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Amor incondicional por caribu

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Palavras: 4056
Acessos: 3471   |  Postado em: 30/06/2021

Trinta e três

 

- Hoje é dia de praia! – Bianca anuncia, assim que se levanta. Apesar de Fábio ainda dormir um sono profundo, ela abre a ruidosa janela, sem muito cuidado, e repete a frase, desta vez em um tom um pouco mais alto – Hoje é dia de praia!

 

Com a vista um pouco atrapalhada devido à claridade que agora invadia o pequeno quarto, até então mergulhado na penumbra, Bianca observa o marido apenas se remexer um pouco na cama. Há dias que tinha prometido a Joaquim que o levaria para se banhar no mar e aquela manhã, que ainda estava nascendo, mas já tão bonita, ensolarada e sem nuvens, era definitivamente perfeita para isso. Um bom programa para seu domingo azul de folga.

Tinha feito muito bem a ela se sentar por alguns instantes no calçadão dois dias antes, depois daquela conversa tensa com Beatriz. A energia da praia era muito propícia para reflexões, e Bianca acreditava que isso foi justamente o que a ajudou a clarear um pouco melhor as ideias, com relação àquela foto e toda a história que vinha envolvida com ela.

O mar ensinava mesmo calado, e naquela tarde foi como se tivesse contado para Bianca sobre a inconstância da vida, e a maravilha que é isso.

Mesmo assim, apesar de muito poético, quis deixar aquele assunto um pouco de lado, porque era algo que ainda a perturbava bastante. Mas tinha passado o sábado inteiro com vontade de ir à praia, enquanto estava entediada no trabalho, e achou que seria um programa diferente para aquele domingo, era propício para relaxar, descontrair. Uniria o útil ao agradável, indo com a família à praia, se distraindo com os amigos, se alcoolizando um pouco, se entorpecendo. Quem não sente vontade, às vezes, de fugir da própria vida?

Ela vinha tentando fugir da dela há alguns dias. Suas maiores dificuldades estavam em aceitar a traição de sua mãe, e Beatriz como sua irmã. Ambos eram assuntos indigestos, e a aborreciam. Entretanto, com a cabeça de agora, Bianca talvez nem tivesse procurado pela médica na sexta. Já entendia que sua ida ao consultório tinha sido mais para afrontá-la, mesmo, para confrontá-la. Inconscientemente, quis responsabilizá-la por algo que Beatriz nem sequer tinha culpa (era tão vítima quanto ela – se é que este era o termo correto).

Mas era quem estava ali, acessível para isso, fazer o quê.

Aquela não era a primeira vez (e nem seria a última, era preciso admitir!) que Bianca agia por impulso, no calor do momento, só porque estava com raiva. Tinha em seu passado um histórico de situações que teriam sido facilmente evitadas se ela tivesse se controlado diante do primeiro impulso. Mas reconheceu que desta vez até que demorou pouco tempo para perceber o estrago que tinha feito, enquanto esteve cega de sua racionalidade. Na sexta mesmo, já estava arrependida, com aquele sentimento típico de “se o tempo voltasse eu faria diferente”. E o que irritava Bianca agora é que ao pensar em Beatriz, e no que quer que ela fosse fazer naquela noite, ainda se sentia mal de ter de alguma forma atrapalhado, interferido. Custava a admitir, mas Beatriz era uma pessoa legal, e ela não era má, não queria ser vilã na história de ninguém.

Especialmente na dela!

E isso Bianca ainda admitia para si mesma, acompanhada sempre de um suspiro, bem profundo. Virava os olhos porque reconhecer esse tipo de coisa era muito custoso para alguém como ela, tão orgulhosa.

Era calejada de muitas coisas, mas tinha sérias dificuldades para admitir quando eventualmente estava errada, ou para reconhecer quando se excedia.

Naquela manhã, despertou com a sincera vontade de nem pensar naquele assunto intragável, e se comprometeu a afastar tudo relacionado àquilo. “Só por hoje!”, ela definiu. Com a ajuda do sal e do sol. E um pouco de álcool.

