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O Destino de Vonü por Alex Mills

Ver comentários: 3

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Palavras: 3944
Acessos: 822   |  Postado em: 29/05/2021

Notas iniciais:

Para quem se interessar, e quiser ler o capítulo na cena da guerra ao som dessa música, acho que daria um clima especial de batalha ;) é uma de minhas preferidas.

(https://www.youtube.com/watch?v=ujPAlm_DHo0)

Nós moldamos nossos destinos e somos modificados no processo

—Vonü? Vonü! — Verg estalou os dedos a frente do meu rosto, e eu bati na sua mão, afastando-o.

—Concentre-se em ser uma criação de padre e cale a boca. — Digo sem paciência.

—Estou dizendo que está na hora. Ou vamos virar pinguins.

Suspiro, empurrando-o para longe e avançando, indicando para Arin que deveria prosseguir.  Estava escuro, e a tempestade prosseguia forte como esperado, então todos puxamos o capuz sobre a cabeça, e seguimos em direção a Tieres.  Eu estava com frio e estava com medo. Já tinha estado em várias batalhas, mas nunca numa guerra. Eu sequer devia estar ali. Se não fosse orgulhosa demais, estaria no caminho contrário, com Seul guiando o cavalo para longe, para uma terra nova e longe, mas estava seguindo para longe disso, porque eu era uma idiota e o destino estava escrito. Se eu não seguisse o meu... Eu nem sei a maldição que Graah lançaria sobre mim.

—O que estão fazendo aqui? — Um homem gritou de cima do portão, cerrando os olhos para nos ver. — Quem são vocês?

—Estamos perdidos! — Arin gritou de volta, segurando o capuz enquanto inclinava a cabeça. — A tempestade nos fez perder o rumo, senhor!

—Para onde estão indo?

—Para Ristroff! Estou levando as noviças para o nosso mosteiro, mas ficamos sem comida e água! Por favor, senhor, só queremos uma noite de abrigo e iremos embora de manhã.

—Ristroff? Fica a oeste daqui, depois das montanhas.

—Estamos famintos! — Ele puxou meu braço e baixou meu capuz, e eu não precisei me esforçar para parecer assustada. — Veja! Estamos só aos ossos! — Ele balançou meu braço, e eu vi os olhos do homem brilharem, quase deixando o elmo cair ao se inclinar na beirada.

—Oh! São todas noviças?

—Quase todas! — Arin baixou o capuz de todos, e metade de nós éramos mulheres ou garotos ou velhos. Qualquer suspeita que ele pudesse ter, não demonstrou, ao invés disso mandou baixar os portões.

—Mas só essa noite! Não podemos deixar os servos de Deus passando necessidades.

—Só uma noite!

Os portões se abriram e nosso pequeno grupo entrou sem problemas. Eu tinha criado uma ilusão sutil para parecermos mais magros e abatidos do que estávamos porque eles desconfiariam menos de pessoas com aparência fraca e onipotente. E funcionou. Fomos abrigados perto do fogo e com uma sopa quente com pão amanhecido. Estávamos certos e o povo do mar estava festejando seus deuses, e havia guerreiros bêbados na rua. Não foi difícil. Eles nos ignoraram e nós não os incomodamos.

Eu fiz o que tinha que ser feito, Verg e eu matamos os guardas reservas e os que estavam no portão enquanto o restante do grupo subia até o topo do muro e matavam os soldados que encontravam, assegurando nossa investida e impedindo que alertassem os demais. Então Verg me ajudou a abrir o portão.

O exército entrou quando acendi fogo na superfície do muro, um sinal que combinamos que estava dando tudo certo, então a matança começou. Havia gritos, som de espadas, sangue, tripas, e em questão de minutos vários mortos. Eu comandei o exército pelas ruas de Tieres, relembrando meu lar de infância, e nós matamos todos os soldados e civis bêbados assim que os encontrávamos, sem encontrar grande resistência. Separei parte das tropas para entrarem nos comércios e nas casas, e enquanto liberávamos as ruas, eles condenavam quem estava dentro desses lugares. Não era uma cena bonita de se ver, muitos soldados hesitavam diante dos gritos de velhos, de mulheres e de crianças. Eu também hesitei diante de crianças, porque elas não entendiam nada, mas ainda assim, muitas morreram, assim como centenas de crianças graahkinianas morreram em suas camas.

