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O Destino de Vonü por Alex Mills

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Palavras: 6475
Acessos: 811   |  Postado em: 26/06/2021

As derrotas possuem certas vitórias

—Você é uma idiota, Vonü.

Ela sequer contestou, mas eu não desisti. Se ela achava que podia falar comigo daquela forma ela estava enganada. Eu a segui até o quarto do nosso filho e esperei que o colocasse no berço antes de agarrar sua blusa e a virar para mim, ela segurou meus pulsos com força, mas eu a empurrei contra a parede para impedir que se afastasse.

—Você não tem o direito de me humilhar dessa forma. — Digo com raiva, o que só pareceu irritá-la mais. — Eu sou mãe do seu filho e exijo que me respeite.

—Então se dê ao respeito, Seul. Você deveria se manter no seu lugar.

—Não ouse me chamar dessa forma. Eu cheguei longe demais para você desmerecer isso. — Eu a bati contra a parede por reflexo, e isso foi o suficiente para fazê-la chegar ao limite, e me empurrar para longe de si. Eu tive que tomar cuidado onde pisava, mas encontrei equilíbrio no berço de Enuvië.

—Se quisesse que eu valorizasse seus esforços, você não teria quebrado minha confiança por causa de uma cadela no cio. — Ela ergueu a voz com tanta raiva e rancor que eu paralisei, porque nunca a tinha visto dessa forma. — Você não teria se comportado como uma idiota interesseira para começar. Não teria ficado atrás de um demônio que condenava para conseguir seus poderes. E para que? Você disse que queria honrar sua família, mas mudou seu nome na primeira oportunidade. Você esqueceu de onde veio e agora finge acreditar em Graah por causa daquela cadela.

—É o que você pensa? — Minha voz era pequena em comparação a fúria de Vonü.

—Se você tivesse um mínimo de fé em Graah, você nunca teria consentido que Veegan tivesse tocado em você nos dias mais preciosos de um ritual antigo. — Ela não gritou agora, mas havia um tom pesado e ácido que compensava o volume. — Você pediu perdão a Graah ou ao seu Jesus? Você compensou seus atos fazendo o que? Mudando de nome para tentar confundir a ira dos deuses? Você me enoja, Seul Wittebi.

—Não seja hipócrita. — Meu protesto saiu menor do que eu esperava, porque ainda estava em choque. — Você quis estar comigo. Você casou comigo. Tivemos um filho. E você está enojada por causa de uma noite que passei com Veegan?

—Estou enojada porque você é uma grande aproveitadora, Seul. Você me usou para ter os poderes, você se vendeu para tê-los. Ou você teria casado comigo se eu tivesse recusado te dar os poderes?

—Eu me casei com você porque achei que era o certo a se fazer. Achei que estar com você era meu destino.

—Seu destino ou seu tormento?

—Eu realmente achei que poderia esquecer Veegan como você tentava esquecer Hiver.

—Ao contrário de você eu não queria abrir as pernas para Hiver. Eu nunca voltaria ao lado dela porque eu nunca confiaria nela. Assim como eu nunca confiarei em você para manter sua palavra. — Eu sabia disso, mas ouvi-la dizer doía mais, e eu não sabia como consertar aquilo. Seu olhar amargurado me fez perceber que ela também não sabia se aquilo teria conserto. — Se eu fosse qualquer outro graahkiniano, eu te afastaria do meu filho. O que você ensinaria a ele? O ensinaria a mentir e a quebrar promessas?

—Eu o ensinaria as consequências de não cumprir com o que promete. — Olhei para o berço, para seu rosto confuso e irritado, e ele começou a chorar, mas eu o fiquei olhando, sentindo lágrimas nos meus olhos.

—Você é cristã. Eu nunca devia ter confiado que você saberia o valor de suas palavras. Para todos os graahkinianos, a palavra dada é mais sagrada que a escrita num papel. — Ela andou pelo quarto até a janela, suas costas voltadas para mim.

—Eu posso não ter crescido sabendo dos valores graahkinianos, mas isso não significa que não tenha aprendido agora, Vonü. — Digo devagar. — Eu errei com você e estou pagando o preço. Mas será que deixou de acreditar em tudo que conheceu de mim?

—Se você não é capaz de manter a única palavra que deu a mim, então todo o resto não valeu a pena conhecer.

—O que eu tenho que fazer, Vonü? O que tenho que fazer para recuperar o mínimo de confiança que você já teve em mim?

Suspiro, ela não me responde. Talvez eu nunca tenha essa resposta, afinal, porque talvez nem mesmo ela a tivesse. Eu peguei Enuvië em meus braços e busquei acalmá-lo, culpando-me por ter aquela discussão em seu quarto. Não dissemos nada enquanto eu o ninava, ela continuou na janela, com ar distante, enquanto eu tentava pensar em alguma alternativa, mas não parecia haver alguma. Eu tinha magoado Vonü definitivamente? Ou eu tinha que dar tempo a ela? As coisas ainda estavam recentes. Nosso filho só tinha algumas semanas de vida.

—Vonü?

