CAPÍTULO 47 SOSSEGO
Fabiana e Luíza entraram na cozinha carregadas de sacolas com pães, leite e frutas, colocaram uma parte na mesa e o restante nos locais próprios. Fabiana ligou o fogão colocando uma chaleira com água para ferver, na outra boca colocou uma panela com leite e arrumou tudo para coar o café enquanto Luíza cortava mamão e banana com aveia preparando somente duas porções já que somente as duas, por enquanto, estavam acordadas.
— Luiza ligue para a Laura e avise que ela terá 3 dias de folga e as horas extras de ontem eu quero que você faça um depósito para a conta dela — falava e coava o café.
— Amor, e quanto aos seguranças? Vai despedir? Agora que não precisamos mais do serviço deles... — Luíza perguntou
— Ainda não sei, provavelmente vá ficar com eles, não me sinto segura ainda — falou enquanto colocavam na mesa duas garrafas com o líquido preto invadindo a casa com seu aroma gostoso.
— A senhora ainda não soube da novidade? — Marcelo que vinha descendo todo arrumado para ir trabalhar deu um beijo em Luíza e outro na mãe — Bom dia, mamãe.
— Bom dia, senta aí para tomar café. Qual novidade? Não me diga que ele fugiu? — servia doses generosas do líquido preto para os três e sentando em seguida.
— Ele deu um tiro na cabeça e foi sério, quando saímos de lá ele estava sendo levado para o hospital. Pelo que entendi a Danielle estava conversando com a sua equipe de produção ainda há pouco e saiu às pressas, parece que ele bateu as botas — Marcelo declarou enquanto abria um pão carioquinha e passava manteiga jogando dentro duas fatias de queijo, colocou um pouco de leite dentro do café.
— Marcelo, não me diga que você dormiu com essa moça aqui na nossa casa ainda sendo noivo da Jennifer — Fabiana não falou, ela gritou, assustando Helena e Sabrina que também vinham descendo com Marina.
— Vou logo avisando se vão entrar para família é melhor se acostumarem com o destempero da mamãe. Bom dia tia, bom dia dona Fabiana — Marina dava a volta na mesa para beijar a tia e a mãe enquanto apontava cadeiras para as meninas sentarem.
— E onde dormiu todo mundo? Pelo que sei aqui ainda não é motel — só quem a conhecia sabia que ela não estava falando sério.
— Não liguem, ela está só sendo a sogra má de vocês, isso é só brincadeira. Anda amor, para com isso, você está assustando as garotas — pediu rindo enquanto beijava sua mão.
— Se elas se assustaram com pouca coisa, não servem para minhas noras. Mas fiquem a vontade, se quiserem algo diferente do que está na mesa e só avisar, agora sério. Você, Helena, eu já conheço e já deu o seu recado, agora você minha lindinha... Seja bem-vinda, se meu filho escolheu você, é porque tinha que ser — falou toda carinhosa com a garota.
— Na verdade foi ela que me escolheu — Marcos desceu a escada sentado no corrimão como sempre fez desde pequeno se acomodando ao lado da garota.
— É verdade, mas primeiro fui olhar se valia a pena, pois eu o achava... me desculpe, sei que é seu filho, mas... Um galinha. Embora seja valiosa, não sou dinheiro para passar de mão em mão — olhava direto nos olhos de Marcos que era só sorrisos
— Alguém tem notícia do nosso doador de esperma? — Marcos perguntou enquanto pegava café pra si e para Sabrina
— Marcos, nós temos visitas, seja mais educado, meu filho — Fabiana tentava pôr um pouco de juízo na cabeça do filho.
Então Vivi tomou a frente e disse:
— Todo mundo aqui está cansado de saber que ele não prestava pra nada, mamãe, que a única coisa que ele fez que prestasse na vida foi nós e isso porque 99,99% teve a sua ajuda, no resto ele só fez merd*. Nunca foi um pai como é pra ser, só estava com a gente porque era doente pela senhora — dessa vez Vivi nem respirou para completar — Parece que ele abotoou o paletó... Morreu, escafedeu. É isso — terminou de falar e sentou ao lado de Helena, Biatriz e Marina.
— Bem, é um canalha a menos, mas é um ser humano. Vamos respeitar só por isso, pelo que ele me fez passar essas nove horas que me manteve cativa o quinto dos infernos é perto para ele — Fabiana falou e todos concordaram.
— Vamos só maneirar na frente de Márcio e Marcílio, eles talvez gostem do traste — pediu a todos.
— Tudo bem dona Fabiana, mas eu que estou feliz, estou mesmo. Vou nem mentir — Marcos passou manteiga no pão, colocou duas fatias de queijo e amassou com a mão jogando todo na boca.
— Marcos, homem, coma direito. Se você se engasga morre asfixiado antes de te socorrer, e além do mais, temos visitas, o que a sua namorada vai pensar? — Fabiana apontou Sabrina enquanto falava.
—Desculpe, minha bruxinha, mas é que amassado na mão é mais gostoso — se justificava enquanto fazia um carinho.
