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A feiticeira e a loba por Alex Mills

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Palavras: 4488
Acessos: 1061   |  Postado em: 09/07/2021

A cidade dos elfos

Emeril seguiu pelo corredor das cabines e parou quando chegou na sua, onde encontrou Ilis a dormir. Tinha um sono profundo, virada de lado e ligeiramente inclinada. Mordeu o lábio, a confusão e agonia que sentia sendo substituídos pela saudade que sentiu da loba, e do seu único pensamento de estar com ela. Entrou com cuidado, fechando a cortina e manobrando as asas enquanto se abaixava, deitando em frente a ela, lentamente envolvendo suas pernas e abraçando seu pescoço. Beijou seus lábios devagar, acariciando seus cabelos na nuca, sugando o inferior e mordendo o superior. Sentiu a loba acordar, mas não abriu os olhos, penetrando a língua em sua boca.

Ilis não a afastou, puxou-a para perto pela nuca, movendo sua língua junto. Emeril não fez qualquer sinal para que parasse, então se moveu para ficar sobre seu corpo, sentindo o gosto de lágrimas nos seus lábios. A feiticeira se apressou em tirar seus trajes, rasgando na pressa, pressionando os dedos em sua pele a tocar onde a queria sentir mais. Ilis gem*u em meio a sua fome, não se demorando a retirar as poucas roupas que ela vestia, não havendo mais nada a impedir o contato de suas peles.

—Ilis... — Chamou enquanto sentia seus lábios brincarem no bico do seu seio. — Com força.

—Você não está totalmente recuperada. — Falou contra seu bico. — E não quero atrair mais atenção.

—Por favor... Preciso de você.

Ilis pensou por um momento, respirando fundo antes de mordiscar com mais força o bico do seu seio, ouvindo o gemido rouco ecoar em sua garganta.

—Mais, Ilis... Mais...

A loba seguiu a trilha que Emeril guiava, dando tudo que ela queria ter, sem perguntar o motivo. Ela não se acalmou da primeira vez, suas posições variando no pequeno espaço que tinham até o amanhecer, quando a loba se deu por vencida e se encostou contra a parede, sentada, Emeril a seguindo e sentando no seu colo, sorrindo contra a bochecha dela.

—Você dormiu todos esses dias para fazermos sex* a noite toda?

—Eu tomei uma poção para ajudar a ficar acordada. Mas só depende do que faço para ela dar certo. Quando sair do barco, vou fazer um pouco para você, quem sabe assim você consegue me acompanhar?

—Talvez. Confesso minha derrota. Mas espero que tenha ficado satisfeita.

—Por hoje sim.

—Que bom. Temos o amanhã para aproveitar mais.

O sol começou a iluminar dentro da cabine, e Emeril sorriu mais, acariciando o rosto suado da loba.

—Quer falar o que aconteceu?

—Você sabe o que. Eu só fui a última a saber.

—Elas te contaram?

—Sim. Querem que eu concorde com essa coisa maluca.

—Você esteve desacordada todo esse tempo. É natural que estranhe. Nós vimos acontecer esses dias.

—E o que você acha disso?

—Eu ainda quero conhecer sua mãe melhor. Você conhece as duas, melhor que todos aqui. Você é a melhor pessoa para opinar aqui. — Beijou seu queixo antes de erguê-lo, mirando seus olhos. — Só espero que não tenha pedido as marcas para algum tipo de vingança ou para expô-las.

—Não, não. Obrigada por fazer onde ninguém vê. Pedi isso por prazer. Falei a verdade, preciso de você. Só de você.

—Você me tem. Tudo de mim.

—É só o que quero. O que farei sobre minha mãe e Selen eu decido depois. Vou tentar focar que elas não precisam de minha permissão da mesma forma que não procurei a permissão de ninguém para ficar com você.

—Provavelmente elas só querem saber se você consegue conviver com elas dormindo no mesmo quarto, sendo um casal

—Não agora. Mas não proibiria ou faria drama com isso.

—Então já é o suficiente para agora. Não se preocupe com nada.

—Só com você e nosso bebê. — Sorriu, tocando a barriga da loba. — Em algumas semanas podemos saber se será um menino ou menina

—Eu prefiro esperar.

—O que?

