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Nossa Vida Juntas por Alex Mills

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Palavras: 8364
Acessos: 1443   |  Postado em: 01/07/2021

Trigésimo nono

—Você tem que trabalhar hoje também? — Lana questionou quando ouviu o despertador de Laura tocar, pela manhã.

—Sim, mas é um pouco mais tarde. Esqueço de mudar o alarme.

—Você não pode ficar em casa hoje? — Ela ergueu a cabeça, envolvendo sua cintura mais forte. — Não quero que vá.

—Eu volto mais cedo hoje, cariño.

—Mas não estará aqui mesmo assim.

—Estou aqui agora. — Ela inclinou o rosto, acariciando seus cabelos. — E estarei aqui depois.

Ela sorriu para a manha de Lana, sentindo sua mão deslizar pelo seu abdômen e mover pela sua coxa. Continuaram ali em silêncio, trocando carícias, o ar gelado da manhã permanecendo fora da cama, mas presente no ambiente.

—Laura... — Falou num sussurro, temendo que tivesse voltado a dormir.

—Estou aqui. O que foi?

—Você passará o natal aqui?

—Seria incrível.

—Você pode chamar seus pais e seus irmãos. A família de Iori estará aqui.

—Não estou falando com meus pais agora, vai ser melhor evitar.

—Por nossa causa?

—Por causa deles, não temos culpa nenhuma em estarmos juntas. — Ela suspirou, lembrando-se da conversa que tinha tido com Chieko. — Pais são complicados, não são?

—Nem me lembre.

—Você já pensou em convidar seu pai para o natal? — Arriscou, mantendo o tom baixo e casual.

—É uma coisa tão íntima para ter um desconhecido debaixo do nosso teto.

—Se não se sentir confortável, pode marcar um encontro com ele antes, em público. Estarei por perto caso não queira mais estar com ele.

—Considerando que eu queira vê-lo.

—Você não está nem um pouco curiosa em saber o motivo dele resolver te procurar após tantos anos de novo?

—Ou ele está doente ou precisa de dinheiro. Ou ambos. — Falou com maior desanimo com a ideia. — É normalmente por isso no fim, não é?

—Bem, sim. Mas talvez não. Você só está supondo.

—Talvez. Chieko disse que ele vai acabar chegando até mim, porque parou de ocultar as minhas informações em NY. — Suspirou, colocando uma perna entre as dela. — Não gosto da ideia dele aparecendo aqui em casa a qualquer instante.

—Por que não marca um encontro antes que isso aconteça então? Já que não pode mais mantê-lo longe.

—Não é como se eu precisasse mais dele na minha vida. Era melhor que ele continuasse a própria vida sem lembrar que eu existo.

—Mas não é assim que está acontecendo. Você ainda pode assumir o controle de como vai acontecer de agora em diante, se quiser evitar que ele saiba seu endereço atual.

—Talvez você tenha razão. Eu só não sei como vai ser se me encontrar com ele.

—Você não vai estar sozinha para passar por isso. — Ela beijou sua testa, sua cabeça erguendo com o contato, então selou seus lábios. — Estarei do seu lado o tempo todo.

—Eu não sei se Sasaki vai gostar dessa ideia.

—Sasaki vai manter sua segurança se quiser realmente fazer isso. — Iori murmurou do seu lado, ainda sonolenta. — Ele não fará nada que você não queira.

—Oh, nós te acordamos? — Lana virou o rosto sobre o ombro.

—Sim. — Ela suspirou, virando-se lentamente e se encaixando nas costas de Lana. — Se fosse por algo mais divertido do que vocês falando de bobagens, eu perdoava.

—Despertamos a fúria da Sasaki. — Lana brincou, rindo baixo.

—Despertamos o mal humor dela, isso sim. — Laura pontuou.

—O que posso fazer para compensar isso?

—Ou me deixa voltar a dormir ou liga de uma vez para o seu velho. — Falou com lentidão, ainda sonolenta.

—Você quer dormir?

—Se não tivesse me acordado, sim. Ande, ligue de uma vez.

—Quanta insistência a de vocês duas.

—Quanta teimosia a sua. — Laura revidou, pegando o celular dela ao lado do seu e entregando-a. — Resolve isso para termos paz, cariño.

—Ah... — Ela suspirou, pegando o celular e destravando. — Eu odeio vocês duas. — Ela abriu a agenda, discando o número do seu pai e colocando no autofalante, ouvindo o aparelho efetuar a ligação.

—Alô? — Uma voz masculina atendeu quase na última chamada.

—Christian? — Lana indagou, sem reconhecer sua voz.

—Não, ele está no banho. Quem está falando?

—Lana, a filha dele.

—Lana? Oh, isso é verdade? Como conseguiu esse número?

—Não foi difícil. Meus amigos em Nova York falaram que tem um Christian me procurando. Ele deixou o número em vários lugares.

—Eu avisei a ele que seria útil deixar um número para contato. Cedo ou tarde alguém chegaria até você.

—Quem é você afinal? É outro filho dele?

—Oh, não, não. Mas temos um filho, de fato. Sou Michael, o marido dele. É bom finalmente falar com você, Lana. Seu pai vai ficar tão feliz que finalmente encontrou você.

—Meu pai é casado... com outro homem? — Lana pausou para absorver a notícia, Laura conteve o riso, cobrindo os lábios com uma mão enquanto Lana se sentava na cama.

—Sim, comigo, há vinte anos. Digo, oficialmente no papel não, mas eu prefiro contar do início até legalizarem.

—Confesso que não esperava por isso. É uma surpresa.

—Estamos todos ansiosos para te conhecer, quando isso vai acontecer?

—Acho que preciso falar com ele primeiro para combinar as coisas.

—Oh, que cabeça a minha. Você tem toda a razão. Chris falou tanto de você que é como se já te conhecesse. Você deve estar me achando um louco. Primeira conversa por telefone e já estou falando pelos cotovelos.

—Está tudo bem. É bom saber que meu pai tem alguém tão animado ao lado dele.

—Você pode dizer isso, mas ele sempre foi o mais excêntrico entre nós.

—Bem, eu posso deixar um recado e ele me liga mais tarde para marcarmos um encontro. Não quero atrapalhar nenhum compromisso dele.

—Não, não. Espere um minuto, eu vou tirá-lo da hidromassagem antes que vire um maracujá de gaveta.

—Está bem, eu espero. — Ela respirou fundo, deixando o celular sobre a coberta enquanto absorvia as informações, deixando a ligação no mudo. — Wow.

—Agora sabemos que é genético. — Laura a provocou, Iori acabou rindo, sentando-se e abraçando as costas de Lana, movendo a mão em sua barriga.

