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Amor incondicional por caribu

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Palavras: 3314
Acessos: 1980   |  Postado em: 18/07/2021

Trinta e sete

                Como todas as pessoas que têm o pensamento superexcitado, Bianca revisou aquele dia várias e várias vezes. Amanheceu como muitos outros, com sol, calor e poucas nuvens, mas ela é que talvez tenha despertado diferente. Ou, pelo menos, era disso que se convencia depois.

                Não tinha dormido exatamente bem naquela noite, ficou horas se remexendo, no que vinha sendo a rotina noturna de sua vida nos últimos tempos. A impressão que tinha é que sua mente era como uma velha casa abandonada, onde a cada passo ela topava com uma assombração. No caso, o que a assombrava era o seu próprio passado.

Ainda não tinha conversado com Fábio sobre Beatriz, e nem com Teresa, que há dias a vinha sondando, querendo saber o que ela tinha. A amiga tinha reparado que Bianca andava mais arredia do que de costume, e muito mais quieta. Mas longe de aquilo ser um bom indício, para Teresa aquele comportamento parecia só a calmaria dos dias que antecedem a erupção de um vulcão.

Havia mesmo muita coisa acontecendo dentro dela, e além de tudo Bianca tinha um medo sincero de interpretar errado os sinais que seu corpo emitia. Mas se conhecia, e reconhecia que algo estava acontecendo.

Ela não sabia se era graças ao seu amadurecimento, ou se foi só o medo que a controlou, mas há pelo menos uma semana tinha adotado uma tática de não se aborrecer. Não revidar. “Projeto briga zero”. E isso incluía tudo o que sempre a irritava: o trabalho, o ônibus cheio, as pessoas em geral, a rotina, Fábio e até a bagunça persistente de Joaquim.

Não se aborrecer era como caminhar em uma corda bamba o tempo todo, mas até que vinha obtendo êxito. Acreditava que em algum momento essas (não) reações poderiam ser até automáticas, quem sabe! Ela só tinha a ganhar.

Mas aí pareceu que o mundo inteiro se virou contra ela, só porque hasteou uma bandeira branca da paz. Como um teste! Em praticamente todos os lugares que ia acontecia alguma coisa que a irritava, ou alguém dizia algo que, em tempos normais, teria sido o começo de uma grande discussão com potencial de briga.

Bianca encarou como um desafio. Só porque sentiu que era seu dever. Havia muito em jogo, afinal.

 

- Bom dia, meu amor. Vamos acordar? – ela dá um beijo em Joaquim, que sempre acordava com o cabelo incrivelmente despenteado.

- Hoje não, mãe – ele responde, sem abrir os olhos.

- Só hoje, querido. Amanhã a gente vê. Vem! Vou ligar o chuveiro, vem tomar banho para despertar.

 

                O menino se aninha em seu colo, e ela se esforça para se levantar com ele do chão. Antes de sair do quarto, acende a luz e chama Fábio, que assim como o filho sempre tinha dificuldade para acordar quando o despertador tocava.  

 

- Fá, o sol já nasceu na fazendinha – ela diz, e vê o marido virar para o lado e cobrir a cabeça com o lençol.

- Por que a gente tem que levantar cedo todos os dias? – Joaquim pergunta, já debaixo do chuveiro.

- Porque precisamos ir à escola, trabalhar. Fazer as coisas que temos que fazer – Bianca responde, entregando o xampu para ele.

- É muito chato!

- É mesmo! Mas um dia você acostuma!

- Você não acostumou, mãe Bia – ele lembra, chateado.

- É – Bianca fica pensativa, olhando para o teto – Mas é que também eu trabalho muito longe, isso me faz acordar muito cedo. Eu também não gosto.

- Você podia trabalhar com o papai aqui na vila.

- Podia. Vou aprender a consertar carro! – ela diz, e Joaquim ri, pensando na ideia – Não demora, tá? – Bianca fala, saindo do banheiro.

 

                Assim que entrou na cozinha, sorriu satisfeita ao ver a pia sem louça (nem um único prato no secador, que para Fábio era sinônimo de armário), nada. Fazia parte da sua tática de se manter serena: acordar sempre com, pelo menos, a cozinha limpa. Era o mínimo!

Toda vez que acordava e via a pia suja na hora de fazer o café, já se irritava. Então vinha dedicando alguns minutos antes de dormir para isso: para não aborrecer a Bianca do futuro (que sempre ficava grata à Bianca do passado).