Ela não disse nada, mas eu sabia que escutava. Quando Enuvië dormiu, eu o coloquei no berço e fui até a janela, tocando seu ombro, atraindo seus olhos para os meus. Eles estavam secos e avermelhados, sua recusa em demonstrar dor diante de mim. Vonü era honrada demais para sequer tentar me mandar embora de sua casa e da vida de nosso filho, mesmo que eu tenha colaborado para trazer desonra para a sua vida.

—Obrigada. — Seu cenho franziu, mas ela não falou nada. — Sem você eu não estaria viva hoje, sem você eu não teria tido a chance de mudar meu destino. Você me honrou mesmo quando seu povo me queria longe. — Ela me deixou ter a honra de ter derrotado o líder do povo do mar, e até hoje eu sabia que os graahkinianos só me aceitavam por esse feito. — Eu tenho orgulho de ter me casado com uma pessoa honrada como você, Vonü. E eu sinto muito que não possa mais me olhar como costumava olhar, com admiração ou simples reconhecimento por termos passado por tanto juntas. Se me afastar de Enuvië é a única forma que existe de te provar que valorizo minha palavra hoje mais que valorizei ontem, então faça isso. Eu não vou me opor ou criar um incômodo por isso. Eu só quero que tenha um pouco de fé que eu posso ter demorado a entender, mas eu aprendi, e não sou mais aquela mulher que você conheceu.

—Não, você realmente não é.

Ela se afastou de mim e saiu do quarto, eu sequer podia ler o que se passava atrás dos seus olhos. Eu a segui, exausta, e fomos pelo corredor. Ela desceu os primeiros degraus, mas parou. Eu parei logo ao lado. Eu achei que ela fosse se sentar, mas ao invés disso, ela caiu para frente, seus olhos se tornando brancos antes de fechar. Eu quase não acreditei. Eu me joguei para segurá-la, mas perdi o equilíbrio, e agarrada em seu corpo, minhas asas abriram para amortecer a queda, meu corpo absorvendo todo o impacto quando rolamos o resto da escada. No fim dos degraus, eu gemi de dor, mas Vonü estava mesmo desacordada. Ela simplesmente desmaiou no topo da escada.

—O que aconteceu? Estava tentando matar minha mãe? — Alinü tinha aparecido ali de repente, e ajudou a tirar o corpo da mãe de cima de mim, estendendo no chão ao lado.

—Estava tentando ajudá-la. Ela desmaiou.

—Ela tem uma ferida na cabeça. — Athen gesticulou, eu sequer sabia como elas chegaram tão rápido.

Vonü sangrava no rosto. Seu supercilio e o topo de sua cabeça sangravam num corte profundo. Eu estendi a mão para ajudar, mas Alinü a afastou, pressionando as próprias mãos sobre os ferimentos, buscando por outros mais graves. Eu fiz o mesmo comigo própria, mesmo que continuasse preocupada com Vonü, eu tinha que estar inteira para ajudá-la. Não havia ferimentos graves, eu tinha um tornozelo torcido, mas nada que me impossibilitasse.

—Maldição... — Alinü praguejou, atraindo minha atenção quando pressionou as mãos no ventre de Vonü. — Athen, vá buscar Volinüs. Isso é urgente.

—Urgente? — Pergunto, confusa. — Vonü está grávida?

—Não pare no meio do caminho, entendeu? — Alinü insistiu, sem desviar a atenção da garota. — Pegue meu casaco e vá correndo. Traga ela aqui, entendeu?

—Sim, irmã. — Athen moveu a cabeça e se levantou, seguindo para a entrada da casa correndo.

Alinü continuou me ignorando quando pegou o corpo de Vonü nos braços lentamente, equilibrando-a quando começou a subir as escadas. Reviro os olhos e a sigo, mesmo que meus músculos ainda não estivessem recuperados da queda, não havia nada que eu pudesse fazer com eles agora, e eu queria saber se ela estava bem. Fomos para o quarto de Vonü, onde ela foi colocada na cama, e Alinü fez uma segunda busca por ferimentos.

—Deixe-me ver como está o bebê. — Digo, aproximando-me da cama. — Uma queda não pode fazer bem se ela está grávida, e devemos saber se o bebê está bem.

—Se ela está grávida, quem deve estar aqui para decidir o que fazer é a mulher dela, não você. — Ela falou em tom cortante, impedindo que eu chegasse muito perto.

—Que deveria estar aqui e não está, então você decide isso. Quer que o filho de sua mãe morra por seu orgulho?

—Claro que não. — Ela me olhou com azedume.

—Eu tenho experiência em ver bebês. Deixe-me ver, Alinü. Não farei nada além disso.

—Está bem. Mas faça isso rápido. Volinüs não vai gostar de te ver aqui.

E não ia mesmo. Eu me sentei ao lado do corpo de Vonü e pressionei as mãos em sua barriga, concentrando-me. Foi difícil encontrar algo ainda tão pequeno dentro de Vonü, mas eu consegui, ela estava mesmo grávida, e eu podia identificar dois fetos se formando juntos. Olhei para Alinü, soltando um longo suspiro.

