Quadragésimo segundo
—Acho que elas estão vindo. — Lana falou ao entrar na sala, sentando ao lado de Chieko e Ichiro no sofá.
—Você acha? — Chieko desviou o olhar da TV e a olhou. — Você as chamou?
—Não. Eu disse a Laura que Hina tinha acabado de dormir e que não iria acordá-la. Mas ela disse que viria mesmo assim.
—Então é Laura quem te ligou e quem está vindo. — Definiu, seu nariz torcendo em desgosto. — Eu não criei minha filha para ser tão diligente com suas funções de esposa.
—Eu disse para ela não vir. — Buscou justificar.
—Ah, querido, quantas vezes te disse a mesma coisa? — Ela olhou o marido, tocando seu braço.
—Centenas, Chieko, centenas. — Relembrou com pesar.
—E quantas vezes você me ouviu?
—Nenhuma. Que homem eu seria se não insistisse em ficar ao seu lado? — Ele olhou mais sério para Lana. — Eu não digo que foi errado você sair de casa, mas se Chieko tivesse saído com um de meus filhos nos braços eu iria atrás no mesmo instante.
—Ou pediria divórcio. Mas você é orgulhoso demais para admitir uma falha.
—Mas é claro. Eu te fiz 4 filhos perfeitos. São fortes e cheios de saúde.
—E eu te fiz um neto com saúde e lindo. — Kenjiro falou mais ao lado, sorrindo para Lana. — Se quiser fazer o próximo eu já estou disponível cunhada.
—Ah se Iori te escuta. — Kanon falou, sentada no puff ao lado da irmã.
—Você iria ser castrado. — Eiko completou.
—Ela não me castraria porque precisa de mim. Eu sou jovem e o único irmão homem. — Ele se virou para Lana outra vez. — Se minha irmã fizer a besteira de se divorciar, eu sempre estarei disponível.
—Eu achei que estivesse noivo. — Lana estreitou os olhos. — O que houve com a última noiva?
—Ela virá para o Natal para formalizar os arranjos. — Ichiro explicou. — Mas você deveria se guardar e respeitar sua noiva como se ela estivesse aqui. — Ele encarou o filho com seriedade. — Ou quer desgraçar o nome de nossa família?
—Claro que não, pai. Foi só uma brincadeira. Minha noiva disse que gosta do meu senso de humor.
—Parece mais promissor que a última noiva. — Lana comentou. — Está realmente engajado nessa?
—Claro. Ela é meiga e dedicada. A outra não estava realmente comprometida com nossa união. Estava sempre em festas e se expondo desnecessariamente nas redes sociais. Mas não minha querida Hiromi. Ela é tímida e inteligente. Nunca se expõe além do necessário e é caridosa. Ela fundou uma ONG no Japão para alfabetizar as crianças nos bairros pobres. Já até ofereceu diversas bolsas de estudos para quem se destacou lá.
—Oh, quanta informação.
—Ele passa o dia falando da “minha querida Hiromi” se deixar. — Eiko falou com tom zombeteiro.
—Aposto que ela é feia. — Kanon provocou. — Kenjiro não vai nem saber para onde correr quando ela chegar.
—Minha querida Hiromi é a flor mais bela e delicada do Japão. — Kenjiro não se deixou afetar.
—Você nunca a viu por foto? — Lana questionou.
—Claro que vi. Não somos tão antiquados assim. — Ele riu.
—Mas a flor dela pode ser murcha. — Kanon sorriu quando o viu ficar vermelho.
—Ela é mais velha que ele. — Eiko explicou para Lana.
—Por apenas três anos. — Ichiro comentou. — Será bom uma mulher com mais experiência. Nós homens somos fortes e inteligentes, mas imaturos. As vezes precisamos da sabedoria de uma mulher para amadurecermos.
—Você definitivamente precisou. — Chieko sorriu para ele, que riu sem se incomodar.
—Minha ex esposa era mais velha, se isso serve de incentivo. — Lana comentou. — E foi bastante positivo essa experiência nesse aspecto. Ela tinha estabilidade e segurança. Me ajudou a ser estável e amadurecer em várias questões.
—Espero que eu não tenha feito um estrago tão grande a ponto de você estar elogiando Madson para a minha família. — Iori parou na entrada da sala, olhando todos até parar em Lana.
—Sasaki... — Lana a olhou, surpresa com a aparição.
—Sim? — Todos falaram ao mesmo tempo, gargalhando logo em seguida quando Lana cobriu o rosto em constrangimento.
—Parem de constranger minha esposa. — Iori se aproximou do sofá e se ajoelhou em frente a Lana, segurando suas mãos. — Desculpa não ter vindo antes. Eu estava sendo orgulhosa, mas Laura me mostrou que eu estava sendo uma idiota.
—Mas você está aqui mesmo eu tendo lhe dito para não vir. — Lana sorriu, acariciando suas mãos.
—As coisas que eu faço por você. — Ela sorriu de volta e beijou suas mãos.
—Vamos deixá-las conversar. — Chieko falou, tocando a cabeça da filha ao se levantar. — Que bom que fez isso a tempo. — Ela a lançou um olhar mais sério, então seguiu adiante e encontrou Laura, tocando seu ombro. — É bom te rever. — Cumprimentou em japonês.
