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O Destino de Vonü por Alex Mills

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Palavras: 7223
Acessos: 1000   |  Postado em: 25/05/2021

Nem sempre palavras e atitudes mudam o desejo do coração

Vonü demorou para chegar naquela noite, depois da reunião com seus irmãos, mas eu me esforcei para me manter acordada. Quando chegou, tinha neve em seus trajes e em seus cabelos, e eu a encarei, desaprovando por me deixar esperando enquanto estava numa tempestade dessas.

—Está frio. — Ela alegou enquanto retirava o casaco e o colocava no gancho atrás da porta.

—A cama está quente. — Digo com um sorriso, retirando as cobertas de pele do meu corpo e revelando minha nudez, deixando seu espaço ao meu lado livre. — Venha aqui.

Não precisei falar duas vezes, ela retirou os trajes e caminhou sem pressa até a cama, deitando ao meu lado e esperando até que eu a cobrisse, sentindo sua pele gelada quando deitei sobre seu corpo, suas maçãs vermelhas do frio. Beijo seus lábios enquanto seus dedos percorrem minhas costas, respirando perto do seu rosto para aquecê-la.

—O que estava fazendo na rua para estar tão gelada? — Pergunto, vendo seus olhos fecharem enquanto deslizo os lábios pelo seu rosto, tentando esquentá-la mais rápido. — Você nunca esteve gelada. Achei que não fosse possível.

—Claro que é possível. Aqui o inverno é mais frio do que em Marheeve. — Seu sorriso se abriu. — Eu fiquei uma semana com frio quando engravidei de Alinü.

—Isso acontece com todos os voulcans? — Beijo seu sorriso, seus dedos explorando o local onde minhas asas nasceram.

—Sim. É uma forma das fêmeas serem alertadas para se recolherem e esperar o nascimento, já que viviam em luta.

—Eu estou sempre com frio. — Isso a fez rir.

—Sua pele vai ficar sensível nos primeiros meses. O inverno não vai fazer bem para você, infelizmente. As roupas ainda te incomodam?

—Sim. Pinicam onde as escamas estão nascendo.

—E as asas?

—Desconfortáveis. Não consigo dormir com elas nas minhas costas. Estou sempre derrubando as coisas.

—Vamos precisar de uma casa maior.

—E onde essa casa estará?

—Você nunca esteve em Tieres. O clima é intenso nas estações. Eu não sei se seria agradável para você.

—Eu não te separaria do seu povo, Vonü.

—E eu já te separei demais do seu povo e de sua família também.

Balanço a cabeça, colando nossas testas, seus olhos verdes se abrindo para me olhar. Seu corpo já estava mais quente, mas seus dedos ainda resistiam, então os envolvi entre os meus e deixei nossas mãos descansarem juntas ao lado das almofadas.

—Meu povo me mandou embora, Vonü. Eles nunca aceitariam nossa união. E minha mãe me expulsou de casa para eu não manchar mais ainda seu nome.

—Bem... eu tenho orgulho de você. Nunca conheci uma pessoa tão obstinada quanto você em toda minha vida.

—E eu nunca conheci uma criatura tão honrada e inteligente quanto você, Vonü. — Isso a fez sorrir, fiquei contente. — Digo... você sempre foi dura e buscava o pior em mim durante os treinos, mas isso me mostrou o quão longe eu poderia ir.

—Eu só tinha que te pressionar um pouco para você ir além e chegar na sua força real. O trabalho foi todo seu.

—Eu gosto do fato que você não me subestima. Desde a primeira luta.

—Não sou idiota. Você podia ter me matado se eu tivesse te achado fraca, como Alinü fez. Você tem astúcia, Seul. Não é algo a se subestimar numa batalha.

—Eu tenho que estar à altura da minha esposa. — Beijo seus lábios, seus dedos chegando em meus cabelos, pressionando sutilmente ali, um pedido para continuar.

Como eu negaria um pedido desses? Fiquei envolvida em seus beijos até perder a noção do tempo, e ela segurar meu rosto para olhá-la. Havia um brilho nos seus olhos que era novo, como se ela me olhasse com devoção, ou como se eu tivesse feito algo que a agradasse. Seus dedos finalmente tinham esquentado, e sua pele estava macia e quente contra a minha, roçando quando nos mexíamos para nos ajeitarmos. Era confortável, extremamente confortável, e me fazia querer ficar ali e não sair mais, eu esperava que ela sentisse o mesmo.

—Há alguma chance de eu te convencer a não ir a essa guerra amanhã? — Ela me perguntou, eu rio, sem levar a pergunta a sério. — Eu sei que você vê essa batalha como a chance de fazer seu nome ser reconhecido, mas-

—Não há “mas”, meu amor. Agora é nosso nome. É minha função trazer honra a nossa família agora que te fiz abrir mão do nome da sua família de origem.

—Mesmo se estiver grávida?

—O que? — Aquilo me chocou. — Você me engravidou nas vésperas da guerra?

