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A feiticeira e a loba por Alex Mills

Ver comentários: 2

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Palavras: 3925
Acessos: 1309   |  Postado em: 11/06/2021

Novos começos

Ilis recuou diante da estranha figura que apareceu a sua frente, mas voltou a cair, gem*ndo de dor. Emeril parou no mesmo instante, surpresa com os rosnados que recebia de alerta.

—Ah... Talvez não me reconheça nessa forma.

Respirou fundo, fazendo uma careta quando as asas voltaram para dentro de sua pele, os chifres e as orelhas pontudas seguindo o mesmo rumo, à medida que sua pele voltava a delicadeza humana. Abaixou-se, aproximando-se lentamente com a mão estendida, somente quando a loba a farejou que o reconhecimento passou por seus olhos, e ela lambeu a mão de Emeril.

—Você está péssima, Ilis. O que aconteceu?

Segurou sua cabeça, sentindo o líquido escorrer entre seus dedos. Quando levou a frente do rosto, viu que era sangue, acendendo ainda mais a sua preocupação.

—Quem fez isso com você? Droga... Ilis, você tem que me ajudar aqui. Eu não sei curar animais assim. Por favor. Volte a forma humana para que possa te levar para casa. Para que possa cuidar de você.

Ilis franziu o cenho, mas sabia que não tinha escolha. Fechou os olhos, controlando a respiração enquanto deixava o corpo se modificar, ainda que sentindo as dores dos ferimentos. Emeril ainda sorriu quando a viu se modificar diante de si, e tocou seus longos cabelos ruivos, ainda que estivessem sujos. Notou o ângulo anormal de seu tornozelo esquerdo, os sinais de mordidas no pescoço e diversos hematomas pelo corpo. “Ela levou uma surra das feias”, constatou.

—Eu vou te levar para cima. Aqui embaixo você deve correr perigo.

Ilis assentiu, e mesmo que fosse maior que a feiticeira, foi pega pelos braços dela, que usou o mesmo feitiço para subir até a casa. Antes que pudesse deitá-la em sua cama, a mulher fez uma careta, fazendo um gesto negativo.

—O que? Está limpa.

—Não vou ficar no mesmo canto que aquela criatura fica.

Emeril ergueu as sobrancelhas, surpresa. “O cheiro de Selen”, pensou.

—Para a sua sorte, eu tenho reservas.

Seguiu para o outro quarto, onde costumava dormir quando Selen ficava em sua própria casa. Deitou Ilis ali com cuidado, olhando uma segunda vez seu corpo em busca de ferimentos.

—Você está sem comer há quanto tempo, Ilis? Está fraca.

Ela não respondeu, seu corpo ainda rígido devido às dores.

—Vou ter que imobilizar sua perna. Mas tenho que colocar o osso no lugar. Tenho que checar se não há nada quebrado aí dentro, você se importa?

Ela negou com a cabeça, então Emeril assentiu. Deslizou com cuidado a mão sobre a pele da mulher, sua mão esquentando e acendendo uma suave luz branca enquanto procurava por mais ferimentos. Não encontrou hemorragias e o osso quebrado não tinha perfurado nenhuma artéria.

—Apesar de todos esses hematomas nas costelas você não quebrou nenhuma. Mas... — Suspirou, mordendo o lábio inferior. — Essa mordida no pescoço me preocupa.

Levantou-se e buscou as ervas nas prateleiras, fazendo uma rápida mistura e despejando num frasco, onde acrescentou o líquido verde de outro vidro. Entregou para Ilis, que fez outra careta quando cheirou, mas tomou sem perguntar. Emeril deixou ao lado os itens que precisaria para imobilizar a perna de Ilis, então usou outro de seus feitiços para fazer o osso voltar ao seu lugar. Ilis gem*u de dor, os dedos apertando a coberta abaixo de si. Só então sua perna foi imobilizada, e Emeril voltou sua atenção para o pescoço dela. Respirou fundo, sentando ao seu lado e molhando um pano para começar a limpá-la.