—O prazer é meu por me receber em sua casa. — Retribuiu, sorrindo de volta.
—Está aprendendo rápido. — Ichiro elogiou ao parar ao lado delas.
—Incentivo eu tenho. Elas estão sempre falando em japonês com Mahina. Ou eu aprendo ou Mahina quem vai me ensinar.
—Ela está aprendendo rápido mesmo. — Kenjiro falou. — Graças aos meus genes perfeitos. Minha querida Hiromi terá todas as facilidades com os nossos filhos. Serão pequenos gênios. — Ele se levantou contente. — Quando quiser o próximo é só dizer que tenho material de sobra, Lana.
—Como é? — Iori inclinou a cabeça em sua direção, fitando-o. — Está oferecendo o que acho que está a minha esposa?
—E ela não saiu satisfeita da primeira vez?
—Ele só está brincando, amor. — Lana segurou mais firme sua mão quando ela se levantou. — A noiva dele está elogiando demais, está subindo a cabeça.
—Na cabeça errada estou vendo. — Iori o fitou de perto.
—De qualquer forma, sua esposa está convidada para o Natal em nossa casa, Kenjiro. Se não tiverem outros planos, será um prazer recebê-la.
—Claro. Será bom para ela conhecer toda a família de uma vez. — Ele sorriu sem se incomodar. — Foi um prazer te rever irmã. Até a próxima Lana. Deixe um beijo para Mahina.
—Ela agradece. — Lana sorriu, acenando.
As irmãs de Iori a cumprimentaram e logo foram para os seus respectivos quartos assim como seus pais. Laura não se conteve em sentar no colo de Lana e a beijar de maneira cálida e cheia de paixão, contente em arrancar seu fôlego ao fim.
—Se você estava querendo dizer tudo nesse beijo, você conseguiu. — Lana falou baixo, abraçando-a em seguida.
—Missão cumprida. Vamos para casa agora. — Ela riu baixinho.
—Foi um dia agitado. Eu prefiro aproveitar a calmaria daqui, além de que Hina esteve irritada a noite toda. Deixe-a descansar e eu aproveitarei o tempo longe de carros o máximo que conseguir.
—Oh... — Laura a apertou em seus braços. — Sinto muito. Eu esqueci seu remédio em casa. Não afetará muito por um dia, mas imagino o quão angustiante deve estar sendo para você essas voltas de carro. Se pudesse eu te levava no colo até em casa.
—Exagerada. — Ela riu baixo e inclinou a cabeça para a olhar. — Estou feliz que tenha vindo.
—A mim não? — Iori sentou ao lado delas no sofá.
—Por que não me ligou? — Retrucou.
—Por que saiu de casa? E com nossa filha. Tem noção de como me senti vendo vocês irem embora e me deixando sozinha em casa sem saber o que fazer?
—Iori, com calma. — Laura pediu. — A intenção é se entenderem, não começar outra briga.
—Ela tem razão. Eu não devia ter saído no calor do momento. — Lana falou, olhando entre elas. — Mas depois de tudo o que me disse a última coisa que eu senti foi como se estivesse em casa. Eu me senti uma intrusa em nossa casa, Iori. Como se não pertencesse lá. Achei que quisesse ficar só com Laura.
—Eu achei que quisesse o divórcio.
—Isso sequer passou pela minha cabeça. Eu não jogaria nosso casamento para o alto tão fácil assim. A menos que fosse o que você quisesse.
—Não. Eu quero continuar casada contigo.
—Então por que me provocar? Você realmente acha que é minha culpa? Que eu afastei Laura de você e a empurrei para Madson?
—Laura me recusou e eu sei que foi minha culpa. Eu achei que pudesse conseguir trazê-la de volta se insistisse mais um tempo, mas você estava tão aversiva a ideia de estar perto de Laura. Eu sabia que se insistisse eu acabaria perdendo você. — Ela suspirou e coçou os olhos. — Então concordei sobre suas imposições as visitações de Mahina, achei que acabaria esquecendo Laura.
—Eu posso não ter sido a responsável, mas colaborei para você se afastar dela.
—Lana...
—Por que nunca me disse que realmente a queria de volta?
—Achei que você só iria ficar magoada se eu pedisse para você aceitar Laura de volta. Eu não queria perder você no processo se Laura não tinha tentado voltar.
—Eu achei que tinha perdido vocês duas. — Laura falou devagar. — Você sequer me olhava nos olhos, cariño. Eu me sentia péssima, um monstro. Se não me sujeitasse as limitações de vocês eu sabia que perderia a cabeça e perderia Mahina também.
—E te afastando de nós você se aproxima de Madson. — Lana assumiu o raciocínio. — Você estava com raiva de mim por isso, não é? — Ela olhou para Iori. — Acha que tive influência nisso.
—De certa forma nós influenciamos nisso. — Iori falou. — Mas não foi sua culpa. Pelo contrário. Laura não podia ter escolhido forma pior de se vingar de nós.
—Laura é uma idiota, achei que tínhamos passado desse capítulo. — Laura sorriu. — Vocês só terminaram comigo. Eu fiz as bobagens. Não precisam buscar culpados nessa história, até porque eu voltei para onde não quero mais sair. Simples solução, não é?