—Talvez? — Ela continuou com a mesma expressão suave no rosto. — Não quero arriscar se isso tivesse realmente acontecido. Você quer?

—Claro que não. Mas não temos certeza, temos? E você disse que não havia relatos.

—E não há, porque nenhuma mulher iria relatar esse acontecimento quando sua cultura a forçava a se silenciar sobre isso. Não significa que seja impossível. O ritual não entrega somente poder. Entrega um pedaço de vida também, uma essência que aumenta muito mais que suas habilidades. — Seus dedos traçaram caricias enquanto colocava meus cabelos para um lado do rosto. — Eu só... sinto que há algo a mais dentro de você.

—Você tem certeza que não é somente nosso vínculo que fortaleceu depois do ritual? Ou que sente o poder dentro de mim?

—É diferente. É uma energia mais sutil que sinto de você.

—Foi como se sentiu quando engravidou? Além do frio.

—Cada gravidez é diferente. — Ela parecia tão certa do que dizia que era quase impossível contestá-la. — E eu não prestei a devida atenção na época porque não sabia se iria prosseguir com essa gravidez.

—Vonü... mesmo se estiver grávida, essa criança nascerá de uma mãe que não tem nada para oferecer a ela. Nem ouro, nem reputação, nem honra. Coisas que Veegan tem de sobra, e está marchando para a guerra mesmo assim.

—Ela não vai lutar. Em nossa cultura, nós valorizamos a gravidez, ainda mais depois da guerra. Ninguém a seguiria para a batalha se estivesse grávida. E todos a respeitarão com a atitude dela. — Havia um ar sugestivo na sua fala. — Como você disse, somos uma família, e não é seu dever sozinha trazer honra e reputação.

—É diferente para você. Você nunca precisou se preocupar com isso. Entre seu povo-

—Eu sempre serei Thronttier. Mas você esqueceu um detalhe. — A calma dela começava a me irritar, fazendo-me sentir uma criança estúpida a fazer birra por algo que ela já tinha vencido. — Eu não cresci entre eles. Não tenho qualquer reputação além de ter nascido numa família importante e ter me afastado dos costumes depois da guerra. É mais fácil eles me afastarem da família e me deserdarem.

—Veegan não faria isso.

—Você ficaria surpresa.

Suspiro, saindo de cima dela somente para pegar a bainha debaixo da cama, colocando ao nosso lado na cama enquanto me ajeitava perto do seu corpo. Ela franziu o cenho quando viu a arma e me encarou, esperando por explicações.

—Veegan me entregou isso antes de irmos embora de Tamber. — Digo devagar. — Ela já sabia que não ia lutar, então quer que você lidere essa luta. Algo sobre ser segunda irmã.

—Liderar seu exército? Ela realmente te falou isso com essas palavras?

—Sim. Ou não teria me entregado isso. — Gesticulo a bainha. — Embora eu não entenda como uma bainha possa pesar tanto. Talvez seja algo simbólico entre vocês? Ela disse que você entenderia. E disse que eu te convenceria a aceitar isso.

Ela suspirou enquanto se movia para pegar a bainha, erguendo acima do corpo enquanto eu ouvia o som de lâmina quando ela segurou algo invisível fora da bainha. Olhei sem entender ela mover o braço, ficando algum tempo em silêncio olhando para o nada.

—É uma espada elemental. Eu também não entendi quando vi pela primeira vez. Seu princípio é o gelo. Ela se alimenta do sangue.

—Você vai me mostrar a espada? Porque eu não vejo nada.

Eu ofereci minha mão, ela a segurou e beijou antes de pressionar a palma no material gelado, deslizando e cortando minha pele, voltando a pressionar. Meu sangue escorreu e a lâmina se revelou, pálida e afiada, com um brilho que pulsava.

—É linda, Vonü. Por que não ficou com ela?

—Porque Veegan ainda não confia em mim, e eu ainda estava com raiva dela.

—Por que? O que ela te fez?

—Ela nunca foi uma irmã para mim, para começar. — Ela falou devagar, a voz baixa, trazendo minha mão para os lábios e deslizando a língua sobre o ferimento, cicatrizando o corte e me fazendo sorrir com a sensação de sua língua na minha pele. — Minha mãe morreu nas primeiras batalhas, e Veegan nunca apareceu, eu tive que cuidar dos meus irmãos, sozinha.

—Até ser levada embora. — Complemento, usando a mão recém curada para virar seu rosto para o meu.

—E ninguém nunca veio atrás de mim.

—Você sente raiva de Veegan por ter pensado mais no seu povo do que na família?

—Colocando desse jeito você faz parecer que estou sendo imatura.

Ela se desvencilhou do meu toque e se sentou na beira da cama, ainda segurando a espada, deixando a ponta apoiada no tapete. Meu sangue estava paralisado no centro da lâmina, no exato ponto em que ela pulsava e lançava energia para o restante da espada. Suspiro, movendo-me na cama e envolvendo a cintura de Vonü, prendendo os dedos em sua barriga enquanto pressionava meus lábios em suas costas, tentando acalmá-la com beijos.