—E eu achando que na forma humana você falaria mais.

Seus olhos continuavam atentos no rosto e nas mãos da feiticeira, concentrada no mínimo movimento.

—Quem foi capaz de fazer isso com você? — Voltou a perguntar, usando outro pano para limpar o rosto dela, tentando se concentrar na tarefa, e não na atenção que recebia. — Não são ferimentos de outro lobo. Apenas no pescoço, que parece recente.

—Não é isso que você quer perguntar. — Falou, estreitando os olhos. — Pergunte.

Emeril a ignorou.

—Amanhã eu vou te levar para se lavar. Não vai ser bom permanecer suja com esses ferimentos abertos.

—Eu sei que você sabe fazer isso cicatrizar mais rápido. — Suspirou. — Na caverna, aquela noite.

—Vai queimar sua pele.

—Faça.

Emeril respirou fundo, deslizando lentamente o pano pelo seu rosto, só então seus olhos grudando aos de Ilis. Fazia mais de um ano que não via seus olhos alaranjados, embora não tivesse deixado de acreditar que a encontraria novamente. Encontrá-la agora, naquela forma, depois de tê-la conhecido somente na forma de lobo, lhe causava confusão.

—Emeril, está em casa?

Emeril se assustou, olhando para a porta.

—É Selen.

—Não a quero aqui.

—Ela não te machucaria.

—Não a quero ainda assim.

—Está bem. Não vou deixá-la entrar aqui, pode ser?

—Se ela entrar...

—Não se preocupe. Não se mova, eu volto para finalizar os curativos.

—Não demore.

—Você continua mandona.

Ilis revirou os olhos enquanto Emeril se levantava, saindo do quarto e fechando a porta, encontrando Selen sentada no estofado, os cabelos loiros molhados ainda. Ela sorriu, levantando-se e seguindo na sua direção, beijando sua testa.

—Está tudo bem? Parece pálida.

—Sim, acho que sim. Você trouxe água?

Selen recuou e serviu a água para ela, esperando ao lado.

—Aconteceu algo?

—Sim. Ilis está aqui. — Apontou para a porta do seu quarto. — Tive que trazê-la aqui, estava toda machucada.

—Seu lobo? Como você trouxe algo daquele tamanho até aqui?

—Foi simples. Ela está em outra forma.

—Isso justifica. Então qual o problema? Achei que fosse estar feliz.

—Só não caiu a ficha ainda. De qualquer forma não entre no quarto, está bem? Ela está ferida e em forma humana, não se sente confortável em ter outra pessoa lá. Estou cuidando dos ferimentos.

—Está muito mal?

—Podia estar pior. Mas eu consigo cuidar disso.

—Precisa que eu pegue algo?

—Não. Acho que tenho tudo no quarto. Consegui repor esses dias, então ainda está tudo fresco.

—Tudo bem. Se precisar de mim estarei aqui. Vou deixar sua comida na porta, faço uma porção para ela?

—Seria adorável.

—Eu sou adorável, não sou?

Emeril sorriu, oferecendo um beijo em sua bochecha em agradecimento, então pegou um pouco da água e voltou para o quarto. Acendeu mais velas, deixando uma ao lado de Ilis. Pegou as ervas que precisaria e se ajoelhou ao seu lado, começando a misturar na sua mão. Capturou um fragmento do fogo, cuspiu na mistura e espalhou por uma parte do ferimento, a expressão de Ilis logo se torcendo em dor.

—Eu disse que ia doer.

—Continua.

Suspirou, fazendo o mesmo processo, espalhando no restante dos ferimentos. Ela gem*u mais ainda, seu corpo se torcendo em dor.

—Vai passar. — Disse, segurando seu rosto para tentar acalmá-la. — Se acalme. Quanto mais contrair, pior vai ser.

—Você fez parecer tão fácil.