Colocou a água para esquentar, na medida da panelinha e ajeitou as coisas do café antes de colocar os talheres na mesa. Esquentou o leite de Joaquim e sorriu ao pegar no armário a caneca que ele tinha escolhido para ser sua: uma leiteirazinha de cerâmica do Papai Noel. Olhou no relógio e bateu na porta do banheiro, para apressá-lo. Entrou no quarto e Fábio ainda estava dormindo.

                Aquilo em geral a deixaria bastante zangada. Em dias comuns, provavelmente abriria a janela aos gritos, xingando o marido por não levantar, reclamando de ter que fazer tudo sozinha, berrando que ainda era muito cedo para já estarem tão atrasados e ela tão brava. Mas Bianca respirou fundo e contou até dez.

                Irritada, mas contou.

 

- Fábio, você está atrasado. Precisa ir trabalhar – ela diz, abrindo a janela, que sempre fazia um barulho estridente – Eu ficaria muito feliz se você me ajudasse de manhã, mas já conversamos exaustivamente sobre isso e não vejo nenhuma melhora. Vou desistir de você.

- Não, amor – ele reclama, levantando de repente – Eu só estava com sono, mas já acordei. Vou colocar o Joaquim no banho.

- Bom dia, papai – Joaquim entra no quarto com o cabelo pingando.

 

                Bianca pega a toalha no banheiro e seca o cabelo do menino. Para por alguns segundos e só olha para Fábio, que permanecia sentado no colchão.

 

 - Já levantei, já levantei – ele resmunga, indo descalço para a cozinha, passar o café.

- O papai acorda sempre assim – Joaquim estava rindo – Por que você não o coloca para tomar banho também, mamãe?

- Porque só você é meu filho, né – ela diz, prestando bastante atenção ao que estava falando.

- É. E a vovó não mora com a gente – comenta Joaquim, revelando sua lógica.

 

                Bianca sem querer pensou na própria mãe. Veio na cabeça uma lembrança de quando era jovem, de uma briga que tiveram. Catarina a vida toda foi muito apegada àquela casa e de repente Bianca percebeu o óbvio: o apego era da mãe, mas ela ainda morava ali. Um lugar que, além de pequeno e apertado, abrigava memórias que ela mesma nem conseguia acessar direito.

                Ficou chateada, mas lembrou que tinha a meta de não se chatear. Que frustrante! Ainda não eram nem sete da manhã.

                Quis mudar de casa, mudar de emprego, mudar de vida. Sentiu vontade de ter aquela vidinha pacata das mulheres da vizinhança que ela tanto criticava: cheias de filhos, muitas nem trabalhavam, ou ganhavam dinheiro por ali mesmo, com algum bico. Era possível, conhecia várias que viviam assim.

                Achou um pouco bizarro pensar nisso, mas ao menos por ora foi o que a acalmou, e a ajudou a desviar os pensamentos do foco de aborrecimento.

                Olhou para Joaquim, que estava entretido, brincando com um carrinho no ar. O cabelo do menino já estava grande de novo, mas ela chegava sempre tão cansada do trabalho, que todo dia deixava para depois. Se sentiu relapsa.

                Olhou no relógio e mesmo atrasada pegou a maquininha de Fábio no armário. “Vou chegar tarde no trabalho, foda-se, prioridades” foi o seu pensamento, ao colocar a toalha úmida nos ombros de Joaquim, antes de enfiar o fio da maquininha na tomada e ligar.

                Fábio achou estranho ouvir do nada aquele som, e foi no quarto só para constatar que Bianca estava mesmo cortando o cabelo de Joaquim àquela hora. Não disse nada, e saiu na esperança de que ela nem o visse ali.

 

- Me leva na escola hoje?

- Hoje não dá, meu amor – ela responde, guardando a maquininha, se sentindo uma péssima mãe pela segunda vez no dia – Mas amanhã a gente vê, tá bom? Vem, vamos tomar café.

 

                Os dois foram de mãos dadas para a cozinha, e encontraram praticamente tudo da despensa em cima da mesa. Fábio fazia isso quando queria se mostrar útil, mas tinha um total de zero lógica na escolha dos alimentos. Bianca viu que tinha até um pote de geleia que tinha vindo na cesta de Natal de dois anos atrás, que ninguém nunca havia se animado a comer.