Sentou-se ao lado de Fábio e mandou uma mensagem para a sogra. Joaquim tinha passado o sábado com a avó, de novo. Fábio o deixou com a mãe, mais uma noite, mas Bianca chegou tarde do trabalho no dia anterior, achou que não tinha moral para reclamar muito. Mas não gostava dessa história, e antes de dormir, discutiu com Fábio sobre o assunto. Se o garoto morava com eles, morava com eles. Ponto. Ela já tinha lido em várias entrevistas que na fase de adaptação era importante a criança ter uma rotina, reconhecer aquela como a sua casa, e o pai só o desfavorecia, quebrando o acordo, deixando Joaquim sempre com a avó. Que ele adorava, voltava sempre cheio de histórias, mas isso não vinha ao caso.

Na briga, Bianca acusou o marido de não estar assumindo direito as suas responsabilidades, mas depois pediu desculpas. Sua frustração não era com Fábio, e não era justo descontar nele (ou em Beatriz!) algo que não tinha a quem responsabilizar. Mas ele, sem saber, foi dormir se sentindo mal, remoendo as palavras que tinha merecido escutar, se culpando por não estar sendo um bom pai. Não era nada proposital, na verdade Fábio nem tinha percebido que vinha deixando o menino mais tempo fora de casa do que deveria, mas por algum motivo isso só enfureceu mais ainda Bianca.

Talvez só por isso ele engoliu todas as perguntas que passou o dia inteiro elaborando. Estava desde sexta intrigado com o paradeiro da mulher, que não estava em casa na folga, não atendeu sua ligação (e o comentário de Milton não tinha sido de grande ajuda). Mas Bianca chorou depois de comer o empadão, não quis papo. No sábado, saiu mais cedo para o trabalho, como que propositalmente, fugindo dele.

Mas aquela conversa aconteceria, ele sabia.

 Bianca releu a mensagem para Irene, antes de enviar. Pediu para ela acordar Joaquim e deixá-lo pronto, passariam para buscá-lo dentro de uma hora. No P.S. solicitou que a sogra separasse todas as roupas do menino que estavam lá, inclusive as sujas, pois ela pretendia lavar na volta.

 

- Vamos, meu amor? – ela pergunta, beijando carinhosamente o rosto do marido – Tomar um pouco de sol e beber uma cervejinha à beira-mar!

- Hum – ele resmunga, sem abrir os olhos.

- Vai, Fá! Acorda! – Bianca pede, chacoalhando o homem de leve – Eu quero te mostrar o biquíni novo que comprei!

- Por que não disse logo que tem um biquíni novo na história? – ele pergunta, sentando-se na cama e se espreguiçando de maneira bem ruidosa.

 

Fábio tinha dormido sem camiseta e o short do pijama estava amassado quando ele se levantou e lhe deu um beijo. O cabelo despenteado acrescentava ao seu rosto uma aparência ainda mais sonolenta. Não tinha planos de se levantar tão cedo em pleno domingo, mas disposição e Bianca não era uma combinação muito comum logo pela manhã, então não quis desperdiçar.

Bianca observou-o caminhar meio trôpego até o banheiro e escovar os dentes, sem contestar. Fábio era uma boa pessoa, um bom marido. Ela pensou brevemente em compartilhar com ele tudo o que a vinha incomodando, afetando seu sono, até provocando pesadelos, mas ficou com preguiça de contar a história toda. Ainda estava tão cedo! E conversar a respeito o faria perguntar várias coisas, talvez inclusive ao longo do dia, e isso estragaria os seus planos de não pensar a respeito, pelo menos ao longo daquele dia. Não era pedir muito, era?

Achava que merecia um pouco de descanso, e Fábio entenderia, quando ela explicasse depois os seus motivos.

 

- Falei com a Sônia na sexta. Me pediu emprestada uma bolsa térmica, vou dar aquela florida para ela.

- Vai dar para ela? – Fábio pergunta do banheiro, com a escova enfiada na boca.

- Vou, ué. Nós temos duas bolsas – Bianca responde, dobrando os lençóis da cama. Colocou o celular de lado quando concluiu que seria deselegante ligar para Irene, que ainda não tinha visualizado a mensagem que ela tinha mandado – Vou separar umas comidinhas para levarmos, e combinei de nos encontrarmos lá. A Eva avisou no grupo ontem que também vai.