—É? — Sorriu, acariciando as maçãs do seu rosto. — Minha pele tende a resistir ao fogo.

—Por isso parecia meio dragão lá fora?

—Sim, magos podem se transformar em dragões. Como sou bastarda deles, só tenho meia transformação.

—Então você é feiticeira, afinal. Eu desconfiava.

—Bem, você é um lobo inteligente, não é?

—Nem tanto, se acabei assim.

—Você está viva. E me encontrou. Nenhum lobo seria capaz disso.

—E você me deixou entrar.

Emeril balançou a cabeça, soltando seu rosto, voltando a limpá-lo.

—Você vai ter que dormir aqui. Vai ficar uns dias sem andar direito, então vou pedir que não tente se transformar, pode demorar a cura.

—Emeril...

—Eu sei, é difícil. Mas você pode ficar aqui, estará segura.

—Emeril.

—O que?

—Obrigada.

—Não precisa me agradecer. Você continua a mesma para mim, não se preocupe.

—Mesmo depois de todo esse tempo?

—Eu sabia que você iria voltar, cedo ou tarde.

Ilis sorriu, segurando sua mão e acariciando, explorando a nova sensação. Seus dedos testaram as cicatrizes, subindo mais seu braço e passando pelas mechas dos seus cabelos castanhos, parando em seu rosto.

—Você mudou. Já não é a mesma garota.

—Talvez não. Mas sou a mesma que vai continuar esperando que você fale, quando quiser.

—Nunca te proibi de perguntar.

—Você está certa. Eu mudei. Não vou insistir em perguntas que você não queira responder.

—Emeril...

—Querida, a comida está na porta. — Selen falou, do outro lado da porta.

Emeril suspirou, envolvendo as mãos na de Ilis, beijando um dedo de cada vez antes de beijar a palma. Levantou-se, abrindo a porta e agradecendo à elfa antes de pegar as duas tigelas com comida, colocando ao lado da mulher.

—Consegue sentar?

Ela assentiu em resposta, lentamente sentando contra a parede. Emeril pegou uma de suas camisas longas, e ofereceu para ela, que logo a vestiu. Sentou à sua frente, pousando a tigela no seu colo.

—Consegue comer?

—Sim.

Comeram em silêncio por um longo instante, trocando olhares. Havia tanto que queriam falar, mas nenhuma sentia a mesma coragem em pronunciar as perguntas, e tampouco falar as respostas. Ainda assim, Ilis pigarreou, porque notou que Emeril realmente não faria as perguntas que queria fazer.

—Eu... — Suspirou, baixando o olhar, respirando fundo e tentando outra vez. — Eu sei que está magoada. Eu devia ter tentado voltar antes.

—Do que está falando?

—Eu fui banida.

—Banida? Da floresta?

—Sim. Beah me expulsou.

—Quem é Beah?

—O lobo que eu competia a liderança da alcateia. Era Beah.

—Então ela não tinha o direito de banir você.

—Passou a ter, quando descobriu seu cheiro em mim.

Emeril suspirou, baixando o olhar. Sentou ao lado dela, deixando sua tigela ao lado, Ilis não precisou dizer muito mais para ela definir o que tinha acontecido.

—Desculpa. Eu não devia ter ido na cachoeira aquela noite.

—Teria acontecido cedo ou tarde.

—Não desse jeito. Eu teria ido embora se significasse que não iria prejudicar você.

Ilis respirou fundo, também deixando sua tigela do outro lado. Virou o rosto de Emeril para o seu, inclinando-se, colando suas testas. Olhou dentro dos seus olhos, acariciando suas bochechas, querendo que ela encontrasse as respostas. Os olhos de Emeril se encheram de lágrimas, mirando as irises alaranjadas outra vez tão de perto, mas desta vez seus olhos se atraíram para os seus lábios.

—Eu senti sua falta, Ilis. — Sussurrou.

—É minha culpa. Eu deixei você.