—Ela é sua irmã mais velha. É natural que você deseje que ela cuide de você.

—Eu não quero os cuidados dela. — Falou rudemente, eu tive que respirar fundo para não desistir.

—Mas já desejou tê-los, não foi?

—Não. Eu queria que ela estivesse lá para nossos irmãos. Eles eram jovens e não entendiam nada. Foi difícil dizer a eles que tinha que ir embora no meio de uma guerra. Eles acharam que eu estava fugindo e me chamaram de covarde. — Seu tom continuou duro e eu agora sabia que não era direcionado para mim e sim para as lembranças. Eu sabia o quanto elas podiam doer. — Eles admiravam... Eles admiram Veegan. Eu sou uma desconhecida para eles mesmo que os tenha visto crescer.

—Eles gostam de você.

—Mas não me conhecem. Eles desprezam minha forma e acham que eu escolhi isso. Acham que traí nosso povo.

—E você quer provar que não os abandonou.

—Eu quero usar meus poderes para retomar Tieres.

—Mas você não se sentiria confortável vivendo em Tieres. — Defino, tentando seguir algum raciocínio no que ela me dizia.

—Vou ter que viver para descobrir. De qualquer forma, eu prometi a Alinü que iria ensiná-la a ser líder, em troca da vida de Veegan, se ela ganhar a luta.

—Você o que? — Houve uma pausa, eu quis ter ouvido errado, porque aquilo era impossível.

—Alinü escutou minha conversa com Veegan. Eu contei a verdade a ela. — Ela falou devagar, mas eu me afastei antes mesmo que terminasse de falar. — Ela merecia a verdade. E ela me pareceu sincera quando falou que queria se redimir comigo, Seul. Ela é minha filha afinal. Não vi porque não tentar consertar meus erros com ela.

—Seus erros?

—Ela se tornou dessa forma porque eu não a tratei como minha filha.

—Você está dizendo que ela tentar me matar mais de uma vez é sua culpa? — Pergunto incrédula, porque era o que eu estava entendendo.

—Ela não ia te matar.

—Apenas me machucar o suficiente para eu implorar pela morte.

—Ela não é uma assassina.

—Porque ela achou algo mais interessante que me matar. E no fim ela conseguiu tudo o que queria e você não vê isso.

Estava frustrada com a ignorância dela em relação a própria filha. Maldita fosse Alinü e maldita fosse a cegueira que se dá quando se tem um filho. Eu não seria assim, se Vonü estivesse certa e eu estivesse grávida, não seria estúpida pelo meu filho e não o deixarei que me fazer de idiota.

—Seul...

Eu já tinha voltado a me deitar, afundando o rosto nas almofadas e deixando as asas tombadas ao lado da cama. Tinha apagado as velas ao meu lado e não ousava olhar na direção de Vonü, ainda que eu sentisse seus olhos em mim.

—Se você já foi capaz de perdoar sua filha pelo que ela me fez, desculpa, mas eu não sou capaz de perdoá-la nem em dez anos. — Digo contra as almofadas, tentando me livrar dos seus olhos.

—Você quer que eu saia?

—Não. Está congelando lá fora. E a cama é grande o suficiente.

E era grande mesmo. Tinha juntado duas camas para que minhas asas não atrapalhassem nossa noite, e agora esse espaço era abrupto entre nós. E com isso eu queria dizer para ela se manter do lado dela. Então eu a ouvi bufar e guardar a espada, voltando a deitar e colocar as peles sobre seu corpo. Ficamos acordadas e num silêncio que pesava os ossos, mas eu estava exausta, tinha alongado o corpo e as asas e praticado a resistência de minha pele nesse frio. Essa forma ainda era nova, eu tinha que listar tudo que era novo, e a maioria me incomodava.

Em algum momento eu dormi, e não dormi bem, mas quem dorme bem quando está irritada com a pessoa que dorme do seu lado? Mas então eu acordei, e ainda era cedo, mas Vonü não estava mais na cama. Eu me assustei de início, como quando acordei após o ritual e ela não estava lá, e meus pensamentos foram os piores enquanto vestia as roupas que ela tinha me deixado e percorria o caminho até onde ouvia as vozes dela e de Veegan.

E naquela manhã não foi diferente. Eu pensava que a qualquer momento encontraria um bilhete com a letra dela me dizendo que nosso casamento tinha acabado e que ela ficaria com a filha depois da guerra. Mas eu não encontrei nada. Eu estava prestes a me vestir quando a porta do quarto foi aberta e eu achei que fosse Vonü, mas meu alívio foi substituído por preocupação quando vejo Veegan. Minhas asas logo me cobriram, envolvendo meu corpo como uma capa, mas ela sequer corou, seu sorriso provocativo me fez acreditar que continuava me vendo nua.

