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Amor incondicional por caribu

Ver comentários: 8

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Palavras: 3345
Acessos: 2040   |  Postado em: 22/06/2021

Vinte e oito

Bianca caminhou até ali com pressa, em passos largos. Se sentia fazendo algo quase proibido, que beirava o incorreto, quiçá o imoral. Tinha a impressão de estar desobedecendo a uma ordem expressa que ela mesma havia se imposto – e exatamente por isso precisava ser rápida. Quanto antes chegasse ao destino, mais difícil seria de desistir do seu propósito.

Se não fosse assim, não iria de nenhum outro jeito.

Nesse momento, o seu já conhecido turbilhão de pensamentos se dividiu em várias vozes, e algumas gritavam, um pouco incontidas, notavelmente insatisfeitas, desesperadas com a decisão tomada. Havia um cabo de guerra, mental, a favor e contra, e Bianca desviava de ambos, gritando para si mesma: “já estou aqui, agora vamos!”.

Seus pés pesavam quase uma tonelada cada, mas ela insistia, mantendo o ritmo.

Ao sair de casa, não imaginou como faria exatamente para chegar àquele consultório. Não tinha a menor ideia de onde ficava, e qual ônibus deveria pegar, mas de alguma forma sabia que até o final da tarde estaria frente a frente com Beatriz. Hoje em dia com o celular na mão qualquer pessoa vira detetive, e encontrar um endereço não exige muita habilidade (até Joaquim, se duvidar, conseguia).

Fábio tinha comentado algo sobre ser um prédio na quadra da praia, uma esquina para dentro, e os pés de Bianca, cientes de tal fato, incrivelmente a levaram diretamente para aquele edifício. Confirmou com o porteiro apenas para desencargo de consciência, porque viu o nome de Beatriz na plaquinha da parede, e então entrou no elevador.

Seu coração batia forte quando chegou à recepção do consultório e suas narinas registraram automaticamente o cheiro doce de uma essência que, por um motivo desconhecido, a acalmava, mas também remexia alguma coisa dentro dela. Só mais tarde reconheceu aquele como sendo o aroma do perfume de Beatriz.

Notou a ausência de sons naquele lugar e estranhou a falta de mais pacientes aguardando na recepção. Ou o expediente estava próximo do fim, ou Fábio tinha exagerado quando mencionou o “intenso fluxo de pessoas” naquele lugar, que estava literalmente entregue às moscas. Muito diferente das salas de espera a que ela estava acostumada.

Ouviu sua própria voz se anunciar como alguém que viera através de uma indicação. “Cícera”, ela disse. Ao pronunciar, não tinha muita certeza se era esse mesmo o nome da mulher que Fábio tinha mencionado, a tal vizinha da irmã de Teresa. Mas Bianca percebeu que a recepcionista balançou a cabeça, depois de uma olhada breve no relógio em seu pulso e, com um sorriso, pediu que ela sentasse e aguardasse.

A sala de espera era ampla e bem iluminada, com várias orquídeas exibindo cachos de flores coloridas. As gravuras expostas nas paredes amplificavam a sensação de relaxamento e Bianca tentou organizar os pensamentos, reconstituindo todos os fatos que a levaram até ali.

A verdade é que desde o churrasco do aniversário de Joaquim, ela pensava muito pouco em Beatriz. Evitava pensar – nela e no que disse para a médica. Tinha realmente gostado de conversar com a mulher e ao recordar da cena feita na cozinha de sua casa, sentia sempre o coração se comprimir de vergonha.

Para Teresa, disse que seu comportamento foi estimulado pela bebida; afirmou que estando sóbria jamais teria dito as coisas daquela maneira, e que isso era totalmente compreensível e desculpável. Se um dia tivesse a oportunidade de se desculpar, garantiu, o faria.

Ela já tinha tido problemas no passado provocados pela sua franqueza, grotesca, e detestava sinceramente o fato de ter magoado Beatriz. Porque por mais que ela não tivesse demonstrado, Bianca sabia que a tinha machucado. E, no fim das contas, para quê?