—Está tudo bem, amor? Ainda quer fazer isso? — Perguntou sobre seu ombro, beijando seu pescoço.

—Agora não tem mais volta, tem? Eu comecei isso, agora tenho que ir até o fim. Eu só... estou surpresa. Não é algo que tenha passado pela minha cabeça. Meu pai é gay?

—Não, ele só é casado com outro homem, deve ser uma experiência nova. — Laura continuou a rir, deitada.

—Lau, pare com isso antes que ela desligue a ligação. — Iori bateu na sua perna, encarando-a mais seriamente.

—Ela tem razão. — Lana suspirou. — Estou sendo hipócrita. Eu tenho duas mulheres e uma filha, a surpresa vai ser mútua.

—Eu posso imaginar que esteja surpresa, cariño, mas é uma boa notícia não acha? Ele não vai ser igual sua mãe e te rejeitar pelo que gosta. — Laura somente inclinou a cabeça em sua direção, tocando as costas de Iori.

—Sim, você tem razão.

—Lana? Você ainda está aí? — Outra voz soou pelo celular, ecoando mais acelerada e o celular ecoando os sons de agitação. — Seu idiota, eu disse que devia ter me avisado no mesmo instante. Tem noção do que pode ter me feito perder?

—Fique calmo, ela não desligou. — Michael falou perto do telefone. — Você sequer deu tempo de ela responder, como já está me acusando? Como sempre é um afobado impaciente.

—Pai? — Lana falou com cautela ao tirar do mudo, ouvindo a vibração do outro lado, não entendendo as próximas palavras dele. — Eu não estou entendendo nada, o que está acontecendo?

—Não ligue para o seu pai, ele chora que nem um bebê. — Michael voltou a falar. — Essa semana estávamos vendo um documentário das baleias, e ele começou a chorar quando a fêmea teve um bebê. Você acredita nisso? Foi como se ele fosse o pai do bebê baleia.

—Você definitivamente não puxou seu pai. — Iori falou baixo, rindo baixo em seu ouvido.

—Eu posso ligar depois se não estiver tudo bem.

—Não! Não faça isso. — Christian pediu em tom de súplica. — Faz tanto tempo que espero por esse momento. Deixa-me te ver, minha filha, deixa eu ver o quanto cresceu. Não faz sentido falarmos sem nos vermos.

—Eu não posso fazer isso agora, acabei de acordar. — Ela virou a cabeça sobre o ombro, olhando o corpo nu de Laura.

—Eu não me importo, filha, eu só quero te ver.

—Pai... eu não estou sozinha. Não é uma boa ideia fazer isso agora.

—Não ligue para ele! — Michael voltou a falar perto do telefone. — Ele ainda acha que você é uma garotinha. É claro que sua filha não está sozinha, chorão, não lembra que aquela moça disse que ela estava casada? Não seja inconveniente, nem eu quero te ver quando acorda, imagina ela, que não te vê há anos.

—Que cabeça a minha. — Christian fungou. — Desculpa, filha, eu não queria incomodar sua esposa.

—Não é incomodo nenhum. De qualquer forma eu queria marcar um encontro, então poderemos nos ver pessoalmente. — Ela respirou fundo, esperando por sua reação.

—Como vou te reconhecer, filha? Ou você a mim? Faz tanto tempo.

—Eu te envio uma foto.

—Como saberei que isso não é uma pegadinha? Faz tanto tempo que estou te procurando, parece até um sonho que de repente você tem meu número.

—Oh, está desconfiando de mim agora? É você quem esteve me procurando. — Falou na defensiva. — Quem podia desconfiar de pegadinhas sou eu.

—Não foi o que quis dizer, filha. Desculpe, eu não quis desconfiar de você. Te encontrar foi tudo o que sempre quis.

—Olhe, já faz algum tempo que tenho seu número porque me disseram que estava me procurando. Só estou marcando esse encontro porque insistiram que eu resolvesse isso de uma vez, nada mais. Não tenho qualquer benefício em mentir sobre quem sou.

—Desculpa, eu não quis causar esse mal entendido. Não é a impressão que quero te dar. — Ele demonstrou preocupação, buscando se justificar.

—Relaxa, é normal ele desconfiar de primeira. — Iori sussurrou em seu ouvido. — Você está ligando de repente. Se fosse o contrário você também iria desconfiar.

—Está tudo bem. — Lana suspirou, buscando manter a calma. — Eu estou em Chicago. Você consegue viajar até aqui?

—Chicago! — Michael falou em surpresa. — Ninguém sabia dizer para onde você tinha ido aqui.

—Digo, eu imaginei. Seus irmãos falaram que encontraram com você antes de sua mãe falecer. — Christian falou mais lentamente, tendo cautela em suas palavras. — Mas não souberam dizer se você tinha continuado em Chicago.

—Eu não mantive contato com ninguém daquela família. Desde que sai de Nova York não mantive contato com ninguém, então imagino que deva ter sido difícil para você me encontrar.

—Principalmente quando você usa o nome de sua esposa. Não quiseram me dar nenhum número na academia onde você trabalhava.

—Até pouco tempo achei que você estivesse morto, pai. Minha mãe nunca me disse que você tinha ido embora. E eu não ia usar o nome dela.

—Morto? Sua mãe disse que eu estava morto? — Sua voz se elevou. — Aquela miserável. Ela não tinha esse direito!

—Pai, não acho que sejam assuntos para discutirmos por telefone. Você consegue vir a Chicago?

—Sim, consigo. Comprarei uma passagem hoje mesmo e até o fim do dia chego aí.

—Está bem. Então amanhã nos encontramos. Precisa de ajuda para se instalar num hotel?

—Se puder me indicar um lugar eu agradeço.

—Eu te enviarei por mensagem então, junto de um endereço onde poderemos nos encontrar.

—Está bem. Então nos encontraremos amanhã finalmente, Lana.

—Sim, parece que sim. Nos vemos amanhã, pai. Faça uma boa viagem. Foi bom te conhecer, Michael. Espero que possa vir junto.

—Claro que sim! Não perderia esse encontro nem por um show da Beyoncé. — Michael falou em animação, Lana acabou rindo baixo.

—Ignore-o, filha. Ele é exagerado demais. Nos veremos todos amanhã. Espero poder conhecer sua esposa.

—Claro. — Ela olhou entre Iori e Laura, ambas assentiram. — Ela estará lá. Tchau, pai, Michael.

—Até logo, filha.

Ela desligou, ficando alguns instantes parada, absorvendo o acontecimento, soltando um longo suspiro antes de voltar a deitar junto a Laura, olhando para o teto. Iori acariciou sua perna, esperando que dissesse algo.