—Você vai ficar?

—Se você ainda quiser que eu fique.

Ilis moveu o rosto, suas peles se tocando enquanto a mulher aproveitava a sensação de suas peles a roçar.

—É diferente agora, Ilis.

—O que é diferente?

Os olhos de Emeril se atraíram para o decote da mulher, e a simples necessidade de tocá-la a fez se afastar. Ilis estranhou, forçando-se a levantar, impedindo que Emeril saísse do quarto. A feiticeira a olhou, outra vez tão perto, notando a diferença considerável dos seus tamanhos agora.

—O que é diferente agora, Emeril?

Ela abriu a boca para responder, mas não teve coragem, seus olhos fechando. Ilis a abraçou, acariciando seus cabelos, ainda sem entender.

—Você precisa descansar. — Emeril falou, evitando os olhos da mulher.

—Você também. Fique aqui.

—Não. Não posso. — Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios, mas desapareceu. — Se eu ficar, não respondo por mim.

Abriu a porta, saindo do quarto e a fechando em seguida. Limpou as lágrimas, ainda que Selen a olhasse, confusa, de sua própria cama. Levantou enquanto Emeril seguia para fora da casa, impedindo que descesse para o chão.

—Você está quente, Emeril. O que houve?

—Não agora, Sel.

—Emeril. Você não me parece bem.

—Eu juro que não fiz nada.

—O que?

—Eu preciso de ar. Vou dar uma volta. Não me espere acordada.

—Emeril... — Suspirou, massageando a ponte do seu nariz. — Tome cuidado.

—Sempre.

Emeril ainda recebeu um beijo na testa antes de poder descer, deixando Selen e Ilis sozinhas.

Quando voltou, pela manhã, trouxe novas frutas, e aproveitou que ambas estavam dormindo para cortar tudo e distribuir em três recipientes. Ilis saiu do quarto ao ouvir os movimentos, vasculhando todo o ambiente até encontrar Emeril. Avançou, abrindo um sorriso aliviado, abraçando-a. A feiticeira se assustou, mas reconheceu a loba assim que viu uma mecha ruiva cair no seu campo de visão.

—Ilis... Você me assustou. De novo. Estou vendo que seu hábito de ficar se esgueirando em silêncio continua o mesmo.

Virou-se, tocando o nariz da mulher, fazendo um gesto negativo com a cabeça.

—Como está sua perna?

—Me atrapalhando.

—Se ficar em repouso, garanto que não vai atrapalhar nada.

—Eu tenho mais o que fazer do que ficar deitada.

—Tipo o que? Ficar mais machucada? Fique quieta. Senta e come.

—Não sou um cachorro para me dar ordens. — Seu cenho franziu em frustração.

—Senta e come, se quiser andar logo. Quando terminar eu te levo para a cachoeira.

Ilis revirou os olhos, pegando a tigela com frutas e balançando a cabeça ao ver tudo cortado, mas acabou sentando, começando a comer. Emeril sorriu contente, pegando as outras duas tigelas e seguindo para a cama de Selen, do outro lado do cômodo, sentou do seu lado, pousando ao lado os alimentos, então a tocou pelo ombro, girando-a, dedilhando os dedos em seu rosto. A elfa sorriu com o contato, esticando-se para se alongar e espantar os resquícios de sono.

—Já amanheceu? — Reclamou, segurando a mão da feiticeira e levando nos lábios, beijando sua pele.

—Sim, preguiçosa, amanheceu. Levanta. Fiz algo para comermos.

—Você não dormiu nem um pouco. — Constatou, balançando a cabeça. — Devia descansar agora.

—Estou bem.

Selen suspirou, sentando e encostando na parede, esfregando os olhos, reparando em Ilis do outro lado, que somente assentiu em sua direção.

—Diz que ela está horrível, lobo, e ela vai correndo dormir.

—Se amarrar um pano na boca dela, ela não lança nenhuma maldição se eu disser isso, certo?

