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A feiticeira e a loba por Alex Mills

Ver comentários: 2

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Palavras: 4115
Acessos: 1093   |  Postado em: 28/06/2021

Sobrevivência

Emeril espalmou as mãos no casco do barco, mantendo os olhos abertos enquanto sentia a imagem de cada parte do barco percorrer sua mente. Estava com os pés enterrados na areia do deserto, e o barco estava a sua frente, metros à frente do mar depois que os lobos amarraram e puxaram as cordas para tirá-lo da água. Todos estavam afastados, fazendo silêncio enquanto observavam a mulher se concentrar.

Emeril sussurrou as palavras, e uma forte luz branca inundou o ambiente, suas asas se enrijecendo enquanto exercia uma força mental para encolher todo o barco. Fez isso devagar, refazendo cada parte que conhecia do barco em sua cabeça, sabendo que se deixasse uma única parte sem encolher, poderia quebrar o único meio de transporte que tinham para atravessar o oceano além do deserto.

—Está encolhendo. — Milo falou, mas franziu o cenho. — Mas devagar.

—Parece que vai demorar. — Ilis falou, inquieta. — E já está anoitecendo. Preciso partir.

—Não se preocupe, eu fico de olho nela. — Selen garantiu. — E não se afaste muito do caminho que vamos seguir, ou vai ser difícil nos encontrarmos no fim daqui.

—Eu sei. Farei o possível. Faça ela descansar, ela já usou demais os poderes hoje.

Seus olhos miraram o veículo motorizado que ela tinha criado, com um suporte de rodas na traseira. Não passava de um quadriciclo, e todas as suas bagagens estavam no suporte.

—Com o auxílio da mãe dela. Mas sim, ela vai desmaiar hoje.

—Tinha esses veículos na floresta, mas não usavam muito. Foi trabalho todo dela hoje, queria me despedir antes.

—Não se preocupe. Vamos fazer uma travessia rápida, e é bom que esteja lá quando chegarmos.

—Vou tentar. Fiquem a salvo.

Trocaram um aperto de mãos, então Ilis se afastou junto dos lobos, tirando suas roupas e se transformando junto deles. Olhou uma última vez para Emeril antes de guiar sua alcateia pelo deserto. Selen suspirou, olhando ao redor, os olhos parando na bruxa, que mirava o caminho que os lobos seguiam.

—Espero que esteja olhando para Jhan, é sua única opção aqui.

—Do que está falando? — Ela franziu mais o cenho.

—Pare de ficar encarando Ilis toda vez que ela se transforma. Nunca viu uma pessoa nua?

Milo a olhou, inflando as bochechas sem responder, e desviou o olhar de volta para Emeril, observando o barco continuar diminuindo, sua concentração permanecendo intensa. Selen sorriu e passou o braço sobre os ombros dela, tirando a touca da sua cabeça e bagunçando seus cabelos, arrancando seus protestos enquanto ela tentava recuperar sua touca.

—Não vai ver muitas a mais se continuar encarando desse jeito. — Selen falou, desviando com facilidade das suas investidas. — Confie em mim, se vestir como uma pré-adolescente também não ajuda.

—Ah, é? E o que sugere? São as únicas roupas que tenho. E vou me vestir melhor para que? Estamos num deserto!

—Melhor do que ficar com essas roupas. Deixa-me consertar isso e salvar sua vida amorosa, que não existe. Ainda.

—Por que eu faria isso?

—Vai se sentir melhor com algo novo. E também porque não temos muito o que fazer enquanto Emeril não terminar.

—Ah, que seja então. Mostre suas habilidades.

Desistiu de lutar, seguindo a elfa para o veículo e esperando ela pegar a própria bolsa com seus pertences. Selen escolheu algumas roupas suas, então mediu no corpo da bruxa, tendo que cortar quase a metade do comprimento para que coubesse nela.