—Que o bebê nasça para saber o sex*.

—Por que, querida? Se eu te dissesse qual o sex* seria uma surpresa para nós duas da mesma forma. Certo?

—Certo. Mas eu quero ver esse bebê crescer sem criar expectativas.

—Diga mais.

—Claro. Mas vamos tomar um ar lá em cima. Preciso ver aqueles três com meus próprios olhos.

Elas se limparam como podiam e se vestiram, subindo para se juntar aos demais, encontrando todos animados, compartilhando uma garrafa.

—Finalmente! — Ian se levantou e as abraçou, puxando ambas para a roda no centro.

—Alfa! — Kenny abraçou um de seus braços enquanto ela se sentava. — Você precisa tomar isso!

—Claro que não. — Emeril tirou a garrafa oferecida das mãos da loba, recebendo um olhar questionador dela. — Você está grávida. Nosso bebê não vai beber.

—Coloca ordem, alfa! — Ian piscou na sua direção.

—Imagina quando esse bebê nascer. — Ilis falou a sorrir, passando um braço sobre seus ombros.

—Você também não pode beber. — Liora pegou a garrafa das suas mãos.

—Mas não estou grávida. — Protestou, tentando pegar a garrafa de volta.

—Que exemplo você quer dar para seu filho se não acompanha a mãe dele?

—Mãe...

—Vocês vão ser mãe juntas, então esteja grávida junto.

—Liora, me adota também. — Milo brincou, as bochechas vermelhas.

—Desculpa, mas estou feliz sendo filha única. — Emeril sorriu na sua direção, mas então olhou para a mãe. — Eu ainda sou filha única ou tem mais algo que queira me contar?

—Não, minha querida. Não vou botar outro ovo.

—Você nasceu do ovo? — Milo questionou, perplexa.

—Um ovo bem grande. — Liora riu.

—Então Ilis vai botar o ovo para Emeril chocar? — Jhan provocou o casal.

—É melhor você chocar suas bolas, pequeno Jhan. — Ilis lançou, fazendo os demais caírem na gargalhada.

—A conversa está ótima, mas nós temos que ir. — Liora se levantou. — A poção está no fim do efeito, e só em casa posso controlar suas crises.

—Enquanto não acaba eu levo todos para cima de você. — Emeril se candidatou.

—Com todos bêbados é melhor fazermos dessa forma.

—Façam fila!

Liora se transformou em dragão e sobrevoou em cima do barco, plainando à espera dos demais. Os lobos foram primeiro, e ainda que com medo, Milo aceitou a viagem. Emeril parou entre Selen e Ilis, esperando que se pronunciassem.

—Vamos ou decidiram que vão de barco?

—Vamos com vocês. — Selen respondeu, cruzando os braços. — Eu só nunca fui lá em cima.

—Porque não quis. Sempre te ofereci. Mas não se preocupe. Não vou te deixar cair, por mais que seja tentador.

—Emeril. Não seja um mau dragão. — Ilis a repreendeu. — Ofereça uma boa viagem para ela.

—Certo. Mas só porque estou cansada.

Ela se aproximou da elfo, pegando-a no colo sem avisos, batendo as asas e subindo lentamente.

—Você está diferente. — Selen falou. — Semanas atrás e você odiava essa forma.

—Semanas atrás eu estava acostumada a ser surpreendida com suas atitudes. Perdi o hábito.

—Não foram más surpresas ao todo se ainda está usando a saia que fiz

Emeril concordou, balançando a cabeça somente. Ajudou ela a se equilibrar sobre as costas de Liora, olhando em seus olhos pela primeira vez naquela manhã.

—Não é a mesma coisa agora.

—Já não era a mesma coisa quando Ilis apareceu em sua casa naquela noite. Mas acho que entendo seu ponto. De uma forma eu sabia que aconteceria algo entre vocês duas. E você nunca imaginou que eu poderia estar com sua mãe.

—Quem poderia imaginar isso, Sel? Poucas semanas atrás e estávamos juntas naquela floresta.

—Tudo mudou em pouco tempo. Muito pouco tempo. Aconteceu tudo para compensar a paz que tínhamos na floresta.

—Tem razão. Muitas coisas viraram um inferno.

—Tudo que quero é que possa estar em paz perto de mim outra vez. É um inferno não poder falar com você.