O que importava para ela, de verdade, se Beatriz e Fernanda eram um casal? As duas pareciam ser boas pessoas, e Bianca conhecia tanto homem que não prestava, via tantas mulheres sofrendo, dentro de casa. Aí se tocou que quase não via na tevê, ou na internet, algo falando de violência doméstica entre mulheres. Deveria haver, certamente, mas não em níveis que virassem notícia.

Beatriz não fazia o tipo que espancava, tampouco Fernanda, que estava sempre com aquele sorriso.

Além disso, sempre que podia, Joaquim perguntava por Beatriz. A princípio, Bianca imaginou que seu interesse fosse pelo fato de ele ter ganhado dela aquele boneco do Homem Aranha, que ele mantinha sempre por perto. Mas com o passar do tempo, notou que invariavelmente o enteado perguntava por aquela que ele chamava de “a mulher que foi embora antes do fim da festa”.

Somado a este fato estava o comentário de Beatriz sobre sua familiaridade com a casa, que Bianca morava desde que se entendia por gente. Ela notou naquela noite que a mulher realmente estava intrigada e se esforçava em buscar na memória o porquê daquela sensação.

Beatriz só pareceu ter sossegado depois de convencida de que nunca naquele lugar existiu nenhuma árvore. Mas depois que Bianca encontrou aquela foto antiga, de sua mãe no quintal, debaixo de um enorme pé de manga, quem não tinha conseguido sossegar era ela.

 

- A senhora já pode entrar – Cíntia chama, apontando para a sala de Beatriz – A doutora Beatriz já vai te atender.

- Agradeço – Bianca responde, baixinho, entrando na sala.

 

O cheiro ali dentro era ainda mais forte e por uma fração de segundos, Bianca se perguntou se era normal se sentir tão bem devido ao cheiro de outra mulher (sendo hétero, ela correu em se afirmar). Desconcertada, sentou-se na cadeira que havia em frente à mesa de vidro, meticulosamente organizada.

 

- Por favor, pode se sentar. Vou apenas lavar as mãos e já estou indo –Beatriz diz, sem encará-la, caminhando em direção à porta, que provavelmente era o banheiro.

 

Bianca estranhou a falta de um divã. Sempre imaginou que psiquiatras tinham divãs em seus consultórios. Olhando em direção à janela, reparou em uma estante repleta de livros. Aquele monte de títulos empilhados lado a lado pareciam querer convencê-la de que dificilmente um dia as duas poderiam ser amigas; afinal, o que conversar com aquela mulher que agora retornava à sala, quando ela própria se divertia lendo apenas revistas de fofocas?

 

- Desculpe por fazê-la esperar – Beatriz diz, olhando finalmente para a mulher, que a encarava com certo receio – Bianca? Olá! Eu não sabia que... Não imaginei...

- Me desculpe por não ter marcado horário – Bianca interrompe – Me desculpe por tudo, na verdade.

 

Beatriz senta em sua cadeira e observa a mulher à sua frente. Há quanto tempo não a via? Uns cinco ou seis meses? Por que agora ela aparecia de repente, e pedindo desculpas? Estaria sendo corroída por alguma espécie de sentimento de culpa? Ou passando por alguma dificuldade?

Mesmo sem saber exatamente o que a outra buscava ali, tudo o que Beatriz conseguiu pensar foi em seu jantar e na surpresa que pretendia fazer para Fernanda. E nos seus planos que se atrasariam, graças à Bianca.

 

- Você está bem? – ela pergunta, cautelosa – O Fábio e o Joaquim? Eu soube que a mãe do menino passou por uma internação há algum tempo. Soube que não foi lá muito fácil.

- Estão todos bem, sim. Até a Regina, já está melhor.

- Uma amiga da faculdade cuidou dela enquanto ela esteve internada no hospital – Beatriz revela, pegando um bloco de anotações, grosso, de dentro da gaveta – Ela ficou impressionada com a vontade de viver daquela mulher. Os outros médicos já tinham dado o caso dela como terminal, ela superou muitas expectativas.