- Eu vi. Depois das 300 mensagens “encaminhadas com frequência” – Fábio comenta, debochado – Será que a pessoa não percebe quando está sendo inconveniente?

- Parece que não – Bianca responde, indo para a cozinha preparar o café. Apoiou na mesa três toalhas de banho e os óculos de mergulho, que Joaquim usava só na areia – Nem todo mundo sabe se comportar com a tecnologia. Não lembra do Miltinho aquela vez, mandando foto pelado no grupo?

- É, mas ele disse que foi de propósito.

- Duvido! – Bianca tinha um tom divertido – Quem quer fazer graça com aquela coisa murcha, Fá?

- Coitado do Miltinho...

 

Fábio se solidarizava com o amigo por aquele episódio. Morria de medo de mandar um nude sem querer – no grupo, ainda por cima! Até porque Bianca não era exatamente uma apreciadora desse tipo de foto, então além de tudo um deslize assim poderia lhe render uma dor de cabeça enorme.

Ele era daquele tipo de pessoa que foi criado acreditando que não se “mete a colher” em assuntos de marido e mulher, e considerava a relação de Milton com a esposa bastante estranha, todos sabiam que ele lhe metia os cornos, mas como os demais, não falava nunca nada a respeito, afinal, a vida era deles. No evento da foto enviada ao grupo, Sônia saiu em defesa do marido, o que causou surpresa em muita gente. Inclusive em Fábio.

 

- Fá, separa aquele protetor solar que eu gosto, por favor.

- Já está na bolsa listrada – Fábio responde, cheirando uma camiseta, para ver se estava limpa – Bia?

- Oi, meu amor?

- Onde você foi na sexta?

 

A pergunta veio de maneira tão direta que ela nem conseguiu disfarçar a cara de surpresa. Estava ali toda atarefada, separando os lanches para levar à praia, os brinquedos de Joaquim, tão focada nas suas atividades, e tão distante de Beatriz, que a pergunta a irritou um pouco. O assunto agora rondaria novamente a sua mente, até ela finalmente se distrair novamente, e ter mais uma vez um pouco de sossego.

O aborrecimento era mais um motivo para não falar nada a respeito com Fábio, ela só queria um pouco de paz! Era seu dia de folga, afinal, seu único domingo livre no mês.

 

- Por que quer saber? – ela pergunta, forçando um sorriso.

- Curiosidade, Bianca – ele responde, colocando metade de uma banana na boca. Se ele não tinha percebido seu desconcerto, estava disfarçando muito bem.

- Eu não disse que tinha comprado um biquíni novo?

 

Tomarem o café da manhã em silêncio, cada um mergulhado na sua linha de pensamento. Bianca sem querer estava mais uma vez às voltas com Beatriz, e Fábio estava longe, distraído pensando no motor de um carro que tinha arrumado no começo da semana. Ele fazia, sem que ninguém soubesse, apostas mentais com ele mesmo. Consertava um carro e estipulava mais ou menos quando o cliente voltaria, por outro problema (que ele sempre avisava, mas não lhe davam ouvidos). Aquele gol, por exemplo, voltaria antes do fim do mês.

Foram a pé até a casa de Irene, saíram de casa por volta das sete. Joaquim, que tinha pulado cedo da cama, ficou radiante com a notícia de que iriam dali direto para a praia. A alegria do menino foi tão contagiante que Bianca nem reclamou quando o ônibus chegou ao ponto, cheio para aquele horário, em pleno domingo. Aquela era definitivamente a parte mais desanimadora de fazer qualquer programa diferente que fosse. Não é fácil a vida de quem pega ônibus!

Bianca sempre reparava que os usuários do transporte coletivo mudavam, dependendo do dia da semana, e até mesmo da hora. Naquele domingo, por exemplo, todos os trabalhadores que a espremiam durante a semana inteira tinham sido substituídos por pessoas que trajavam roupas de verão e carregavam sacolas de praia. Tinha um cidadão perto da porta que transportava junto dele duas cadeiras, dessas que dobram, e um guarda-sol volumoso, que fazia barulho nos buracos que o ônibus caía enquanto chacoalhava.