—Vire-se. — Milo mandou, erguendo a sobrancelha. — Não vou ficar nua na sua frente.

—Ah, por favor. Eu nunca faria nada com você. Estou tentando te ajudar.

—Eu nunca deixei que me vissem sem roupas.

—Sempre existe a primeira vez. Garanto que não tem mais ninguém aqui.

—Que seja.

Milo puxou a camisa pela cabeça, deixando a peça cair na areia, sentindo a pele do seu rosto queimar com a sensação dos olhos da elfa no seu corpo, ainda assim, retirou a calça, cruzando os braços abaixo dos seios, sem saber o que dizer.

—Vê? Não aconteceu nada. — Selen sorriu, aproximando-se e erguendo o queixo da garota para que a olhasse. — Você não é feia, bruxa. Só precisa acreditar mais nisso. Não se esconder atrás dessas roupas velhas.

Milo apenas a olhou, sem saber o que dizer em resposta. A elfa a ajudou a colocar as roupas novas, começando pelo tecido preto ligeiramente mais grosso que atingiu a metade de suas coxas, então a garota colocou a camisa branca que se moldou nas suas curvas. Selen moveu os dedos pelos cabelos, desfazendo os nós, então limpou seu rosto na margem do mar, sorrindo satisfeita com o que estava vendo.

—Para de ficar me encarando. — Milo reclamou.

—Desculpa. Seus olhos me lembraram alguém. Mas olha só. Você está diferente.

Milo olhou para o seu reflexo no espelho que Selen segurava, mesmo que pequeno, notou que estava mesmo diferente. Sorriu animada, abraçando a elfa em agradecimento.

—Satisfeita, pelo visto. Missão cumprida.

—Ficou perfeito.

—Ficou, mesmo. Agora quer me ajudar a organizar o resto das coisas? Assim que Emeril terminar, vamos começar a andar.

—Mas está quase de noite.

—Os lobos vão andar a noite inteira para achar um lugar seguro. Não podemos ficar muito atrás. E eu não quero passar a noite perto da margem.

—Por que?

—Podemos ser atacadas por qualquer um que chegue pelo mar. Melhor não arriscar.

—Estou exausta.

—Todas estamos. Mas aqui é questão de sobrevivência. Por que não tenta fazer outro veículo?

—Emeril disse que faria outro de manhã.

—E você quer esperar que ela faça tudo aqui? Conjurar objetos é uma especialidade de bruxas.

Selen começou a organizar as últimas coisas no suporte, pegando uma maçã e mordendo enquanto se ocupava na tarefa. Milo suspirou, olhando o veículo, e então para Emeril, que estava completamente focada em sua forma de dragão. Agora não demoraria muito para que o barco diminuísse na menor forma possível. Afastou-se alguns passos, fechando os olhos, tentando lembrar o que Emeril tinha dito quando quisesse invocar alguma coisa.

—Limpe a mente. — Repetiu para si. — Imagine o que quer. Então faça sua energia criar cada parte.

Tentou seguir cada passo, imaginando todas as peças do veículo, movendo a mão em frente ao corpo e sentindo um sutil choque percorrer sua espinha e seu braço, fazendo formigar seus dedos. Quando abriu os olhos, não encontrou nada, e bufou em frustração, balançando a cabeça.

—O que fiz de errado? Eu senti...

—Cuidado! — Selen gritou.

Não entendeu ao que ela se referia enquanto corria na sua direção, então a elfa se jogou, empurrando seu corpo para longe e a cobrindo com o seu próprio. O veículo que caia do céu se quebrou em vários pedaços na areia, acertando alguns em Selen, que praguejou baixo pelo impacto.

—Você está bem? — Perguntou para a bruxa abaixo de si, que ainda assustada, assentiu.