- É, ela surpreendeu mesmo, e lutou bastante. Ainda está batalhando. Agora está internada em uma clínica para se livrar de vez da dependência química. Parece disposta a mudar.

- Fico feliz em saber – Beatriz suspira, e dá duas batidinhas rápidas com a caneta sobre a mesa. Deu uma rápida olhada no teto, antes de continuar – Olhe, Bianca, me desculpe pelo que vou te dizer agora, mas eu já estava de saída e quero saber se nós podemos remarcar essa nossa conversa para amanhã, podemos combinar bem cedo, eu posso chegar um pouco antes. Considerando que não seja nada urgente!

- Sim, não, claro. Na verdade, não pretendo nem demorar. Imaginei mesmo que estivesse ocupada, e além do mais imaginei que você ainda poderia estar chateada comigo porque...

- Chateada com você? – Beatriz interrompe. Tinha no rosto algo próximo de um sorriso, mas não chegava a ser um. Seus olhos faiscavam – De maneira alguma, Bianca. Acredite: eu não sou do tipo que guarda mágoas ou ressentimentos. De ninguém. Tenho um amigo oncologista que pode até discordar, mas eu acredito que mágoas são como o câncer. Só fazem mal e a cada dia estragam alguma coisinha a mais, aqui e ali. Então esses são pesos que eu definitivamente não carrego. Palavras lançadas não são necessariamente armazenadas. Não comigo.

 

Bianca observa a mulher. Realmente, Beatriz não parecia chateada. Não, ao menos, pelo que teve que ouvir naquele churrasco, alguns meses atrás. Não fazia mesmo o tipo melindrosa. Mas algo a deixava com um que de irritação no olhar, parecia impaciente. Imaginou que talvez tivesse a ver com o fato de que Beatriz já estava se programando para ir para casa quando ela chegou (e nem tinha marcado consulta, era uma impertinência mesmo).

Bianca também se irritava quando as portas do mercado já estavam fechando e chegavam aqueles clientes sem noção, que a deixavam presa no trabalho além do horário estipulado. Se sentiu mal porque percebeu que estava agindo exatamente da mesma maneira.

 

- Olhe, desculpe, eu prometo que vou ser rápida... Já faz alguns dias que eu venho considerando a possibilidade de vir aqui conversar com você – Bianca fala, acompanhando Beatriz se levantar e servir em dois copos algo que parecia suco, ou chá gelado – O que mais me impedia era o fato de você achar que eu sou maluca. Mas aí me toquei que você... – ela levanta a mão no ar, como se procurasse a continuação para a sua frase.

- Você se tocou que eu cuido de maluco? – Beatriz pergunta, diante do silêncio de Bianca, sentando-se com um sorriso breve – Não acho que essa designação seja a mais correta. Até porque, não podemos nos esquecer que o seu marido se consultou comigo durante um tempo e isso não faz dele um louco.

- Sim, claro, eu sei. Não era isso que eu ia falar, desculpe. Quer dizer, na verdade era, mas...

- Pode ser direta, Bianca – Beatriz interrompe, a estimulando – Pode me falar o que está te afligindo tanto, sem rodeios, sem firulas. Pode, inclusive, falar exatamente o que se passa na sua cabeça, sem se importar com o que eu vou achar ou pensar a respeito. Nós duas sabemos que você é muito boa nisso.

- Eu...

 

Bianca suspira, um pouco aflita. Tinha sido tão difícil chegar até ali, que ela se frustrava por não estar conseguindo falar o que precisava. Porque não sabia como falar! Sentiu vontade de dizer exatamente o que estava passando na sua cabeça e quais eram as dúvidas que mais agitavam seus pensamentos nos últimos dias, a impedindo até de conseguir dormir direito à noite. Mas aquilo tudo não dizia respeito só a ela; afetava também, e diretamente, a mulher que a olhava agora, impaciente. Então, precisava ser cautelosa.

 

- Eu preciso te perguntar uma coisa.

           

Beatriz contrai os olhos e foca no rosto de Bianca. Não imaginava o que vinha pela frente e tudo o que pensava é que queria só estar longe dali, se arrumando para Fernanda. Distante de Bianca.

