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A feiticeira e a loba por Alex Mills

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Palavras: 3365
Acessos: 1236   |  Postado em: 14/06/2021

Olhos que falam

Alguns dias passaram, Emeril seguiu uma nova rotina, além dos treinos costumeiros, lidava com a curiosidade de Ilis e a sua própria. Lhe era estranho tê-la ali, em forma humana, a observar seus estudos em meio aos alongamentos que ela fazia. Ainda mais estranho era ela ir caçar com Selen, não conseguia entender como tinham iniciado tão rápido uma relação amigável.

Mas sua paz não durou muito, com a presença dos lobos outra vez na floresta. Certa noite, durante a caça, Emeril estranhou a volta somente de Selen, com arranhões pelo corpo somente, mas a expressão em alerta, a respiração acelerada.

—Eles a encontraram. — Foi a primeira coisa que disse. — Estávamos caçando, eles apareceram. Ilis se transformou e os atraiu para longe, eu consegui fugir, mas...

—A perna dela não está cem por cento. Em que direção ela foi?

—Nas montanhas, a norte.

—Vá para casa, eu vou atrás dela.

Abriu as asas, pegando impulso com maior rapidez, seguindo rumo aos limites da floresta. Temia o que eles fariam com Ilis se a pegassem dessa vez.

—É uma presa fácil com aquela pata.

Levou menos tempo para avistar o grupo a persegui-la, seu treinamento tendo melhorado a musculatura de suas asas. Os lobos a avistaram logo em seguida, perplexos com o que viam, mas não menos decididos a chegar até Ilis.

—Ilis, penhasco! — Alertou, com a certeza de que seria ouvida.

Mas a loba continuou a seguir para o penhasco, focada, o que deixou Emeril preocupada. “No que ela está pensando?” Os animais se afastavam conforme notavam a movimentação, correndo, com medo. O penhasco mostrava o limite daquela região com o caminho ao sul que seguia para as montanhas. Havia mais de cem metros até a outra parte, e a queda era infinitamente maior. Mas isso não impediu Ilis de mergulhar no abismo, virando o corpo para cima enquanto se deixava transformar na forma humana. Só então Emeril entendeu, enquanto mergulhava atrás dela, quais eram seus planos. A pegou no colo, permitindo-se ao alivio somente quando estava de volta a superfície, sentindo os braços de Ilis envolverem seu pescoço.

—Lobo maluco, não me assuste desse jeito de novo!

Mas Ilis sorriu, acariciando o rosto da mulher. Os lobos uivaram, frustrados, o que fez Emeril voar de volta para a floresta, não se demorando a chegar em casa, onde Selen aguardava, inquieta.

—Vocês estão vivas! — Falou, tão logo entraram em casa.

Emeril pousou Ilis no estofado, pegando roupas no seu quarto e a ajudando se vestir.

—Sim, mas foi por pouco. — Respondeu, olhando para o tornozelo da loba, dando-lhe um tapa na coxa. — No que estava pensando, criatura? Você podia ter morrido!

—Eu sabia que você chegaria a tempo antes que eu despencasse. — Justificou-se, inabalada.

—Do que estão falando? — Selen perguntou, sentando ao lado.

—Ilis pulou do penhasco.

—Era o único jeito de fazê-los pararem de me seguir. — A loba falou, suspirando, fazendo uma careta quando a feiticeira tocou a pele no seu tornozelo.

—Que ousada. — Selen riu, disfarçando a própria preocupação.

—Vocês não estão vendo o perigo real aqui. — Emeril suspirou, olhando entre ambas. — Se os lobos encontraram Ilis, então não podemos ficar na floresta. Vão continuar te caçando. — Mirou Ilis, que assentiu. — Temos que ir embora.

—Para onde? — Selen franziu o cenho. — Ela continua incapaz de andar.

—Eu dou um jeito nisso. Mas sobre o lugar, vocês decidem. Eu nunca sai da floresta.

—Bem, se vocês decidirem partir, eu tenho um lugar seguro para levar vocês.

—Está tudo bem para você, Ilis?

A loba a olhou, ainda incomodada com a própria perna, e apenas assentiu.

—Então partiremos em dois dias.

—O problema vai ser os mantimentos para esses dois dias. — Selen suspirou. — Estamos sem nada.

—Não se preocupe. Vou cuidar da perna de Ilis, então eu arranjo nossa comida para hoje.

—Sabe conjurar comida?

—Não. Digo, não é possível. Por que você vive me confundindo com uma bruxa?