Saiu de cima dela e sentou, olhando para todas as peças espalhadas, e então para a própria coxa, o tecido bege de sua calça manchado de sangue e rasgado com o cano fino que atravessava sua pele. Conteve o grito com a dor que sentiu ao mover a perna, soltando vários gemidos e xingamentos. Milo a olhou, perplexa, sem saber o que fazer, olhando ao redor em busca de ajuda. Quando pensou em Emeril, a elfa segurou seu braço num aperto firme, impedindo que levantasse.

—Deixe Emeril terminar o barco, eu aguento isso.

—Ficou maluca? Você pode morrer com todo esse sangue.

—Não atingiu a veia principal, então não vou morrer ainda.

—Não podemos deixar desse jeito.

—Eu sei.

Suspirou, fechando os olhos enquanto pensava, gem*ndo mais baixo quando se moveu para pegar a lâmina no calcanhar da outra perna, então entregou para Milo, que segurou o cabo sem entender.

—Corte minha calça abaixo da perfuração, preciso ver como está.

—Tem certeza?

—Sim. Só tome cuidado para não me cortar.

Então ela se posicionou, e mesmo se sentindo insegura, cortou o tecido com cuidado, fazendo uma careta quando viu a carne perfurada.

—Está mesmo feio.

—Não fraturou meu osso pelo menos. Posso sentir meus dedos do pé.

—E o que fazemos agora?

—Eu deixo vocês sozinhas por cinco minutos... — Emeril falou enquanto se aproximava, olhando as peças e para ambas no chão. — Como vocês quebraram o nosso único quadriciclo?

Só então elas notaram que o outro veículo também estava quebrado no lugar, as peças da invocação da bruxa tendo danificado a ele também. Milo desviou o olhar, culpada, e não disse nada.

—Não se preocupe, Milo, é só questão de prática. — Emeril assegurou, ajoelhando de frente para ambas. — Assim que eu consertar a perna de Selen, te ajudo a construir um veículo só para você, que tal?

—Não deveria se esforçar tanto, Emeril. — Selen a repreendeu. — Ilis pediu que descansasse.

—Não se preocupe, estou usando a energia extra que minha mãe me deu.

—Você pode me ensinar? — Milo perguntou, olhando na sua direção.

—Claro. Tente achar um pano no que restou do suporte, e tome cuidado onde pisa.

Ela assentiu, levantando-se e deixando elas sozinhas. Emeril balançou a cabeça para Selen, pressionando uma mão sobre seu ferimento enquanto a outra puxava com cuidado o cano que a perfurava. A elfa gem*u com dor, mas logo sentiu alivio quando a luz escura saiu da outra mão de Emeril, que esquentou contra sua pele enquanto o corte fechava.

—Melhor? — A feiticeira tocou seu rosto, tirando a areia.

—Sim, obrigada. Não sei o que faria sem você para consertar as coisas.

—Quebrada e sangrando em algum lugar. Mas que bom que estamos juntas aqui. Não volte a me assustar de novo.

—Desculpa atrapalhar o casal. — Milo falou num meio sorriso, parando ao lado de ambas e entregando o pano que tinha encontrado. — O resto ficou cheio de areia.

—Não somos um casal. — Emeril a corrigiu, aceitando o pano e começando a limpar a perna da elfa. — Minha namorada deve estar a quilômetros de distância uma hora dessa.

—Sua o que? Quem?

—Ilis. — Falou de maneira óbvia, olhando na sua direção. — Ninguém te disse?

—Não. Nunca perguntei. Por isso dormem no mesmo quarto.

—Você as vezes é tão inocente, Milo. — Selen riu, balançando a cabeça.

—Eu durmo no mesmo quarto que você. — Tentou se defender. — Isso não significa nada.

—Porque eu tenho alguma noção para não te deixar dormir no mesmo quarto que Jhan.

—Ele não faria nada. — Emeril afirmou.

—Lobos não dormem com roupas.