Nem todos os soldados estavam bêbados, e vários estavam prontos para lutar. Sopro da Morte, minha nova espada, deslizou com fome pelas ruas, se alimentando do sangue dos nossos inimigos e se tornando vermelha, um brilho vermelho no meio da tempestade. Havia soldados com experiência à medida que chegávamos no centro da cidade, parecia haver maior segurança ali porque era onde tinha maior concentração de pessoas. Grandes totens ocupavam a praça central, havia música e dança, mas foram substituídos por gritos e desespero.

Meus soldados avançaram, vingativos e com sede de sangue, e logo aquela praça se tornou um amontoado de corpos e tripas. Graahkinianos comandados por Vaanë montados a cavalo perseguiram quem tentou fugir, deslizando espadas longas e machados pesados, arremessando lanças e flechas. Vigur e Verg estavam ao meu lado, e cuidavam de eliminar aqueles que lutavam para defender seu povo. Volinüs assumiu a difícil tarefa de vasculhar dentro das casas e comércios e tirar quem estivesse dentro.

Eu me sentia deslizar pelo campo de batalha, o povo do mar já não estava surpreso e começou a se organizar para contra atacar, mas eles não tinham chances contra meus poderes de voulcan. Meus anos lutando no Lago dos Ossos se mostravam valiosos no calor da batalha, e eu não hesitei em matar um por um. Eu comecei a achar que ninguém iria atrás de mim como previ, achei que minha visão estivesse errada e eu não morreria naquela noite. Mas então o líder do exército do povo do mar apareceu.

Eles todos tinham aspecto humano, mas a maioria tinha pele escura, vindos além daquele oceano, onde a terra era poeira, onde eram considerados selvagens e canibais. Agora estavam no meu lar, onde usaram sua influência no mar para matar centenas de graahkinianos, e agora nós estávamos conseguindo nossa vingança, trazendo o caos que eles nos fizeram passar.

Verg tentou se colocar no caminho do líder, mas eu o empurrei de lado e assumi meu posto, porque agora eu era a líder do exército graahkiniano. Ele me encarou com nojo e investiu a espada na minha direção, era tão longa quanto a minha, e ele gritou quando nossas espadas se chocaram. Ele era forte e rápido, girava a espada e trocava de mão, tornando a tarefa de desviar mais difícil. Mas não facilitei sua vida. Desapareci várias vezes e repeti o truque de Seul de fazer a espada desaparecer e reaparecer em lugares estratégicos. Mas não parecia o suficiente, ele era habilidoso e conseguia desviar de minhas investidas no último instante. Usei meus poderes, conseguindo maiores danos nele, achei que conseguiria vencer. Quando apareci atrás dele, finquei Sopro da Morte em sua barriga, e torci, ouvindo seu grito.

Nesse momento fiz uma oração a Graah e pedi para continuar viva para corrigir meus erros e poder cuidar de Seul e de meu filho que estava em seu ventre. Prometi devoção e obediência. Prometi um templo em sua homenagem. E também prometi que faria as pazes com Veegan e criaria um laço mais estreito com minha família e meu povo. Mas não foi suficiente. Ele bateu a cabeça no meu nariz e se virou, atordoando-me por um momento, prestes a acertar a adaga no meu coração. Fecho meus olhos e peço desculpas a Seul, porque não cumpriria minha promessa de que cuidaria e lutaria por ela.

Mas a dor nunca veio. Quando abri os olhos, o líder deles estava de joelhos, e não havia mais uma cabeça sobre seus ombros. Quem estava diante de mim era Seul, e Raio Lacerante prendia em sua mão. Eu quase não acreditei. Havia acusação nos seus olhos, mas ela não disse nada, eu ainda estava chocada, porque Seul tinha salvado minha vida, acabando com tudo o que eu acreditava. Ela venceu a visão de Graah.

—É uma guerra, Vonü! Mova-se! — Ela gritou comigo, em seguida girou a espada no ar e puxou meu ombro, amparando o golpe de alguém que veio vingar seu líder. — Eu não te salvei para te ver morrer agora. Mova, Vonü, ou nosso filho terá vergonha e não orgulho!