—Não é tudo igual?

—Eu juro que você ainda vai se arrepender por suas provocações, Selen, elfa de lugar nenhum.

—Bastarda.

—Não a chame assim. — Ilis se intrometeu, incomodada.

—Mas é a verdade.

—Ela acha que tem mais direitos só porque os pais dela eram da mesma raça. — Emeril falou, revirando os olhos. — Fizeram uma grande chata.

—Eu quem caço o jantar.

—Quem quase foi o jantar hoje foi você. Então coloque o rabo no meio das pernas e me espere lá fora.

—O lobo é ela. — Apontou para Ilis.

—E você vai lá fora mesmo assim.

Selen riu, levantando-se e se inclinando para beijar o topo de sua cabeça antes de sair da casa. Emeril balançou a cabeça, ocupando o assento ao lado da loba, ajudando-a a ficar de lado, sua perna ficando no seu colo.

—Ela podia ficar. — Ilis falou devagar, sentindo dores na perna. — A casa é de vocês.

—A casa é minha. Eu queria falar com você sozinha. — Suspirou, vendo a expressão confusa dela. — Apesar de vocês estarem se falando, sei que não são intimas.

Ela concordou, entendendo por fim.

—Está tudo bem mesmo irmos embora?

—Sim. Preferia que não fosse desse jeito, mas... Acho que não temos escolha.

—Não é sua culpa, irmos embora. Eles querem meu couro, não faz de você culpada por não dar. Além de que eu nunca passaria minha vida aqui.

—Não quero ser um peso entre vocês.

—Você está conosco, não é peso nenhum. De qualquer forma, se for por causa da perna, não se preocupe. Vou acabar com a sua dor. Só vou pedir que você não tente andar por um dia inteiro, ou isso não vai dar certo.

Ilis apenas a olhou, notando seu foco mudar para a sua perna. Tocou-a, concentrando-se, uma luz branca acendendo forte conforme passava os minutos. A loba não sentiu dor, não emitiu sons, permaneceu quieta, a olhá-la, sentindo paz. Quando ela terminou, sorriu, aproximando-se devagar, não querendo espantá-la, então envolveu seu pescoço, a mão espalmando na parte detrás da sua cabeça. Seus corpos grudaram, embora Emeril ainda hesitasse, sem entender o que estava acontecendo. Acabou deslizando as mãos pelas costas dela, devagar, aproveitando a sensação.

Ilis não disse nada nos próximos minutos. Deixou o tempo passar, movendo lentamente os dedos no couro cabeludo dela, sentindo seu corpo relaxar. Emeril manteve os olhos fechados, sentindo o corpo dormente, o coração batendo devagar, sentindo não somente o contato físico, o encaixe dos seus peitos, o batimento sincronizado dos seus corações, o suave movimento dos seus abdomens enquanto respiravam, mas também sentiu tudo que Ilis quis lhe mostrar, todos os seus sentimentos.

Quando se afastou, Emeril tocou seu rosto, colando suas testas, os olhos mirando os lábios da loba.

—Eu não sei o que há entre vocês, mas quero que saiba que estou aqui, Emeril. E não sou cega. Desde que cheguei aqui, eu entendi o que é diferente para você agora. — Sorriu, movendo um dedo pelos lábios da feiticeira. — Não sou mais apenas um lobo para você.

—Talvez não seja.

Ilis olhou em seus olhos, procurando qualquer sinal de hesitação, mas dessa vez não encontrou nada. Emeril quem avançou, desistindo de manter seus sentimentos escondidos. Devorou os lábios da loba com fúria, prendendo seu rosto perto. Ilis a puxou pela cintura, tendo-a em seu colo num aperto firme, oferecendo um sutil aumento do seu tamanho, que ela usou bem, prendendo os dedos em sua cabeleira ruiva e penetrando a língua em sua boca, fazendo a loba inclinar a cabeça para lhe oferecer maior abertura. Emeril não explorou, ela reconheceu cada parte da boca da loba, sem mistérios, era exatamente como tinha imaginado que seria.

Ilis não se afastou, somente deu espaço para que ela respirasse, sua língua brincando pelos lábios da feiticeira, a provocá-la.

—Que demora, Emeril. — Ilis falou, abrindo um pequeno sorriso.

—Para o que? — Perguntou, ainda atordoada pelo que estava sentindo.

—Para continuar o que começou.