 

- Hoje eu quero fazer um buraco que vai dar para chegar no Japão! –Joaquim exclama, se esforçando para ser ouvido em meio ao barulho do ônibus. Seu sorriso é a mais pura demonstração de alegria.

- E o que vai fazer quando chegar lá? – Fábio pergunta, abaixando-se para falar próximo de seu ouvido. Por sorte, Bianca tinha conseguido sentar, e levava o menino no colo e as bolsas aos seus pés.

- Vou comer com pauzinho, ué! – Joaquim responde, fazendo Bianca rir.

 

            Ela ajeitou o cabelo dele, que estava compridinho atrás, fazendo cachinhos. No próximo Dia dos Pais daria uma maquininha para Fábio de presente, já que ele agora tinha adotado um visual diferente. Seria útil para manter o corte de Joaquim também sempre em dia, e economizariam no barbeiro.

A família chegou à praia cerca de uma hora e meia depois que embarcou no primeiro ônibus. Por sorte, Bianca tinha sido prevenida e trazido alguns sanduíches com patê (pensando em Joaquim, mas ela é quem estava com fome). Mas quando perguntou, o menino disse que estava bem, e ela comeu sozinha, depois que Fábio também recusou. Andaram pelo calçadão durante uns 15 minutos, até que avistaram Milton e Sônia em suas cadeiras coloridas, perto do mar. Alfredo e Eva se banhavam junto com os quatro filhos, e a algazarra competia com o som das ondas se quebrando.

 

- Opa, eu achei que vocês teriam dificuldade em nos encontrar aqui! – Milton comenta, assim que eles chegam, abrindo uma lata de cerveja. Como sempre, estava munido de sua geladeira de isopor – Essa praia já está lotada!

- Mas é claro que está lotada! – Sônia resmunga, passando um creme branco no cabelo molhado – Praia é o único lugar que nos dias de sol os ricos e os pobres se reúnem no mesmo metro quadrado, sem que ninguém reclame. Calorão desses, bobo é quem não vem.

- Eu não reclamo! Para mim, quanto mais lotada, melhor – Marisa brinca, olhando para dois rapazes musculosos que passavam correndo, próximo à água.

- Só acho que esse sol já está muito forte – Bianca reclama, passando protetor solar nos braços, antes de tirar a camiseta.

 

Ela nunca se sentia confortável de ficar sassaricando só de biquíni, se sentia meio vulnerável. Por isso, sempre postergava até o último instante, para se despir.

Longe de querer competir com as amigas, mas daquele grupo ela era a mais nova, e a única que ainda não tinha engravidado. Se sentia meio mal por ser a que sempre estava mais em forma, essa é a verdade. E também porque os maridos delas eram um bando de safado, que sempre olhavam qualquer uma de biquíni com mais malícia. Bianca não achava que estava ilesa disso. E nem tinha como evitar que olhassem, estavam na praia!

 

- Joca! Vem cá, vamos no mar para depois passar creme, meu amor!

 

Joaquim já estava entretido com os amigos, brincando na areia. Usava uma camisa colorida de manga comprida com proteção UV, um tamanho maior que o seu, que Bianca tinha comprado numa promoção do Viver. Ela colocou um boné em sua cabeça, e deu a mão para o menino, a fim de molhá-lo antes de passar o protetor solar.

Era mesmo uma demonstração de amor para ela estar ali, naquele dia tão quente e azul. Além das pessoas que brigavam por um espaço na areia, apinhada de gente querendo estender esteiras e toalhas (que a incomodavam bastante, ela detestava muvuca), Bianca achava que aquele guarda-sol seria insuficiente, e ela já sentia uma leve ardência na pele, só de ter caminhado até ali.

Molhou Joaquim com um baldinho que ele usava para brincar, e não se animou a se molhar também. Talvez tentasse novamente depois, com Fábio. Os dois voltaram juntos para a sombra, Joaquim contando alguma história que Bianca não prestou atenção. A poucos metros o garoto se soltou e correu, em direção aos amigos, que o chamaram.