—O que está fazendo aqui? — Pergunto, mas ela continua sorrindo.

—Vonü pediu que ficasse de olho em você. — Ela falou com humor.

—Tenho plena certeza de que ela não diria isso de maneira literal.

—Eu só estou fazendo meu trabalho!

—Veegan, por Deus! Você nunca viu uma mulher nua?

—Claro que sim! Você foi a última quem vi nua. E nem faz tanto tempo.

—Muita coisa aconteceu nesse pouco tempo, como eu ter me casado. Então ao menos se vire enquanto eu me visto.

—Desculpe. — Ela não soou nem um pouco verdadeira enquanto se virava e cruzava os braços. — Mas foi sua esposa quem me mandou aqui.

—Minha esposa é uma idiota.

—Vocês não deviam estar em lua de mel? Com brilho nos olhos, trans*ndo em lugares exóticos? Já pularam para a fase das brigas?

—Ah, por favor. Nos conhecemos no meio de uma luta enquanto tentávamos nos matar. Estamos sempre lutando. Claro que nosso casamento seria assim, eu não sei onde tinha a cabeça em pensar diferente.

Coloquei a parte debaixo da roupa íntima e uma calça de couro. O trabalho maior foi ajustar a camisa em minhas costas, tendo que utilizar meus poderes para manter aberto em todas as costas e só se prender no meu quadril. Minhas asas eram finas e esqueléticas, não tinham forças e eram frágeis, mas saiam pela base da minha coluna até o final dela, fazendo a curva na metade, em minhas costelas, para ter mais sustentação, pelo que Vonü me contou. Eram escuras como as dela, pontudas, mas nem de longe eram fortes, e eu duvidava de que um dia seriam como as de Vonü. Nesse estado ao menos eu podia colocar um casaco sobre elas.

—Vocês resolveram ter uma relação intensa. — Veegan falou depois de um tempo, e se virou quando toquei seu ombro. — Se eu soubesse que você queria se casar, teria proposto antes, e não passaria um dia discutindo com você.

—Nunca concordávamos em nada quando eu estava na sua casa. — Pontuo, estreitando os olhos. — Você nunca me escutava.

—Eu mudei isso, não mudei? Estamos seguindo seu plano, marchando até aqui em pleno inverno, atacando no natal. Eu confio em você. E te seguiria até o paraíso do seu Deus.

—Então você descobre que Vonü e eu discutimos e veio tentar as chances?

Ela riu, segurando minhas mãos e me olhando nos olhos. Veegan era linda, e eu sabia que poderíamos ter uma vida juntas se eu tivesse dito sim a ela.

—Eu já tive alguma chance com você, Seul? — Ela perguntou, acariciando meus dedos. — Mesmo naquela noite do festival. Ou nas outras, em Tamber. Você já me viu mais que uma amante?

—Você acha que eu estaria com Vonü se tivesse esses sentimentos por você, Vee?

—Você já conseguiu poder. Não é como se precisasse continuar com ela.

Estreito os olhos, soltando suas mãos. Veegan não era dessa forma.

—Você lembra do desenho que você tem na coxa? — Pergunto, gesticulando sua perna direita.

—Claro. Você a adorou quando contei quem a desenhou.

—Exceto que não era um desenho, e sim uma cicatriz. — Ergo a sobrancelha e me afasto, conjurando Raio Lacerante tão logo minhas mãos se separaram durante o feitiço. — O que você quer aqui, Alinü?

—Está bem, você me pegou. — Aquela voz era de Veegan, mas no segundo seguinte Alinü assumiu sua forma, suas asas aparecendo e seu chifre quebrado se mostrando no topo de sua cabeça. — Achei que poderíamos conversar. — Ela falou, mantendo-se no lugar.

—Conversar? Como quando me amaldiçoou?

—Não. Mas eu acabei te ajudando. Afinal, você conseguiu o poder.

—E você conseguiu tudo o que queria, não é?

—Nem tudo.

—É só questão de tempo até que assuma a liderança.

—Nem tudo se resume ao poder, não é mesmo? Agora você sabe disso.

—Vonü se livrou da sua amante, e agora veio tentar se vingar de mim?

—Ela não te falou sobre Hiver, falou? Então provavelmente no fim ainda há esperança, e ela te largue para ficar com uma graahkiniana.

—O que? Vonü matou Hiver.

—Se ela te escondeu isso, então é sinal de que ainda tem sentimentos por Hiver. — Ela sorriu, parecendo pensar. — Vonü não matou Hiver. Não sei o que aconteceu naquela cabana, mas agora você sabe o que não aconteceu.

—Você está mentindo. Vonü não tinha motivos para manter Hiver viva.

—Eu também achava isso. Mas ela me falou isso ontem. Hiver está viva, bem longe daqui. Talvez esperando por Vonü depois da guerra, aquecendo sua cama. Ou você acha que Vonü levaria um juramento diante do seu Deus a sério? Ela só fez isso para você abrir as pernas sem resistir. Agora está livre de você.