Então eu me movi, cravando Sopro da Morte no peito da mulher que me atacou por trás. Sangue espirrou de sua boca, eu girei a lâmina dentro dela, e puxei enquanto Seul a empurrava para trás. Eu impeli o ataque de outro guerreiro para o lado direito dele, e completando meu raciocínio, Seul fez um corte profundo na sua barriga que fez as tripas escorrerem pra fora. Era como se tivéssemos criado a dinâmica de luta que só funcionasse juntas. Eu conhecia o estilo de luta de Seul, e ela conhecia o meu. Nossos treinos tinham nos deixados em sincronia.

Continuamos avançando pelas ruas que já foram meu lar, guiando o exército cada vez mais adiante, levando caos a famílias inteiras, encontrando cada vez mais corpos e tornando a neve vermelha com o sangue do meu povo e do povo do mar. Verg se manteve perto como sua mãe tinha mandado, e eu via grupos que Vigur e Volinüs lideravam para dentro dos becos e para dentro das casas, retirando a força quem estivesse dentro. Crianças, velhos, mulheres e homens feridos, e todos foram mortos. As ordens eram para matar todos, sem exceção, dessa forma eles estariam enfraquecidos em números para tentar vingança, e nos daria tempo para melhorar as defesas caso houvesse a mínima chance de atacarem. E para o que viu Seul deixou demonstrar sua indignação, e eu tive que arrastá-la para longe quando tentou impedir a aniquilação. Não foi diferente do que eles fizeram com meu povo, há tantos anos.

A tempestade cessou no começo da manhã, sutis flocos de neve caiam nas ruas sujas de sangue e tripas. Os guerreiros levavam os corpos dos mortos para a praça central, onde costumava haver uma estátua de Graah, mas agora era um conjunto de totens de madeira dos Deuses do povo do mar. Usamos essa madeira para acender uma fogueira grande, então queimamos os corpos dos inimigos, e enterramos nosso povo com oferendas a Graah, desejando uma boa passagem para os seus espíritos, um bom descanso para sua consciência. Eu fiz Seul ficar ao meu lado o tempo inteiro, primeiro porque eu queria ter meus olhos nela, e segundo porque eu queria que visse nossos costumes, mesmo que se mostrasse incomodada com o cheiro dos corpos queimados.

—Por que não sinto que vencemos a guerra? — Ela me questionou.

—Porque não vencemos. — Olho para ela, então indico a leste, onde o mar se mostrava infinito do ponto em que estávamos. A praça central era um ponto alto de Tieres, e de lá era possível ver toda a cidade, inclusive o mar. — Eles vão querer se vingar. Mas nós retardamos esse ataque. — Indico os corpos que eram queimados. — Então teremos tempo para nos preparar.

—E o que faremos agora? — Ela olhava a cidade, porque era teimosa demais para olhar a fogueira.

—Criamos um lar. — Seguro seu rosto, encontrando as lágrimas que continuavam escorrendo por ele, então beijo seus lábios. — Era por isso que eu não queria que você viesse. Nós sabíamos que teríamos que acabar com todos que encontrássemos aqui, e não era algo que você aguentaria fazer.

—O que crianças fariam de ruim a vocês, Vonü? — Perguntou com raiva.

—Elas cresceriam com raiva porque matamos seus pais e sua família. Então diminuímos os riscos.

—Isso é horrível, Vonü. Você devia ter poupado essas crianças e mostrado misericórdia, mesmo que seus ancestrais não tenham feito isso. — Ela segurou meus pulsos com força, tentando encontrar algo em mim que lhe desse resposta.

—Você acha que eu tomei essa decisão, Seul? Eu nunca disse isso. Também acho horrível, mas é uma guerra. Eu fiz o que tinha que ser feito.

—Como você é capaz de viver com isso?

—Meu povo voltará a ter honra, e não precisará se esconder mais. Mas acima de tudo, eu protegi minha família e minha história. —  Deslizo uma mão até sua barriga, e mais lágrimas caíram dos seus olhos. —  Eu protegi nosso futuro.

—Você ajudou a ser o povo do mar a ser perseguido agora.

—Não vamos atrás deles. Mas nos protegeremos se eles atacarem. Acredite em mim, Seul, eu não faria isso se não fosse necessário. Você me conhece.

—Achei que conhecesse. Mas estava enganada. — Ela me afastou, então me virou as costas. — Eu não quero criar meu filho desse jeito. Eu não quero essa violência no futuro dele.

—Eu estou tentando criar paz para todos aqui, Seul. Esse sempre foi meu objetivo. Eu também não quero que nosso filho tenha que lutar uma guerra.