Ela sorriu também, ch*pando o lábio superior em resposta, suas línguas se movendo em meio as provocações. Ilis desviou dos seus lábios e seguiu pelo seu maxilar, sorrindo enquanto escutava a respiração dela descompassada, mas tão logo sentiu as mãos nos seus ombros, afastou-se, encontrando os olhos dela outra vez.

—Não agora.

—Tem certeza?

—Por pouco tempo, sim.

Riu disso, ajudando-a a se afastar, ainda que fosse obrigada a permanecer sentada.

—Me faça um favor. — Emeril falou, olhando-a seriamente. — Não pule mais de nenhum penhasco, e não se levante daí.

—São dois favores.

—Faça os dois então.

—Sentada eu não pulo de penhascos. Mas tudo bem. Com uma condição.

—Ótimo, diga.

—Acabe o que tem com o elfo. Não vou fazer o mesmo que ela.

—E o que ela faz? — Seu cenho franziu enquanto cruzava os braços, parada em frente ao estofado.

—Te mantêm sozinha.

—Você está enganada.

—E por que ela não está aqui agora? — Sorriu quando não teve resposta.

—E o que vai fazer? Se manter o dia todo no meu pé para impedir que eu olhe para os lados?

—Não. Vou dar o que você precisa, e não o que você quer. Não precisei estar com você o ano inteiro para que pensasse em mim quando precisasse.

Emeril balançou a cabeça, inclinando-se e beijando Ilis mais uma vez antes de sair da casa, abrindo as asas e começando o voo baixo, perto das árvores. Precisava caçar um animal para alimentar todas, sem ser pega por nenhum lobo.

Encontrou um cervo, e ainda que não gostasse da ideia de ter que matá-lo, sabia que tinha que fazê-lo. “Não vamos sobreviver com frutas”, pensou, suspirando. De suas mãos brilharam uma suave luz verde, tomando o formato de um arco, a flecha se posicionando na corda. Ajeitou sua postura enquanto voava, respirou fundo e deixou a flecha de luz percorrer o caminho certeiro em direção ao coração do animal. A luz se dissipou, e ela estendeu a mão, envolvendo o corpo numa rede, trazendo para perto de si, ainda que exigisse uma grande concentração.

Quando chegou em casa e pousou no chão, estava exausta, mas Selen aplaudiu quando viu o animal ser solto.

—Comida! — Comemorou, girando a lâmina no ar.

—Seja um bom elfo e faça o trabalho sujo.

—Estou com tanta fome que comeria isso cru.

—Nem sonhe com isso.

—Acende a fogueira?

Assentiu, recolhendo as asas e juntando os galhos num canto, usando um último sopro para acender o fogo, queimando os galhos.

—Você viu algo se mexer nas árvores enquanto vinha?

—Estava cansada demais para reparar.

—Acho que estamos sendo observadas.

—Talvez seja os lobos.

—Teriam atacado.

—Não depois do acidente. Não vão ultrapassar o limite.

—Fale com Ilis. Ela pode escutar melhor que nós.

—Não é preciso. — Ilis saltou os últimos degraus, apoiando-se em Emeril para manter a perna recolhida. — Jhan, Ian e Kenny, apareçam. Já senti o cheiro de vocês há muito tempo.

Os três avançaram, saindo detrás da árvore e arrastando uma onça junto, já morta, e a jogaram mais à frente, ajoelhando-se, cabeça baixa. Todos vestiam roupas limpas, embora estivessem sujos e machucados, e todos tinham uma bolsa presa nas costas e acessórios na cintura.

—O que estão fazendo aqui? — Emeril perguntou, mas Ilis já sabia a resposta.

—Trouxeram uma oferenda. Eles deixaram a alcateia de Beah. — Explicou, soltando um suspiro. — Por que se aliar a mim? Podiam simplesmente ir embora.

—Não sozinhos. — Ian falou, mantendo a cabeça baixa. — Não conhecemos lá fora.

—E não queremos caçar vocês. — Kenny falou, olhando-a. — Ouvimos que vai embora de novo.

—Beah sabe?

—Não. Viemos para cá depois de romper com ela.

Ilis suspirou, olhando para Selen e Emeril, esperando que dissessem suas opiniões.

—Eu não entendo sua língua. — A elfa reclamou. — Se eles estiverem oferecendo ajuda eu aceito. Três pares de mãos vão ser úteis para onde vamos.

—Você está bem com isso? — Emeril perguntou à loba, tocando seu antebraço.

—Acho que sim. Eu teria que ser a líder deles.

—Então seja a alfa deles, Ilis.