—Eu precisaria confirmar com o passar dos dias, mas Vonü vai precisar evitar esforços durante a gravidez se quiser que os filhos nasçam bem.

—Filhos? — Ela estreitou os olhos, e eu movo a cabeça para concordar. — A queda prejudicou a gravidez?

—Ainda é cedo para dizer, mas em minha experiência, se ela continuar se esforçando, pode prejudicar. São duas crianças. E com a rotina que ela tem... — Deixo que ela imagine onde queria chegar, suspirando quando seus olhos mostraram entendimento.

—Eu a farei parar. O povo sempre valoriza quando a líder está esperando um filho.

—Eu sei. E respeitarão mais se souberem que são dois.

—Que bom que estamos no fim do inverno. — Ela falou mais baixo, mais para si mesma.

Com isso eu sabia o que queria dizer: a luta com Veegan. Se ela ganhasse, ela assumiria o cargo da mãe e daria a honra de deixá-la descansar sabendo que tinha cumprido com suas obrigações e sua filha assumiria seu cargo, como deveria ser desde o começo. Eu ainda torcia por Veegan, é claro. Ela tinha liderado o povo por décadas, e sabia como fazer isso melhor que qualquer um. Mas eu preferia, de maneira egoísta, que ela tivesse outro destino e que passasse mais tempo com sua família, comigo, ao invés de passar mais décadas se dedicando ao seu povo.

—Você checou a cabeça? — Pergunto, e ela move a cabeça de maneira positiva, em pé, ao lado da cama.

—Mas eu não entendo muito disso. Ela já deveria ter acordado.

—Nisso concordamos.

Alguns minutos depois Volinüs entrou no quarto, acompanhada de Vaanë e Athen. Ela me encarou com fúria, eu sustentei o olhar porque não tinha nenhuma culpa naquela situação.

—Como ela está? — Perguntou para Alinü, contornando a cama e se posicionando ao lado da mulher no colchão.

—Ela bateu a cabeça, mas não sabemos se afetou algo dentro.

—Eu imaginei. Athen me contou tudo, então trouxe Vaanë. Ele é tipo um médico. Vai saber se afetou algo.

Vaanë me ofereceu um sorriso fraco em cumprimento antes de se sentar na cadeira ao lado de Vonü e tocar sua cabeça com cuidado, como se ela fosse quebrar. Nós esperamos, eu estava apreensiva, sentindo-me uma idiota por não ter agido mais rápido para prevenir danos a ela, mas o que eu poderia ter feito? Ela simplesmente desmaiou.

—Vou precisar observar nos próximos dias, mas eu não vejo nada fora do normal. — Vaanë deu o veredicto, então me olhou. — Você evitou o pior.

—Isso é bom. Mas mesmo assim, ela vai precisar de repouso. — Olho para Volinüs, estreitando os olhos. — A situação dela requer atenção.

—Que situação? Ela não tem danos. — Vaanë perguntou, claramente confuso.

—Eu já esperava por isso. — Ela me respondeu, desviando o olhar para o rosto de sua mulher antes de olhar para o irmão. — Vonü está grávida.

—Oh! Você, Voli! Mas que surpresa! — Ele se animou rapidamente, e teria abraçado o corpo da irmã se não houvesse uma cama entre eles. — Embora eu discorde dos seus métodos, estou feliz que tenha decidido levar isso a sério. — Se ele sabia dos métodos, Veegan deveria saber também, então eu obteria essa informação em breve.

—Tudo que eu faço eu levo a sério. Eu não teria filhos com um idiota que quer meu nome como recompensa. — Isso fez Vaanë rir, mas ela se voltou para Vonü, tocando seu rosto. — Ela é o melhor que podia ter aparecido em minha vida, eu não deixaria passar a chance de unir nossos sangues.

Então Vonü acordou, piscando os olhos, parecendo confusa, encarando a mulher e abrindo um sorriso fraco. Achava curioso ela sempre estar com sua antiga aparência, com os símbolos de Graah marcando sua pele. Eu não entendia como ela era capaz e porque nunca a usou antes.

—Eu não sei onde estou, mas Graah está me agraciando nas melhores das visões aqui, enviando uma tikëa para zelar por mim.

Tikëa, uma guerreira sagrada, ou uma ninfa. Há lendas de Graah enviando tikëa no leito de morte de seus guerreiros mais valiosos para amaciar suas dores de batalhas, e acalentar seus últimos suspiros. Teria soado romântico, é claro, Vonü chamar sua mulher de uma tikëa, se não fosse pela sensação amarga em meu estômago, alertando que eu não deveria estar ali.

—Você lembra seu nome, brava guerreira? — Volinüs sorria, movendo o corpo para cobrir sua mulher dos demais olhares, seus longos cabelos alaranjados fazendo uma cortina e cobrindo meu campo de visão.

—Eu lembro o seu, ki aterkinë, não soa melhor?

—Claro, é sempre um bom sinal quando acorda sabendo o nome da pessoa que se uniu. — Isso atraiu risos de Vonü, eu olhei para Vaanë e Alinü, que estavam desconfortáveis nas próprias peles. — Você sente alguma dor?