As bochechas da bruxa voltaram a corar com a imagem que lhe veio à mente, e Selen acabou rindo. Emeril balançou a cabeça somente, então passou a próxima meia hora ensinando Milo a invocar seu próprio veículo, e depois criou outro, deixando a elfa ocupada para guardar tudo novamente. Quando tudo estava preparado, começaram a viagem pelo deserto, usando a lanterna dos veículos para iluminar o caminho, uma vez que sem o brilho da lua, estavam na completa escuridão.

Apenas pararam quando o sol estava prestes a nascer, Milo e Emeril dormiram numa barraca enquanto a elfa manteve a guarda pelos seus pertences, e só dormiu depois que voltaram a se mover, abraçada nas costas da feiticeira, que guiava o veículo dessa vez.

Passaram os sete dias viajando direto embaixo do sol escaldante de dia e o frio a noite. Emeril revezava a direção com Selen, enquanto fazia rondas pelo céu para se certificar de que não havia ninguém perto. Mas foi em uma de suas rondas a noite que teve que despistar um dragão que sobrevoava perto do perímetro que tinha traçado. Por ser de um tamanho menor, conseguiu ficar fora das vistas dele, mas achou mais seguro parar com os voos durante a noite.

—Você está se desgastando demais. — Selen falou durante o dia. — Devia dormir durante a noite.

—Muito frio.

—Coloque mais roupas.

—Por que não desviamos do deserto pelo mar? — Milo perguntou, com um chapéu novo na cabeça.

—Ilis precisava se afastar por causa da lua nova. — Emeril explicou.

—E aos arredores do deserto está lotado de idiotas que querem seus pertences e seu barco. Se não conseguem nada eles destroem a embarcação. — Selen explicou também, suspirando. — Aqui podemos desviar deles se seguirmos reto. Mas o calor fica bem em cima das nossas cabeças.

—Quantas vezes você atravessou esse lugar?

—Uma. Essa é a segunda. Mas já escutei muito sobre esse lugar antes de tentar atravessá-lo. — Olhou para a bruxa, erguendo a sobrancelha. — Você não iria querer lutar num barco.

—Parem, tem gente mais à frente. — Emeril avisou, e ambas desligaram os veículos.

—Quantos?

—Muitos. Estão com muitos carros grandes. Acho que não vamos conseguir desviar com veículos pequenos assim.

—Vamos lutar? — Milo perguntou.

—Não vale a pena. Se são tantos assim, vamos perder tempo tentando lutar. — Selen desceu do veículo, tentando pensar. — Acha que consegue levantar voo conosco?

—Não, porque não vou deixar nossos pertences para trás. Levantar voo agora só vai atrair atenção. Tenho um plano melhor. Tragam os veículos junto.

Ela desceu do motociclo e seguiu para o lado, afastando-se alguns passos para o lado. Encolheu ambos os veículos e deixou nas mãos de cada uma, então fez ambas deitarem no chão, e se colocou entre ambas, espalmando as mãos em suas costas.

—Emeril...

—Não façam barulho.

Esperaram alguns minutos, então viram no mínimo vinte pessoas cruzarem o deserto a sua frente, com grandes carros, caminhonetes cheias de mantimentos, e todos estavam armados. Não notaram pegadas na areia por causa da sutil ventania que a movia, e também não perceberam as três mulheres abaixadas. Emeril esperou que estivessem longe para afastar as mãos de ambas, sentando cansada. Selen tocou seu rosto, sentindo sua pele ardente.

—Não sei o que você fez, mas você não está nada bem. — Constatou. — Você está usando demais seus poderes, sua energia está te tornando doente para você parar.

—Como sabe disso? — Milo perguntou.

—Porque ela já fez isso antes. Consegue aumentar os veículos?

—Consigo.

—Faça isso, eu vou fazê-la descansar.

Milo assentiu, pegando ambos nas mãos e se afastando, pousando no chão e começando lentamente a aumentá-los. Selen retirou a bolsa de água da cintura, e colocou a ponta na boca de Emeril, esperando-a beber.