Selen riu, enquanto Emeril olhava entre ambas, surpresa com a interação. Até a última noite, Ilis sequer queria que a elfa chegasse perto do quarto. “Elas conversaram quando sai ontem?” A ideia não lhe desagradou, pensou que talvez assim não restaria clima entre elas.

—Para fazer vocês ficarem quietas, eu aprenderia uma maldição. — Fingiu-se nervosa, mas acabou sorrindo.

—Avise quando for lançar então. Enquanto isso, coma. Qual pote está com veneno?

Selen recebeu um empurrão no ombro, mas estava aliviada em não ver o conflito no rosto de Emeril que tinha encontrado na outra noite.

—Bem, eu vou voltar aos treinos enquanto vocês vão para a cachoeira. — Anunciou depois de comer.

—Por que não vem junto? — Emeril perguntou, confusa.

—Eu quero passar em casa hoje. Aproveito e vejo como está seu pai.

—Tem certeza?

—Sim.

Selen pegou seus pertences e desceu, mas Emeril a seguiu, mantendo-a no lugar, cheia de desconfianças.

—O que vocês duas estiveram falando enquanto eu não estava?

—Interrogatório? Tão cedo? — A elfa sorriu, cruzando os braços. — Tão possessiva, bastarda.

—Desde quando vocês se falam?

—Desde quando você sai daquele jeito a noite?

—Desculpe. Só foi muita coisa para assimilar.

—Só quis aliviar as coisas, está bem? Não precisa se preocupar.

Emeril suspirou, prendendo os dedos no colarinho da elfa, puxando-a para perto.

—Eu me preocupo com você.

—E eu com você. — Selen sorriu, segurando sua cintura. — Ofereci trégua para ela. Apenas isso.

—A mesma que ofereceu para mim?

—Não estava nos meus planos, mas aconteceu.

Emeril sorriu, puxando o colarinho dela e colando seus lábios, seu corpo pressionando em busca de mais contato. Selen retribuiu, abraçando-a mais firme.

—Sinto sua falta na cama, Sel. — Sussurrou, olhando seus lábios. — Faz tempo desde a última vez.

—Eu sei. Sinto falta disso também. Os treinos me deixam cansada.

—Que tal hoje?

—Hoje? Com seu lobo do lado? Ou vai convidá-la também?

Emeril franziu o cenho, mas Selen sorriu, acariciando seus cabelos.

—O que você quis dizer com não ter feito nada ontem, Emeril?

Ela se afastou, surpresa com a pergunta, virando-lhe as costas. Mas Selen não desistiu, abraçando sua cintura pelas costas, oferecendo um beijo no topo de sua cabeça para acalmá-la.

—O que você queria fazer ontem, Emeril? — Insistiu, mas não obteve qualquer resposta, ela estava tensa contra seu corpo. — Agora você entende? Quando você foi atrás dela, naquela noite, na cachoeira. Entende o que teria acontecido se aquela mulher não tivesse aparecido?

—Eu não sei do que está falando, Selen. Ilis só era minha amiga. Continua sendo. Então não insinue coisas.

—Está tudo bem. Como você disse, é diferente agora.

Emeril se afastou, olhando para ela, sem acreditar onde ela queria chegar.

—Não seja idiota, Selen. Eu nunca faria isso.

—Faria sim. Não negue.

—Não comece a supor essas coisas.

—Eu vi seu estado, Emeril. Não estou supondo.

—Você é uma idiota. Você não me conhece como achei que conhecia para estar falando tudo isso.

—Tudo bem. — Suspirou, afastando-se. — Amanhã eu volto para falarmos quando estiver mais calma.

Emeril bufou, vendo-a ir embora, praguejando em silêncio. Ilis desceu, enfim, sua perna dobrada, e se apoiou na árvore, esperando que a mulher se acalmasse. Quando a notou, no entanto, avançou na sua direção, seu dedo apontando de forma acusatória na sua direção.