—Deveria?

—Você não sabe como veio parar em nosso quarto?

—Não? Eu lembro de ter acordado de manhã... E agora é de noite.

—Nada entre isso?

—Não, e sei que deveria, mas minha cabeça está doendo como se tivesse bebido mais do que pudesse contar. — Houve um movimento, ela tentou se levantar, mas sua mulher a manteve deitada, seu braço apoiado do outro lado dela e a impedindo de tentar outra vez. — Minha cabeça está girando. O que aconteceu, Lin?

—Você desmaiou, bateu a cabeça. Havia uma escada envolvida.

—Por Graah... Então nossos filhos...? — Havia desespero na sua voz, agitação nos seus movimentos.

—Estão bem, não se preocupe. Você precisa descansar agora.

—Mas-

—Não foi um pedido. Você tem que dar tempo para o seu corpo descansar.

—Está bem. Você ficará aqui?

—Como se eu pudesse recusar um pedido seu. — Ela somente fez um gesto, dispensando a todos do seu quarto.

Vonü estava bem, cedo ou tarde ela lembraria o dia que teve, e o melhor agora era ela esquecer. Que bem faria a ela lembrar das discussões? Eu preferia não lembrar, não quando eu sabia que nunca esqueceria a forma que ela me olhou naquele dia, com tanto rancor e tanta desconfiança. Eu sai do quarto com os demais, mas segui para o quarto de Enuvië, querendo ver meu filho mais uma vez antes de ir embora.

Ele ainda dormia, calmo e imperturbável, alheio a tudo que aconteceu a sua mãe. Ele era perfeito, tão inocente a dormir. Eu imaginava seu futuro, tão cheio de promessas, sendo filho de uma Vondelür, ele teria tantas opções que só o tempo diria o que ele seria, e eu queria ser capaz de estar ao seu lado para vê-lo se tornar um homem.

Volinüs apareceu no quarto alguns minutos depois, e me pediu para segui-la para fora do quarto, e então para o fim do corredor. Ela ficou em silêncio por alguns segundos, olhando-me de maneira intensa, eu sequer imaginava o que ela queria comigo além de me acusar de ter causado o acidente de sua mulher. Ela se aproximou e adentrou meu espaço pessoal, eu não recuei, esperando pelo seu desafio, mas ele não veio.

—Você salvou a vida dos meus filhos, eu sou grata por isso. — Ela falou em tom baixo. — Livrou Vonü de um destino escuro. Estou em grande dívida com você. Então me diz, o que você quer?

—O que? — Estreito os olhos, afastando-me um passo, incrédula do que estava ouvindo. — Eu não quero nada em troca. Vonü é a mãe do meu filho, eu a salvaria quantas vezes fossem necessárias.

—Eu não quero trocar nada com você. Eu só não quero estar em dívida com você.

—E você não está. Eu já estou aliviada que Vonü está bem.

—Eu não confio em você.

—Eu não preciso que você confie em mim. — Isso era verdade. Eu não precisava de nada dela. Da mesma forma que ela não queria estar me devendo algo, eu não queria pedir algo a ela.

—Mas quer isso de Vonü.

—E não é algo que dependa de você.

—Não, não é. — Ela suspirou, afastando-se um passo para trás e cruzando os braços. — Eu não confio em você, iria preferir que Vonü tivesse te afastado da criança. E vou preferir que você não tenha qualquer contato com meus filhos.

—Você não tem que se preocupar com isso. Veegan e eu já sabíamos que não teríamos qualquer participação se caso vocês viessem a terem filhos.

—E Athen me contou sobre a discussão que tiveram. Espero que isso não volte a se repetir, dado o estado delicado em que ela está.

—Não é como se eu tivesse planejado.

—Não me importa. Eu farei tudo para que nada nem ninguém estresse minha mulher e prejudique meus filhos. Eu já sabia que seria uma gravidez complicada, mas eu e Vonü concordamos em prosseguir.

—Você sabia que eram gêmeos?

—Ainda era cedo para dizer. Vonü queria esperar mais tempo.

—Você foi imprudente em deixar sua mulher sozinha sabendo das complicações.

—Um erro que não voltarei a cometer. Então vamos ao menos entrar num acordo, e não vamos mais arranjar discussões. Quero que Vonü descanse e relaxe, ela já fez demais por todo mundo aqui. Acho que é hora de retribuirmos.

—Estamos de acordo. Eu faria qualquer coisa por Vonü.

—Ótimo. Eu não vou me opor que continue vindo nessa casa, mas vou continuar não confiando em você...

—Você já deixou isso claro.

—E não confio nas intenções de Veegan se você continuar levando seu filho para a sua casa.

—Veegan não faria nada contra ele.

—Mas não faria nada a favor de Vonü. Eu conheço minha irmã a mais tempo que você a conhece como amante. Eu tenho a sensação de que ela ensinaria os costumes de minha família para colocar dúvidas na cabeça do garoto quando ele crescer.

—Eu não permitiria.