 

- Joaquim – Bianca chama, e não diz mais nada. Só aponta para o protetor solar em sua mão, e levanta uma sobrancelha.

- Tinha esquecido, mãe Bia – ele se desculpa, enquanto ela espalha creme nele. Ao terminar, com o rosto todo branco, cheio de protetor, lhe dá um beijo e agradece.

- Adorei seu biquíni – Fábio sussurra, quando Bianca enfim criou coragem para se despir.

 

O conjunto era azul marinho e vermelho, com lacinhos para amarrar na lateral da calcinha, que tinham as fitas um pouco compridas, e balançavam mais ou menos na metade da coxa. Só não chamavam mais atenção que a Medusa que ela tinha tatuada um pouco acima na costela, e o dragão zangado, no outro lado. Os desenhos, que quase nunca viam a luz do sol, se destacavam, bem nítidos, na pele branca de Bianca.

 

- Acho que seu biquíni é tão bonito que até merece se banhar no mar. Eu vi que você só molhou o Joaquim. Estava aqui só te olhando, gata.

- Ah, Fá... Estou morrendo de calor, mas a água está muito gelada. Não sei se devo.

- Deve, sim – ele fala, pegando em sua mão, a puxando em direção ao mar – A água vai aliviar o seu calor, vai te refrescar. E não se preocupe com o sol: você sabe que vai se queimar, mesmo que passe o dia inteiro embaixo do guarda-sol, cheia de protetor, com chapéu e óculos escuros. Ao menos aproveite esse marzão lindo para dar um mergulho comigo!

- Você passa creme em mim depois do banho? – Bianca pergunta, abraçando o marido, com a água batendo na metade da canela, fazendo um pouco de  manha. Por aquele ser um momento íntimo, os dois usavam um tom de voz muito baixo. Quase inaudível, na verdade.

- Aham. Prometo que passo muito creme em você, gostosa – Fábio responde, avançando um pouco mais, e sem soltar a mão de Bianca, se abaixou um pouco para se molhar, quando a água já estava na cintura.

 

O mar estava fresco, a água quase gelada, e dava um contraste gostoso na pele, já bem quente do sol. Bianca se encorajou e se molhou por inteira, quando já estavam antes de onde as ondas se formam, com a água batendo no meio do peito. Ficaram ali um tempo, abraçados, sendo levados para cá e para lá pelo movimento do mar, e poderiam ser facilmente confundidos com qualquer casal de namorados que aproveitava daquela bela manhã de sol. Invariavelmente, trocavam um beijo e riam o tempo todo.

Bianca só ficava o tempo inteiro atenta à areia porque morria de medo que Joaquim fosse para a água sozinho, mesmo depois de ela lhe pedir tantas vezes para ele jamais fazer isso. Ela tinha dois medos ali: perdê-lo ou que ele se afogasse.

 

- Percebeu alguma coisa diferente nela? – Eva pergunta, olhando para o casal dentro do mar por cima de seus óculos escuros.

- Quem? Na Bia? – Zélia pergunta, sentada ao seu lado.

- É. Não notou nada diferente? – ela pergunta novamente, desta vez cochichando – Ela está mais gordinha!

- Eu percebi que ela estava fazendo charme para ficar só com o biquíni, mas não tinha reparado no corpo – Marisa retruca, também falando baixinho, olhando rapidamente para as crianças, que brincavam distraídas perto dali.

- Mas vocês têm a língua afiada mesmo, hein? Que coisa mais feia! – Alfredo repreende – Parece até que a língua não cabe enrolada dentro da boca!

- A menina mal sai daqui e vocês já metem o pau? – Bruno concorda, olhando com cara feia para as mulheres.

- Ela não é uma “menina”. E está mais gorda, mesmo! – Eva afirma, fingindo não ver o olhar atravessado que o marido lançava em sua direção.

- E você não banque o moralista, Bruno! Pensa que eu não vi como você olhou para ela quando ela tirou a roupa? – Marisa briga, olhando feio para o marido – Aqueles desenhos horrorosos que ela tem tatuado, Deus que me perdoe.