Emeril sorriu, incentivando-a, então ela assentiu, os ombros relaxando. Aproximou-se, dando um sutil estalo na cabeça de cada um.

—Levantem, cabeças ocas. Vocês estão aceitos.

Os três levantaram, abraçando a loba de maneira animada. Ilis sorriu, ficando entre eles para apresentá-los.

—Emeril, Selen, esse é Ian. — Tocou a cabeça do rapaz ao seu lado direito, que estendeu a mão, sorrindo.

—É um prazer te conhecer finalmente, Emeril.

Ian não era tão alto quanto Selen ou Ilis, seu corpo era magro e firme, os cabelos escuros e a pele bronzeada, seus olhos reluziam a folha da palmeira.

—Fico feliz que tenha escolhido ficar com Ilis. — Emeril falou, apertando sua mão.

—É bom ser seu aliado, elfo. — Dirigiu-se a Selen, estendendo a mão.

—Vocês não falam a língua comum, não? — Selen reclamou, apertando firme a mão dele.

—Eu falo. — Kenny falou, cruzando os braços, desconfortável com a atenção que recebeu. — Eles são novos aqui, ainda não aprenderam a língua comum.

—Essa é Kenny. — Ilis apresentou, tocando seu ombro. — Ela foi uma das primeiras a entrar na alcateia.

Kenny também tinha a pele bronzeada, os olhos castanhos e altura maior que Ian.

—Eu sou Jhan. — Apresentou-se, também falando a língua antiga que Ilis costumava falar.

—Você tem certeza que quer vir junto, Jhan? — Ilis perguntou, olhando-o, desconfiada.

—Ele quem teve a ideia. A gente o seguiu. — Ian falou, descontraído.

—Estava recrutando membros?

—Eu não chamei ninguém. Só não achei certo vocês serem caçadas. A garota nunca fez mal a ninguém aqui na floresta. — Justificou-se, apontando para Emeril, que acompanhava a interação.

Jhan era o mais velho em aparência, com barba e cabelo raspado, mas ainda era um dos mais novos a entrar na alcateia.

—Que tal falarmos depois que estivermos alimentados? — Selen sugeriu. — Acho que é comum da espécie de todos aqui firmar uma aliança com comida.

—Você está certa. — Ilis concordou. — Eu te ajudo a cortar.

—Você vai ficar quieta no seu canto. — Emeril logo a cortou, segurando seu ombro. — Acabei de arrumar sua perna. Não era nem para você ter descido.

—Eu sou alfa agora, não pode me dar ordens. — Protestou, ainda que sorrisse com a acusação clara no rosto da feiticeira.

—Experimente não me obedecer, lobinho.

Ilis riu, aceitando seu apoio até ser sentada contra a árvore. Emeril ficou ao seu lado enquanto os demais ajudavam Selen a preparar a carne.

—Você vai dormir antes da comida ficar pronta se continuar em silêncio. — Ilis falou baixo, perto do ouvido de Emeril, que estava deitada no seu ombro.

—Estou aproveitando. — Sorriu, abrindo os olhos para olhá-la.

—O que?

—Estar com você. É bom.

A loba sorriu, contente, procurando sua mão e envolvendo seus dedos.

—Então estou perdoada?

—Sim, não quero ficar brigada com você.

—Isso me deixa aliviada. Também não quero te deixar magoada. — Levou a mão em sua boca, beijando sua pele. — Mas preciso saber algo antes de partirmos.

—Claro. O que quer saber?

—O que aconteceu aqui, Emeril? — Indicou as árvores. — Sinto cheiro de feitiço no chão, como se fosse sair algo de lá. Eu não sei o que, mas algo não está certo aqui.

—Não foi minha intenção. — Ela suspirou, envolvendo o braço da loba, fazendo-se confortável no seu corpo. — Eu estava treinando, bem aqui. Há um feitiço no livro de minha mãe, que faz do ambiente ao redor uma arma, útil numa luta. As árvores se transformariam em lâminas. O chão, em areia movediça. O ar ficaria denso. Os animais ficariam agressivos.

—Me parece exigir muito esse feitiço.

—Era a primeira vez que eu estava tentando, fui imprudente. Devia ter sido feito por etapas, mas achei que conseguiria controlar. Mas eu não tinha o poder para isso. Não devo ter ainda. Saiu do controle. Avançou alguns metros, voltou-se contra mim. Quase fui engolida pela árvore ou pelo chão, não lembro direito. Respirar era quase impossível. Não lembro o que fiz para parar, mas Selen falou que uma luz escura varreu a floresta aquele dia. Consegui controlar que avançasse. Mas os vestígios estão na terra, como se esperando para serem despertados.