—Talvez. — Lana se inclinou e selou seus lábios, então olhou para Iori. — Eu não sei o que fazer com isso agora. Estou feliz por Laura estar conosco, mas não estou feliz pela forma que você agiu. Como você casou comigo querendo Laura?
—Eu me casei contigo porque te amo, Lana. E sim, eu continuei amando Laura, mas achei que fosse cessar com o tempo.
—Mas não cessou. E você escondeu isso de mim.
—Como eu diria algo assim? — Iori deixou os ombros caírem por um momento, piscando enquanto sentia a atenção delas em si. — Você foi tão dura com Laura, eu me senti uma idiota por ainda querer voltar com ela quando eu tinha você e nossa filha. Eu não queria estragar tudo.
—Mas não pensou nisso quando decidiu jogar sua frustração pelo que houve em mim.
—Eu sinto muito por isso. Eu farei qualquer coisa para me redimir por isso.
—Mas você não pode fazer nada agora. E eu não posso mudar a forma como me sinto.
—O que está dizendo?
—Foi um dia cansativo. Eu não quero pensar em nada, eu só quero descansar.
—Você realmente não quer voltar para casa?
—Estou exausta, Iori. Eu não deixarei Mahina aqui e não a acordarei.
—Você quer ficar sozinha? — Laura questionou, segurando seu rosto. — Podemos ir embora se quiser.
—Eu não disse isso. — Ela segurou sua cintura e a olhou. — Tem comida na cozinha se estiverem com fome. Eu vou tomar banho e deitar. Vocês sabem onde vou estar.
—Precisa de ajuda com o banho?
—Não aqui, idiota. — Ela riu, inclinando-se para bejá-la.
—Quem sabe você esteja se sentindo aventureira?
—Debaixo do teto de Chieko? Nunca.
—Você nunca trouxe ninguém aqui, não foi? — Ela olhou para Iori.
—Não. Só vocês. E nunca dormimos aqui. — Iori olhou entre elas. — Meus pais não são adeptos de trazer alguém aqui para dormir. Mas por enquanto eu sou a única filha casada e Lana é mimada por minha mãe, então não acho que tenha problema.
—Vamos dormir aqui então. Sempre quis passar a noite no seu quarto.
—Dormir, só dormir. — Lana pontuou, rindo de sua expressão. — Mas quem sabe amanhã?
—Amanhã com certeza.
—Vocês continuam as mesmas. — Iori reclamou ao vê-las trocar carícias e se beijarem. — Eu vou comer alguma coisa.
Laura riu, mas acabou seguindo-a, deixando Lana se preparar para dormir enquanto jantavam juntas na cozinha.
Pela manhã, elas tomaram café da manhã junto da família de Iori, Laura voltou para casa sozinha para se arrumar e voltar ao hospital. Iori se viu entretida em ajudar as irmãs nas lições que possuíam enquanto colocavam as conversas em dia. Lana aproveitou o tempo ameno e o espaço aberto no quintal para levar a filha e brincar com ela.
—Imaginei que te encontraria aqui. — Chieko falou ao sentar ao lado dela na grama. — Na verdade Iori disse que te viu sair, então não foi difícil imaginar.
—Você deve estar se perguntando o motivo de ainda estarmos aqui. — Lana manteve os olhos em Mahina e em sua brincadeira, sem dificuldade de entender e responder ao japonês que lhe era direcionado.
—É sábado. Eu vou aproveitar a companhia de minha filha e sua esposa e principalmente de minha neta. — Ela sorriu e entregou um doce anko para Mahina, que comeu feliz.
—Você não devia dar doces antes do almoço. — Repreendeu.
—E você não devia comer doces mexicanos pela manhã.
—Eu não faço ideia do que está falando. — Ela acabou sorrindo com a recordação.
—Eu não estou surpresa pela ousadia de Laura, mas você ceder aos prazeres debaixo do meu teto é decepcionante.
—Nem fizemos barulhos, como ficou sabendo?
—Vocês são três. — Limitou-se a pontuar. — Mas as garotas não ouviram nada, então não vou criar problemas sobre isso. Deu ideias a Ichiro, então não irei reclamar.
—Oh, estou feliz por termos sido uma fonte de inspiração. — Ela riu. — Só não diga isso a Iori ou ela nunca vai superar o fato.
—Não se preocupe, eu jamais diria. Na verdade, estou aliviada que tenham se entendido. Mas não é uma surpresa.
—Eu não desistiria tão fácil do meu casamento. Mas aprendemos algo com essa briga. Vai levar algum tempo para chegarmos numa normalidade, mas eu confio em Iori. Vamos nos acertar.
—É bom ouvir isso. Iori se empenhou muito para entrar nesse casamento e ser uma boa esposa para se dar ao luxo de perder a família.
—O que você está querendo dizer por se empenhar? — Lana a olhou em confusão.
—Ela me procurou quando marcaram a data do casamento.
—Eu lembro. Ela foi entregar os convites pessoalmente.
—Mas não só por isso. Os convites eram formalidades quando só minha família iria comparecer. Ela veio pedir conselhos para ser uma boa esposa e uma boa mãe. Quis saber o que fiz para manter a família unida apesar de tudo o que aconteceu. — Ela sorriu quando a neta se jogou em seus braços, abraçando-a e beijando sua testa. — Ela queria ser o melhor para você e minha neta.