 

O sol já estava forte àquela hora e refletia com força contra a areia branca. O clima quente da barraca, porém, estava distante de Bianca e Fábio, refrescados dentro da água, alheios às fofocas e aos comentários maldosos dos seus próprios amigos.

 

- A água está muito gelada, Fá! – Bianca reclama, com o corpo todo arrepiado. Alguma coisa encostou no seu pé, e ela se desvencilhou, se movimentando bem rápido, mas mesmo assim permaneceu com frio, com dificuldades em se manter mergulhada.

- Não reclama vai, amor. A água está uma delícia! Perfeita para esse sol. Olha que delícia de dia! – ele diz, mergulhando rapidamente, mantendo-a na superfície.

- Não gosto de vir muito para o fundo, você sabe! – ela resmunga, agarrada ao pescoço do marido. De onde estavam, mal conseguiam avistar os guarda-sóis, e as pessoas que até alguns minutos atrás estavam ao lado deles, agora já se encontravam alguns passos distantes – Acho que nem consigo alcançar mais o chão. Vamos voltar para a areia? Preciso ver se o Joaquim está com fome.

- Vamos ficar um pouquinho aqui, amor. Só nós dois. Por favor, Bia.

- E por quê? – ela pergunta, encarando-o com a cabeça levemente inclinada. Achou o tom de voz dele meio esquisito – Primeiro me forçou a vir logo para cá, agora não quer voltar...

- Não quero voltar agora. Só isso.

- Não é só isso – ela garante, agarrando-se à sua cintura com as pernas. Olhou então incrédula para o marido, e sorriu – Não acredito, Fábio!

- No quê? – ele pergunta, sorrindo. Não tinha culpa se vê-la de biquíni tinha provocado aquela ereç*o involuntária.

 

Os dois riram e se beijaram. Bianca até se esqueceu da água gelada, ou que estavam numa parte do mar que ela sempre sentia medo. Aproveitaram que estavam sozinhos ali e curtiram o momento de intimidade. Há anos que não faziam isso, e aí se sentiram dois jovenzinhos. Instantes mais tarde, quando enfim retornaram para a areia, não conseguiam controlar o sorriso.

 

- Eu amo você! Para sempre! – ela declara, pouco antes de chegarem ao guarda-sol, chutando as ondinhas que se formavam no rasinho.

- Pega uma cervejinha aí, Fábio! – Milton oferece, olhando para os dois. Se perguntava se apenas ele tinha percebido que era nítido e óbvio o que o casal estava fazendo no mar.

- Quero muito beber alguma coisa – Fábio responde, olhando de relance para a mulher – Cadê aquele seu creme, Bia? Passa no rosto que está todo vermelho, já.

- Mas claro, não é à toa! – Eva comenta, com uma voz um pouco esganiçada – Vocês ficaram um tempão lá na água, debaixo desse baita sol! Até reforcei o protetor do Joaquim que o menino estava esturricando, e não quis se molhar comigo.

- É... – Bianca fala, se esforçando para disfarçar uma risada. Passou creme no rosto e puxou Joaquim para a sombra, só para olhar o seu rosto de perto. Como não ficou muito satisfeita com o que viu, passou mais protetor no rosto dele também – O Fábio estava com cãibra. Tivemos que esperar ele melhorar.

- Sorte a de vocês – Alfredo diz, bebendo cerveja direto da lata – Enquanto isso, nós tivemos que ficar aqui vendo isso.

 

Fábio e Bianca seguem o olhar do homem e percebem que próximo deles, bem ao lado, um grupo animado ria e conversava, todos muito alegres. Os homens, com trejeitos afeminados, nem pareciam ter a pretensão de fingirem-se heterossexuais. E mais: pareciam nem notar a beleza exuberante de algumas das mulheres que os acompanhavam (que talvez fosse o que mais incomodava os amigos de Fábio e Bianca).

 

- O pior é que a gente está achando que as mulheres todas são tudo sapatão – Milton resmunga, como se aquilo realmente interferisse em sua vida.

 

Quando Bianca constatou que, entre as mulheres da barraca ao lado estavam Beatriz e Fernanda, apenas olhou para Fábio. E ele já a encarava, esperando pela sua reação.