—Vonü? — Era Volinüs, que parava ao meu lado, olhando entre nós duas. — Que bom que te encontrei.

Volinüs tinha o aspecto diferente ao de Veegan, era mais baixa e mais séria, com menos músculos, mas ela lutou com eficiência essa noite, e eram poucos os ferimentos que via em seu corpo. Ela podia não ser uma guerreira como os demais irmãos, mas era eficaz com a sua espada.

—Que bom que está bem, Volinüs. — Digo com alívio ao vê-la, tocando seu ombro. — Você lutou muito bem, estou orgulhosa de você. E agradeço por ter assumido a tarefa mais difícil de esvaziar as casas.

—Não foi a tarefa mais fácil, realmente, mas a sua foi a mais difícil, em liderar todos nessa guerra e garantir nossa vitória. — Ela sorriu, seus dedos encontrando rumo ao meu rosto, fazendo o contorno da minha bochecha numa carícia. — Você trouxe orgulho não somente ao nosso povo em arriscar sua vida por eles, mas a Graah.

—Você está sendo muito generosa. — Sorrio, inclinando o rosto com o contato.

—Estou falando a verdade. Sem você aqui não teríamos uma vitória tão certa, Vonü. Espero ouvir canções a seu respeito por muitos anos.

—Eu fiz o que tinha que ser feito, e farei quantas vezes forem necessárias para proteger nosso povo. Olha a felicidade que trouxemos ao nosso lar. — Eu olhei seus lábios, admirada com o seu sorriso, porque ela sempre foi séria, e me deixava feliz que a vitória que ajudei a trazer a deixava leve e feliz o suficiente para estar sorrindo. Mas eu desviei o olhar, porque Seul se remexia inquieta ao nosso lado, incomodada. — E eu não teria chego até o fim da batalha se Seul não tivesse finalizado o líder do povo do mar.

—Ela deu o último golpe. — Assumiu, olhando por um instante para Seul, seu sorriso se desmanchando. — Depois de você já ter feito todo o trabalho e causado o maior dano nele. — Ela se voltou a mim, incapaz de falar diretamente com Seul. — Você liderou o ataque por essas ruas, Vonü, não desmereça o que fez aqui hoje.

—Eu não quero que ela desmereça nada. — Seul pontuou. — Posso ter dado o último golpe no líder do povo do mar, mas fui a única a impedir que ele ferisse Vonü gravemente.

—Talvez. — Ela segurou meu queixo, acariciando a região. — Nunca hesite numa luta, Vonü, Graah nunca puniria o próprio povo que luta pela liberdade matando sua líder. Você só precisava confiar mais em suas habilidades, eu sei que era capaz de terminar aquela luta sozinha, espero que saiba também. — Ela se inclinou, segurando meu queixo, pressionando os lábios onde tinha acariciado minha bochecha. Confesso que naquele momento, eu acreditei em suas palavras, porque precisava ouvi-las para diminuir minha sensação de fracasso. — Mas receio que tenha te trazido mais um problema. — Ela falou ao se afastar, expressão voltando a seriedade habitual.

Ela me fez segui-la, e Seul veio junto, cruzando a praça central até o que parecia ter sido um comércio grande. Entramos numa venda de queijos, e a frente do balcão estavam uma mulher repleta de ouro e um riquíssimo casaco de pele, e um bebê no seu colo que devia ter um ano. Ao redor estava alguns guerreiros graahkinianos, aparentemente desconfortáveis com a situação. Ela era uma mulher importante, e o bebê devia ser filho de algum general, senão do próprio líder do povo do mar. A mulher tinha uma expressão teimosa no rosto, pronta para atacar qualquer um que se aproximasse, e cuspiu na minha direção quando me viu.

—Ela disse que era casada com Trhoon Tibemberg. — Volinüs esclareceu. Trhoom era o líder que teria me matado se não fosse por Seul. Então apontou para Verg, que era contido por Vigur e Vaanë num canto. — E aquele idiota alega que o filho é dele.

—É meu filho! — Verg gritou, tentando soltar os braços do aperto dos tios.

—Chegamos aqui há alguns dias. Essa criança tem um ano, como ele seria seu filho? — Pergunto de onde estou, prendendo as mãos na minha cintura.

—Eu a conheci em Marheeve. — Ele gritou as palavras urgentemente. — Eu vi a barriga crescer. É meu filho.