—O que você quer, Alinü? — Abaixo a espada, soltando um longo suspiro. — Sua mãe honra a palavra, sendo na frente do meu Deus ou de Graah. Ela não é baixa como você. E se ela não me falou sobre o que fez com Hiver, é porque não é importante.

—Você confia mesmo na palavra de Vonü. — Ela sorriu de forma mais sincera e estendeu a mão. — Eu proponho uma trégua, já que ela resolveu se unir a você, e nós vamos conviver agora.

—É alguma piada? Você queria me matar até há alguns dias. — Aquilo só podia ser algum plano dela para me enganar, e eu continuei parada diante da sua mão estendida.

—Não vou matar a esposa de Vonü, se isso significa alguma coisa para você.

—Então se eu não for esposa dela, você tentará me matar livremente?

—Não tenho mais motivos para isso.

—Eu não confio em você e nem na sua palavra, Alinü. O que você ganha com isso?

—Eu só quero fazer as coisas certas dessa vez.

—Dessa vez? Agora que Vonü voltou a te colocar debaixo das asas dela? — Ela baixou a mão e me encarou, agora impaciente. — Foi Vonü que te mandou aqui?

—Você acha que ela faria isso? — Ela cruzou os braços, erguendo a sobrancelha. — Eu percebi que ela estava com a cabeça em outro lugar, e você não é uma pessoa difícil de decifrar. Não é difícil imaginar que o motivo fui eu, então deduzi que tenha sido por minha causa.

—Então se já terminou o que veio fazer aqui, você já pode ir embora. — Indico a porta do quarto. — E não volte a entrar sem ser convidada.

—Está bem. Não precisa me responder agora.

—Eu não vou te responder nada. Vá embora.

Ela suspirou, mas acabou indo embora, e eu fiquei sozinha. Que comédia Deus estava fazendo comigo, fazendo-me unir com Vonü e agora ter sua filha atrás de mim, querendo se redimir, como se eu fosse acreditar em sua palavra depois de tudo.

A tempestade continuava forte lá fora, a neve já devia ter dois palmos de grossura, e o frio incomodava as novas escamas. Não me admirava as piadas em relação a termos feito pacto com dragão, talvez agora, em minha vila, eles pensassem que eu fosse algo melhor que uma bastarda que não seguia os costumes da minha religião.

A fome me levou até o salão principal, e o fogo me manteve lá boa parte da manhã, mesmo que sozinha. Todos deviam estar se preparando para a guerra, eu não via nem os magos, enquanto eu era obrigada a ficar sem fazer nada. Graah devia estar contra mim, impedindo que eu ajudasse seu povo nessa batalha, mas permitiu que eu gerasse um filhote da sua espécie. Ou talvez fosse um voulcan, como Alinü, eu não conseguia definir.

—Você foi amaldiçoada?

Veegan parou do outro lado do fogo, olhando para mim com as mãos na cintura, numa pose empoderada, exigindo alguma explicação. Eu a encarei confusa, minha cabeça pendendo para o lado. Ela balançou a cabeça e se aproximou.

—Estou te chamando várias vezes. Você não me ouviu? — Ela ergueu as sobrancelhas e puxou a cadeira do meu lado, sentando de frente para mim. — Seul?

—Não, desculpa. Estava pensando em várias coisas.

—Então somos duas. — Ela sorriu. — Convocar meu povo a guerra e não comparecer.

—Vee, o que você tem nas costas?

—Minhas costas? — Suas sobrancelhas ergueram outra vez. — Nunca houve nada nas minhas. Por que? Deveria?

—Não. Alinü tentou se passar por você mais cedo. Eu queria garantir que era você mesma.

—Alinü? Ela tentou fazer alguma coisa com você?

—Não. Talvez. — Reviro os olhos. — É a segunda vez que ela tenta se passar por alguém para ficar perto de mim. Logo ela resolve se declarar.

—Está conquistando graahkinianos por onde passa, Seul. Isso é um progresso, eu diria. — Ela me provocou, mas eu balanço a cabeça, fazendo uma careta. — O que ela queria?

—Me incomodar. Nenhum dano físico.

—Ela te ameaçou? — Nego com a cabeça. — Falou algo da luta essa noite?

—Não. Era sobre Vonü. Não se preocupe. Nada alarmante. De qualquer forma, como você está? Achei que passaria o dia organizando o exército para a batalha.

—Eu passei a manhã dizendo a Vonü o que ela tinha que fazer. Eu sabia que você conseguiria convencê-la a usar aquela espada. Ninguém poderia usar no lugar dela. — Ela tocou minha perna com a sua, num sorriso de lado. — Então fiz a parte mais difícil, e entreguei minha espada e o comando do grupo que entrará em Tieres para Verg.

—Deve ter sido difícil.

—Mas ele mereceu. Tem se esforçado, e merece a chance de se provar.