—Eu não quis criar esse inferno, Selen. Tudo que eu queria nessa viagem era encontrar minha mãe, e nas primeiras horas que posso estar com ela, vocês decidem jogar isso em cima de mim. Eu não sei o que estão esperando.

—Emeril... Eu não fiz isso para chatear você.

—Mas aconteceu. Eu sempre quis sair daquela floresta. Sempre quis estar com minha mãe. Agora estar com minha mãe significa vê-la com a pessoa que mais confiei.

—Você não confia mais em mim?

—Eu não sei o que esperar de você, Selen. Era para ser eu e minha mãe. Não eu, minha mãe e você bancando minha madrasta. Vocês estragaram isso. Isso não desce por minha garganta.

—Pelo menos uma vez, Emeril... Isso não se trata de você. Você continua tendo sua mãe e eu nunca tentaria ser sua madrasta. Pelo menos dessa vez, tente se colocar em nosso lugar.

—Você ultrapassou todos os limites, Selen. Todos. — Pontuou com certa raiva, deixando a elfo ainda mais impaciente.

—Será que dá para entender que não escolhemos isso?

—Você não entende nada, Selen! — Emeril a soltou, deixando que ela se equilibrasse sozinha. — Você estragou tudo em dois dias. Tudo. Sem pensar duas vezes. Sem considerar nada. Por que eu deveria me colocar no seu lugar? Foi sempre sex* para você. Nada importante. Eu nem mesmo sei por que eu me importei tanto com você.

—É diferente dessa vez, Emeril.

Selen tentou manter a calma, mas sentia a mágoa atingir em cheio seu peito com as palavras da feiticeira. Os lobos e Milo ficaram em pé, sentindo Liora inquieta em seu voo.

—Não deveríamos intervir? — A bruxa perguntou baixo. — Se Selen cair eu duvido que Emeril a salve.

—Ela não é desse jeito. — Ian falou, olhando com cuidado para o barco em busca de alguma ordem de sua alfa.

—Você é a pior idiota que eu já conheci. — Emeril falou, sentindo lágrimas escorrerem de seus olhos. — Nunca devia ter confiado em você. Devia ter deixado Ilis arrancar sua cabeça desde do começo.

—Por que não faz isso você mesma? Ou o lobo tem que fazer tudo por você?

—Agora é tarde demais.

—Isso ou você continua covarde demais para fazer o que quer.

Os olhos de Emeril ficaram vermelhos e uma sutil fumaça escura saiu pelas suas narinas, sinal suficiente para os lobos avançarem e tirarem a elfo de perto. Liora se moveu, voando ao redor da filha até estarem frente a frente, a fúria nos olhos de Emeril se perdendo ao encontrar as irises escuras da mãe. Uma fumaça mais escura saiu de sua boca, mas nenhuma chama veio, e nenhuma palavra também. Não conseguia jogar sua raiva em sua mãe, e isso a frustrou. Voltou ao barco, pegando Ilis em seu colo e a levando para as costas de Liora, mantendo as costas viradas para Selen quando se sentou no centro do dragão, junto aos demais.

—Emeril...

Ilis se sentou entre suas pernas e ela a abraçou pelas costas, escondendo o rosto em seus cabelos ruivos. Não falou nada, ninguém falou nada o resto da viagem até a terra dos elfos.

A terra dos elfos era enorme. Essa foi a primeira impressão que Emeril teve quando cruzou os grandes portões da cidade. Assim como na vila que passou os dias na beira da praia, ela estranhou a quantidade de gente que encontrou. Mas dessa vez, também estranhou encontrar todas as espécies num só lugar. Reconheceu dezenas de elfos e magos, mas ficou surpresa quando Ilis gesticulou lobos, alguns em bando e outros solitários. Liora cumprimentou vários de seus conhecidos, apresentando sua filha sempre com um sorriso no rosto.

O chão era todo de paralelepípedos, as casas seguiam o formato robusto de pedras, com janelas na frente e atrás, a maioria possuindo dois andares. Passaram pelo mercado, onde Liora decidiu fazer compras extras, momento que Milo se aproximou de Emeril, ambas compartilhando a curiosidade e estranhamento.

—Sou só eu, ou todos aqui estão completamente acostumados com todo esse movimento?