                Se criticou por não ter jogado aquilo fora. Provavelmente já estava até vencido.

 

- Adoro quando você acorda assim! – Fábio afirma, sorrindo para Bianca, sentada ao seu lado.

- “Assim”? – ela indaga, enfiando metade de uma torrada na boca – Atrasada?

- Animada! – ele corrige, segurando sua mão – Confesso que todas as noites eu rezo para que no dia seguinte você esteja bem, acorde bem, se sinta bem. Não sei se resistiria a...

- A outra crise? – ela pergunta, diante do silêncio do marido.

 

Fábio a encara, enquanto Bianca suspira de maneira bem ruidosa. Detestava se lembrar dos dias em que tinha se sentido da pior maneira jamais imaginada – mas ele parecia nunca esquecer. E sempre que podia fazia um comentário a respeito. Ou conduzia a conversa para aquele rumo, o que a impedia de deixar para trás o que já estava literalmente enterrado no passado.

“Que saco!”, ela pensou, virando os olhos.

                Joaquim vê a madrasta se levantar e ir para o quarto. Olhou para o pai, que fazia uma careta, e não entendeu o que tinha acontecido. Poucos segundos depois ela voltou, já vestida e de tênis, e deu um beijo só nele. Aí entendeu que os dois tinham brigado, apesar de não terem xingado ou gritado.

                Bianca não quis dar continuidade àquele papo. Tinha a meta de se manter serena, estava muito atrasada e por mais que se esforçasse em não demonstrar, se sentia irritada. Extremamente irritada.

 

- Amor, sua marmita – Fábio fala, vendo que ela já estava saindo.

 

Bianca faz uma cara de nojo, mas dá meia-volta e enfia o potinho dentro da mochila.

 

- Tchau, até de noite. Estou muito atrasada e aquela Carla está na minha cola, não é de hoje.

- Bom trabalho, não se estresse.

 

                Bianca parou, segurando a maçaneta, mas não se virou. Nem disse nada. E antes de sair de casa agradeceu por ninguém conseguir ler seus pensamentos naquele instante. Em poucos segundos ela xingou praticamente todos os palavrões que conhecia.

 

- Como se isso fosse algo fácil – ela resmunga, finalmente – Se cuidem vocês dois. Joaquim, obedece!

- Adoro quando ela acorda assim! – Fábio sorri, ao ver a porta fechar.

 

Bianca precisou correr os últimos metros até o ponto, e por pouco não perdeu o ônibus, que estava lotado. Até chegar no terminal ela não conseguiu avançar quase nada até a catraca. Ia praguejar alguma coisa quando se alertou de que tinha a meta de não se irritar. Se distraiu com o recorte de paisagem que conseguia ver na janela, e aí pisaram no pé dela. Aqueles pisões que mais irritam do que doem.

Chegou ao trabalho mal humorada, mancando e atrasada.

 

- Amiga, você está bem? – Teresa pergunta, parando perto do caixa de Bianca, fingindo ajeitar alguma coisa na prateleira ali perto – Fiquei te esperando no terminal.

- Me atrasei – Bianca responde, com a voz abafada. Estava com a cabeça apoiada na mão, que tampava a boca – Nem queria ter vindo.

- Que bicho te mordeu? – ela pergunta, levantando uma embalagem de maneira dramática, fingindo ler o rótulo  – De longe te vi e percebi que não está bem. Te conheço, Bia. Me conta.

- Não é nada – Bianca afirma, sem encará-la, suspirando. Mesmo assim, percebeu que a amiga a olhava, descrente – É sério, Terê. Não é nada.

- Sei...

 

Teresa achou sensato não insistir em uma resposta, e nem forçar uma conversa. Conhecia Bianca – o suficiente, inclusive, para saber identificar quais eram seus limites com ela.

Por experiência, sabia que era preferível que a amiga estivesse zangada por algo no mundo do que brava com ela. Disfarçadamente, avaliou a mulher. Notou que no seu pescoço tinha um adorno, discreto. Perguntou-se se Fábio também teria reparado que ela tinha voltado a usar aquele colar. Fazia meses (desde o acidente, ela ainda estava no hospital) que aquela joia tinha sido destinada à parte funda de uma gaveta do guarda-roupa do casal.

 

- Almoçamos juntas? – Teresa pergunta, fazendo um gesto como se alguém a tivesse chamado. Tudo teatro.