—Não foi tão ruim, foi? — Laura perguntou, olhando-a. — Podia ter sido pior.

—Se ele pode bancar uma viagem e uma estadia aqui em Chicago, então não é atrás de dinheiro que ele está vindo, não é? — Perguntou sem ânimo.

—Pode ser genuíno. Ele está velho, não está? Talvez queira corrigir os erros do passado.

—Pode ser realmente. Ele está casado, teve outro filho, não é?

—Isso te incomoda? — Iori questionou.

—Mostra que ele seguiu a vida. Independente de já ter tido outra filha.

—Ele pode ter uma explicação, cariño. Você disse que Chieko falou que sua mãe tinha um processo contra seu pai, que obrigava a ficar longe.

—Por 25 anos?

—Podemos passar a manhã inteira supondo as razões dele, Lana, mas só saberemos amanhã a verdade. — Iori se deitou ao lado dela, beijando seu ombro. — Vamos tentar não nos guiar por julgamentos. Imagino que esteja magoada com ele, eu entendo. Mas não adianta tentarmos adivinhar o que ele quer contigo. O que podemos fazer agora, é pensar no melhor lugar para vocês se encontrarem, e independente de tudo, estaremos lá contigo.

—Você não está sozinha. — Laura confirmou. — Estou orgulhosa de você, cariño, por ter tomado a iniciativa.

—Mesmo que tenha sido empurrada a isso. — Iori sorriu.

—Que exemplo eu daria a Mahina se não resolvesse meus próprios problemas? — Ela sorriu por um momento, olhando entre ambas. — Obrigada, de qualquer forma é bom saber que posso contar com vocês para essas coisas.

—Para qualquer coisa. — Iori revirou os olhos. — Que tipo de esposa eu seria?

—Que tipo de amante eu seria? — Laura riu, recebendo cutucadas nas costelas de ambas.

—Acho que passamos desse estágio, señorita. — Lana pontuou, olhando para Iori em busca de confirmação, ela sorriu, movendo a cabeça para concordar. — Você é nossa mulher. Como quer ser chamada agora?

—Oh, é assim agora? Sem mais romantismo, sem pedido de namoro? Eu que escolho? — Ela sorriu, observando ambas.

—Quer que a gente se ajoelhe? — Iori questionou. — Porque tenho plena certeza que a noite passada serviu como um bom começo.

—Eu diria um encontro primeiro, mas vocês são tão apressadas. — Riu baixo, apoiando a cabeça sobre a mão enquanto analisava melhor a proposta. — Vocês são casadas, não é como se pudéssemos inventar algum termo aqui para me encaixar agora. Estou feliz em estar com vocês, isso me basta.

—Não me deixa feliz te deixar se chamando de amante. — Lana observou.

—Podemos nos casar como sempre deveria ter acontecido. — Iori propôs.

—Não, não quero isso. Se estão preocupadas em me apresentar de novo para as pessoas, para o seu pai... — Ela olhou para Lana. — Vocês podem me chamar de namorada ou esposa, eu realmente não faço questão de qualquer cerimônia para oficializar o que temos.

—Desde quando? Você sempre se importou em deixar as coisas oficiais.

—Eu sei. Mas como eu disse, vocês são casadas, e eu não me importo em não estar casada com vocês para estar num relacionamento com vocês. Tudo o que eu queria era estar aqui outra vez, o resto perdeu a importância.

—Estou surpresa. — Lana admitiu. — Você sempre gostou de me apresentar como sua namorada, para que eu não achasse que estava me deixando de fora.

—Temos uma história, cariño. Eu não me importo com o que os outros querem pensar que somos. Se soubermos entre nós que estamos juntas, é o suficiente para mim.

—Eu entendo. Se não se incomodar, amor, eu quero apresentar vocês duas como minhas esposas. — Lana olhou para Iori, tocando seu rosto. — Estamos casadas no papel e na vida, mas também estou com Laura na vida.

—E vai ser menos complicado explicar como estamos casadas e como Laura é nossa namorada. — Iori riu. — Estamos de acordo. — Ela tocou a mão de Laura, envolvendo seus dedos. — Aceita ser nossa esposa, Laura? Com anel incluso?

—Sim, eu aceito, mas só se vocês se ajoelharem. — Laura sorriu, fazendo ambas rirem.

No dia seguinte, Lana chegou primeiro no shopping, acompanhada do casal, deixando Mahina aos cuidados de Chieko. Buscou relaxar, andando pelas lojas enquanto se sentia ansiosa, as mãos suavam ainda que sua boca permanecesse seca como fel.

—Então finalmente, é oficial. — Iori falou, colocando a aliança no dedo de Laura. — Eu preferia que fosse uma pedra, mas como você quer ser simples, o ouro vai ter que servir.

—Sasaki... — Lana a repreendeu, ela revirou os olhos.

—Você é nossa esposa agora, nossa mulher, e ninguém pode dizer o contrário. — Ela olhou em seus olhos, acariciando seu rosto antes de se inclinar e a beijar.

—E vamos cuidar de ti como nossa mulher, seremos fiéis e estaremos ao seu lado em todos os momentos. — Lana também se inclinou para a beijar, colocando uma rosa no bolso do casaco dela, deixando para fora sobre seu peito.

—Vocês realmente quiseram ser românticas agora, hm? — Laura sorriu, acariciando o rosto de ambas, sentindo-se feliz pelo gesto. — É um orgulho ser mulher de vocês. Farei tudo para fazer vocês felizes, e claro, serei fiel e verdadeira a cada uma, sem esconder qualquer parte de mim.

—Oh, e eu sou testemunha dessa união! — Alex falou com emoção, sentindo os olhos úmidos conforme as lágrimas caiam, aproximando-se delas e envolvendo os braços sobre os ombros de Lana e Iori. — Andem, as noivas podem beijar a noiva!

—Já estamos atraindo atenção demais, vão chamar a segurança. — Laura observou os olhares de quem passava por elas em frente à loja de joias.

—Que chamem! É um momento especial, você tem que selar isso. É uma tradição! Ande, as noivas tem que beijar a noiva.

—Você sabe que não estávamos noivas de verdade, não é? — Lana inclinou a cabeça para ela, movendo os dedos em seu rosto para enxugar as lágrimas.

—Parem de enrolar!

—Está bem, mas se formos presas, você fica encarregada de ligar para Chieko e nos tirar de lá. — Ela riu, trocando um olhar cúmplice com Iori antes de avançar junto a ela em direção a Laura, ambas selando seus lábios ao mesmo tempo.

—Finalmente! — Alex comemorou, abraçando as três. — Agora eu declaro vocês três casadas!

