CAPÍTULO 48 DESPEDIDAS
Uma multidão estava formando em frente ao cemitério Parque da Paz quando Fabiana e seu filhos chegaram. Todos os outros e mais os dois, já que Roberta e Bernardo moravam com a avó na França a mais de um ano, foram para estudar e por lá ficaram.
A família quando desceu do carro chamou atenção de todos, inclusive dos repórteres que por ali se encontravam para fazer a cobertura do sepultamento do homem que sequestrou e manteve a ex-esposa em cativeiro por nove horas seguidas e na hora do resgate ele acabou cometendo suicídio.
Danielle com a sua equipe ganhou a exclusividade de fazer a cobertura da chegada da família e de todos os passos deles, o que para ela não seria sacrifício algum, com isso ficaria mais perto do Deus de Ébano que estava por ali e não tirava os olhos dela. Fabiana desceu de mãos dadas com Luíza, em seguida desceram Vivi e Helena. No segundo carro vieram Marina e Bia acompanhadas dos dois menores. Nos outros vieram, Marcos sozinho, já que a família de Sabrina fez questão de vir prestar homenagem. Toda a família, do maior ao menor, estavam usando branco e óculos escuros.
* Horas antes *
— Como eu conheço os filhos que tenho e sei que não vão chorar, aconselho a todos sem exceção usar óculos escuros, assim podem ficar à vontade — Fabiana sugeriu a sua prole.
— E como branco representa a paz, acho de bom tom todos nós usarmos. O que acham?
— Luiza perguntou, pois sabia que nenhum deles iriam querer usar preto como é de costume.
— Não quero, nem você, Marina, nem tampouco Vivi fingindo ser o que não são. Os tios, primos, avós de vocês vão estar lá, então que saibam de uma vez por todas de quem nos faz feliz, gostando ou não. Não devemos nada a ninguém, mas você, Vivi, nada de beijo, vamos estar num velório e não numa festa — enquanto falava olhava cada um dos filhos.
* Momento atual *
Fabiana fraquejou quando viu o sofrimento da sua ex-sogra e do ex sogro ao lado do caixão do filho, a vida não foi muito generosa com ela que teve dois filhos, cada um mais canalha que o outro, talvez o erro não fosse dela e sim do sogro que deu ao filho agora no caixão seu mesmo nome. Seu Alberto e Rogerio para subjugar a mulher assim como ele sempre fez.
Fabiana pensava que dona Hidalina deveria ter sido abusada a vida toda, já que era o que acontecia muito no passado, mas graças a Deus as coisas estavam mudando e a mulher vinha ganhando mais liberdade.
— Até no enterro do marido você vem com essa pouca vergonha, respeite pelo menos a lembrança do pai dos seus filhos — Rogério seu ex-cunhado falava e Fabiana olhou para os lados procurando se era com ela mesmo que ele falava mesmo sabendo que era.
— Ex-marido, você quer dizer. Como não sou casada com ele posso ficar com quem quiser e essa é a minha esposa. Se você não gostar da nossa presença e só ficar do outro lado da sala.
— Eu vou ficar por aqui, meus sobrinhos estão aqui. Fabiana, eu juro que tento entender, mas é demais pra mim, mulher nasceu para o homem, um completa o outro. É a lei divina, está escrito na Bíblia. Essas modernidades são demais pra mim.
— Qual é tio Rogério, Deus colocou o homem e a mulher na Terra para a gente escolher — Vivi que falou.
— Vivi, meu bem, estamos em um velório. Deixe que seu tio pense o que quiser, pelo menos ele tenta entender e quem nem tenta? — Fabiana falou.
— Não liga para ele não cunhada, ele está assim desde que soube da morte do irmão, eles eram muito unidos — Clotilde esposa de Rogério, abraçou Fabiana em seguida abraçou Luíza
— Eu sempre achei que vocês duas iam acabar de trê-lê-lê. desde quando a gente era jovem — elas eram amigas desde a adolescência — mas aí a medrosa aqui teve medo de escandalizar o povo e fez um casamento de bosta. E agora? Continuo te chamando de cunhada?
— Melhor não, eu já não era casada no papel com ele há mais de ano, mas de corpos faziam onze que ele não era mais meu companheiro, e depois, não é justo com minha Lu — enfatizou.
— Fabi. Os meninos deram uma esticada, não foi? Só conheci o Márcio por ele ser a cara do pai, mas Marcílio eu não reconheci — olhava os sobrinhos.
— Pois é, Vivi também deu uma esticada boa, olha lá a altura dela — apontava para onde a filha estava com a namorada.
— Ela não se parece com ninguém da família, né mesmo? — todos achavam a garota branquinha diferente — sabia que Gerlane também resolveu assumir para gente que gosta de mulher? O Rogério quase morre, agora já está melhor, mas ainda não aceitou. Olha, lá vem minha sogra — apontava para a velhinha que caminhava devagar.