—Eu falo da espada. Sei que é costume de vocês entregar a própria espada para o filho mais velho quando vão a primeira batalha. E aquela espada é incrível.

—Claro que você está preocupada com a espada. — Ela riu.

—Com o que mais? Verg vai se sair bem. Se ele focar a fúria que tem em mim e dos cristãos nessa batalha, vai matar mais que Vonü.

—Ele não te odeia.

—Não tente amenizar isso. Se pudesse ele me jogava fora da sua casa.

—Ele não te odiava porque você é cristã. Ele temia que você estivesse comigo. — Seu sorriso se tornou mais melancólico, e ela encarou o fogo. — De qualquer forma não usarei uma espada por um bom tempo, então o destino já estava selado.

—Vocês acreditam mesmo no destino, não é mesmo? — Desvio o olhar para o fogo também.

—Porque Graah nos coloca desafios para nos tornarmos mais fortes.

—Eu sou um desafio?

—O melhor deles.

Eu a olhei por um momento, mas ela somente segurou minha mão sobre minhas pernas, envolvendo nossos dedos. Fiquei tentada a soltar, mas não encontrei maldade, então permiti que ela continuasse.

—Vonü disse que você não lutaria por causa da nova forma. — Ela comentou de forma casual. — Mas você me parece bem.

—Estou me acostumando ainda. Há muito a ser aprimorado.

—Mas você está bem.

—Estou. Mas Vonü acha que a mistura dos nossos sangues pode ter ocasionado uma gravidez durante o ritual. É um feitiço antigo e poderoso.

—Você? Grávida? — Ela me olhou, então moveu os olhos pelo meu corpo, parando em minha barriga. — Posso tocar?

—Não se empolgue.

Afastei a capa ainda assim, deixando que ela tocasse minha barriga. Ela subiu minha camisa e pressionou a mão espalmada sobre minha pele, eu protestei sua mão gelada, mas ela não se apressou, acariciando sutilmente antes de me olhar nos olhos com um sorriso aberto.

—O que? Você consegue saber se estou grávida ou não?

—Vonü tocou sua barriga? — Ela perguntou ao invés de responder.

—Não que eu lembre. Ela só disse que sentia uma energia diferente dentro de mim.

—Curioso. — Ela continuou sorrindo e afastou a mão, — Você se importa em caminhar comigo?

—Nessa tempestade? Me importo muito.

—Venha. — Ela se levantou e continuou segurando minha mão, pressionando mais os dedos nos meus. — Não vai se arrepender.

Solto um longo suspiro, mas resolvo ceder, porque não havia nada a fazer naquele lugar sozinha. Então me levanto e a sigo para fora do salão de Arin, encolhendo o corpo quando sinto a primeira lufada de ar gelado, a neve me atingindo sem demora. Veegan riu ao meu lado e passou um braço sobre meus ombros, mantendo-me perto e oferecendo o calor do seu corpo.

—Você não devia estar resistente ao frio como Vonü? — Ela falou perto do meu ouvido, levando-me pela rua junto a ela, sem qualquer pressa.

—Eu te disse que ainda tenho que melhorar. — Olho para ela, erguendo a sobrancelha. — Meus olhos continuam azuis. Logo serão vermelhos.

—Espero que continuem azuis. — Seus olhos brilharam por um momento, e continuaram fixos nos meus. — Me fazem lembrar do mar em Marheeve. Da noite que passamos juntas, mas também da manhã que acordei ao seu lado.

—Você tinha o quarto perto do mar. — Relembro, desviando o olhar com um sorriso de lado. — Eu nunca tinha dormido num lugar daquele, acordado com o som do mar e o cheiro salgado vindo pelas janelas. Foi a melhor noite que tive.

—A melhor? — Havia um tom provocante no seu tom, mas também surpreso, e eu tive que me chutar mentalmente, porque não devia ter falado aquilo.

—Não imagine coisas. — Digo lentamente. — Não estou acostumada a dormir em bons lugares. Passei longos anos viajando, pagando por um teto por uma noite.

—Para conseguir poder. — Seus olhos continuavam em mim na maior parte do tempo, desviando somente para olhar o caminho a frente. — Era como você esperava?

—Sentir o poder dentro de mim? — Ela fez um som para concordar. — Não, não era nada como eu esperava, eu assumo. Eu sabia que teria um longo caminho a seguir depois que conseguisse, para desenvolver todo o potencial. Mas talvez tenha criado expectativas demais. Eu ainda tenho muito trabalho a fazer.

—Entendo. Na minha primeira batalha, eu fiquei decepcionada. Era mais uma briga, um desafio. Uma garota da família principal insultou minha família, e era minha chance de testar meus treinos.

—Claro que você ganhou.

—Foi muito fácil. Eu fui com fúria demais, e ela já tinha se arrependido e não lutou com vontade. Não durou cinco minutos. — Isso me fez rir por um momento. — Mas eu trouxe honra para a minha família, e foi o suficiente.