—Iori te pediu conselhos? — Ela franziu o cenho. — Não que eu não acredite em você, mas não consigo ver Iori fazendo algo assim. Ela é tão orgulhosa e teimosa sobre falar contigo.
—E tem ciúmes tão grande da minha relação contigo. — Ela ainda sorria quando Mahina escalou seu corpo e retirou o palito que prendia seu cabelo, colocando na boca com curiosidade. — E por esse mesmo motivo ela me procurou. Ela sabe o quanto prezo por você e que eu almejaria o melhor.
—Tudo bem, isso é uma surpresa. — Lana retirou o palito de Mahina e se colocou atrás da sogra, movendo os dedos pelos seus cabelos. — O que você disse a ela afinal?
—É confidencial.
—Você não começou esse assunto para me deixar imaginando o que aconteceu nessa conversa.
—Ouch. — Reclamou quando sentiu uma sutil puxada em uma de suas mechas.
—Tinha um nó. — Ela sorriu. — Eu gostava de pentear o cabelo de Iori quando íamos sair. Ela ficava tão linda e sexy com o cabelo comprido assim.
—E por que está curto ainda? Ou você está me fazendo um estranho elogio?
—O que? Não. Digo, sim. Você é uma mulher linda. Mas eu ainda prefiro sua filha mais velha.
—Eu percebi. Pela disposição que você tem eu compreendo como tenha conseguido manter as duas tão perto. — Sorriu, sem ver Lana ruborizar logo atrás. — Eu não conseguiria manter o ritmo que você tem, com mais uma pessoa e uma filha.
—Estou sem trabalho. Então ainda consigo entreter as duas.
—Oh, que inveja. Logo elas quem vão ter que correr atrás da sua energia.
—Chieko... Não desvie do assunto. O que disse a Iori antes de nos casarmos?
—Conhecimento de família. Mas você não deve se preocupar. Você inspirou minha filha a buscar ser uma mulher melhor. — Ela se recostou em Lana e olhou Mahina voltar a sua brincadeira. — Você notou alguma diferença?
—Ela já é uma mulher melhor, é minha esposa e eu amo.
—Então não há nada com o que deva se preocupar. Iori disse que encontraram seu pai ontem?
—Sim. Parece que foi por acaso. Mas não foi uma boa situação de qualquer forma. Eles queriam ver e pegar Mahina. Foi algo tão incômodo. Eles achavam que tinham direitos, é um absurdo.
—Seu pai também é avô.
—Ele não pode querer ser avô quando nunca tentou ser meu pai. Eu não o quero perto de Mahina.
—Assim como Laura não é a favor da aproximação da mãe. Eu entendo que tenham seus motivos e seus pais erraram com vocês. Mas eu ainda acho importante o vínculo com a família.
—Ele só me procurou porque está doente, Chieko, isso não é procurar ter um vínculo, é somente ele querendo limpar a consciência de ter me abandonado por tantos anos.
—E você acha que terá a consciência limpa se o deixar morrer sentindo tanto rancor dos erros dele? — Chieko respirou fundo, deixando que o silêncio se estendesse para que Lana absorvesse a ideia. — Minha mãe não fala comigo até hoje.
—Sua mãe? — Lana franziu o cenho. — Eu não sabia que você ainda tinha uma mãe. Não escutei ninguém falando sobre ela até hoje.
—Ela continuou no Japão. E como faz anos que estamos afastadas, é natural que você não tenha escutado nada.
—Mas o que aconteceu? Por que vocês se afastaram?
—Digamos que ela discordou do meu envolvimento com mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
—Você teve um amante? — Perguntou com espanto. — Você traiu Ichiro?
—Não, Lana, claro que não. O que quero dizer é que já tive um relacionamento como o seu.
—Você está mentindo. Você nunca se envolveria com duas pessoas.
—Você tem razão, atualmente eu não repetiria minhas escolhas há mais de 34 anos.
—34? Mas... Foi quando Iori nasceu, não foi?
—Sim.
—Oh, Iori não é filha de Ichiro?
—Claro que ela é filha de Ichiro. Pare de tirar conclusões sem me deixar explicar.
—Desculpa. É só uma notícia difícil de digerir vindo de você, Chieko.
—Eu entendo. Mas muita coisa era diferente quando eu era mais jovem. Eu tinha entrado na faculdade, fazia poucos meses que tinha chego do Japão para estudar. Quando conheci Ichiro, ele já estava num relacionamento com Rebecca. Eu me aproximei deles, porque foram amigáveis comigo e me ajudaram a entender como as coisas realmente funcionavam aqui. E no início era só isso.
—Até que não ficou só nisso. — Definiu.
—Tínhamos o costume de estudarmos juntos na casa dos pais de Rebecca, então as vezes Ichiro conseguia algo para nos manter focados naquilo, as vezes era por diversão, foi onde começamos a explorar essa relação a mais.
—Se Iori souber que a mãe usou ervas na faculdade... — Ela sorriu com a ideia. — Eu me pergunto a quem o senso de se manter na linha tenha sido herdado.