—Marheeve? O que ela estava fazendo lá?

—Estava viajando com Trhoom. — A mulher falou, e dessa vez eu sorrio, erguendo a sobrancelha.

—E você quer mesmo que acreditemos que esse filho é de Verg se você estava com seu marido? — Pergunto com tom de deboche, e seu rosto imediatamente se torna vermelho.

—Eu odeio Trhoom. — Seu tom era rude e pesado. — Ele é um maldito que só me bate. Por que ele iria querer ter um filho comigo?

—Porque ele casou com você. Como líder do seu povo, era sua função gerar um herdeiro, ele gostando de você ou não.

—Ele teve filhos suficientes com as outras esposas dele. Eu fui a última com quem ele se casou para conseguir mais terras ao sul. — E com isso ela queria dizer as terras cristãs que os magos possuíam. — Ele não precisava de um filho meu.

—E você sabia que aquele idiota é graahkiniano? — Aponto para Verg.

—No começo não. Depois que engravidei, ele me falou a verdade.

Ela era uma mulher bonita, a pele negra era lisa, bem cuidada, o cabelo estava enfeitado num penteado no alto, com prata, os olhos escuros escondiam astúcia. Não era difícil imaginar os motivos de Verg ter caído nos encantos dela. Mas me perguntava se o bebê tinha herdado as marcas no corpo que nosso povo possuía, os símbolos que Graah nos colocava quando estávamos no útero de nossas mães, nos marcando como seus descendentes. Com essa ideia em mente, eu me aproximei da mulher, que estreitou os braços ao redor da criança e tentou se afastar, e Verg voltou a tentar lutar para se soltar.

—Só há uma forma de saber se ele é filho de Verg. — Digo com calma, parando a sua frente. — E você sabe disso.

—Você não vai tocar nele. — Ela vociferou, mas Volinüs impediu que ela se afastasse mais.

—Vonü não fará nada com seu filho. — Seul falou, colocando-se entre nós duas.

—Assim como ela não fez com o resto das crianças? — Ela continuou zangada, e todos se remexeram nos seus lugares, desconfortáveis.

—Exatamente como seu marido executou centenas de crianças graahkinianas em suas camas, nas casas de suas famílias. — Vigur falou de onde estava, com rancor ainda maior na sua voz. —  Não fizemos nada que eles não fariam quando crescessem.

—Eu não deixarei que façam nada com o seu filho. — Seul voltou a falar em tom ameno, as mãos erguidas. — Mesmo se ele não for filho de Verg.

—E por que eu acreditaria no que você diz? Você é igual a ela. — Ela me olhou com nojo, e eu torci o nariz, sem paciência.

—Porque estou grávida, e não seria capaz de machucar uma criança.

—E, no entanto, deixou que matassem todas as crianças da cidade.

—Nem todas. — Ela apontou para o bebê. — Por favor, confie em mim, Sra.?

—Britan.

Então Britan desembrulhou o bebê da manta que o cobria, e o entregou para Seul, que se virou para mim. O bebê tinha o tom mais claro que a mãe, o cabelo ainda era curto, com cachos negros no topo da cabeça. Estava acordado, olhos curiosos que estavam fixos em mim, seu corpo era gorducho como o de todo bebê, e quando Seul retirou suas roupas, ela o virou lentamente, e eu vi as primeiras marcas nas costas do bebê, pequenas, mas os símbolos eram claros. Ele era filho de Verg, então também tinha sangue graahkiniano. Eu suspirei, porque sabia o que aquilo significava. Mandei que soltassem Verg e ele correu até a amante.

—Parabéns, seu primeiro filho é um bastardo. — Digo para ele. — A menos, é claro, que queira se casar com ela.

O povo do mar tinha costumes semelhantes aos de Seul em relação a união dos casais, e realizavam um ritual para aqueles que queriam trocar juramentos. Mas se Verg fizesse isso, abriria mão de ter um filho puro, como eu fiz.

—Então farei isso. — Ele falou teimosamente, mas o achei corajoso, porque sua mãe iria deserdá-lo.

—Você casará em dois dias. Enquanto isso, Britan ficará sob a tutela de Volinüs. E seu filho ficará comigo.

—Não! — Britan tentou avançar para tomar o filho dos braços de Seul, mas Verg teve a boa noção de impedi-la.