—O que você disse para ela?

—Nada, Emeril, nada que não seja verdade.

—E qual a verdade? Que você foi embora? Que você me deixou aqui, sem explicações?

—Sim, isso é verdade. — Assumiu, com calma.

—Já faz um ano, Ilis. Você me deixou. Por que voltou?

—Você quem deveria me responder. Por que vim aqui, onde nenhum animal se arrisca a se aproximar? Por que atrás de você, se nem sabia que você tinha se mudado? Como eu te encontraria, Emeril?

—Eu ando essa floresta toda. Meu cheiro te trouxe aqui.

—Não. O cheiro se mistura aos outros rapidamente. Você sabe a resposta, então não me faça essa pergunta, Emeril. Não faça.

Emeril bufou, tentando se controlar. Sabia o que ela estava insinuando, mas não queria admitir.

—Suba nas minhas costas.

—Não.

—O caminho até a cachoeira é mais longe que indo pela aldeia. Suba nas minhas costas, Ilis.

—Não. Eu vou andando.

Emeril bufou, suspendendo-a no ar ao pegá-la no colo, ainda que ela se remexesse, tentando voltar ao chão. Respirou fundo, suas asas saindo com menos esforço e quase indolor, e saltou, pegando impulso e voando sobre as copas das árvores. Ilis agarrou seu pescoço com força, unhas cravando na sua pele enquanto se encolhia, vendo-se cada vez mais longe do chão.

—Você não vai cair. — Emeril garantiu, mantendo a altitude, sem sair do lugar.

—Volte. Agora.

—Não. Vou te levar para a cachoeira, como prometi. Relaxa, tudo bem? Não deixarei nada acontecer com você.

—Emeril...

—Olhe para mim.

Ilis a olhou, seu corpo mais trêmulo com a brisa que lhe atingia. Emeril sorriu, tocando a testa na sua, esperando que se acalmasse, a mão em suas costas fazendo caricias em sua pele. Ilis respirou devagar, acostumando-se a sensação de estar sem os pés no chão, os olhos agora brancos da feiticeira lhe causando um estranho conforto.

—Vê? Nada vai te acontecer, lobo. Tem minha palavra.

Ilis escondeu o rosto em seu pescoço, olhando as asas em suas costas. Emeril se deu por satisfeita, fazendo o percurso em direção a cachoeira, sentindo as mãos curiosas da loba explorarem os chifres em sua cabeça, e as pontas das suas orelhas. Pousou em segurança nas pedras, servindo de apoio enquanto ela descia do seu colo.

—Não tem medo agora?

—Não. É lindo.

—Gostou?

Ilis assentiu, agora tocando a pele no seu rosto, explorando a textura e as escamas.

—Quem é a curiosa agora?

—Você teria me mostrado, um ano atrás?

—Se tivesse pedido, sabe que faria tudo. — Suspirou, segurando sua mão. — Vamos, eu te ajudo a entrar.

Ilis balançou a cabeça, afastando sua mão. Tirou a camisa que Emeril tinha lhe dado, e mergulhou no lago. A feiticeira sorriu, sentando na beira e molhando os pés, umedecendo a mão e passando sobre o rosto. Assistiu Ilis se lavar, mas notou que tinha dificuldades em nadar. A loba olhou em sua direção, gesticulando para que entrasse, mas negou.

—Por que não corta seu cabelo? Seria mais prático.

—Você quer cortá-lo?

—Em vista que você terá que ficar na forma humana por uns dias, eu te aconselho a cortar. Posso fazer isso, se quiser.

Ilis nadou até a beirada, tocando as pernas da mulher para se apoiar.

—Apenas se me deixar cortar o seu, então.

—Se te deixar feliz, tudo bem.

A loba sorriu, sentando ao seu lado, então Emeril moveu os dedos para conjurar uma tesoura. Ilis lhe virou as costas, deixando que ela começasse a cortar da forma que desejasse.