—Se fosse possível ela teria herdado de Rebecca. — Chieko sorriu, sentindo-se nostálgica ao recobrar o fato. — Mas diante de tudo, Ichiro e eu decidimos que Iori seria criada longe dos nossos erros, e eu confesso que tenha cobrado mais ela para que não fizesse as coisas que fiz.
—Ela sabe metade das coisas que você fez?
—Você contaria metade das coisas que fez para Mahina?
—Talvez. Ao menos a faria me ter como exemplo para não cometer os erros que cometi. A faria ter noção das consequências para certas coisas que fiz. Eu acho que é melhor ser clara sobre certos assuntos, esclarecer os motivos das regras enquanto crescem para que sejam mais conscientes e não completamente obedientes. Eu não quero que ela me odeie quando crescer e descobrir que eu não fui a santa que queria que ela fosse.
—Você tem um ponto. Talvez eu teria minha filha mais próxima de mim se tivesse exposto essa relação desde o princípio, se tivesse contado meus erros.
—Você ainda tem tempo de ter Iori próxima. Não é tão difícil. Eu sei que ela cometeu menos besteiras que eu ou Laura, mas ela continua nos querendo perto dela e nos escolheu para formar essa família. — Ela inclinou a cabeça sobre o ombro ao escutar passos se aproximarem, sorrindo quando viu a própria chegar mais perto.
—Então agora você sabe que ainda dá tempo de perdoar seu pai e o escutar sobre os erros dele. — Chieko pontuou. — Não faça como minha mãe e eu, que há anos não tentamos nos falar por causa de uma relação que sempre foi vista como errada.
—Assim como minha mãe e eu. — Constatou, respirando fundo com o raciocínio. — Você tem razão. Talvez eu esteja sendo dura demais com ele antes de dar uma chance de escutar.
—É bom que esteja repensando sua relação com ele. — Iori comentou, presumindo o assunto, sentando-se ao lado delas. — Eu não digo perdoar, mas ao menos dar um passo para longe do remorso e rancor. Eu não acho que isso te faria bem.
—Realmente. — Lana sorriu e buscou por sua mão, envolvendo seus dedos. — Eu prefiro olhar para frente. Estaria indo contra isso se me prendesse para sempre no passado que tive sem ele na minha vida.
—Eu estarei aqui para o que precisar, você não enfrentará nada disso sozinha.
—Eu sei, mas é bom ouvir isso. Vocês deviam seguir o mesmo exemplo. — Ela se afastou de Chieko e se levantou, olhando entre elas. — Eu vou ligar para o velho. Vocês deviam aproveitar esse tempo. Que exemplo daremos a Hina se não resolvemos os problemas entre nós?
Ela piscou o olho para Chieko, afastando-se com o celular em mãos. Iori estreitou os olhos para a mãe, movendo a cabeça de maneira negativa, e sem falar nada, assumiu o posto atrás dela, envolvendo seus cabelos e desfazendo o rabo, começando a alisar e separar algumas mechas.
—Você tem tanta influência sobre as decisões de Lana. Me surpreende que não tenha mudado seu testamento e colocado ela como herdeira no meu lugar.
—Quem disse que eu não fiz?
—Eu ficaria sabendo.
—Oh. — Chieko riu baixo, observando Lana brincar com a filha enquanto falava no celular. — Eu gosto de conversar com Lana.
—Eu nem reparei que você sempre a rouba para si quando vai lá em casa ou quando ela simplesmente resolve vir aqui.
—Não deixe seu ciúme tampar seus olhos, filha. Ou vai acabar afastando sua família de si.
—Eu não vim aqui para receber broncas, mãe. Lana e eu já conversamos, nossos problemas se encaminham para serem solucionados. É só questão de tempo.
—É bom ouvir isso. O que está fazendo?
—Tranças. — Ela sorriu, ouvindo o riso da mãe. — Lembra quando eu era pequena e fazíamos tranças uma na outra toda noite?
—E você me falava tudo o que aprendeu na escola.
—Sim. Você sempre me ajudava com o dever.
—Até você começar a querer fazer tudo sozinha, e recusar minhas ajudas.
—Você estava sempre trabalhando mãe. Eu achei que fosse melhor eu aprender sozinha para não te aborrecer com minhas lições.
—Sempre foi importante para mim seu ensino, filha. Eu gostava de acompanhar. Você se empenhava mais que seus irmãos. Até hoje. Kenjiro aprendia rápido, tinha facilidade. Suas irmãs não tem a mesma consciência, elas se contentam em estarem na média. Eu gostava que você se esforçava para ir além.
—Você nunca me disse isso. — Ela estreitou os olhos por um momento. — Você sempre me cobrava além, diferente dos meus irmãos. Sempre achei que... — Pausou, suspirando. — Por que estamos falando disso agora? Já faz tanto tempo. Acho que é Mahina, ela me faz lembrar muito da minha infância.
—É natural. Quando você era pequena eu também me lembrava muito de como era quando eu morava com a sua avó. Eu confesso que cometi vários erros que minha mãe cometeu comigo, mas eu achei que era a única forma.
—Você está admitindo que errou? — Seu cenho franziu.