—Ah, minha salvação. Achei que fosse a única a querer correr de volta para o barco. — Emeril sorriu na sua direção, encolhida atrás do braço de Ilis.

—Eles fazem tanto barulho! — Reclamou, abraçando o outro braço da feiticeira, o que fez a loba rir.

—Eu sou o lobo, e vocês que são os dois animais acuados porque viram pessoas. — Ela as provocou.

—Não seja má. — Emeril apertou suas costelas. — Nunca achei que houvesse um lugar como esse. Parece que todas as pessoas do mundo estão aqui.

—O mundo é bem grande. Você iria se surpreender com a quantidade de gente que existe.

—Em quantos lugares você já esteve? — Milo perguntou, tentando se distrair do movimento ao seu redor. — Parece entender bem do assunto.

—Sempre acompanhei a alcateia do meu pai. Eles costumavam migrar para os países quentes. Então foram vários lugares. Estávamos sempre em movimento.

—Mas na floresta vocês sempre estiveram lá. — Emeril estranhou.

—Cada alcateia tem seus costumes. Meus pais gostavam de viajar. Eles acreditavam que viajando podiam conhecer tudo que os ajudassem a ficar mais fortes.

—E por que você não continuou como eles faziam? — Milo perguntou. — Não dava certo?

—Para adquirir conhecimento? Sim. Mas eles descobriram que viajar com uma criança não é muito seguro se você cruza o território de outras alcateias. — Ela sorriu nostálgica, parando quando o grupo a frente parou em outra venda.

—Isso é ruim. — Emeril pensou alto. — O que aconteceu afinal?

—Fomos todos atacados por uma alcateia menor, mas que conhecia o território. Minha mãe me fez fugir para não morrer com eles.

—Você ficou sozinha?

—Lembra quando te disse que já fui um lobo solitário? Foi logo depois da morte deles. Fiquei reclusa dos outros lobos para tentar descobrir o melhor caminho. Eu devia ter uns 12 ou 13 anos. Não me lembro. Naquela época era mais lobo que humana.

—Isso parece terrível. — Milo falou. — Você era uma criança quando ficou sozinha.

—Não para um lobo. Naquele tempo eu já era considerada madura para cuidar de mim mesma.

—Isso vale para todos os lobos? — Emeril a olhou de forma mais intensa, e Ilis entendeu o motivo pelo qual ela perguntava.

—Não. Depende de onde a criança é criada. Meus pais me criaram para me desenvolver cedo e aprender tudo rápido. Mas não são todos que são dessa forma. Kenny se transformou pela primeira vez aos 15 anos. Entrou para a alcateia aos 20. Agora está comigo depois desses anos que passamos na floresta.

—Eu achei que ela fosse mais jovem.

—Eu achei que você fosse mais velha. — Milo falou para a feiticeira, e então olhou para Ilis. — Você parece mais nova que Selen.

—Eu não sei a idade dela. — Ilis franziu o cenho com esse fato, baixando o olhar para Emeril. — Você era jovem demais para estar com Selen.

—Não era nada sério para se preocupar. Éramos mais companheiras que amantes.

—Eu ainda estou chocada que você teve algo com Selen. — Milo falou, suas sobrancelhas estreitas.

—Estou chocada que você não teve nada com Selen. — Emeril revidou, sorrindo na sua direção. — Vocês estavam muito próximas.

—Ela quis limpar a primeira impressão. Foi só isso. Além de que ela me trata como uma irmã mais nova.

—Ah, é? E por que suas bochechas tão vermelhas?

—Elas... Elas têm vontade própria. — Gaguejou, cruzando os braços.

Emeril riu, passando o braço sobre seus ombros e a puxando para perto outra vez. Beijou sua têmpora, acariciando seu ombro.

—Você é como parte de toda a família. E vai ficar na casa de minha mãe. Sei que ela tem um quarto de hóspedes.

—Eu achei que Selen... Ah, desculpa.

—Não se preocupe. Vai ser bom ter você lá. Minha mãe conhece várias bruxas aqui. Você vai poder aprender tudo que quiser.

—Assim que tiver me lavado, comido e dormido por uma semana, sim, vou atrás de outras bruxas.