De fato, não guardava mágoa e nem rancor de ninguém. Mas pessoas como Bianca – que falavam o que queriam, na hora que bem entendiam, e depois a procuravam, todas solícitas – mexiam com seu humor. Era uma pessoa caridosa, mas com limites.

Preparava-se para dizer algo que a incentivasse a revelar, enfim, o que tanto a perturbava, quando o telefone começa a tocar. Um suspiro alto foi percebido entre o primeiro e o segundo toque. Cíntia sabia, mais do que ninguém, que era terminantemente proibido transferir ligações para a sua sala enquanto estivesse atendendo alguém.

 

- Desculpe, doutora Bia! – Cíntia se apressa-se em dizer – Eu sei que você não gosta que ligue enquanto está atendendo, mas a dona Cícera telefonou e me fez jurar que te passaria um recado. Ela disse que tinha que ser enquanto você estivesse com essa paciente na sala.

- Ah, Cíntia – Beatriz reclama, em um suspiro.

- Ela falou para você não se esquecer que “apelido” é sinônimo de “sobrenome”. E que o que não é fácil, também não é difícil.

- Ora, mas é tudo o que eu precisava: a esta altura do dia ter que me confrontar com as charadas enigmáticas da Cícera...

 

Desligou o telefone e, aborrecida, constatou que estava absolutamente irritada (ou seja, totalmente fora do controle de uma situação que exigia dela o seu total domínio). Pediu licença para Bianca e foi até o banheiro. Lavou o rosto e se encarou por alguns segundos no espelho.

Imaginou que algo excepcional poderia mesmo acontecer naquele dia, mas achava que tinha a ver com a ansiedade relacionada ao evento de logo mais à noite, ao seu pedido de casamento, seu jantar de gala, mas agora percebia o quão errada ela errada. E por alguma razão, só agora pensava que Cícera tinha servido chás diferentes para ela e para Fernanda de manhã. Estranho.

Na sala, Bianca via no visor do celular uma ligação de Fábio, mas desliga. Aquele definitivamente era um horário impróprio para ligações.

 

- Desculpe – Beatriz fala, voltando a se sentar – A Cícera gosta de me pregar algumas peças, às vezes.

- É sua mãe?

- Não – ela responde, voltando a atenção para o bloco de notas, que permanecia em branco. Não pretendia dar nenhum detalhe de sua vida para aquela mulher. Percebeu então que, na ausência de anotações, Bianca tinha sido interrompida justamente quando finalmente ia perguntar (o que quer que fosse) – Você dizia...?

- Se importa em me dizer qual é a charada? – Bianca retruca.

- O quê?

- A “charada enigmática” a que você se referiu, do seu telefonema. Se importa em me dizer qual é?

- E por quê? – Beatriz pergunta, se recostando na cadeira.

 

Era fascinada pelas perguntas que seus pacientes faziam e aquela era, sem dúvida, a mais bizarra de todas. Porque nem tinha relação com nada!

 

- Me disseram uma charada uma vez – Bianca comenta, como que argumentando – Uma mulher, me abordou lá no mercado em que eu trabalho. Ela de certa forma me alertou que eu perderia o meu bebê.

- O Fábio nunca comentou sobre isso.

- O Fábio nunca levou isso a sério – Bianca responde, sentindo seu coração apertado. Há tempos não tocava nesse assunto, que ainda era delicado – Mas eu, sim. E entre outras coisas, ela disse: “cuidado com as bolhas de sabão, Bia”. Eu tropecei, e perdi o bebê, porque o Joaquim bebeu água com detergente, que ele usa para brincar, fazendo bolhas de sabão. Havia bolhas quando eu caí, eu vi, antes de desmaiar. Como você acha isso possível?

- Hum – Beatriz parecia intrigada, e passava a mão pelo queixo, pensativa. Provavelmente já tinha escutado Fábio chamar a esposa assim. Mas só agora realmente percebia – E ela te chamou de Bia?