—Eu cometi erros enquanto criava você e seus irmãos, sim. Erros que espero que ao menos sirvam para você não os cometer com sua filha.
—É claro que eu não faria de novo com Mahina. E eu não estou sozinha criando Mahina. Tenho certeza de que Lana e Laura estão evitando ao máximo não cometer os mesmos erros.
—Eu sei disso.
—Mahina é a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Estou feliz com tudo o que posso ter com ela e minhas esposas.
—Não precisa ficar na defensiva Iori. Eu não estou te criticando, pelo contrário. Eu sei que está dando o seu melhor para criar sua filha.
—O que está acontecendo com você hoje? Está tão sentimental. Eu achei que fosse me recriminar por deixar Lana sair de casa com minha filha, e então abusar de sua hospitalidade hoje de manhã.
—Assim como aprendi com os meus erros, eu sei que você aprendeu com os seus e que não deixará se repetir. — Ela respirou fundo e apoiou a cabeça no ombro da filha, que ficou parada, sem entender a súbita aproximação. — Eu não posso corrigir meus erros contigo. Eu sinto muito que eles os tenham nos afastado por tanto tempo, mas eu acho que Lana seria um bom exemplo para nós tentarmos ter uma relação mais saudável a partir de agora.
—E como seria isso, mãe? Você sempre me cobra excelência e agora está admitindo seus erros? Como isso nos ajudaria a ter uma boa relação?
—Meu maior erro foi deixar que você tentasse tanto ser excelente em tudo que fizesse. Eu quem devia ter me esforçado mais para ser uma mãe melhor para você. Eu só espero que não seja tarde demais.
—Você é avó agora.
—Mas sou sua mãe primeiro.
—Você está preocupada com a nossa relação agora por causa desse aparecimento do pai de Lana? Não é como se estivéssemos tão distantes quanto eles.
—Eu estou tentando precaver que não cheguemos no mesmo ponto. É tão difícil para você considerar isso?
—Não, não é isso. Só é difícil acreditar que você está mesmo querendo isso e assumindo seus erros. É como se estivesse me testando ou algo assim. Digo... o que você ganharia com isso? Você já conquistou Lana e Mahina, eu não as afastaria de você.
—Eu não espero ganhar nada com isso, é uma pena que você me enxergue dessa forma. Eu vou deixar vocês aproveitarem o tempo aqui fora.
Chieko suspirou, movendo-se para se afastar. Levantou-se e caminhou em direção a entrada da casa. Iori estreitou os olhos, olhando a mãe se afastar, confusa com todas as emoções que sentia embrulhar seu interior diante do pedido da mulher. Sentia-se frustrada e desconfiada diante das possíveis intenções dela com aquilo, seu eu mais jovem lhe dizendo que era somente uma forma de lhe controlar se a deixasse próxima. Mas sobretudo, sentia a expectativa e a curiosidade aflorarem diante da possibilidade de resgatar a antiga relação que tinham em sua infância.
Sabia, no entanto, que nada seria igual. Assim como Lana enfrentava o conflito entre o rancor e a resiliência no relacionamento com o pai, ela sabia que cedo ou tarde teria de enfrentar seus medos diante da figura de sua mãe. Se a mulher estava lhe oferecendo trégua após tanto tempo, por que ela buscaria uma guerra?
Levantou-se, correndo para impedir que a mãe fosse longe, colocando-se a sua frente e mirando seus olhos. Respirou fundo, analisando-a por um instante a mais, percebendo a simples passividade na figura de Chieko, sem expectativas ou julgamentos.
—Desculpa, eu não queria soar dessa forma. Eu só... — Iori se mexeu no lugar, desconfortável. — Eu só nunca te imaginei me pedindo algo assim nessa altura. O que quis dizer é que achei que você já se sentisse realizada possuindo Lana tão próxima a você por todo esse tempo.
—Eu tenho grande apreço por Lana, a considero uma amiga que posso conversar. Mas você é minha filha, é diferente. Eu não quero passar o resto de minha vida convivendo com essa distância. Ver a relação de Lana com o pai tão cheia de conflitos me fez querer rever nossa própria relação. Eu não quero esperar estar com alguma doença ou no fim dos meus dias para tentar isso.
—Eu entendo agora. Desculpa ter te julgado.
—Está tudo bem. Eu devia ter imaginado que não seria um pedido simples para fazer a você.
—Realmente não é. Mas se a proposta ainda estiver de pé, eu aceito.
—Você aceita? — Surpreendeu-se.
—Sim, por que não? Eu não acho que será fácil. Mas eu não quero dizer a Mahina para desistir antes de tentar de tudo por algo que vale a pena.
Chieko sorriu e então foi abraçada. Sentiu-se aliviada acima de tudo, por poder recuperar a relação com a sua filha mais velha, um peso sendo tirado dos seus ombros. Julgou que ao contrário da própria mãe, tinha aprendido com os próprios erros, e desejava que a filha não se deixasse afastar mais pelo passado que tiveram.
Com o passar dos dias, o inverno se aproximou mais junto dos preparativos para o natal. Lana queria reunir as famílias e seus amigos próximos, de forma que começou a organizar a casa para o evento que se seguia. Laura e Iori ajudaram a enfeitar a casa com as luzes coloridas e todos os adereços que podiam encontrar nas lojas. Divertiram-se montando a árvore de natal e escolhendo os presentes, além dos trajes que usariam para a festa.