—Bobona. — Laura riu, abraçando-a e beijando sua cabeça. — Estava com saudades de encontrar você. Claro, sem os olhares estranhos, o clima acusativo e tudo mais.

—Eu nunca fiz isso!

—Claro, claro. Está no passado de qualquer forma. — Ela sorriu a olhá-la. — Como estão as coisas em casa?

—Estão bem, na medida do possível. Eu vejo as crianças todos os dias, busco na escola. E alternamos os finais de semana para ficar com eles. Mas eles me chamam de tia agora, isso é a pior coisa que tive que concordar. — Ela fungou, limpando os olhos, buscando não sujar a maquiagem.

—Eu não sei se disse isso antes, mas sinto muito pela separação de vocês.

—Sim, eles foram uns cretinos em te afastarem das crianças. — Lana concordou.

—Deve ser difícil não ser chamada de mãe quando você esteve cuidando deles desde bebês. — Iori concordou, tocando seu ombro. — Você sabe que tem direitos, não sabe?

—Eu sei, mas no fundo também entendo que eles só querem oferecer uma família normal para as crianças. Mas eu odeio tanto que o normal deles seja tão ultrapassado. É por isso que nunca seríamos aceitos, eles mesmos tinham vergonha do que tínhamos. Mas é por isso que estou feliz que vocês tenham voltado. — Ela sorriu a olhar entre elas. — E que nunca tenham excluído Laura da vida de Mahina. Eu só queria que aqueles dois cretinos tivessem feito o mesmo.

—Eles não sabem a mulher incrível que perderam. — Lana a abraçou, acariciando seus cabelos curtos, buscando confortá-la.

—Obrigada, eu nem sei o que faria sem vocês para aturar meu choro o tempo todo. — Ela riu ao se afastar, buscando afastar as lágrimas.

—Se você quiser motivos para sorrir, basta me dizer. Conheço um lugar ótimo para distrair a cabeça. — Laura ofereceu, ignorando os olhares do casal.

—Oh, e onde isso seria? Disney?

—É tipo Disney, mas para adultos. — Ela retirou a carteira do bolso e retirou um cartão do bolso, entregando para ela. — Você pode ir lá quando quiser e fazer o que quiser com o devido sigilo. As primeiras vezes são por minha conta, então é só aproveitar.

—Deus, Laura. Pare de oferecer seus serviços de sex* para todos os meus amigos. — Lana cutucou suas costelas.

—Serviços de sex*? — Alex indagou, olhando sem entender o cartão.

—Eu tenho uma empresa que fornece todo o tipo de diversão que você quiser buscar. — Laura não se deixou abalar. — Basta ir nesse endereço, seguir as regras, e poderá fazer o que quiser. Ou não fazer nada, tem música e bebida ainda assim.

—Oh, isso parece exatamente do que estou precisando. Por que nunca me falou nada, Lana? — Ela a encarou de forma acusativa. — Eu teria ido hoje mesmo.

—Você ainda pode ir. Funciona 24h. De dia é só com hora marcada.

—Você não tem jeito, Laura. — Iori balançou a cabeça, mas segurou sua mão. — Não me surpreende que seja sexóloga nas horas vagas naquele consultório.

—Tenho que fazer valer minha experiência. E tenho que conseguir novos clientes. Vocês deviam me apoiar e indicar a todos seus amigos.

—Metade da Infinity frequenta sua empresa, eu te apoio 100%. — Lana relembrou, fazendo-a rir. — E agora você tem mais um cliente.

—Você ficará sabendo o que farei lá? Já que é por sua conta? — Alex perguntou com curiosidade.

—Não. Eu só recebo o valor final. Mas guarde bem esse cartão, são só para convidados vips. Eu avisarei que você irá, ou não te deixarão entrar.

—Só posso entrar se tiver meu nome?

—Sim. E com o convite. — Ela indicou o cartão. — Mas vá sozinha. Temos uma regra de evitar casais. Por isso Lana odeia aquele lugar.

—Você nunca foi! — Alex falou com surpresa.

—Não que eu já não tenha tentado convencê-la. — Lana suspirou, conformada. — Mas quem sabe um dia não ganhe uma sessão privada na empresa com a Dr. Caliente?

—Dra. Caliente? — Alex riu enquanto Laura encarava Lana diante da provocação. — Oh, você trabalhava mesmo lá?

—Nunca conte seu passado a sua mulher, ela pode e vai usar isso contra você no futuro. — Laura moveu a cabeça de maneira negativa. — Não está na hora de encontrarmos seu pai, cariño?

—Oh, verdade. Eu já tinha me esquecido. — Lana pegou o celular, olhando as horas. — Vamos ver se já chegaram. Está quase na hora.

Lana segurou a outra mão de Laura, que passou o braço sobre seus ombros, todas seguindo ao segundo andar, andando pelos corredores e encontrando um conjunto de mesas desocupadas, onde Lana definiu que seria um bom lugar para esperar.

—Ele está atrasado. — Iori observou num suspiro. — Por que as pessoas não podem chegar no horário marcado?

—Ele não conhece a cidade, dê um desconto a ele. — Laura intercedeu. — E não conhece o shopping. Vamos esperar mais um pouco.

—Ou talvez ele não venha. — Lana ponderou. — Seria melhor se fosse assim.

—Você vai reconhece-lo? — Alex questionou. — Tantas pessoas passando por aqui. Meu pai é outra pessoa agora do que era quando éramos crianças.

—Acho que vamos descobrir. — Ela encarou um casal a distância, batucando os dedos sobre a mesa nervosamente. — Ele só deve estar velho, não é?

—Ele devia ter enviado uma foto. — Iori relembrou. — Como ele acha que vai te reconhecer também? Você era uma criança.

—Não sei. Ele disse que quer arriscar, e se não conseguir me reconhecer, vai me ligar. Talvez ele me confunda com Alex.

—Mas você é loira. — Alex sorriu, tocando sua mão sobre a mesa. — Relaxa, ele pode te reconhecer. Talvez tenha achado alguma foto antiga no fundo do armário.

—Não, eu duvido. Minha mãe deve ter jogado tudo fora.

—E eu odeio sua mãe por isso. — Iori pontuou.

—Você e sua mãe realmente se odiavam. — Laura observou com alguma tristeza. — Eu não posso imaginar uma situação em que eu excluiria uma foto de Mahina.

—Mahina não dirigiu um carro drogada e quase matou seus filhos no processo. — Lana ainda tinha o olhar distante, mirando o rosto de todos os homens mais velhos que passavam perto.

—Você era uma adolescente complicada. — Alex inclinou a cabeça diante da lembrança. — Como passou disso para a mãe daquela criatura tão fofa?