—Você poderá ficar o tempo que quiser. Minha mãe não vai se incomodar em ter mais pessoas na casa dela.

—Isso é bom porque eu não tenho para onde ir. — Ela sorriu e apontou para Liora. — Ela tem o mesmo costume nojento seu de colocar as coisas na pele.

—São ervas para poções. E eu tinha que criar tudo na floresta.

Soltou-se de ambas e foi até ela, escutando sem prestar atenção a conversa que ela mantinha com a senhora da venda, até ela tocar sua cabeça e puxar sua testa para trás para que a olhasse.

—Está conseguindo manter essa forma?

—Sim. Embora as asas incomodem, querendo sair.

—Tudo bem, vou levar todos para casa.

—Cansou de mostrar sua filha malvestida, tremendo de frio e suja em praça pública?

—Não seja dramática. Você não está assim.

—Estou pior e sabe disso. Está me punindo?

—Claro que não. Precisava de algumas ervas para você. Não te faria passar vergonha em público. Que tipo de mãe eu seria?

—Uma que está punindo a filha. — Sorriu, envolvendo a cintura dela.

—Tem algo para me dizer, querida?

—Estou exausta mãe.

—É bom te ouvir me chamar assim ainda.

—Por que eu mudaria? Você chocou o ovo que produziu para eu nascer.

—Mesmo que esteja com raiva de mim?

—Não estou com raiva de você.

—Mas está com ódio de Selen. E está tudo bem. Só... Não descarregue tudo nela, eu também sou responsável pelo que está sentindo.

—Não é a mesma coisa. Você não sabia a dimensão da minha relação com Selen, eu nunca te falei muito sobre isso porque não é algo simples de explicar se você nunca viu.

—Ainda assim, ela não fez nada que eu não quisesse. Você pode descontar em mim também.

—Eu não quero descontar nada em vocês. Desculpa pelo que houve mais cedo.

—Não vamos ter essa conversa aqui. Você precisa descansar.

—Não quero dormir.

—Seu corpo precisa de descanso. Vem, vou te mostrar onde devia ter sido seu quarto todo esse tempo.

Emeril assentiu, seguindo ao lado de sua mãe pela rua de paralelepípedo até começarem a passar pelas moradias e lojas, o movimento de pessoas diminuindo a cada quarteirão. Liora parou de frente para duas casas com jardins pequenos nas laterais, ambas com acesso entre si.

—Como disse, lobos, essas são as casas que prometi. — Ela falou para o grupo. — Minha casa é logo a frente, então estarão perto de sua alfa.

—Isso é tão incrível. — Ian se animou. — Nunca tive minha casa.

—É de vocês pelo tempo que quiserem e precisarem.

Ela estendeu as chaves para eles, que depois de oferecerem um abraço em agradecimento entraram animados em suas respectivas casas.

—Vou aproveitar e ir para a casa de minha mãe. — Selen anunciou. — Ela deve estar preparando um banquete.

—Tenho certeza de que está. — Liora sorriu na sua direção. — Quando contei que estava voltando, ela começou a contatar todos seus irmãos.

—Todos eles? Então a festa vai durar a noite toda. Se algum de vocês quiser participar, nossas portas estarão abertas. — Ela olhou para as demais, parando por um instante em Emeril.

—Passarei lá mais tarde. — Liora afirmou, tocando seu ombro e oferecendo uma carícia. — Tente descansar.

—Vou tentar, mas sabe como é minha mãe. E... Emeril. Se quiser ir para conversar, sua mãe sabe o caminho.

—Amanhã vocês conversam. — Sugeriu ao ver sua filha em silêncio, buscando evitar conflitos. — Preciso ver como ela ficará a primeira noite.

—Claro. Eu vou esperar. Até mais tarde.

Selen foi embora pela rua e Liora guiou o casal e Milo para a sua casa. Emeril se surpreendeu tão logo colocou os pés no tapete da sala de sua mãe. O interior era maior que a entrada aparentava, com uma sala ampla e com móveis feitos de uma madeira mais grossa e lustrada. Tudo dava um aspecto elegante e confortável, cuidadosamente colocados em lugares estratégicos e bem iluminados.

—Sua casa é linda, mãe.

—Você gostou?

—Tem seu estilo, claro que gostei.