—Você tem uma filha linda. — Christian falou, observando com emoção Mahina no colo de Lana.
Ela tinha aceitado ver o pai mais vezes em busca de afastar o rancor que sentia do passado, e agora deixava que ele conhecesse a neta. Christian decidiu ir sozinho a casa de Lana ainda que seu marido tenha protestado, mas sabia que era um momento que tinha que vivenciar sozinho com sua filha, uma vez que ela estava lhe dando a chance de conhecer não somente a neta, mas sua casa.
—Esse é seu avô. — Lana falou em japonês para a filha, indicando o homem a sua frente. — Assim como o vovô Ichiro.
—Ojiisan? — Mahina repetiu, olhando para Christian.
—Sim, ojiisan. Esse é o ojiisan Christian, meu pai. — Ela acariciou os cabelos da filha, que assimilava os fatos. — Ela está aprendendo as coisas em japonês. — Explicou ao pai. — Achamos que seria melhor aproveitado se fosse a primeira língua dela.
—Então ela não vai entender nada do que eu disser? — Christian perguntou, sorrindo bobamente para a neta.
—Ela entende um pouco, mas ela é pequena ainda, e mesmo que queira aprender rápido, precisa crescer mais um pouco.
—Ela realmente parece que está entendendo tudo.
—Ela é curiosa. Se não ficamos de olho nela, tenho certeza de que sairia se pendurando em tudo como uma verdadeira macaquinha.
Mahina se levantou, agitada, pulando para o outro assento no sofá e olhando com curiosidade para Christian. Ele sorriu, estendendo a mão.
—Eu sou seu avô. — Falou em tom infantil. — É um prazer conhecer você.
—Diz olá para o seu ojiisan, querida. — Lana incentivou, segurando sua mão e colocando sobre a de Christian. — É assim que se cumprimenta. Agora diz olá, vovô.
—Konnichiwa. — Mahina falou, soltando um risinho alegre.
—Mas que garota mais esperta você é. — Christian sorriu emocionado, levando a mão no rosto dela e acariciando sua bochecha. — Sua mãe deve estar muito orgulhosa de você.
—Ela me dá orgulho todos os dias por simplesmente estar neles. — Lana se inclinou, beijando sua cabeça, atraindo seus olhos. — Ela me dá esperança de dias melhores, me traz uma paz inexplicável. É meu melhor remédio contra a ansiedade.
—Eu posso imaginar. Quando você tinha esse tamanho você corria para todo lado, não havia nada que fizéssemos que te segurasse, e nem tínhamos a casa grande. Mas era só não te olhar por um segundo e você desaparecia. — Ele riu com a recordação. — Sem falar das vezes que íamos ao mercado ou a uma loja e você saia correndo e acabava se perdendo. Ficávamos desesperados te procurando.
—Eu não lembro dessa fase.
—Oh, você era muito pequena. Não teria como se lembrar. — Ele observou enquanto Mahina pulava do sofá e corria até o tapete com seus próprios brinquedos. — Você nunca ficava com medo.
—Impossível. Qualquer criança fica com medo quando se perde dos pais. Digo... nós nunca nos perdemos de Mahina, mas eu vejo crianças chorarem em desespero quando se perdem dos pais nos lugares que vamos.
—Eu sei, uma vez nos perdemos de Antony, ele estava desesperado quando o segurança o encontrou no shopping. Chorava mais que os olhos. Foi um dia terrível, mas ele aprendeu a não sair de perto de nós e nós aprendemos a sempre estar de olho nele.
—Eu nem sei como reagiria se eu perdesse Mahina em qualquer lugar, mesmo que por cinco minutos.
—Que bom que você não está sozinha se isso acontecer. — Iori falou ao entrar na sala, seguida por Laura, ambas se revezando com duas bandejas até as depositarem na mesinha de centro. — Eu ainda acho que podíamos colocar um chip no bolso dela para localizarmos se isso acontecesse, seria muito mais simples. — Ela sorriu e sentou ao lado de Lana. — Sinta-se à vontade, Christian, fizemos esses pequenos lanches. Estamos treinando para as futuras festas de Mahina.
—Eu agradeço. — Ele sorriu e começou a se servir. — Eu estava falando sobre as vezes que Lana saia correndo quando não estávamos olhando.
—E isso aconteceu muito? — Laura sentou do outro lado de Lana, sem precisar falar nada para a ter em seu colo.
—Muitas vezes. Parte é minha culpa, eu sempre me distraia. Mas o pior é que ficávamos desesperados para encontra-la, ao menos eu ficava, a mãe dela ficava possessa e me culpava. Mas quando finalmente a encontrávamos, porque ela não pedia ajuda a ninguém, era como se ela não se importasse que não estivéssemos lá, ela agia naturalmente. Como se desse uma volta no parque.
—Causando problemas para os seus pais Lana, que mal exemplo. — Laura a provocou.
—Eu simplesmente fugia? — Lana inclinou a cabeça, confusa. — Ou somente me perdia?