—Você tem que descansar, bastarda. Sem mais feitiços.

—Eles vão voltar. — Sussurrou, olhando na direção que a caravana tinha passado.

—Mas vamos estar longe quando isso acontecer.

—Não. Eles têm um mago junto. Ele me sentiu. Vão voltar em breve.

—Não se preocupe. Não vão nos alcançar. Se preocupe em ficar bem agora. Se usar mais sua energia, vai acabar desmaiando.

Emeril assentiu para tranquilizá-la, e tão logo Milo conseguiu recuperar os quadriciclos, Selen colocou a feiticeira no suporte e guiou o veículo em velocidade para o norte, sabendo que ainda tinha mais três dias de viagem para chegarem perto da margem do mar por esse caminho.

—Selen, eles estão vindo. — Milo avisou, olhando sobre o ombro. — Eles são rápidos.

—Droga. Não podemos lutar assim.

Emeril assistiu o mago sair do carro e escalar o teto, com a diminuição da distância podendo enxergar sua fisionomia. Era um homem de cabelos escuros e olhos claros, alto, e trajava somente uma calça branca. Emeril apenas o encarou, sentindo seu corpo arder, pensando no que fazer para afastar Selen e Milo deles. O homem olhou para o céu, e então para ela, saltando do veículo e se transformando diante dos seus olhos. Era o mesmo dragão que tinha encontrado na noite anterior, e ao invés de atacá-las, ele subiu ao céu. No entanto, viu os carros começarem a disparar suas munições em sua direção, só teve tempo de segurar o braço de Selen e abrir suas asas, saltando antes que acertassem o quadriciclo. Segurou o braço de Milo enquanto estava no ar, despedindo-se de suas bagagens e suprimentos, vendo tudo explodir enquanto tentava aumentar sua altitude em meio aos destroços e as investidas dos humanos.

—Emeril, é muito peso para você carregar. — Selen gritou, olhando entre a feiticeira e os carros.

—Eu consigo. — Respondeu, entredentes. — A noite eles não podem nos ver.

—Falta horas para escurecer.

Emeril não respondeu, concentrada em subir mais, vendo o dragão no alto. Tinha que conseguir, ou sabia que morreriam numa luta. Selen bufou, esticando-se para pegar a lâmina no calcanhar, e mesmo com o voo incerto de Emeril, ela lançou em direção ao primeiro carro, que sem o vidro dianteiro, acertou a garganta do motorista. O carro fez uma virada abrupta, então capotou e atingiu um segundo veículo logo atrás.

—Boa, elfo! — Milo comemorou.

—Faça alguma coisa! Se acertarem Emeril com essas lanças estamos perdidas.

Milo estendeu a mão e se concentrou, a energia estalando pela sua espinha e percorrendo seu braço. Uma das rodas do próximo veículo se soltou, e o carro bateu no que estava do lado, mas somente ele parou. Continuaram tentando acertar os outros veículos, mas eles começaram a desviar das lâminas de Selen, e Milo tinha dificuldades de se concentrar. Emeril se forçou a continuar até o início da noite, e fez uma manobra para sair do caminho que traçava, descendo até a areia de forma desordenada, soltando a elfa e a bruxa a poucos metros do chão e caindo logo em seguida, rolando na areia.

Ambas correram em sua direção, mas ela já estava inconsciente. Selen teve que colocar os ossos dos seus ombros no lugar, porque estavam ambos deslocados. Milo conseguiu fazer um veículo maior, e não demoraram para voltar a viajar.

—Você precisa descansar. — Milo falou, conjurando um pão, repartindo ao meio e oferecendo uma parte para a elfo. — Você também tem se esforçado demais. Está inquieta durante a noite.

—Eu temia que isso acontecesse. Achei que pudesse evitar.

—Não podemos evitar o destino. Deixe-me ajudar, descansei mais que vocês. Deixa que eu dirijo.