—Você não pode simplesmente garantir isso a Vonü, pode? — Eu não mentiria, somente porque era a primeira conversa verdadeira que tinha com ela. — Crie seu filho debaixo do teto de Vonü. Traga seus filhos aqui. Mas não o leve para sua casa, ou terei que alertar Vonü.

—Vou considerar sua sugestão. Veegan é minha mulher, e eu não estaria com ela se não confiasse nela.

—Então se considere alertada.

—Posso te dizer o mesmo. Não se descuide de Vonü.

Com isso eu fui embora. Andei todo o caminho para casa pensando em tudo que tinha acontecido hoje, e no que Volinüs tinha me dito sobre minha mulher. Eu sabia da rivalidade de Veegan por Vonü, mas eu duvidava que usaria uma criança a seu favor.

Já era tarde quando cheguei em casa, coberta em neve e com frio, as crianças já tinham ido dormir, mas Veegan ainda estava acordada em nossa cama, lendo um livro com a vela pela metade.

—Tire essas roupas, venha para a cama. — Ela falou, levantando os olhos do livro. — Prometo te manter quente.

—O que te faz ter tanta certeza?

Eu já estava tirando minhas roupas e colocando no gancho da parede ao lado do armário, para que a neve fosse derretida e a roupa limpa. Já em minhas roupas intimas, eu fui para a cama, e descobri o motivo da certeza de minha mulher em seu corpo nu e quente, quase fervendo sobre minha pele gelada. Deitei a cabeça em seu peito e entrelacei nossas pernas, sentindo-a colocar as cobertas sobre nossos corpos.

—Você demorou. — Ela comentou após alguns segundos, acariciando meus cabelos. — Aconteceu algo com Enuvië?

—Não. Ele está ótimo. Só... aconteceu muitas coisas hoje.

—Na casa de Vonü?

—Sim. Ela sofreu um acidente, quase rolou toda a escada se eu não a tivesse segurado.

—Caindo da escada? De repente? Ela está doente?

—Ela está grávida de gêmeos.

—Oh. — Seus dedos pressionaram nos meus cabelos, eu a olhei, estreitando os olhos, mas ela somente sorriu, parecia aliviada. — Finalmente.

—Finalmente?

—Sim. Finalmente Voli decidiu ficar com alguém de verdade, de maneira estável, definitiva. Achei que isso nunca fosse acontecer, mas parece que Vonü está a sua altura, afinal.

—Tenho que concordar, elas estão bastante envolvidas.

—Isso te incomoda?

—Não sei, para ser sincera. Eu não sei que tipo de influência Volinüs será para Vonü. — Suspiro, movendo uma mão pela coxa dela, que a inclinou, facilitando o contato. — Mas elas parecem apaixonadas, então acho que isso pode ser bom, afinal.

—A função da união delas era trazer paz para as famílias. Qualquer coisa além disso é melhor.

—Talvez tenha razão.

—Mas essa queda. Afetou alguma coisa?

—Não. Ela está bem.

—E você?

—Com algumas dores, mas amanhã estarei bem. — Sorrio, beijando seus lábios enquanto movia a mão para que chegasse no fim do seu abdômen e penetrasse no espaço quente e úmido entre suas pernas. — O que posso fazer para compensar sua espera, minha brava guerreira?

—Sea... você está afiada hoje. — Ela colocou o livro no criado ao lado, deixando que eu me posicionasse sobre seu corpo. — Não deveria ser eu a cuidar de você essa noite?

—Você pode, se me satisfazer com seus sons.

—Você quer acordar as crianças? — Havia um sorriso brincando no canto dos seus lábios quando apaguei a vela, não parecia realmente incomodada.

—Eu quero ouvir você dizer meu nome. — Digo contra sua boca, movendo os dedos no seu ponto sensível. — O nome de sua mulher.

Ela me obedeceu, e eu a recompensei com o melhor dos prazeres, ouvindo meu nome sair pelos seus lábios de maneira suplicante primeiro, então em plena admiração, seu corpo repousando no colchão imerso em prazer, anestesiado. Eu me deitei com ela, abraçando seu corpo, não deixando espaço entre nossos corpos, agora quentes e juntos.

—Vee? — Ela produziu um som, identifiquei que fosse para que eu falasse. — Você nunca usaria nada nem ninguém para ter vantagem, certo?

Ela não respondeu de imediato, ela segurou meu rosto com as mãos e acariciou minhas bochechas, sua respiração indicando que estava logo ali, perto demais. Eu achei que tinha dormido ou que não responderia, que seria deixada a margem de minha própria curiosidade e insegurança.

—Nenhuma vantagem substituiria a honra de conquistar algo com meu próprio mérito. — Ela falou com voz baixa, mas firme. — Eu sigo meus sentimentos, meus desejos, mas nunca acima dos costumes e dos ensinamentos de Graah.

—Eu já sabia, mas é bom te ouvir confirmando isso.

—Vou te confirmar sempre que quiser ouvir.

—Não será necessário.

Sua palavra me bastava, porque se não confiasse nela, não teríamos chegado onde chegamos. Então eu fechei meus olhos, segura de que ela me aqueceria o resto da noite, lembro de a ter ouvido fazer uma prece a Graah, pedindo tranquilidade em nossa noite, então adormeci em seus braços.