—Fugia. Mas eu não te culpo. Hoje eu sei que as brigas de casais em frente aos filhos não causam boas coisas na cabeça deles. — Ele baixou o olhar, envergonhado, ocupando-se em beber café. — Eu digo que era por isso porque era sempre nesses momentos ou após esses momentos que você simplesmente desaparecia.
—Por que vocês brigavam tanto? Eu lembro que pouco antes de vocês se separarem vocês estavam sempre discutindo.
—Não havia algo que não discutíssemos. Era por tudo.
—Eu posso imaginar, minha mãe e eu sempre brigávamos o tempo todo também. Ao menos tínhamos o interesse pela dança em comum, até o acidente, de qualquer forma.
—Eu não entendo como sua mãe pode te virar as costas quando você mais precisava dela. — Christian a olhou. — Eu entendo que você cometeu um grande erro em ter se drogado antes de dirigir, mas você ainda era filha dela. E apesar de nossas brigas, ela sempre mostrou se importar contigo.
—Depois que ela se casou de novo ela começou a se importar com outras coisas. E eu coloquei a vida dos garotos em risco.
—Desculpa, mas eu ainda não consigo aceitar as decisões dela. Todo esse tempo e você achando que eu estava morto. Eu podia ter ajudado de alguma forma.
—Não se preocupe com o passado. No fim eu sobrevivi e pude formar essa família.
—E que logo vai aumentar. — Laura sorriu sobre o ombro dela, pressionando as mãos em sua barriga, ouvindo seu riso ao pousar as mãos sobre as suas.
—Você está grávida? — Christian questionou, surpreso.
—Não, não, ainda não. Mas em breve. Está planejado para o próximo ano, quando as crises passarem e eu não precisar mais do remédio. — Lana sorriu. — Enquanto isso, se você e Michael não tiverem planos, por que não passam o natal aqui conosco?
—Você me quer aqui para o natal? — Sua surpresa foi maior.
—Claro, por que não? A família de Iori virá, meus dois afilhados também vão estar aqui, e os irmãos de Laura estão tentando convencer os pais a virem. Claro que terá espaço para você e Michael. Se quiser trazer Antony, estou curiosa para o conhecer.
—Claro que sim, minha filha, vai ser a melhor felicidade de minha vida passar o natal com você e sua família. — Já havia lágrimas em seus olhos enquanto ele afastava o café e o resto do sanduíche, levantando-se e estendendo os braços. — Vem aqui, deixa eu te abraçar.
Lana riu da emoção espontânea do pai, mas não recusou o abraço, acariciando suas costas enquanto o ouvia chorar e fungar, agradecendo ao convite. Laura se afastou quando sentiu o celular vibrar e viu o nome do irmão na tela, atendendo logo em seguida.
—Fernando, como vai? Faz tempo que tenho tentado falar com você. — Falou em espanhol.
—Laura, eu preciso me encontrar contigo, é urgente.
—Aconteceu algo com a sua família ou com os nossos pais?
—Não, não é nada com eles. Eu quem sou um idiota, Laura, o maior de todos, e cometi um grande erro. Mas eu não quero cometer um maior ainda, então por favor, me ajude.
—Fique calmo, Fernando, está me deixando preocupada. O que aconteceu? Que erro você cometeu?
—Eu não posso falar por telefone. Tem algum lugar que possamos nos encontrar? Eu estou num bar, mas eu preferiria que tivéssemos essa conversa a sós.
—Você está em Chicago?
—Sim, estou.
—Qual o problema? — Iori parou a sua frente, notando a preocupação em seu rosto.
—É Fernando, quer se encontrar comigo agora. — Ela olhou sobre o ombro, vendo Lana e o pai brincarem com Mahina no chão da sala.
—Pode ir, eu te aviso se precisarmos de algo aqui.
—Você tem certeza?
—Claro, está tudo sobre controle. Eu arrancarei todos os problemas que Lana causou na infância para usar contra ela no futuro.
—Exatamente o que fez quando te levei para conhecer minha família. — Ela sorriu, inclinando-se para beijar seus lábios. — Você avisa Lana que tive que sair?
—Claro, ela vai entender.
—Obrigada. Fernando?
—Ainda estou aqui. — Ele respondeu do outro lado da linha.
—Ótimo, eu vou te enviar o endereço do meu apartamento e nós nos encontramos lá, pode ser?
—Sim, é melhor assim, eu te agradeço Laura, estará me livrando de um problema ainda maior.
—Te encontro daqui a pouco, Fernando, chegue em segurança. — Ela desligou, seguindo em direção a porta, mas foi impedida por Iori antes de sair.
—As chaves, cabeça de vento. — Ela a repreendeu, entregando a chave do carro para ela.
—Mas e se precisarem do carro?
—Não se preocupe, se for urgente chamamos um táxi ou a minha mãe.
—Tudo bem, se tem certeza. Eu voltarei assim que souber o que Fernando aprontou para estar na cidade.
—Boa sorte com isso. Me ligue se precisar de algo.
—Claro. Obrigada.
—Tenha cuidado.
Laura assentiu e beijou seus lábios uma última vez antes de sair da casa.
Fim do capítulo
Uhn, houve entendimento entre Chieko e Iori, será? :)
Premonições do que pode ser o problema do Fernando?
Faltam 3 capítulos!
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