—Pode ser ativo sozinho?

—Não. Outro mago pode sentir que tem algo aqui, mas está incapacitado de agir. Não dá para continuar um feitiço de outro mago. Mas de qualquer forma, os animais sentem que há algo.

—Você se machucou?

—Não exatamente. Mas me assustei o suficiente para não tentar nada semelhante.

Ilis suspirou e cobriu seu rosto com uma mão, acariciando, então olhou em seus olhos por um longo minuto. Emeril sorriu, tocando sua mão e beijando sua palma.

—Você fala mais com seus olhos do que qualquer pessoa que tenha me falado longos discursos.

—E você entende sem eu precisar dizer nada. Principalmente quando eu ainda era um lobo que você interrogava. Você sabia as respostas.

Emeril fechou os olhos, aspirando o mesmo ar que saia dos lábios da loba, sentindo-se extática pela branda sensação terna que emanava da mulher. Ilis sorriu, pousando o rosto no topo da cabeça dela, que voltou a deitar no seu ombro.

Fizeram um círculo torto em torno da fogueira, compartilhando comida e água em meio às conversas. Kenny alternava as traduções com Ilis, enquanto Emeril se divertia no bom humor de Ian.

—Você pode se transformar no dragão sempre que quiser? — Perguntou, mordendo com fome a carne que segurava.

—Sim, com o tempo a dor tem diminuído com as transformações. — Respondeu, bebendo um gole de água e devolvendo para Ilis. — Mas faz pouco tempo que estou usando a transformação.

—Por que? É uma forma tão bonita. Nunca vi um dragão pessoalmente. Você pode se transformar agora?

—Claro que não, garoto. Ela está cansada. — Ilis respondeu, empurrando sua perna de lado.

—Vamos estar viajando daqui a pouco. Terá muito tempo para ver o dragão. — Emeril concordou.

—E o que foi aquilo no limite da floresta? — Falou, inabalado pela recusa, falando enquanto mastigava. — Você correndo manca pro precipício. Eu estava ficando maluco, achando que de alguma forma você ia chegar do outro lado.

—Quem sabe quando minha perna estiver completa de novo? Podemos tentar de novo, mas será você quem estará no meu lugar. — Ilis sorriu, fazendo-o rir.

—Então você pulou! Pareceu que tinham combinado tudo aquilo. A queda, o mergulho, então vocês saíram voando como se nada tivesse acontecido. Beah ficou furiosa, sem acreditar.

—Mas veja pelo lado positivo. — Kenny entrou no assunto, mais relaxada. — Nossa alfa a recompensou pelo salvamento.

Ela indicou o pescoço de Emeril, que possuía uma marca avermelhada que ela sequer tinha notado. Enquanto Ian e Kenny riam juntos, a feiticeira não precisou ter os sentidos de lobos para sentir o clima do ambiente ficar tenso. Olhou para o outro lado da fogueira, onde Selen estava, olhando fixamente na sua direção. Kenny não precisou traduzir o que tinham falado para ela tirar suas próprias conclusões. Mas somente balançou a cabeça, soltando um suspiro e voltando a comer, não demorando a voltar puxar assunto com Kenny.

—Sabia que tinha outro motivo para você defender a dragão. — Ian voltou a falar, buscando recuperar o clima descontraído de antes.

—Isso é mais recente do que pensa. — Ilis respondeu, olhando para a feiticeira.

—Casais tem cheiro diferente por acaso? — Emeril perguntou num meio sorriso.

—Tem cheiro misturado. — Ele riu.

—Já confundi ele com Kenny várias vezes. — Ilis concordou, ainda que balançasse a cabeça, desgostando da ideia.

—Eu vou manter meu cheiro por enquanto. — Emeril afirmou, mas sorriu para a loba. — Vou subir para dormir, estou exausta.

—Tudo bem. Vou ficar para manter um olho neles. Descanse.

—E não mova essa perna.

—Acho que vou mudar de alfa. — Ian brincou, tendo seus cabelos bagunçados quando Emeril levantou.

—Se cuidem.

Ela ainda olhou uma última vez para Selen, mas ela somente a ignorou. Sabia que cedo ou tarde teria que falar com ela, mas estava cansada demais para tentar isso aquela noite.

Fim do capítulo

Notas finais:

E o cheiro do casal se misturou, finalmente :D


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