- Sim, claro – Bianca responde, sem muito interesse. Estava indisposta para comer e só a menção já embrulhava o estômago.

 

                Viu a amiga se afastar e sentar alguns caixas à frente. Ela e Teresa nunca trabalhavam perto uma da outra graças à perseguição da gerente, que implicava com as duas. Viu Carla parar perto de Teresa, e observou de longe o diálogo entre elas, enquanto registrava as compras de um cliente sem prestar muita atenção.

                O rapaz, meio nervosinho, ficou zangado porque Bianca não registrou os itens na ordem em que ele tinha colocado na esteira, e na hora de pagar, jogou o dinheiro, e duas notas caíram no chão.

                Carla estava bem perto e viu Bianca atirar, também no chão, na direção do cliente, sete reais em moedas de R$ 0,50, que saíram pipocando, naquele som característico. Ela mesma conteve o moço, junto com o namorado dele, que quis agredir a caixa.

                Cliente nessas horas sempre acha que tem razão. Bianca nem disse nada; tinha a meta de não se aborrecer.

                Alguns metros dali Teresa viu a cena abismada, assim como todos os que presenciavam a ocorrência. Os gritos sempre ecoavam bem alto naquela área dos caixas, tinham que melhorar a acústica ali urgentemente.  

                A gerente fez apenas um gesto, e Bianca a seguiu. Nunca teve medo dela, e isso deixava Carla notavelmente contrariada, pois não era uma boa líder e não sabia lidar bem com a rejeição. Muitos a temiam, ela tinha um jeito meio enérgico de se dirigir aos funcionários, mas Bianca ria quando ouvia as histórias de terror dos colegas.

“Terrir”, para ela.

 

- Senta – ela manda, assim que entram na sala entulhada de papel.

- Como? – Bianca pergunta, só para provocar.

- Cadeira! – a gerente aponta – Foi feita para sentar e quero que você sente. O que tenho para te dizer é demorado e vai ser melhor que esteja confortavelmente sentada. Por favor!

- Ah, pedindo assim, com tanto jeitinho, é quase impossível recusar –Bianca ironiza, sentando-se e cruzando os braços.

- Na verdade, nem vou me demorar. Agitadores como você merecem um papo curto e grosso.

- Uau! “Agitadores”! – Bianca estava rindo. Já tinha sido chamada de subversiva e má influência, só nos últimos meses.

- É tudo muito engraçado, não é? – Carla pergunta, levantando-se bruscamente – Eu acho graça também.

- Ótimo. Vamos rir todas, então – ela provoca, levantando-se também, empinando um pouco o queixo.

- Bianca, você está demitida. Quero que saia daqui imediatamente e vá direto para o vestiário, pegar suas coisas.

- O quê? – Bianca pergunta, sentindo falta de ar de repente. Imaginou que levaria uma advertência, veriam nas câmeras que ela só reagiu à ação do cliente, não era motivo para demissão. Ela achava.

- Exatamente o que você escutou. Eu não quero mais você trabalhando na minha equipe. Não quero que pessoas como você permaneçam no meu ambiente de trabalho. Te acho tóxica, grossa, mal educada. Você jogou coisas no cliente!

- Moedas! Ele jogou primeiro! Você não pode fazer isso!

- Ah, sim. Eu posso! – Carla garante, sentando-se novamente, com um sorriso maquiavélico – Na minha posição não só eu posso te demitir, como posso te demitir rindo.

- Você é mal amada, Carla. Por isso age desse jeito – Bianca diz, aumentando ligeiramente o tom de sua voz, se esquecendo brevemente da sua missão de não brigar.

- Você está muito enganada, queridinha. Sou muito bem casada há 12 anos – ela afirma, encarando-a. Tinha no rosto uma expressão de satisfação e deleite – Agora, por favor – ela aponta para a porta – Saia e pegue suas coisas. Depois te ligam e marcam de você ir assinar os documentos no escritório que cuida da contabilidade do Viver.

- Eu não acredito nisso – Bianca resmunga, um pouco desolada, caminhando até a porta – Tenho pena do seu marido.

- É “marida” – Carla retruca, depois que a porta se fecha.

 

                Teresa vê Bianca sair da sala de gerente e a segue até o vestiário. Provavelmente seria advertida mais tarde por isso, mas alegaria uma dor de barriga repentina. Ou assinaria a punição sem discutir, valeria a pena.