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

 

Preparem-se que a temperatura vai subir rsrs


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Comentários para 33 - Trinta e três:
Alex Mills
Alex Mills

Em: 09/12/2021

Ahahahah tenho a impressão de que não é por causa do aquecimento global que a temperatura vai subir hehe praia não é praia sem barracos 


Resposta do autor:

 

rsrsrs

Concordo!! E essa cena da praia foi pensada quando a história surgiu (sempre soube que teria o barraco, quer dizer, essa passagem rs).

Beijos!

 

Responder

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Lins_Tabosa
Lins_Tabosa

Em: 30/06/2021

Quanta informação! Acho que a Bia Bianca vai falar com Bia Beatriz e a Fernanda. Já chegou a hora da gravidez da Bia, né?! 

Olha, estou acostumando com a constância nas atualizações. Muito viciada rsrsrs 

Até amanhã??? :D

Abrs, o/

 

 


Resposta do autor:

 

hahaha

Eita que ceis tão ficando mal acostumadas hahaha

Mas, sim, provavelmente hahaha

Beijos!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

NovaAqui
NovaAqui

Em: 30/06/2021

Ih! Quero só ver esse encontro!

Tomara que Bianca defenda as meninas!

 


Resposta do autor:

 

Vai ser babado e confusão (dedo no cu e gritaria) rsrs

Ainda bem que nessa história o Joaquim gosta delas, né? Talvez ele faça essa ponte rs

#spoiler

Abraços fraternos procês aí!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 30/06/2021

Vixe povo preconceituoso!


Resposta do autor:

 

Menina, mas cê ainda não viu nada!

Responder

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cris05
cris05

Em: 30/06/2021

É que a primeira vez que Bia Bianca ficou grávida a Cícera disse pra ela que não era a hora, então fiquei pensando que a hora chegou (tomara!). Por falar nisso, tô com saudade de Cícera.

Quanto ao seu TOC, você é tão sensacional que até nisso você se supera rsrs. O seu TOC chega a ser chique!

Ansiosa já pelo próximo capítulo (pra variar rsrs).

Beijos parte 2!


Resposta do autor:

 

Sim, a Cícera deu o spoiler de que essa gravidez uma hora vinga rs

E a Bia come o lanche que era da criança, e as muler dizem que ela tá gordinha rsrs Quem sabe, né rsrs (eu sei hahaha)

A Cícera logo volta! Ela ainda tem um papel importante nessa história!

 

Meu TOC é chique! Taí! Vou começar a dizer isso pra quem me encher o saco dizendo que só sou maluca hahaha

Beijos, até amanhã!

(na verdade, não sei se consigo postar amanhã, pq já tô ficando cas vista turva rsrsrsrsrs Mas voltamos em breve!)

Responder

[Faça o login para poder comentar]

cris05
cris05

Em: 30/06/2021

Eita que agora o bicho vai pegar!

Como será que Bianca vai reagir, hein? 

Será que Bia Bianca tá grávida? Olha eu viajando novamente rsrs.

Autora, não esperava atualização hoje, mas amei! Tô felizona!

Beijos!


Resposta do autor:

 

O bicho vai pegar! Sim! \o/

Bianca queria fugir, coitada, acabou indo parar do ladinho do problema rsrs

Vamos ver como ela vai se comportar! Ou não, se algo fizer as gay irem embora mais cedo rssssssssssss

Olha, para quem no começo se dizia ruim de palpite, que chute, hein? Não falo nada, o que em si já é uma resposta rsrs

Eu tava desde ontem querendo postar logo esse capítulo rs pq acabei ontem de editar o 34. Mas aí no fim editei foi esse, pq achei que tinha uns buracos, e voltei agora pro 34, que tento postar amanhã.

Eu tenho um TOC, não sei se já contei, mas todos os capítulos (do livro físico) começam na página ímpar. Então, às vezes, aumentar um parágrafo significa aumentar até duas páginas de um capítulo inteiro rsrs Não bastasse, a louca tem mania de terminar as páginas no final dos pargráfos. Sabe?, sem quebrar o texto no final da página rsrs

É um talento que eu dou, que vai além da história hahaha

Amo!

Tô felizona também!

Beijos!

 

Responder

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