—Levar honra para a família significa defender seus valores a todo custo, não é mesmo?

—É defender todos dentro da família, e tudo em que acreditam. Os valores, os costumes, as tradições.

—E você gosta de fazer isso? Ser a primeira a defender seu povo?

—Sim, eu gosto. Eu nasci com esse intuito, e o farei até o fim. — Ela diminuiu o passo e nós viramos num beco, onde ela parou, mas ficamos abrigadas da ventania ao menos. — Vonü não se sente parte de nossas tradições, e por isso eu lhe dei a liderança do exército, e por isso eu quero que assuma meu lugar enquanto estou grávida.

—Você acha que ela está preparada para isso?

—Ninguém está, mas ela não está sozinha. Estarei ao lado dela, assim como o resto de nós. — Ela tinha um olhar fixo e a voz mais séria e firme, julguei que estivesse falando com uma líder graahkiniana, e não com minha amiga. — E ela confia em você mais que a qualquer um aqui.

—Claro, nos casamos por um motivo. A confiança estava presente. — Falo com humor, mas ela não sorriu.

—Você tem a cabeça no lugar, Seul. Vai saber julgar as situações.

—Você quer que eu fale no ouvido de Vonü enquanto estiver na liderança.

—Quero que seja racional se for preciso.

—Eu sempre sou.

Ela ergueu a sobrancelha, mas eu somente a encarei, mantendo-me firme, ela acabou sorrindo, movendo as mãos em meus braços sobre a capa, talvez tentando me esquentar, mas encontrou minhas mãos fazendo a mesma coisa, então as segurou e pressionou sutilmente, fazendo uma leve pressão enquanto me olhava.

—Por que se casou com Vonü? Não era preciso isso para o ritual.

—Ela me pediu. Achei que fazia sentido. Vonü é uma pessoa honrada, ela estava querendo respeitar os costumes de minha religião antes de fazer o ritual. Quis me tomar da forma que ninguém tinha feito antes.

—Sim, Vonü é mais honrada do que a dei crédito no começo. — Ela me ofereceu um sorriso triste, mas eu não sabia se era pelo meu casamento, por ela ter desconfiado da irmã ou por ambos. — Você é feliz com ela?

—Acho que é cedo para dizer. Estamos construindo algo ainda.

—Você tem sentimentos por ela?

—Tenho. — Sobre isso eu tinha certeza, mesmo que não soubesse exatamente que sentimentos eram esses, e Veegan parecia ler meus pensamentos, porque se aproximou mais. Guerreiros passaram pelo beco, mas não pareceram nos notar.

—E são o suficiente para você esquecer o que realmente quer? — Sua voz estava baixa, e eu sabia o que ela estava querendo fazer. — Porque meus sentimentos por você são fortes o suficiente para superar todo esse ritual, esse casamento.

—O que está dizendo, Vee? — Estreito os olhos na sua direção, nessa distância eu podia sentir o cheiro do seu suor misturado ao perfume, inebriando meus sentidos.

—Estou dizendo que se Vonü quiser ficar com você, vai ter que lutar por isso.

Antes mesmo que pudesse se aproximar mais, algo rasgou o espaço entre nós e Veegan xingou ao se afastar, cobrindo a bochecha e o nariz com a mão, mas era possível ver o sangue escorrendo entre seus dedos. Segui a direção do que a tinha acertado e vi a lâmina pálida que pulsava agora com o sangue de Veegan, fincada na neve adiante. Então olhei para o outro lado do beco e vi Vonü enquanto meu coração acelerava feito louco.

—Você quer mesmo uma luta, Veegan? — Ela questionou enquanto se aproximava, o rosto torcido em raiva. — Porque se me lembro com clareza, você já foi rejeitada duas vezes.

—Por Deus, Vonü. Enlouqueceu? — Pergunto com alguma raiva pela sua infantilidade, então me viro para Veegan e retiro sua mão do rosto, agradecendo por não ter sido um corte mais profundo, então pressiono minhas mãos, concentrada, querendo fechar o ferimento. Sua respiração estava acelerada, eu via sua mão tateando o lugar onde ficava a bainha no cinto, mas o momento abrupto da chegada de Vonü devia tê-la feito esquecer que a deu para Verg. — Você podia tê-la machucado de verdade.

—Mas não machuquei, certo? — Vonü parou ao nosso lado, e ainda havia raiva emanando dela. — Achei que tinha desistido, Veegan.

—Eu nunca disse isso. — Ela segurou minhas mãos com gentileza e se colocou a minha frente para encarar Vonü. — Seul me recusou para ter seu poder.

—E já não é o suficiente para você ter percebido que mesmo que ela sinta algo por você, não foi o suficiente?

—Não. Porque nada a prende a você agora.

—Vai ser um futuro brilhante com Seul criando seus filhos. É o que você quer, Seul? — Ela buscou meus olhos, esperando por uma resposta.