- Sim, é meu apelido. Minha mãe só me chamava assim. Mas no meu crachá só aparece o meu nome.

 

Beatriz não consegue controlar um suspiro, longo. Sua cabeça começa a latejar, uma dor afiada no lado esquerdo, mas ela parecia não perceber. Se lembrava do pai, sem querer. “Você é especial como eu, Beatriz”, ele dizia. “Acredita quando eu digo que sua mãe só foi útil para me dar você?”, Antônio perguntava, geralmente após duas ou três doses de uísque, quando Beatriz ainda era criança. Invariavelmente, ela respondia balançando a cabeça, negativamente. O que poderia dizer de alguém que nem tinha conhecido? “Mas o pouco que aquela mulher fez, fez bem: te deu a vida e o nome. Combina muito com o meu sobrenome, fica muito glamoroso”.

Antônio nunca a chamou pelo apelido, em toda a sua vida. E em vários momentos, especialmente durante a infância, Beatriz se perguntava de quem era a voz que repetia seu nome de maneira tão melódica, várias vezes: “Bia Nogueira”.

Aquela era uma memória antiga, quase apagada, mas existente! Era real! E agora voltava à tona com força – aumentando o latejar na lateral de sua cabeça, que novamente suspirava.

 

- “Apelido é sinônimo de sobrenome” – ela finalmente responde, como se voltasse de alguma espécie de transe – Parece que as minhas charadas são mais difíceis que as suas, Bianca.

- Não tenho tanta certeza disso – ela responde, apertando delicadamente o lado esquerdo da cabeça. Tudo o que não precisava agora era aquela dor que a deixava sempre mal humorada.

- Você está bem? – Beatriz pergunta, vendo a mulher fazer uma careta.

 

Notou as duas sentiram dor quase simultaneamente. Antes que bitolasse, Beatriz se levantou com um pulo e fingiu procurar algo na cômoda próxima à parede. Se sentiu nervosa. Sua cabeça estava a mil e ela se esforçava para se manter serena.

 

- É só uma dor chata, nada demais. Enxaqueca – Bianca responde, parando de tocar o rosto para enfiar as duas mãos na sua bolsa – Olhe isso. Quero que veja essa foto.

 

Beatriz parou ao seu lado e examinou a fotografia que a outra estava entregando. Reconheceu o lugar de imediato, mas não sabia o que fazer com os seus pensamentos, que nesta hora, deram um nó.

Seria possível estar vendo aquilo? Seus olhos pregavam alguma peça à sua mente?

 

- Que brincadeira é essa? – ela se ouviu perguntando, meio balbuciando.

- Eu esperava que você pudesse me dizer – Bianca responde, cruzando os braços, de maneira um pouco petulante – Você tinha dito, antes de eu encontrar essa foto, que tinha uma árvore no quintal da casa em que eu nasci.

- Sim, mas...

- Mas o problema nessa fotografia não é a árvore – Bianca continua. Agora era a vez de Beatriz ficar calada – Na verdade, eu vim aqui na esperança de que você me esclarecesse alguns detalhes.

- Eu me lembrava mesmo dessa árvore – Beatriz comenta, como se não ouvisse mais nada além das batidas de seu coração, que estava agitado, quase dando pulinhos. Sentiu no começo uma espécie de pânico, um quase surto, mas depois pareceu que era como se uma peça faltante no cenário (sua vida!) finalmente se apresentasse, e as coisas pareciam fazer mais sentido agora – Eu me lembrava desse lugar, exatamente desse jeito. Essa árvore, essa sombra...

- Beatriz? Você não vê?

 

Beatriz desvia da foto e encara Bianca. Ao contrário de si mesma, não havia um sorriso naquele rosto e era notável que uma pontada de mau humor começava a brotar em seus olhos cor de mel. Isso fazia com que sua feição estivesse completamente diferente de quando ela entrou no consultório, minutos antes.

 

- Desculpe, Bianca. Mas eu não sei exatamente de que maneira eu posso te auxiliar – ela diz, sentando-se desta vez ao lado de Bianca, devolvendo a foto – E sinceramente, eu também não sei como foi que eu poderia me lembrar de uma árvore que tinha na sua casa e que nem você se lembrava! Não sei como é possível, de verdade.