—Qual a última vez que voltou a forma humana?

—Alguns meses.

—Você gosta?

—É diferente. — Falou devagar, respirando fundo. — Passei anos até voltar, naquela noite, ou começar a escrever as cartas. Acabei me acostumando na outra forma. Mas lembro de como agir nessa.

—Sabia que não escrevia na forma de lobo. — Falou, fazendo a mulher rir. — Por que ficou tanto tempo na forma de lobo?

—Não tinha motivos para ficar na forma humana. Me deixa frágil.

—Seus sentidos não ficam diferentes?

—Bem melhor que sentidos humanos, mas inferior do que na forma de lobo.

—Então... quando sua perna melhorar...

—Eu não posso me transformar, não aqui na floresta. Beah iria me achar.

—Seu cheiro de humana muda?

—Sim. Assim como o seu mudou, nessa forma.

—Te incomoda?

—Não. Eu gosto dos seus cheiros. Falam muito de você.

—Bem, estava falando do fato de não poder se transformar, mas que bom que gosta do meu cheiro.

Finalizou o comprimento, deslizando os dedos no restante, acima dos ombros, uma suave luz branca acendendo conforme fazia as pontas ficarem alinhadas. Entregou a tesoura para Ilis, livrando-se dos cabelos, segurando somente uma mecha.

—Eu posso me acostumar, como me acostumei a forma de lobo. — Respondeu, passando a mão pelos seus novos cabelos, assentindo para Emeril, em agradecimento.

—Você quer se acostumar?

Ilis ficou nas costas de Emeril, deslizando as mechas entre seus dedos, decidindo o que diria dessa vez.

—Um ano atrás, era só como eu podia estar, perto de você.

—E agora, só pode estar na forma que se sente fragilizada. — Suspirou, abraçando as próprias pernas contra o corpo. — Não quero que só esteja na forma que te desagrada por minha causa.

—Não me desagrada. Assim como não me desagrada ter sido expulsa da alcateia.

—Você queria ser alfa, Ilis.

—Não. Queria proteger a floresta e todos dentro dela. — Cortou uma mecha apenas, aspirando seu cheiro. — Se entregar você era ser líder, então agradeço que tenham me expulsado.

—Ilis...

A loba suspirou, pressionando os lábios no ombro dela, por cima do tecido fino que vestia. As asas começaram a entrar dentro de sua pele, em poucos segundos de volta a forma humana.

—Eu sei que vai continuar magoada comigo.

—Só não sei o que esperar de agora em diante Ilis.

—Não espere nada. Mas talvez seja melhor você sair da floresta, se quiser ter paz. Eu consegui alivio que não te seguissem aqui, mas não vai ser para sempre.

—Por isso não vi nenhum lobo durante esse ano.

Virou-se, olhando para a quebra d’água. Deitou a cabeça no ombro da loba, que a abraçou mesmo assim, apoiando a bochecha sobre seus cabelos.

—Estou feliz que tenha voltado.

Ilis sorriu, acariciando seu braço, contente com suas palavras. Emeril acabou deitando em seu colo, em pouco tempo dormindo, o som da água lhe acalmando o suficiente para a tensão que sentia sumisse quase que por completo.

Fim do capítulo


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Comentários para 5 - Novos começos:
Lea
Lea

Em: 26/02/2022

Olha o lado bom de conhecer um pouco do modo que essa Querida autora escreve, não me apegar aos personagens, principalmente se esses podem vir até um " relacionamento". A estória é A feiticeira e a loba, só isso não nos dá garantia de um final juntas! 

Estou adorando a escrita, maravilhosa como sempre!


Resposta do autor:

Ahahahah realmente, é bom não ser apegado! Vai que... Ahahah 

Que bom que está gostando! Fico feliz :D 

Obrigada pelos elogios hehe

Beijos!

 

 

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 11/06/2021

IIis apareceu !


Resposta do autor:

Finalmente :D

Responder

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