—Milo, não.

—Se tivermos que lutar, vocês duas são nossa melhor opção. Eu ainda estou aprendendo. Então, por favor. Eu posso dirigir.

Selen suspirou, mas parou o carro e deixou Milo passar para o seu assento. A bruxa dirigiu, olhando sobre o ombro para ter certeza de que não eram seguidas, e também olhando para Emeril, deitada no assento entre elas, na forma humana. Não pensou no que tinha acontecido hoje, apenas se sentiu grata por ainda estar viva. “Essas duas me salvaram”, pensou, “está na hora de retribuir.”

—Mãe...

—Emeril... Você está fraca. Você pode morrer se usar energia demais.

Liora acariciava os cabelos da filha em seu colo, sentada na neve, acolhendo Emeril da melhor forma que podia.

—Você viu Ilis? — Perguntou num sorriso melancólico, sem forças para emitir mais que sussurros.

—Brevemente.

—Isso é bom. Podemos estar grávidas, mãe... Você acredita?

—Ela me disse. Sussurrava assim como você, por causa da lua. Mesmo criando uma aqui, não adiantou.

—Ela te disse? — Sorriu mais ainda. — Você sabe um feitiço para descobrir se uma de nós espera o bebê?

—Você está se aproveitando que sabe que pode morrer para me perguntar isso? — Liora balançou a cabeça. — Eu sei qual de vocês está grávida. E esse é outro motivo pelo qual você precisa estar viva.

—Mãe...

Os olhos de Emeril fecharam, escutando os gritos de Selen e Milo, mas sua mãe ergueu seu rosto, impedindo que acordasse. Seus olhos abriram, encarando as irises escuras de sua mãe.

—Eu preciso voltar. Eu não vou deixar que elas morram.

—Eu disse a Ilis que te manteria fora de problemas. — Suspirou, acariciando as bochechas da filha. — Mas te deixar morrer não parece melhor.

—Mãe... Me dê sua energia. Só um pouco. Então conseguirei aquele feitiço. Agora eu consigo.

—Não. É muito perigoso.

—Mãe, por favor...

—Você pode morrer com aquele feitiço. Vou fazer algo melhor que isso. Confia em mim?

—Com minha vida.

—Então descanse, minha querida. Eu vou cuidar de tudo, e vamos nos encontrar em breve.

Emeril fechou os olhos, mas não acordou. Quando os olhos abriram, estavam escuros, e se encontrava contra a areia. Milo carregava seu corpo, e mais a frente Selen lutava. Já tinha amanhecido, o veículo estava em chamas ao fundo, e outros estavam parados perto dele.

Afastou as mãos da bruxa e ficou em pé, estendendo a mão e conjurando outro quadriciclo. Retirou o colar que tinha prendido o barco dentro de uma pequena garrafa, e entregou para ela, que tinha um olhar assustado no rosto.

—Emeril, seus olhos...

—Pegue o barco e comece a voltar a forma normal.

—Mas eu não sei se consigo.

—Você consegue. Precisa ir agora. Os lobos estão na margem. Chame por Ilis Mae.

—Emeril, eles querem sua pele de dragão.

—Três vezes, chame três vezes, e diga para vir buscar Selen e Emeril.

—Emer-

—Vá, agora, ou não teremos tempo.

Confusa e insegura, Milo aceitou, colocando o colar no pescoço e montando no veículo, partindo na velocidade máxima que ele atingia. Virou-se em direção a Selen, que mesmo exausta, lutava com fúria.

Selen deslizava como uma pluma entre os golpes que eram lançados em sua direção, prevendo seus movimentos para poder desviar. Somente usava uma espada com lâmina menor, dificultando sua luta e suas tentativas de finalização, o cansaço sendo seu pior inimigo.