— Bom dia família, sua bênção minha mãe. Marcelo, quando for sair quero uma carona até no aeroporto — Mateus ficou em pé mesmo tomando café preto.
— Deus te abençoa meu filho, mas já vai? Pensei que fosse passar o dia.
— Não vai dar mamãe, vim só por que não ia ficar em paz sabendo do que a senhora estava passando nas mãos do Alberto. Vou lá e já, já estamos de volta, estou de olho numa casa aqui perto — Mateus explicava.
— Bem gente, a conversa está muito boa, mas temos aula hoje à tarde, melhor a gente já ir andando e almoçar por lá mesmo. A Sabrina pode vestir uma roupa da Vivi — Bia ofereceu já que o modo de Sabrina se vestir eram bem despojado como o da Vivi.
— Obrigada Bia, mas eu tenho que ir em casa pegar minhas coisas, tenho um projeto para entregar hoje sem falta — Sabrina agradeceu e já ia se levantando para acompanhar a todos.
— Pois vamos todos, Helena, a tia Luíza pode te dar carona — Marina falou enquanto a irmã fez cara de quem não gostou muito.
— Ótimo, assim levamos os meninos para a aula e você, dona Vivi, vai para aula como os outros.
— Mas mamãe, eu não tenho condições psicológicas. Estou abalada com tudo que a senhora sofreu, estava pensando em ficar em casa com a Helena — Vivi olhava com cara de doente para a mãe que não caiu na sua lábia.
— No seu colégio tem um psicólogo, converse com ele. Ou seria melhor deixar você e Helena deitadas no quarto? — usou de sarcasmo na pergunta o que não foi percebido pela filha.
— Perfeito, vamos amor — puxou na mão da garota que não saiu do local já que tinha entendido perfeitamente o que Fabiana quis insinuar.
— Vai pensando dona Vivi, suba já para pegar suas coisas e escola.
Não foi preciso uma segunda ordem, foi um arrastar de cadeiras, beijos e despedidas. Em pouco tempo só restou as duas na casa enorme.
— E agora minha balinha de café, quer fazer o quê? Temos a tarde toda só pra nós — falava enquanto puxava a morena pela mão e deitavam no sofá imenso ali na sala.
— Quando nós sairmos do colégio dos meninos, quero ir na casa da minha ex-sogra para ter certeza da morte dele. Só então tomar as providências de liberar os seguranças, mas não vou demitir ninguém, quero realocá-los e colocar nas lojas, estava mesmo precisando.
— E você, como é que está se sentindo em relação a tudo? — alisava e beijava os cabelos dela enquanto ela falava.
— Em relação ao estupro ainda fico com muita raiva e vergonha de tudo, eu me senti muito humilhada das duas vezes, me sentia suja, desprotegida e uma enorme vontade de vomitar. Eu sei que sou uma mulher e já fui casada com ele, mas é a forma como ele me pegou e como fazia tudo que era doloroso, as coisas que ele dizia, da forma como dizia, me enojava. Acho que a diferença está no sentimento, você me diz praticamente as mesmas coisas na hora que estamos fazendo amor e tudo que diz acende meu corpo, já com ele me dava asco. Agora quanto ao fato da possível morte dele, me sinto livre, livre de tudo, e não consigo sentir pena ou ficar triste. Só sinto alívio — Se aconchegou mais em seus braços.
— O médico disse que não tinha nem um arranhão, nada de traumas, nem no ânus e nem na parede genital, então esqueça o resto. Ele nunca mais vai fazer mal a você.
Fabiana ficou calada por um tempo, em seguida falou:
— Vou consultar um especialista. Quero engravidar e gestar por inseminação um filho seu — Luíza quase derruba Fabiana do susto que levou.
— Ao todo temos doze filhos, nossa cota já está completa! Além do mais, temos mais de quarenta anos, será uma gravidez de risco. E eu não estou pronta para perder você.
— Besteira amor, se for uma gravidez assistida com o devido descanso, cuidados e muito bem amparada com uma equipe médica, não tem perigo algum. Além do mais, qualquer gravidez é de risco — afirmou categórica.
— Eu gosto da ideia, já imaginou um bebê com a sua carinha? Esquece, é muito arriscado — falou toda animada voltando atrás com receio.
— Quem vai ter sou eu, já decidi. Quero que seja com óvulos seus, quero ter o prazer de carregar seu filho dentro de mim.
— Vou pensar com bastante carinho na ideia, mesmo gostando tenho muito medo. Vamos procurar um especialista e ouvir a opinião dele, aí então seguimos em frente ou não — precisava pensar nos prós e contras.
— Amor, eu quero ir na casa da minha ex-sogra e de lá vamos para a ponte metálica, quero passar a tarde namorando com você na praia e fazendo planos para os nossos filhos.
Fabiana levantou do sofá puxando Luíza para junto do seu corpo e abraçadas subiram as escadas, para juntas tomarem banho e namorar a tarde toda.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 06/06/2021
nossa Alberto se foi aleluia.
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