O inverno passou rápido demais, e com isso, quando a neve começou a derreter, eu sabia que a luta entre Veegan e a filha de Vonü tinha chegado. Era uma manhã com vento frio, Veegan estava acordada, sentada na beira da cama, parecendo meditar, mas não se incomodou quando sentei no seu colo. Não dissemos nada, houve um silêncio calmo no olho do furacão, nosso momento de paz antes da guerra. Não precisávamos ecoar em voz nossos receios, sabíamos que depois daquele dia nossas vidas iriam mudar, independentemente do resultado daquela luta. Não fizemos planos para depois da luta, sabíamos que podia significar a morte de um dos lados participantes, ao menos, assim ditava a tradição, e Veegan deixou claro que não hesitaria em cortar o pescoço de Alinü.

Nossa rotina seguiu naquele dia como qualquer outro, mas havia uma tensão no ar, porque todos sabiam o que iria acontecer ao anoitecer, e temiam o resultado. Há muitos meses, Alinü tinha dito que não mataria Veegan, mas eu me perguntava se continuaria pensando assim, depois de tudo o que aconteceu, depois do sofrimento que causei a sua mãe. Vonü intercederia se sua filha corresse um perigo fatal?

Teria que aguardar para saber, de qualquer forma. As crianças fizeram um pequeno ritual no meio da tarde, fazendo preces a Graah, enterrando as coisas que mais gostavam, abrindo mão de seus prazeres para pedirem pela vitória de Veegan. Eu fiz minhas próprias preces, enterrei um anel cheio de pequenas pedras brilhantes, então pedi que Graah enviasse sabedoria a minha mulher.

Eu a vi vestir sua armadura leve, protegendo a parte superior e deixando as pernas e os braços livres. Ela vestiu o cinto com a bainha de Lágrima de Sangue. Ela tinha cortado o cabelo naquela manhã, e tinha somente dois dedos de comprimento agora, talvez a deixando mais prática e livre para lutar. Eu parei a sua frente, segurando um pote com a mistura dos sangues de seus irmãos e o meu, molhei meus dedos, começando a escrever runas na pele de seu rosto e nas laterais dos seus braços, seguindo a tradição que os guerreiros faziam antes das guerras e de lutas importantes, marcando em sua pele as palavras de coragem e sabedoria de Graah.

—Você está quieta. — Ela me disse em tom sutil. — Está tudo bem?

—Você está indo para uma luta onde eu não sei se vai voltar para casa em pé, Vee, como você gostaria que eu estivesse? — Mantive meus olhos na tarefa de pintá-la.

—Você não teve visões?

—Isso importa? Eu preferia que você não quisesse tanto a liderança.

—O que você quer de mim, minha querida? Que eu me sentasse e esperasse Vonü espalhar pela cidade nossa desonra? — Ela segurou meu rosto, acariciando minhas bochechas. — Mesmo se eu perder, eu ganho, porque terei preservado a honra para os meus filhos.

—Seria tão ruim para você se simplesmente fôssemos embora da cidade e vivêssemos nossa vida em qualquer outro lugar?

—Você quer sair da cidade que ajudou a conquistar? — Claro que ela não me responderia diretamente.

—Não precisa ser para sempre. Seus irmãos não sabem que quebrei meus votos, mas evitam seguir os costumes e ensinar Greentur.

—Nós erramos, e estamos pagando o preço por isso, mesmo que seja através de nosso filho. Por isso estou indo para essa luta, para dar uma chance a ele de ter um futuro melhor.

—Mesmo que custe sua vida? Veegan... o que eu faria se perdesse você?

—Você faria a maior fogueira que essa cidade já viu, e festejaria minha morte, porque morri com honra, e feliz, porque estive ao seu lado no tempo que Graah nos deu. — Ela sorriu, genuinamente contente com seu destino. — Vramiër será ensinada por Vonü. Viverá com ela. Você cuidará do seu filho e de Greentur. Ensinará seus irmãos. Estará livre para viver com quem quiser.

—Eu quero você, Veegan. Pare de planejar essa morte. Desista dessa luta e vamos embora.

—Você viu minha morte? É por isso que está agoniada, minha querida? — Ela estreitou os olhos enquanto me encarava, buscando por uma resposta. — Morte é apenas uma fase, uma passagem para aqueles que passaram a vida lutando.

—Você já lutou demais. Você não deve nada a ninguém, Vee. Por que não viver ao lado dos seus filhos e você mesma ensiná-los?

—Porque Graah viveu lutando e construindo nossos destinos e moldando nossos costumes. Eu cresci dessa forma, seguindo cada costume. Não posso abandonar minha história agora, por mais que eu queira passar todos os meus dias ao lado de minha família e minha mulher. — Ela sorriu e beijou meus lábios. — Confie em mim, Seanë. Confie no destino.

Então a beijei com intensidade, pressionando meu corpo no seu, buscando não derrubar a bandeja com sangue enquanto tentava obter maior contato com seu corpo. Ela retribuiu sem hesitar, segurando minha cintura e aprofundando o beijo, guiando meu corpo para a nossa cama, deixando a bandeja de lado, buscando me satisfazer acima de se concentrar na própria luta em alguns minutos, e ela o fazia melhor que ninguém, afastando meus medos e trazendo segurança.