—Eu me faço essa pergunta também. Mas a resposta não é bem simples. Só espero não ter passado o gene problemático para Mahina.

—Você fala como se eu tivesse sido uma adolescente exemplar. — Iori a olhou.

—Querida, assumir para seus pais que você é lésbica não é criar grandes problemas em comparação a Lana. — Laura pontuou com um sorriso de lado.

—É, na minha família. — Ela revirou os olhos.

—Em comparação a mim, Sasaki, você foi um anjo. — Lana suspirou, recostando na cadeira e a olhando.

—Nem na faculdade? — Alex insistiu. — Impossível você não ter quebrado uma regra, Iori. Drogas? Bêbada de dançar na mesa? Sexo em banheiro público? No cinema?

—Você está descrevendo minha vida na faculdade. — Laura sorriu, fazendo-a rir.

—Aceite, Sasaki, você é a mais responsável e correta nessa mesa. — Lana beijou sua bochecha, apoiando a cabeça no seu ombro. — É uma das coisas que mais admiro em você.

—Você faz isso soar menos entediante do que realmente é. — Iori tocou seu rosto, segurando sua mão. — Eu ainda posso fazer loucuras, não posso?

—Se não nos fizer ser presas, claro. — Laura a provocou.

—Eu posso dar ideias. — Alex sugeriu.

—Não, não levem Sasaki para o mal caminho. — Lana pediu. — Mahina tem que ter um bom exemplo em casa. E além disso você pode fazer qualquer loucura comigo em casa, sem ninguém precisar ficar sabendo, meu amor.

—Quer preservar minha imagem? — Iori sorriu, apoiando a cabeça na sua.

—Garanto a você que não me orgulho das minhas loucuras naquela época. E você se tornou uma mulher tão respeitável e amável, Sasaki. Não há problema nenhum que não tenha feito loucuras quando era mais jovem, só te fez se tornar a mulher que é hoje, e que eu amo.

—Oh, pare de falar assim ou vou ter que me casar com você de novo. — Iori ergueu seu rosto, selando seus lábios.

—Não me parece uma má ideia. — Sorriu, voltando a selar seus lábios antes de apoiar a cabeça em seu ombro outra vez.

—Vocês continuam uns pássaros apaixonados. — Laura observou, apoiando o queixo sobre a mão, inclinada para olhar ambas.

—Nisso eu concordo. Você devia ter visto como estavam no casamento, quando foram assinar os papéis. Não paravam de agir como duas apaixonadas. Teve até dança das noivas. As fotos ficaram incríveis.

—Oh, teve fotos? Vocês não me mostraram nenhuma.

—Não sabíamos se você ia ficar desconfortável ou não. — Iori justificou. — Foi logo depois que nos separamos.

—Eu lembro. Digo, só fiquei sabendo do casamento oficial um tempo depois.

—Porque Madson te contou. — Lana pontuou em tom mais azedo, fazendo Laura baixar o olhar, incapaz de negar. — Desculpa, eu não quis lembrar disso.

—É a verdade. Ela soube porque você pediu para ela levar Kael, e ela acabou ficando na festa.

—Eu não a convidei.

—Está tudo bem se tivesse convidado.

—Desculpa, eu não quis criar esse clima. — Alex se remexeu desconfortável no lugar. — É que vão fazer aniversário esses dias, não é? Eu achei que estivesse tudo bem.

—Amanhã. — Iori concordou. — Mas esteve acontecendo tantas coisas nesses últimos dias. Tínhamos planejado uma viagem, e agora achamos melhor fazer algo mais simples.

—Uma pequena comemoração. — Lana olhou para Laura, tocando seu rosto e segurando seu queixo. — Não queremos te deixar desconfortável com isso. Será um jantar com a família de Iori na casa deles. Então se não quiser ir, está tudo bem, mas claro que queremos você lá.

—Vocês duas. — Iori pontuou, olhando para Alex.

—Claro, eu fui testemunha, será bom rever Chieko. — Alex falou com animação, buscando amenizar o estranho clima na mesa.

—Vocês podiam ter me avisado antes, eu não fazia ideia. — Laura olhava entre elas. — Faz um ano afinal.

—Foi uma semana agitada, só fomos lembrar esses dias. — Lana justificou, então pausou, ouvindo o celular tocar com o nome do pai na tela, fazendo-a suspirar com o significado enquanto levava o aparelho até a orelha. — Você não me achou, não é?

—Desculpe, querida. Eu achei que poderia. — Christian falou em derrota.

—Tudo bem. Estou no segundo andar, em frente ao Coffee’s Show. E eu não estou sozinha.

—Está bem. Me dê cinco minutos e já chego aí.

—Okay. — Ela desligou, respirando fundo. — Somos dois desconhecidos afinal. Se ele passou aqui, eu não percebi.

—Está tudo bem, sabíamos que não seria tão simples. — Iori beijou sua bochecha, acariciando sua mão. — Logo terminamos com isso e vamos para casa.

Elas esperaram mais algum tempo até Lana visualizar um casal caminhando em direção a sua mesa. Só quando chegaram perto ela reconheceu Christian, cabelos grisalhos acima dos ombros e penteados para trás, trajando roupas informais, mas que combinavam com seu porte mais robusto. Ele mirou Lana com olhos emocionados, analisando-a enquanto ela se levantava e caminhava até ele, reconhecendo a mesma coloração dos olhos de Mahina. Michael era alto e mais novo que o marido, com a pele negra o deixando mais jovem e a barba espessa o mostrando com aspecto maduro, trajava roupas que esbanjavam estilo e poder.

Lana sentiu os olhos úmidos, e não hesitou em abraçar Christian, que não escondeu as lágrimas, ambos emocionados pelo reencontro após tantos anos. Laura e Iori também se levantaram junto a Alex, apresentando-se a Michael.

—Prazer em conhecer vocês, sou marido de Chris. — Ele ofereceu um aperto de mão em cada uma.

—Sou Alex.

—Sou Iori, essa é Laura.

—Você deve ser a esposa que Lana falou. — Ele afirmou, ainda que em dúvida, a olhar para Alex.

—Eu? Não, não, somos apenas boas amigas. Não poderíamos nunca ter algo assim, ela é como uma irmã. — Alex riu, olhando para o casal. — Elas são as esposas de Lana.

—As duas? — Surpreendeu-se, olhando para elas.

—Sim, as duas. — Lana afirmou depois de se afastar do pai, voltando para perto do casal. — Somos casadas.

—Oh, isso é poli amor? — Michael sorriu. — Quem diria. Você herdou o grande coração do seu pai. No começo tínhamos um relacionamento aberto, depois ficou sério até nos casarmos.