—Que bom que gostou. Também é sua casa agora.

Emeril sorriu, ainda admirando tudo enquanto seguia a mãe pela escada ao lado da sala, subindo ao andar de cima, onde havia os quartos.

—A primeira porta é meu quarto. Milo, seu quarto está no fim do corredor. Tem dois banheiros. — Ela gesticulou ambas as portas no meio do corredor.

—Banheiro? — Emeril franziu o cenho. — E o que seria isso?

—Você nunca usou um banheiro, querida?

—Ela passou a vida na floresta. — Ilis a lembrou, passando um braço sobre o ombro dela. — Antes disso você deve saber melhor.

—Oh. Desculpa. Eu não sabia que as coisas eram assim, lá.

—Não há nada no meio da floresta.

—O que é banheiro? — Emeril insistiu, impaciente.

—Deixe que eu te apresente, meu dragão selvagem. — Liora sorriu, segurando sua mão. — É minha culpa que você não tenha esses pequenos ensinamentos, afinal.

Ainda sem entender, Emeril seguiu Liora para a porta do primeiro banheiro, enquanto Ilis seguia Milo para seu quarto, olhando a mobília nova que enfeitava o lugar. Liora abriu a porta e ligou a luz, algo que trouxe o primeiro estranhamento de Emeril, que olhou todos os objetos sem realmente entendê-los.

—Eu me sinto culpada por você não ter tido contato com nada disso. Eu nunca devia ter deixado seu pai te levar para tão longe.

—Não é sua culpa. Você ficou impossibilitada de vir atrás de mim com o feitiço que tinha naquele deserto.

Emeril entrou lentamente, tocando a torneira do lavatório, sem entender como funcionava, então sua mãe tocou sua mão e a fez girar, contemplando a surpresa em seu rosto quando viu a água escorrer.

—Parece um feitiço... Como isso chega até aqui?

—Não é feitiço. Se chama encanamento. Existe uma caixa cheia de água no topo da casa, e canos para trazer a água até todas as torneiras da casa. Todas as casas e edifícios possuem isso. Há também outro tipo de cano que traz a água da rua, que vem do rio ao redor da cidade.

Emeril avançou mais, girando o registro do chuveiro, sentindo a água quente entre seus dedos.

—Aqui você pode tomar banho. Com esses produtos você lava o cabelo e o corpo.

—Ah, com o frio lá de fora, e uma água tão quente aqui dentro. — Ela sorriu, desligando e se virando para o vaso sanitário. — E isso?

—Você vai gostar. Você faz suas necessidades aqui, usa esse papel para se limpar e aperta esse botão para fazer tudo ir embora pelo sistema de esgoto.

—E você diz que não tem feitiço em nada disso. Estou adorando.

—Então você usa o lavatório para limpar suas mãos. Deixei toalhas e alguns produtos no seu quarto. Tem roupas para vocês todos.

—Você não parece feliz. O que houve? Ainda é o fato de eu ter estado na floresta todo esses anos?

Emeril se virou para olhá-la e abraçou sua cintura, inclinando a cabeça para focar em seus olhos escuros. Liora respirou fundo, movendo os dedos nos cabelos da filha enquanto a olhava, assentindo devagar para a sua pergunta.

—Eu devia ter cruzado o mundo para chegar até você.

—Mãe... Não podemos mudar o passado, você sabe disso.

—Você não sente nenhuma mágoa de mim por esses anos todos?

—Um pouco. Eu podia ter vivido outras coisas se tivesse ficado com você. Mas quando escolhi deixar a floresta, escolhi deixar tudo para trás.

—Até mesmo Julian?

—Julian escolheu ficar lá. Minha escolha foi perdoá-lo e esquecê-lo, assim como o resto da floresta. Podemos viver o que quisermos aqui. Há tanto que não sei sobre você e o que fez nesses anos.

—Você pode saber tudo o que quiser, minha querida. Eu vou te ensinar tudo que não pude.

—Até mesmo que horas vai sair o jantar?

—Até mesmo isso, selvagem. — Sorriu, beijando sua testa. — Tome um banho. Vai se sentir melhor.

—Ilis pode tomar banho comigo?

—É só o banho? — Liora riu, fazendo a filha corar levemente.

—Claro que sim. O que mais faríamos num banheiro?

