança agora. O que te faz parte de todo meu ciclo de alianças durante a lua nova.
—Eu sei. E quero agradecer por isso. Fui imprudente em ter ido lá sem uma aliança.
—Realmente. Mas vou te dar o mérito de ter ido lá pela segunda vez e saído quase intacta.
—Podia ter poupado uma vida com meu orgulho menor.
—Somos lobos, ou mudamos para sobreviver ou morremos. Espero que tenha aprendido sua lição.
—Garanto que não repetiria o erro.
—Isso é bom. Eu sei como é perder um lobo. Pensei que poderíamos fazer uma breve cerimônia em nome do seu lobo.
—Ainda não quero pensar nisso. Preciso falar com meus lobos. Kenny tinha um parceiro. Ele precisa aprovar isso para eu me sentir à vontade. Kenny era especial para todos nós.
A loba assentiu, tocando o rosto de Ilis, inclinando-se e deslizando a língua em sua bochecha, sobre seu ferimento, permanecendo perto enquanto olhava entre seus olhos e o corte no lábio.
—Eu devia ter te odiado quando foi embora antes de amanhecer, sem falar nada. Não servi nem para te balançar um pouco?
—Não faça isso, Zenn. — Ilis tocou seu ombro, soltando um suspiro.
—Você não negou.
—Não te chamei aqui para discutirmos um passado, Zenn. Então, por favor, pare. Você só vai se machucar.
—Por que? Há alguma chance desse bebê ser meu?
—Nenhuma.
—Por que essa garota, Ilis? Ela nunca vai entender nossos costumes. Seu filho vai nascer metade igual a ela. Nunca será um alfa.
—Eu não me importo com isso. Será meu filho com ela. Espero que respeite isso, Zenn.
—Não vou te criar problemas. Mas se tudo der errado...
Zenn lambeu os lábios de Ilis, que a empurrou pelo ombro, limpando a boca com as costas da mão enquanto suspirava.
—Obrigada pelo que fez por mim e pelos meus lobos hoje, Zenn. Mas é melhor ir embora.
—Desculpa. Descanse. Sabe onde me encontrar se precisar.
—Sim. Não se preocupe.
—Se cuide.
Zenn saiu do quarto, encontrando o caminho de volta para a rua.
Fim do capítulo
Uh, problemas :O
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Lea
Em: 27/02/2022
A curiosidade para saber o pq da maldição lançada a Tâmara, está chamuscando meu cérebro!
Kenny deu a vida pelo seu lobo. Quer prova maior de amor que essa??
Abusado esse esse Henri,a garota nunca te prometeu "o céu",aceita que dói menos!
Ex,o raça perigosa quando quer atormentar!
Emeril com ciúmes é o "bicho"!
Resposta do autor:
Chamuscou o meu para saber o motivo também, aquelas ahahahah
Saudades da Kenny até hoje, mas sacríficios às vezes são necessários para que o crescimento de outros se faça aparente. Não diminuindo o valor de ninguém, mas às vezes precisamos crescer por igual sem gerar um atraso para ninguém.
Exaaaaato! Emeril não prometeu nada a ninguém, Emeril era livre, um passarinho que pulava de galho em galho - até hoje!
Ex é uma desgraça! Super concordo! ahahahahah
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