Fomos para o local da luta, na praia, parte da propriedade de Vonü, onde tinha sido combinado a luta. As crianças ficaram em casa aos cuidados de Ehfae, mas os irmãos de Veegan estavam lá, junto aos seus filhos mais velhos, sentados na areia numa parte mais alta. Vonü estava com a mulher sobre um pano grosso na areia mais à frente, perto da água do mar. Alinü estava em pé no centro, os cabelos presos em tranças, conservava aparência humana, e sua pele também foi marcada por runas, em sequência diferente das que fiz em Veegan.

Com a nossa chegada, eu fui para junto de Vigur e Vaanë, que estavam num silêncio tenso, mas manejaram um cumprimento quando me sentei entre eles. Trínia, a filha mais velha de Vaanë, somente moveu a cabeça em minha direção respeitosamente, já Vontrinür, o filho mais velho de Vigur, sorriu e apertou minha mão animado. Ele era já um homem adulto, com uma barba espessa, olhos confiantes, e tinha uma família com vários filhos.

Alinü teve uma conversa em voz baixa com Veegan, de forma que ninguém escutasse. Eu não sabia sobre o que seria aquela conversa, mas a resposta de minha mulher deixou a garota com ar sério. Então se afastaram alguns passos, Veegan tirou Lágrima de Sangue da bainha e se posicionou, enquanto Alinü também pegava sua espada, era difícil ter certeza quando a lâmina era invisível a olhos nus.

Mas ela não atacou primeiro, esperou que minha mulher atacasse, que o fez com cautela, avançando e investindo um golpe na diagonal, que Alinü desviou com um passo para o lado, segurando o punho de Veegan e socando seu rosto com selvageria. Afinal, ela não tinha pego Sopro da Morte, e usava a vantagem de sua invisibilidade para atacar com as próprias mãos. Não era contra as regras, mas uma vantagem que ela fazia uso sem hesitar.

Veegan chutou seu estômago para afastá-la, mas o dano foi mínimo em relação ao sangramento em seu supercilio e seu lábio, que atrapalhariam sua visão e sua concentração. Ela cuspiu sangue no chão, então teve que desviar da investida de Alinü, que parecia cortar o vento com sua espada, e dessa vez a segurava, porque houve o som de lâminas se chocando. Então houve uma sequência de golpes, mas todos eram aparados, e nenhuma se feriu nos próximos minutos.

Vonü tinha olhos estreitos na luta, sussurrando comentários para Volinüs, que estava em suas costas, agarrada em seu corpo como um filhote de macaco. Ainda havia uma brisa gelada que soprava do oceano, Vonü deveria estar em forma de voulcan para se esquentar, mas ela insistia em manter os símbolos graahkinianos a mostra.

Alinü investiu com golpes rápidos e estratégicos, era uma grande mudança desde nossa luta, ela parecia calcular muito mais que antes, quando atacava de modo constante, sem abrir espaço para o oponente atacar. Agora sua leitura dos movimentos de Veegan a tornavam perigosa, ela conseguia reverter os ataques e encaixar os seus de forma a quase acertar definitivamente Veegan, mas a experiência de minha mulher a auxiliava a desviar e acertar seus próprios golpes.

Era uma luta incrível de se ver. Alinü tinha amadurecido o suficiente para desafiar Veegan, uma guerreira com muitos mais anos de experiência que ela, e não demonstrava medo ou hesitação. Elas estavam lutando para matarem uma à outra. Agora eu entendia o que tinham conversado antes da luta, tinham combinado de lutarem até o fim. Vonü permitiria que sua filha morresse? Eu permitiria que Veegan fosse tão longe?

Então em algum momento Alinü hesitou diante de seu ataque, e Veegan usou isso para derrubá-la no chão com um chute em sua perna, o som do osso se rompendo preenchendo o ambiente junto do gemido de dor dela. Então Veegan estocou com Lágrima de Sangue em direção ao coração de Alinü, que parecia desarmada, mas não surpresa pelo ataque. Ela se deixou cair? Eu vi sua mão esquerda segurar a lâmina de Veegan mesmo apesar da dor que ela causava ao contato, desviando seu percurso, então girou o outro braço, e Sopro da Morte foi alimentada com sangue quando cortou a mão de sua oponente, que deixou a própria espada cair e urrou de dor. Alinü chutou sua barriga e a fez cair na areia, então segurou o cabo de Lágrima de Sangue e imobilizou os braços de Veegan com suas pernas ao sentar em cima dela, ambas as lâminas pressionadas em seu pescoço.

—Desista. — Alinü falou alto para que todos escutassem.

—Termine isso de uma vez. — Veegan vociferou, frustrada.

—Você tem uma família para cuidar. Se eu te matar agora eles serão separados. É esse o futuro que você quer entregar para eles?

—Que futuro eu daria se desistisse numa luta?