—Ah, querida, você engravidou a loba, não se faça de inocente para mim.

—Mãe...

—Vocês podem tomar banho juntas, eu não me importo. Só não se empolguem.

—Só no banheiro ou de maneira geral? — Suas sobrancelhas ergueram.

—Como se eu fosse proibir vocês disso. Claro que não, minha querida. Sintam-se à vontade no quarto de vocês.

—Está bem. Direitos iguais?

Liora sorriu brevemente, sabendo que ela se referia a Selen, ficando contente que não fosse uma ideia aversiva a ela que a elfo estivesse em seu quarto. Beijou sua testa, movendo a cabeça de maneira afirmativa.

—Direitos iguais, querida. Vou chamar por Ilis e preparar um lanche para todas. Tente descansar enquanto isso.

—Não precisa pedir duas vezes. Estou exausta.

Liora saiu do banheiro, deixando Emeril testar as coisas no banheiro até Ilis entrar e fechar a porta, com as toalhas e produtos em mãos. Fez um gesto negativo para a feiticeira, que tirava as roupas.

—Selvagem, não estamos na floresta mais. Você não pode tirar suas roupas e fazer suas necessidades de porta aberta.

—Por que não?

—Você fazia isso na frente de todos na floresta?

—Claro que não.

—Então, aqui também não. Fechamos a porta para que os outros não vejam.

—Faz sentido. Então... vai me ensinar a tomar banho, lobo civilizado?

Ilis riu, pousando tudo na bancada e tirando as próprias roupas. Entrou com Emeril no boxe do banheiro, ligando o registro e deixando a água quente molhar seus corpos. Mostrou a ela como usar cada produto em seus cabelos e em seu corpo, e no fim a embrulhou na toalha.

—Seus cabelos cresceram. — Observou, secando os seus próprios. — Mais do que o normal.

—Talvez seja o feitiço. Você acha que eu cresci?

—Talvez um pouco.

—Então já sou maior que Milo?

—Sim.

—Ótimo, não sou a menor do grupo mais.

—Tão vaidosa.

Emeril sorriu, seguindo para o seu quarto junto da loba, procurando por roupas novas no armário antes de se jogar na cama, adorando a sensação de estar num colchão macio acima do chão. Ilis fechou a porta e vestiu roupas antes de se juntar a ela na cama, ajudando-a a se vestir somente por prazer.

—Nunca tive uma cama tão grande e tão confortável em toda minha vida.

—Parece que sua mãe se esforçou para deixar você confortável.

—Isso é ruim? Você parece hesitante.

—Não sei, é o que pretendo descobrir. Por enquanto, aproveita.

—Espero que ela não esteja buscando me compensar por Selen ou por esses anos. Seria ruim.

—É o que pensei também. Mas vamos ver.

—Ao menos temos uma cama só nossa, e agora, é só o que me importa.

—Vamos aproveitar.

Ilis se moveu na cama, deitando a cabeça sobre o peito dela e oferecendo um beijo na pele exposta. Emeril fechou os olhos, acariciando o couro cabeludo da loba e relaxando em seus braços.

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá pessoal, são dois capítulos curtos, achei que valeria a pena postar ambos para vocês hoje :)

Queria agradecer a todos que leram minhas histórias do desafio do Lettera :) ainda estão disponíveis lá, se não leram, corre lá para conferir :D

Antes que eu me esqueça, há algo que gostaria de pontuar sobre a história.

Liora é inspirada numa personagem de um jogo de celular que jogava há alguns anos. É aqueles que você lê episódios e tem que fazer escolhas hehe era bobo, mas tem várias histórias com lésbicas, então era divertido. Se alguém tiver interessado, sei que ainda continuam produzindo histórias lá. "Lovestruck".

Liora era uma das minhas personagens preferidas lá, e minha ideia principal era fazer da Emeril essa personagem. (Emeril também é um nome que peguei desse jogo, mas a personalidade é diferente.) E da Liora um interesse romântico, mas as coisas nunca saem como eu planejo nas histórias, então só aconteceu de serem mãe e filha :D

Enfim, era isso, eu sempre esquecia de mencionar :D

Qualquer dúvida estou a disposição, comentem, é sempre bom ouvir vocês :)

Até o próximo ;D


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