Marcelo correu para amparar a avó que eles tanto gostavam e que sempre os tratava com carinho.
— Fabiana meu filho se foi, e agora? O que você vai fazer sozinha com essas crianças? — a velhinha não dizia coisa com coisa.
— Não se preocupe, os meninos vão ficar bem. — Fabiana abraçou a senhora num gesto carinhoso.
Ficaram todos por perto até o momento da missa de corpo presente, a família do falecido que veio em peso e alguns amigos de trabalho também estavam presentes. Após as palavras finais o caixão foi colocado no carrinho e seguiram para o jazigo, foi rápido o procedimento. Nenhum dos filhos saiu de perto de Fabiana que o tempo todo amparou a ex-sogra, mas não dividia com a mesma o sentimento da perda, só o de alívio.
Ainda demoraram um pouco na sala de descanso conversando com alguns parentes que longe de saber o que todos passaram nas mãos do falecido, viam prestar condolências, dar um abraço de conforto em cada um.
Quando tudo terminou, Rogério se despediu levando consigo sua esposa e sua mãe. Despediu da família sem grande demonstração de carinho beirava mais a impaciência de se ver livre de todos ele só não sabia que o sentimento de recíproco.
Quanto todos chegaram em casa ficaram um tempo conversando, outros namorando e Fabiana pediu a moça que estava tirando a folga extra de dona Laura que fizesse um lanche reforçado para todos.
— Marcelo, meu filho, cadê sua noiva? Desde o dia do sequestro que eu não a vejo dar as cara por aqui — no fundo só queria ter certeza, já sabia que o filho e a noiva tinham terminado.
Sentou na cadeira, colocou os óculos e bolsa em cima da mesa e esticou as pernas na outra cadeira, enquanto aguardava a resposta.
— Terminamos ontem mesmo, já não existia amor, se é que um dia existiu. Eu queria alguém que me olhasse assim como a senhora olha para tia Luíza, queria alguém que na hora do trabalho eu quisesse jogar tudo pro alto e vir correndo para casa só pra ficar juntinho. Eu não tinha isso com ela — falava e acariciava os pés da mãe numa massagem prazerosa.
— Eu sei que você está interessado na repórter, eu vi como ela te olha e você a ela. Tudo que eu quero é que você e seus irmãos encontrem a mulher certa, ou o homem certo se for o caso, só quero que seja feliz — olhava para todos com amor.
— É verdade, no momento que cruzei meu olhar com o dela eu senti algo diferente. Ainda não sei se ela também sente o mesmo, vou só tomar um banho trocar de roupa e vou na casa dela, vou fazer tudo direitinho, vou pedir ela em namoro — afirmou feliz.
— A minha cunhada vai dar uma chave de coxa no meu irmãozinho quase virgem, que ele vai goz*r chorando...
— MARCOS — a voz de Fabiana e Luíza se fez ouvir ao mesmo tempo.
— Respeite seu irmão, meu filho.
— Foi mal Marcelão. Mas você vai ter que tomar uma gemada das boas, a Danielle não é brinquedo não — passou o braço por sobre o ombro do irmão e falava baixo como se desse o mais valioso conselho.
— Da minha vida sexual cuido eu. Pode deixar que eu me garanto — revidou o irmão retirando delicadamente o braço do seus ombros.
Era só um conselho besta para que você não passe vergonha quando chegar o momento.
— Pois eu garanto a você, que o meu Deus de Ébano fez o dever de casa direitinho e conseguiu marcar os três pontos no jogo fora de casa. Desculpe, dona Fabiana, de entrar dessa forma na sua casa, mas a Rosely disse que não tinha problema — falou Daniele envergonhada.
— Aê Marcelo bom de bola! Isso não nega que tem o nosso sangue nas veias, continuou o legado, também é louco por uma bu...
— MARCOS — gritaram todos
— Nós já entendemos — Fabiana disse — E você, minha rosa, seja bem-vinda na nossa vida, gosto de mulher que sabe o que quer. Eu passei vinte anos desejando essa mulher sem coragem de dizer — Fabiana segurava as mãos de Luíza que tinha assumido a massagem nos seus pés no lugar de Marcelo.
— E como você pode ver, eu nunca desisto. Sempre que podia dava uns amassos inocentes, cheirava os cabelos dela, chamava ela de gostosa no ouvido dela, dizia que ela sim, ia ser minha. Sempre amei esta mulher — Luíza dizia enquanto Fabiana sorria olhando dentro dos olhos dela e se perdendo de amor, agradecendo a Deus por ela nunca ter desistido.
Os meninos quando perceberam o clima entre elas saíram para seus quartos ficando só as duas conversando com a alma.
Fim do capítulo
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