Liora deixou as asas saírem de suas costas, aproveitando momentaneamente a sensação que tinham naquele corpo, alçou voo, e mergulhou em direção ao chão, a luz escura saindo do seu corpo em forma de raios quando atingiu a areia, no centro da luta. Direcionou os raios para os humanos, livrando a elfo de todos que a cercavam.

—Você não devia estar aqui, Emeril! — Ela gritou, virando-a pelo ombro.

—E ela não está. Agora se afaste, eu cuido deles.

—Mas o... Você não é Emeril.

—Sou Liora, mãe dela. Agora faça o que estou dizendo, não tenho muito tempo.

—Finalmente resolveu lutar, dragão. — O líder dos humanos falou. — Sua pele vai ser perfeita para um tapete.

—Como eu gostaria que você tentasse me atingir, idiota. Vocês não fazem ideia quem eu sou.

—Muito em breve, não vai importar.

Ainda que em dúvida, Selen se afastou, vendo a dúzia de humanos caminhando em cautela na direção da feiticeira. Para a sua surpresa, ela levitou e cruzou a pernas, as mãos se unindo na horizontal em frente ao peito. Os olhos fitaram cada um, e quando as mãos se separaram, um globo negro de energia pairou entre ambas. Todos paralisaram, suas respirações ficaram pesadas, e lentamente, a areia começou a sugar todos para dentro. Não conseguiram gritar, o ar entrou denso em seus pulmões. Escorpiões, aranhas, e todos os animais que estavam na região seguiram em direção aos corpos e desferiram suas mordidas e picadas.

Um trovão rompeu do céu, o globo de Liora condensando o ar, formando nuvens no céu. Selen assistiu perplexa a chuva quente que começou a cair, molhando a areia, tornando-se a cada minuto mais forte ao redor delas e encharcando suas roupas. Liora usou a água para tornar a areia mais pesada, prendendo os humanos que lutavam para sobreviver. Selen estendeu as palmas, os olhos estreitos enxergando as gotas escuras que caiam do céu em sua pele. Ainda no horizonte era possível ver o sol, mas sobre suas cabeças somente as nuvens escuras desabavam sob o poder de Liora.

Liora somente fechou as mãos quando todos foram submersos na areia, mas com toda a concentração, não notou as lanças vindo em suas costas. Selen conseguiu segurar uma, mas a outra atingiu sua asa direita e perfurou seu ombro, sua concentração acabando com a dor ardente que sentiu. Caiu no chão, gem*ndo, os dedos retirando com uma sutil luz a ponta da lança.

Selen avançou contra o homem de calça branca, mas ele sorriu e se transformou, o dragão voando além para o céu. Praguejou, mas correu em direção ao corpo de Emeril, ajoelhando-se ao seu lado.

—Eme... Liora. Como está no corpo de Emeril?

—É um feitiço muito complicado. Não consigo manter por mais tempo. Ilis deve vir em breve.

—Isso é ótimo. Mas mesmo se Emeril acordar, ela não pode se curar.

—Eu sei. Preciso que esteja no meio do oceano em cinco horas. Há um feitiço nesse deserto, e eu não posso entrar.

—A minha terra ainda está longe.

—É a maior distância que vou pular.

—Pular?

—Você vai ver. Cruze cinco horas no oceano, então pare, lance a âncora e não saia do lugar.

—Liora... Emeril vai ficar bem?

—Sim, se fizer o que estou pedindo.

—Está bem. Vou cuidar do ferimento o máximo que puder.

Liora soltou um último gemido antes de desmaiar.

Fim do capítulo

Notas finais:

Hoje é dia 28, dia do orgulho LGBTQIA+ :) capítulo duplo, por que não?


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Comentários para 12 - Sobrevivência:
Lea
Lea

Em: 26/02/2022

Horas tensas!!!!!!


Resposta do autor:

Sobreviveeeeer! Um dia de caça outro dia de caçador!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 30/06/2021

Valeu!


Resposta do autor:

:D

Responder

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