—É diferente de relacionamento aberto. — Laura pontuou. — Estamos juntas de Lana, sem mais ninguém incluso. É um compromisso da mesma forma que vocês mantêm.

—Somos um casal a três. — Lana sorriu, então olhou para o pai. — Essas são Iori e Laura, pai, minhas esposas.

—Você é uma mulher completa, casada! — Christian voltou a se emocionar. — É uma emoção conhecer as pessoas que minha filha escolheu passar a vida.

—É muito bom finalmente conhecer o pai de Lana. — Iori estendeu a mão com um pequeno sorriso.

—Sem formalidades! Somos uma família agora.

Ele estendeu os braços, Iori se deixou envolver, sentindo o forte aroma do seu perfume misturado com o cheiro suave do seu shampoo. Laura não hesitou em o abraçar também, sorrindo mais abertamente.

—Você definitivamente herdou a beleza do seu pai. — Michael abraçou Lana, segurando seu rosto em seguida. — Ele era charmoso assim como você na sua idade. Com um belo par de olhos e vaidoso como um artista pop.

—E ele era artista? — Ela deslizou os olhos entre o casal.

—Sua mãe nunca te contou? — Christian inclinou a cabeça, tocando seu braço. — Eu era vocalista de uma banda quando você era criança. Depois que me divorciei dela segui carreira solo.

—Oh, então você era cantor.

—Nunca fui famoso como os artistas de hoje em dia, mas consegui viver bem por todo o tempo que durou. Até parar e me tornar produtor. Foi como conheci Mich. — Ele sorriu para Michael, tocando seu ombro.

—Então vocês são produtores agora?

—Eu sou agente. — Michael a corrigiu. — Eu era agente de uma outra cantora de country até ouvir Chris num bar.

—Virou agente dele?

—Não, eu fui para a cama com ele. — Isso a fez rir. — Ele não tinha jeito para ser cantor de country.

—Então ele me falou para tentar pop, e foi o que atraiu mais público. — Christian olhou com emoção para o marido. — Mas e você, minha filha? Há tanto que quero saber.

—Claro, acho que temos muito o que conversar. Você se incomoda de termos essa conversa em outra mesa sozinhos? — Lana encarou o pai.

—Não, tudo bem. Você tem razão. Querido, você pode esperar?

—Você terá boa companhia. — Laura assegurou, passando o braço sobre os ombros de Iori e Alex.

—Levem o tempo que precisarem. — Michael concordou. — Imagino o quanto devam precisar desse tempo agora.

—Obrigado querido, não sei o que faria sem você. — Christian selou seus lábios, acariciando seu rosto.

—Eu volto logo. — Lana falou para o casal, olhando entre elas para reunir coragem. — Se comportem.

—Só porque você está pedindo. — Laura a puxou pelo colarinho, selando seus lábios.

—Estaremos aqui se precisar. — Iori falou mais baixo, segurando seu rosto. — Basta chamar.

—Eu sei, obrigada. — Lana selou os lábios dela, afastando-se e olhando para Alex. — Fique de olho nelas.

Alex riu, batendo continência, então Lana guiou Christian para outro café mais a frente, escolhendo uma mesa mais afastada dos demais clientes.

—Você quer tomar ou comer algo? — Indagou a ele, indicando o cardápio que tinha em mãos.

—Talvez uma água. Para repor as lágrimas perdidas.

—Eu vou te acompanhar com um café então. — Ela ergueu a mão, esperando pelo atendente para fazer os pedidos, então esperou que se afastasse. — Então... você foi um popstar.

—Fui, tenho todos os CD’s guardados comigo. Minha melhor época.

—Deve ter sido emocionante, viagens, shows, fãs.

—As festas, as bebidas. Eu era jovem, mas aproveitei.

—Isso é perceptível. Michael falou que tem um filho.

—Sim. Antony. Entrou na faculdade no último ano, com bolsa. Veio estudar aqui na América, é um orgulho.

—O que ele faz?

—Engenharia. Ele sempre teve talento com os números, desde pequeno.

—Vocês adotaram?

—Não. Pagamos uma barriga de aluguel. Por sangue você tem mais um irmão, além dos filhos de sua mãe.

—Por sangue, sim. Mas nunca tive contato com eles, até visitar minha mãe quando soube que estava doente.

—Eu queria ter sabido que você esteve lá. Eu fui visita-la, mas aquela mulher se recusou a falar comigo. E seus irmãos não sabiam de você. Soube depois que você já tinha ido.

—É... Eu sofri um acidente naquele ano e acabei ficando definitivamente em Chicago. Mas nunca soube do enterro da minha mãe até já ter acontecido.

—Por que? Você não é próxima aos seus irmãos?

—Eu não falava com minha mãe desde que sai de casa, os garotos ainda eram meninos naquela época. Atualmente não há qualquer chance de nos aproximarmos, depois de tudo o que aconteceu.

—Por que você saiu de casa tão cedo? Eu sei que sua mãe não era fácil de lidar, mas sair de casa?

—Não nos suportávamos mais. Depois do acidente que causei, não havia mais motivos para continuar morando lá. E minha amiga precisava de ajuda com a filha, foi a primeira chance que vi de sair logo de casa.

—Calma, muita informação. Que acidente foi esse?

—É uma longa história.

—Estou aqui para ouvir, se quiser falar.

Lana respirou fundo, e ainda que temesse pelo seu julgamento, dispôs-se a explicar sobre o acidente de carro e suas consequências atuais. Ainda relatou sobre a criação de Daphne enquanto bebia café, sentindo-se desconfortável, com a boca seca e o coração acelerado, fazendo seu peito doer.

—Estou orgulhoso que você tenha criado essa jovem. Deve ter se tornado uma jovem responsável como você.

—Sim, Daphne é um doce, nunca me deu qualquer problema. Agora ela está morando com a mãe e o padrasto na Irlanda, mas sempre conversamos. — Ela fitou a mesa, tentando respirar devagar. — Mas não foi nada fácil cuidar dela sozinha, ainda mais depois do acidente e com minha perna imobilizada por meses, sozinha com um bebê pela primeira vez.

—Sua mãe nunca realmente quis ajudar você? Eu não consigo acreditar que ela tenha te expulsado por completo da vida dela, ainda mais acidentada.

—Ela sempre me dizia que eu lembrava a você. — Ela sorriu por um momento, sem humor. — Eu posso entender. Eu traí a confiança dela várias vezes, e você a traiu com Michael, não é? — Ela o encarou, vendo-o desviar o olhar, incomodado. — Foi por isso que ela se separou de você.

—Não foi simples assim.

—Trair minha mãe deve ter sido difícil, não é? Você mesmo disse que ela era insuportável.