- Você ainda não entendeu, Beatriz... – Bianca resmunga, olhando mais uma vez para a foto em suas mãos.

- Então me ajude a entender! – Beatriz reclama, já sem paciência, pegando a fotografia novamente, e sem muita classe, das mãos de Bianca.

- Essa foto é na minha casa, e esta mulher é a minha mãe. Mas não sou eu no colo dela.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 28 - Vinte e oito:
Alex Mills
Alex Mills

Em: 06/12/2021

Coitado do Fábio. Moveu tantos palitinhos para pesquisar o tal "irmão" e deu erro. Bianca bateu os olhos e viu que tinha caroço nesse angu.

A velhinha do mercado era a Cicera?  :O


Resposta do autor:

 

Eita que a psicóloga tá lendo rápido hj!rs

Coitado do Fábio msm. Mas que bom que deu com os "burros n'água". Faz bem pro enredo rs

Serasse a velhinha do mercado era Cícera?

Oq vc acha?

Eu acho que sim, e vc?rsrs

Beijos!

 

Responder

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Andreia
Andreia

Em: 08/11/2021

Nossa que bomba a Bia. Jogou na Beatriz em.....

 

Abraços.


Resposta do autor:

 

Eu tenho dó da Beatriz!rs

É minha personagem querida, e meu coração sempre se contrai quando ela fica mal!

Beijos, boa leitura!

 

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Drea
Drea

Em: 12/07/2021

Acho que Cícera é vc. Só acho, kkkk


Resposta do autor:

 

hahahahahahahahahahahha

Ri alto!

Grata! <3 

Responder

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cris05
cris05

Em: 22/06/2021

Autora, não me mate, mas não tem nenhuma possibilidade de um capítulo duplo? Só dessa vez? Se não der não tem problema, é só pra saber se eu devo aumentar muito o meu estoque de chazinho rsrs. 


Resposta do autor:

 

hahahaha

Eu posto sempre quando termino o capítulo seguinte... aí não consigo postar dois no mesmo dia rs

Mas vou tentar ser menos procrastinadora e mais produtiva! Prometo me esforçar! Aí escrevo mais de um e posto mais de um rs

Beijos!

Responder

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Lins_Tabosa
Lins_Tabosa

Em: 22/06/2021

Agora que vamos ver como vai ser! Acho que melou o jantar da bia Beatriz! E com foi pra bia Bianca descobrir que não era ela na foto com a mãe?!  Nossa que confusão, minha gente. 

Estou louca pela continuação, que chegue rapidinho.

 

Abrs, o/


Resposta do autor:

 

rsrsrs

A continuação virá em breve, prometo!

Nem tenho mais jogado videogame! Só escrevo rsrsrs

Beijos!

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 22/06/2021

Eu sabia e agora ?


Resposta do autor:

 

Eu sabia tb rsrs

Agira a gente aguarda o desenrolar rsrsrs

Beijos!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

cris05
cris05

Em: 22/06/2021

Que nossa senhora da curiosidade me ajude!

O que será que a Bia Beatriz vai falar?

E o jantar, gente? Ai que aflição!

Ansiedade é o meu sobrenome!

Beijos!


Resposta do autor:

 

hahaha

Então, mas lembrando que o próximo capítulo ainda não é a continuação rsrsrsrs

Tem que mostrar a Fernanda e o Fábio, pq eles estão presentes nessas cenas rs

Beijos!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

NovaAqui
NovaAqui

Em: 22/06/2021

Os enigmas vão sendo resolvidos

Vamos ver o que Beatriz vai falar para Bianca

Será que ela vai dizer que é ela. E que aquela é sua mãe e não a mãe de Bianca. Ou seja, ela é a mãe das duas

Joaquim gosta da Beatriz

Ansiedade é meu nome 

Abraços fraternos procês aí!

 

 


Resposta do autor:

 

Rsrs

Gosto de vc ansiosa!

Beijos!

Responder

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