—Não se preocupe. É o primeiro filho. Ela não fará nada. Depois do casamento ele voltará para nós. — Ele explicou para ela, que pareceu se acalmar.

—Quando Veegan souber, você vai desejar que eu cuide do seu filho. — Alerto, então olho para os demais. — Se houver mais crianças na cidade, tragam até mim.

Seul embrulhou o bebê na manta antes de sairmos daquele lugar, mantendo a criança junto do seu corpo, mas era evidente que não tinha qualquer intimidade com essa situação, então eu parei a sua frente e a ajudei a acomodar a criança no seu colo, deitando-o e mantendo sua cabeça apoiada no braço dela.

—Vê? Não é difícil. — Digo mais baixo, vendo-a olhar para o bebê com um sorriso preocupado. — Em breve vou te ensinar o que for preciso quando o nosso nascer.

—São tão pequenos, não é? — Ela falou, usando os dedos para acariciar o rosto do bebê. — Você ainda acha que eles fariam mal ao seu povo?

—Quem você acha que criaria essas crianças, Seul? E de que forma? Seriam bastardos ou seriam serviçais. Ninguém os criaria como filhos.

—Não é melhor que morrer?

—É o que veremos.

—O que fará com essas crianças que sobraram? — Ela me olhou, parecendo preocupada.

—Nada. Você fará.

—O que espera que eu faça? — Suas sobrancelhas ergueram em surpresa e suspeita.

—O que você quiser, e eu mandarei que as ordens sejam seguidas.

—Qualquer coisa? — Eu movo a cabeça para concordar. — Está bem. Então vamos precisar de uma casa grande, como você me prometeu.

—Considere feito. Agora volte para o salão de Arin enquanto eu organizo as coisas aqui. E descanse. — Seguro seu rosto em minhas mãos e beijo seus lábios, mantendo-me perto. — Você me salvou hoje, eu nunca vou esquecer isso.

—Farei isso quantas vezes forem necessárias.

—Como você soube que isso aconteceria? Você não deve estar tendo visões claras ainda.

—Eu achei que fosse um sonho, até você começar a chorar igual ao que eu tinha sonhado. Então eu soube que algo aconteceria com você.

—Eu queria ter podido te falar, mas-

—Graah não se orgulharia se você fugisse. — Ela completou, e não havia julgamento no seu tom. — Mas eu teria lutado ao seu lado mesmo assim. Eu não te pediria para ir embora.

—E eu não colocaria a vida do meu filho e de minha esposa em perigo.

—Eu sei. Mas eu escolhi vir mesmo assim. E não me arrependo.

—Estou feliz que tenha vindo. — Isso a fez sorrir, e ela se inclinou para me beijar outra vez, de forma mais demorada.

—Agora arranje nossa casa.


Fim do capítulo

Notas finais:

Essa Volinüs :3

 

Vonü --> o ü é mais fechado, assim como Alinü.

Seul Wittebi --> o W tem som de V, e Seul é dito mais rápido, como quando falamos "seu" mesmo, com o "u" mais fechado.

Marheeve --> o "ee" tem som de i mesmo, mas se lê mar-ive.

Hiver --> h com som de “r” mesmo

Graah --> como tem h no final, tem o som mais aberto.

Voulcan --> na história dos voulcans, o som é mais diferente, o V tem som de F, fica foucan para pronunciar.

Ehfae --> êfaê, basicamente.

Arin Ashoff --> Ash-off

Trhoom Tibemberg --> Throom, com som prolongado no "o".


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Comentários para 16 - Nós moldamos nossos destinos e somos modificados no processo:
Lea
Lea

Em: 13/08/2021

Numa guerra nunca há um lado "vencedor".

Vonü e Seul ainda passaram por muitas provações até ter paz,se é que esse dia chegará.


Resposta do autor:

O que será que é essa paz hm? Talvez acabem se confundido nesse ideal e sempre estejam buscando algo para continuarem se movimentando :)

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 29/05/2021

Nossa achei que Vonü fosse morrer.


Resposta do autor:

Nossa, credo, imagina se fosse? D:

O destino dela não tá de brincadeira não D:

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Irinha
Irinha

Em: 29/05/2021

Capítulo MARAVILHOSO. Amei o rumo que as coisas tomaram.bjs


Resposta do autor:

Opa!

Que bom saber disso, Irinha :D

Até o próximo ;)

Responder

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