—Você será líder do exército. Do meu exército. — Isso calou minha mulher, isso pausou a respiração de todos, porque eu duvidava que imaginavam uma proposta dessa. — Então será passado ao seu filho mais velho, e ao filho mais velho dele.

—Você está dando sua palavra?

—Sim, estou. Desista de ser líder dos graahkinianos, e aceite a liderança do exército.

—Eu aceito.

Eu respirei aliviada e me levantei, incapaz de esperar mais tempo, Alinü se levantou, apoiando Sopro da Morte no chão como uma bengala para se manter em pé, sua perna direita ainda tinha um formato estranho. Eu corri até Veegan, que se sentava na areia, e a abracei com força, aliviada.

—Estou bem, querida. — Disse baixo, acariciando meus cabelos. — Só estou sangrando.

—Oh, desculpa.

Eu me afastei e peguei sua outra mão, avaliando o dano, mordendo o lábio. Ela tinha perdido metade da mão e metade do polegar, e não havia nada que eu pudesse fazer para recuperar isso. Então pressionei os dedos no corte e cessei o sangramento, oferecendo um beijo para amenizar a tensão. Fiz cicatrizar o corte no seu supercilio e nos seus lábios, os que estavam em seus braços não eram graves, então deixei para olhá-los depois. Eu a ajudei a levantar, e Alinü estendeu Lágrima de Sangue para ela, que pegou com a mão esquerda. Era bom que ela podia lutar com ambas as mãos.

—Minha palavra será honrada, Veegan Del Trhonttier. — Alinü falou com seriedade, e a vendo agora de perto, percebi todos os ferimentos em seu rosto e na pele visível dos seus braços, além do cansaço pelo esforço da luta. Elas tinham lutado por igual, eu não poderia desmerecer seus esforços, e por isso estendi a mão.

—Você lutou muito bem, Alinü. — Digo com sinceridade, e internamente agradecia por ter poupado minha mulher, mas se ecoasse isso, Veegan ficaria frustrada.

—Obrigada. — Ela apertou minha mão com firmeza, olhando em meus olhos. — Que o futuro traga melhores laços em nossas famílias.

—É o meu desejo.

Veegan guardou sua espada e estendeu a mão para Alinü também, reconhecendo seu mérito e aceitando sua derrota.

—Foi uma luta justa. — Assumiu, apertando sua mão.

—Sua fama é verdadeira com uma espada em mãos, estou feliz que sejamos aliadas.

Então Vonü se aproximou e abraçou a filha com carinho, sussurrando palavras em graahkiniano em seu ouvido. Os irmãos de Veegan também se aproximaram e elogiaram sua luta, lamentando a perda de sua mão, mas ela não se deixou abalar, estava conformada.

—Diante de nossas famílias, Alinü saiu vitoriosa, e com isso, será nomeada líder do povo graahkiniano. — Vonü anunciou em seguida, olhando para todos. — Se alguém tem alguma objeção em relação a isso, diga agora.

—Claro que não. — Veegan garantiu. — Todos aceitarão sua liderança.

—Se ninguém tem mais nada a dizer, darei a luta como encerrada oficialmente.

—Assim sendo, quero ser a primeira a te parabenizar. — Trínia avançou um passo e parou em frente a Alinü. — Graah te dará forças e coragem para a sua nova jornada.

—Obrigada. — Ela sorriu em resposta, pegando a mão da filha de Vaanë e acariciando antes de pressionar os dedos em seus lábios. — Graah me concederá a sabedoria para realizar seus desejos. — Aquilo era enigmático, até mesmo para ela, então olhei para Veegan em busca de explicação.

—Vonü estava buscando alguém para unir sua filha. — Sussurrou no meu ouvido. — Talvez tenha achado.

—Isso é inesperado. — Assumo, envolvendo sua cintura para oferecer apoio ao seu cansaço.

—Já era esperado. Voli é estrategista, sabe que nossa sobrinha é mais velha que Alinü e tem mais experiência em batalha e conhece os graahkinianos a mais tempo. — Ela explicou, Vaanë tinha se aproximado de Alinü e fazia seus desejos a ela. — E não há muitas famílias antigas que estariam à altura de uma Vondelür, a menos que a filha de Vonü tenha se apaixonado por algum bastardo.

—Não. Alinü não mantêm esse tipo de interesse pelas pessoas. Não depois de Hiver.

—Bem, talvez isso comece a mudar. — Ela passou um braço nos meus ombros. — Vamos voltar para casa?

—Claro.

Sorrio para ela, ajudando-a a caminhar em direção a nossa casa. Ela estava viva e ficaria bem. Estávamos voltando para casa.

Fim do capítulo


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Comentários para 26 - As derrotas possuem certas vitórias:
Lea
Lea

Em: 14/08/2021

Nem respirei,a luta em fim foi justa! A Alinü aprendeu muito,se tornou uma mulher e espero que se torne justa e de palavra como a mãe!!

Vonü grávida de gêmeos,amei!!


Resposta do autor:

Sim, sim, luta justa :D foi tipo uma luta de olimpíadas ehehe

Vonü gravidíssema, entrou na promoção do pague um leve dois ahahahah

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