                Encontrou a amiga enfiando suas coisas do armário dentro da mochila. Tinha algumas roupas, duas ou três revistas, um estojinho de maquiagem e uma bolsinha de remédio. Parou de guardar quando viu Teresa ali. Abraçou a amiga, sem dizer nada.

 

- Ela não pode te demitir, Bia!

- Pior que pode, Terê! – Bianca reclama, se afastando, voltando a esvaziar o armário – Ela é a gerente, afinal de contas...

- Vou falar com o pessoal. Vamos fazer algum movimento para reverter isso, para fazê-la mudar de ideia, sei lá.

- Não vai adiantar, amiga. Para de ideia! Fazer essas coisas periga até vocês serem demitidos também.

- Eu não me importo!

- Eu atirei mil moedas no carinha – Bianca diz, forçando um sorriso – E sabe o que é engraçado? Eu fiz isso porque estou com a meta de não me aborrecer!

- Não é engraçado.

- Ah, é um pouco, sim. Ser demitida não é. Não estava nos meus planos. Se bem que... – Bianca para de falar e dá uma olhada para o teto, que tinha uma das lâmpadas quase queimando, e estava piscando.

- Quê?

- Hoje mesmo eu estava pensando em mudar de emprego. Quero me dedicar mais ao Joca, à minha casa. Gasto muito tempo em um trabalho que eu nem gosto! Que é longe da minha casa, rouba horas preciosas da minha vida.

- Vou pedir minha demissão, Bia.

- Não faz isso, Terê! Por favor! Você tem suas contas, tem seus gastos. De que vai adiantar ficar desempregada também?

- Vai ser um protesto!

- Então, proteste de outra maneira! Se quer manifestar sua revolta, faz o contrário: aja da maneira que a Carla menos espera. Não dê motivos para ela encrencar com você! Se destaque e isso vai ser terrível para ela.

- Vou sentir saudade, amiga – Teresa a abraça, com a voz chorosa.

- Eu também... – Bianca dá um suspiro, triste.

- E agora?

- Agora vou para casa – ela responde, ajeitando de maneira desajeitada o cabelo, que caía nos olhos – Vou conversar com o Fábio e deixo para me preocupar depois, resolvo mais tarde o que fazer. Vou me virar um tempo com o dinheiro do Fundo de Garantia, até eu conseguir outro emprego.

- Tenho certeza de que antes de vencer o primeiro mês do seguro desemprego você já vai estar de carteira assinada de novo.

- É, vamos ver o que a vida me reserva. Por favor, me prometa que não vai se demitir!

- Não vou. Prometo.

- Nos vemos em breve?

- Claro que sim – Teresa afirma, vendo a amiga se abaixar para amarrar o tênis – Se cuida!

- Me cuido – Bianca responde, guardando para dentro da camiseta o pingente do colar.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

 

Pensei em postar esse capítulo só amanhã, porque não tenho mais nenhum pronto além dele, mas fico feliz quando ficam felizes quando posto em dias seguidos rs

E tb pq além de ansiosa, achei que esse capítulo ficou legal! Espero que tenham gostado também! 


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Comentários para 37 - Trinta e sete:
cris05
cris05

Em: 18/07/2021

Justamente quando Bia Bianca estava tentando não se aborrecer, ela é demitida. Fácil não, viu. E ela tá grávida, poxa vida!

O que será que a mente brilhante da nossa autora reserva para a Bianca? Só queria ser a Cícera essa hora rsrsrs.

Bela surpresa o capítulo de hoje hein, Caribu. Valeu! 

Beijos!


Resposta do autor:

 

Então, são os tais dos testes rs 

Mas nada é por acaso, né

Queria ser a Cícera TB rsrs 

Que bom que gostou da surpresa! Eu gostei TB!

Beijos!

 

 

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 18/07/2021

Que surpresa boa o capítulo e surpresa não boa a demissão de Bianca.

Quando tem alguém que é contra nossa trabalho, não adianta estar com razão que sempre tudo será nossa culpa. E olha que ela só estava reagindo ao cliente mal humorado.

Vamos ver o que espera Bianca

Bom final de domingo e uma semana muito serena!

Abraços fraternos procês aí!


Resposta do autor:

Ngm merece perseguição no trabalho! E convenhamos que esse trabalho dela é bem x
Ótima semana pra vc TB!
Beijos!

Responder

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