—Ela não era assim no começo. Mas entenda que na minha época eu nunca poderia me assumir sem abrir mão de muitas coisas. Então me casei, achei que seria suficiente ter uma família normal.

—Mas claramente não foi.

—Não me julgue sem realmente se colocar no meu lugar, filha.

—Por que você não se coloca no meu lugar? Você esteve curtindo a vida e esqueceu que eu existia, não foi?

—Eu nunca me esqueci de você, filha.

—Então onde esteve que só me procurou agora?

—É complicado, Lana. Eu achei que estivesse bem, que soubesse de mim, nunca imaginaria que sua mãe disse que eu estava morto para você. Nunca imaginei que vocês tinham se afastado há tanto tempo. Achei que você me odiasse pelo divórcio, que sua mãe tivesse conseguido te fazer me odiar.

—Mas nunca veio tirar a prova antes. — Pontuou, desviando o olhar quando ele foi incapaz de negar, procurando pelos olhos do casal, mas somente Laura a olhou de volta, inclinando a cabeça, movendo os lábios a perguntar se estava tudo bem, ela somente moveu a mão sobre o peito, sentindo-o pesado.

—Eu tive medo que me odiasse. Tive medo de voltar e ver minha filha me odiando.

—Então por que agora? — Ela o encarou, estreitando os olhos. — O que te fez perder o medo depois de tantos anos?

—Eu ainda tenho esse medo, ainda mais agora.

—Você já tem sua família, por que vir atrás de mim agora?

—Porque você é minha filha, Lana. — Falou a olhar para ela de volta.

—Se vai começar a mentir, é melhor pararmos por aqui. — Ela se levantou, pronta para ir embora, mas ele segurou seu braço, buscando olhar em seus olhos, sentindo as próprias lágrimas caírem outra vez.

—Eu tenho câncer, filha. Eu... — Ele fungou, limpando os próprios olhos. — Eu descobri muito tarde, fui imprudente, um idiota. Eu não tenho muito tempo, Lana, eu queria poder dizer adeus a você pelo menos.

—O que? Você está morrendo? — Lana sentiu seu coração apertar diante da notícia.

—Sim. Eu só tenho mais alguns meses de vida, os médicos disseram que o tratamento seria paliativo. Eu preferi buscar por você. Eu te devia isso, devia isso a nós dois.

—Você me procurou quando achei que estava morto, para dizer que vai morrer? Eu não acredito nisso. — Ela afastou o braço, mantendo-se em pé à medida que o coração acelerava mais. — Você só me procurou porque vai morrer e queria partir de consciência limpa? Por que eu não estou surpresa? É claro que só me procuraria por isso depois de tanto tempo.

—Lana... — Ele abriu a boca e fechou, incapaz de se justificar diante da mágoa em seus olhos.

—Descanse em paz então, pai, não há nada para perdoar. Você sempre esteve morto para mim, não fará qualquer diferença agora. — Ela tateou o bolso e retirou o colar que Iori usava dele, jogando em sua direção. — Eu não preciso mais disso. Dê para o seu próprio filho.

—Lana-

Ela não parou, simplesmente andou, sem pensar em que direção ir ou para onde seguir, sentindo seu peito doer diante da velocidade que seu coração batia. Não via nada e não enxergava o rosto de ninguém, sentia-se aterrorizada e não sabia o porquê. Quando sentiu o ar faltar, ela parou, segurando o próprio pescoço, puxando o ar com força, angustiada pela sensação de quase morte. Sentiu-se cair, perdendo a força das pernas, sua cabeça começando a doer conforme o oxigênio não entrava.

—Lana, ei, estou aqui. — Laura se ajoelhou a sua frente, segurando seu rosto em mãos, mas percebeu a falta de foco em seus olhos dilatados. — Cariño, o que está sentindo? Fale comigo, sou eu, Laura.

—O ar... dói para respirar. Tudo dói. — Lana sentiu seus toques, suas mãos tateando a frente pelo corpo de Laura até segurar seu rosto. — Eu vou morrer, Laura. Estou morrendo.

—Não, não, você não vai morrer. Você só precisa respirar devagar.

—Eu não consigo.

—Consegue sim. — Ela moveu os dedos pela sua pele, limpando as lágrimas que começaram a cair. — Somos só nós duas aqui, respira comigo, cariño. Aspira o máximo de ar que conseguir e segura um pouco. Comigo, um, dois, três, quatro, cinco. Isso, agora solta devagar.

—Laura, está doendo. — Suplicou, seus dedos se prendendo no colarinho da sua camisa. — Eu vou morrer, sei que vou.

—Eu não vou deixar isso acontecer, cariño. Estou aqui. Isso vai passar, confie em mim, sim? Respira comigo de novo, que tal? Devagar, aspira. — Ela segurou uma mão sua e pressionou em seu peito, aspirando o ar e a deixando sentir seu peito encher de oxigênio, vendo-a imitar o gesto. — Isso, cariño, agora solta devagar. Muito bem, vamos de novo.

Laura repetiu o processo várias vezes, buscando manter o foco de Lana na própria respiração até que ela demonstrasse voltar a si, assumindo o controle do próprio corpo. Ela chorou, agarrando-se ao corpo de Laura, sentindo-se devastada e exausta, sem entender o que estava acontecendo consigo mesma.

—Não se preocupe, estamos sozinhas, estou contigo. — Laura sussurrou em seu ouvido, beijando sua bochecha.

—O que está acontecendo comigo, Laura? Por que?

—Foi uma crise, cariño. Um ataque do pânico. Pode me dizer quando começou a se sentir mal?

—Eu não sei. Eu estava falando com o meu pai e comecei a me sentir mal. Agitada. Agoniada, eu acho. Eu só queria sair dali. — Ela olhou sobre seu ombro, vendo a placa de saída, percebendo que estavam nas escadas de incêndio dentro do shopping.

—A conversa não correu bem?

—Não, mas eu não acho que isso acarretaria numa crise. Já tive brigas piores.

—Seu corpo não está bem, cariño. Seus hormônios não estão trabalhando como deveriam. Então pequenas coisas que você estava acostumada antes, podem te deixar alterada. Crises de pânico acontecem de repente, sem motivos aparentes.

—Então pode acontecer de novo?

—Sim cariño. Mas o importante é que você começou a se tratar, começou o remédio. Você vai ver que fará efeito.

—Eu quero que faça efeito agora. — Ela se afastou para a olhar, sentindo-se temerosa em sentir tudo de novo. — Por favor, Laura. Eu não quero passar por isso outra vez.

—Não é assim que funciona, cariño.

—Você está com o remédio, não está? Talvez eu tenha que aumentar a dose.

—Não, cariño, não é assim. Primeiro você precisa passar um mínimo de tempo para vermos se seu corpo aceitou a medicação e se está fazendo o efeito completo. Se ele não se mostrar eficiente, então trocaremos a medicação.

—Laura, qual é, e se acontecer de novo?

—Nós lidaremos com isso. Eu sei que é horrível, está bem? Imagino que esteja com medo, mas não há nenhuma solução imediata, cariño. Temos que dar um tempo, você começou a tomar há dois dias o remédio. Vai levar mais algum tempo até o efeito ser notado. Se estiver com muito medo, você pode pedir para seu analista te atender amanhã, verificar se precisa aumentar a frequência.

—Então não há nada que eu possa fazer agora? Não há nada que você possa fazer?

—A única coisa que posso te oferecer é estar contigo, cariño. Te ajudar sempre que puder, estar contigo sempre que puder. Se não eu, você tem Iori também. Você não passará por isso sozinha. — Ela acariciou seu rosto, encontrando a preocupação nos seus olhos.

—Onde ela está?

—Não sei. Eu vim atrás de você enquanto ela estava no telefone com Chieko.

—Algo aconteceu com Mahina?

—Não sei, cariño. Eu deixei o celular lá.

—Eu também. Ela vai nos matar.

—Ela vai entender.

—E então nos matar. — Sorriu quando Laura riu, apreciando o som da sua risada. — Eu senti tanta falta do seu riso.

—Oh, você nunca disse isso.

—Quando você está rindo você não está preocupada. E eu adoro o som que você produz. É tão cativante.

—Oh... — Ela sorriu, pressionando suas testas. — Eu senti falta da sua espontaneidade.

—A Laura de agora fica sem jeito de receber um elogio?

—Um pouco. — Admitiu.

—Hm... Você é estonteante de tão linda, Laura. Você atrai a atenção por onde passa, é divertido ver todas as mulheres desejando ter você, porque é claro que elas iriam adorar estar no meu lugar, não é?

—Cariño...

—Você é maravilhosa, Laura, uma mãe incrível, uma parceira para todos os momentos, nisso eu posso afirmar sem dúvidas agora. — Ela acariciou sua bochecha, vendo-a corar diante dos elogios. — Talvez você estivesse certa sobre não darmos certo antes, mas agora temos todas as chances, e eu não vou desperdiçar nenhuma em estar contigo. Eu te quero perto, mi cariño, não porque você quer consertar os erros, mas por você ser do jeito que é. Carinhosa, intensa, boa em tudo que se propõem a fazer, e capaz até de afastar minhas crises.

—Lana... você está me deixando sem palavras.

—Isso nunca foi um problema para você. — Ela sorriu, selando seus lábios enquanto a via ponderar suas intenções, descendo pelo seu pescoço à medida que retirava o cachecol.

—E eu preocupada com vocês. — Iori falou ao encontra-las, fechando a porta e guardando os celulares no bolso do casaco. — Está tudo bem? Eu te vi sair correndo e Laura correu atrás de você. — Ela tocou a cabeça de Lana e acariciou seus cabelos enquanto se abaixava. — O que houve?

—Eu tive outra crise, foi pior, acho que a discussão com o meu pai não me fez bem. Mas Laura me ajudou a me acalmar. Estou bem agora.

—Eu sinto muito por isso. É a segunda crise que você tem e eu não pude fazer nada para ajudar.

—Não é sua culpa. Acontece tão de repente, amor, é horrível. Eu senti como se fosse morrer.

—Não diga isso, parece terrível. Eu não suportaria se algo acontecesse a você.

—Não vai acontecer nada assim, não se preocupem, é só a sensação. — Laura buscou acalmar ambas. — Não temos como prever quando vai acontecer. O que podemos fazer é tentar estar com Lana. Você viu como se acalmar hoje. — Ela acariciou o rosto de Lana. — Você precisa focar no que vê agora para manter sua mente no presente.

—Como assim? — Lana inclinou a cabeça, confusa.

—Por exemplo descrever tudo o que está vendo.

—A placa de saída. — Ela comentou, então olhou ao redor. — Corrimão. Degraus. Luzes. Extintor.

—Isso. Pode ser objetos, ou descrever o ambiente, um acontecimento próximo. Assim vai fazer seu cérebro desacelerar devagar e trabalhar em se concentrar no agora.

—Ou a respiração. — Lana constatou. — Respirar devagar como você me fez fazer.

—Isso também ajuda.

—Eu quero aprender tudo o que for possível se for te ajudar nesses momentos, meu amor. — Iori afastou os cabelos dourados do rosto dela, beijando sua têmpora. — Você está melhor mesmo agora? Precisa de algo?

—Não, só ir para casa. Mas obrigada, vocês duas, significa muito para mim o apoio de vocês.

—Sempre estaremos aqui, cariño. — Laura garantiu.

—Sim, sempre. — Iori concordou. — Vamos para casa. Eu pedi para Alex esperar, e minha mãe disse que Mahina está dormindo agora.

—Falando em Mahina, está tudo bem?

—Bem... ela teve febre, mas minha mãe a levou no médico e garantiu que a febre baixou agora.

—Mahina teve febre? — Lana se levantou de súbito, tateando os bolsos de Iori. — Como Chieko a leva no hospital sem me falar nada?

—Calma. Minha mãe avisaria se fosse grave. — Iori pontuou, segurando suas mãos e a abraçando. — Já vamos para casa, então não vai mudar nada ligar para ela te dizer a mesma coisa que estou te dizendo. Mahina está bem.

—Você tem certeza?

—Sim, mamãe coruja. Tenho certeza. Agora... o que aconteceu com o seu pai para você sair daquele jeito? Você quer falar sobre isso agora?

—Não, não agora. Quero ir para casa, tomar um banho e fazer um chocolate quente. Então podemos falar sobre isso debaixo das cobertas.

—E depois de ela ver que Mahina está inteira. — Laura pontuou, fazendo Iori rir enquanto Lana revirava os olhos.

—Tudo bem, vamos para casa.

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá!

"De novo capítulo duplo autora?"

Bah, eu sei que é capítulo enorme, mas de novo, como repartir um reecontro desse? Como repartir a reaproximação final do trisal? :D

E eu quis comemorar tanto meu aniversário dando esse presente para vocês, quanto "Nossa vida juntas" estar de novo na lista das mais lidas de junho :D

Vocês são demais!

Mas eu não sou carrasca hehe vou dar esse tempo para todas lerem e volto a postar na próxima quinta para terem como colocar tudo em dia ;)

Mais 6 capítulos e terminamos :D

Bom final de semana!

 


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