—Vocês são duas idiotas. — Afasto minhas mãos e cruzo meus braços, olhando entre elas. — Não me admira terem o mesmo sangue! Vocês discutem por coisas idiotas. E se continuarem me fazendo passar por isso, eu desapareço daqui.

—Você não pode fazer isso. — Vonü tentou se aproximar, mas eu a encarei somente e ela parou. Quem estava com raiva era eu, e meus olhos ardiam. — Seul...

—Eu posso fazer o que quiser. — Digo alto para que elas escutassem. — Se continuar com essa postura, Vonü, você nunca verá seu filho.

Passo por elas, ouvindo meu nome ser chamado sobre o som da ventania da tempestade, mas não parei, fiz o caminho de volta para o salão de Arin, dessa vez não sentindo o mesmo frio de antes. Minha capa caiu com a força do vento, mas minhas asas enrijeceram, e de alguma forma eu me senti bem, como se tivesse exercitado um novo músculo.

Quando entrei no salão balancei minhas asas no ar para tirar a neve delas, ouvindo o sutil som do seu movimento. Se não estivesse tão estressada teria aproveitado para verificar quanto mais conseguia movê-las, porque aquilo já era um progresso. Fui em direção ao quarto quando parei de forma abrupta, tendo Vonü diante de mim de repente, assustando-me até o inferno.

—Mas que droga, Vonü! — A praguejo, recuando um passo enquanto pressionava uma mão sobre o peito. — Está tentando me matar de susto?

—Desculpa, eu só queria te alcançar. — Ela falou devagar, aproximando-se e envolvendo meu rosto entre suas mãos, mas eu a afasto.

—Não é me assustando que vai corrigir o que tem me dito.

—Você sabe o que ela está tentando fazer. — Sua voz ainda estava baixa, mas eu ouvi a raiva por trás delas. — Você quer que eu sente e espere?

—Eu te dei motivos para ter que esperar alguma coisa de Veegan?

—Talvez o fato que estava lá fora com ela quando está esperando um filho meu. Você podia ter ficado doente, Seul! — Eu estreitei os olhos na sua direção quando ela ergueu a voz, mas ela ergueu as mãos e respirou fundo. — Você sabe que ela não vai parar. Eu só estou pedindo que não se deixe enganar pelo que ela te diz.

—Ela não ne disse nada que já não tenha dito antes, Vonü, isso não significa que eu desisti de você.

—Eu só odeio te ver perto dela quando ela está claramente se jogando em seus braços.

—Então pare de me empurrar para ela.

—Eu não estou fazendo isso.

—Não? Então por que manteve sua amante viva e não me disse uma única palavra até hoje?

—Hiver? Você a viu? — Seu nariz se torceu em confusão.

—Deveria? Ou a está mantendo em algum lugar?

—Não diga isso.

—Por que você não me disse? Você ainda a ama?

Ela balançou a cabeça e se aproximou, lentamente envolvendo meu rosto contra o seu peito enquanto acariciava a parte detrás da minha cabeça, um conforto que decidi me dar o luxo de possuir. Envolvi sua cintura em busca de apoio, não reparando que estava chorando até esse momento.

—Eu a amo, por isso não pude matá-la. — Sua voz era rouca contra meu ouvido, mas eu sentia a culpa e a raiva emanando dela, então soube naquele momento que Vonü nunca seria minha. — Não significa que eu queira estar com ela. Eu amava a forma como ela me queria, como ela me via. Mas eu nunca seria capaz de estar com alguém que não confio.

—Mas você a ama mesmo assim. — Falo contra o seu peito, minhas unhas pressionando contra as escamas em torno das suas asas.

—Eu não comando o que sinto.

—Eu me casei com você achando que sentia alguma coisa, que esse mínimo poderia se transformar em algo maior. Mas eu estava enganada. Vou sempre ser a mulher que te separou daquela que você realmente ama.

—Eu não teria te proposto casamento se não sentisse algo por você Seul. Eu não te enganei em relação ao ritual. E não te enganaria sobre meus sentimentos.

—Mas você nunca me falou sobre isso. — Inclino o rosto para cima, olhando para ela, recebendo um beijo em minha testa. — Nunca falou sobre ter sentimentos por mim.

—Não é comum em minha cultura falar sobre sentimentos. Nós demonstramos isso, por gestos, por atitudes em frente a pessoa, em frente aos demais. E eu sei que Veegan não faz nada disso, ela quer te ganhar por palavras. — Ela suspirou, pacientemente secando minhas lágrimas, colocando meus cabelos para trás. — Mas ela nunca te defendeu publicamente. E sempre deixou que sussurrassem seu nome nas ruas. Ela sequer devia propor lutar por você.

—Eu não quero que vocês tenham desavenças por minha causa.

—Nós já temos, porque não vou desistir de você. De nós. E ela também não vai parar. Eu estou com você. E vou continuar, porque estou no lugar certo. — Ela continuou séria, querendo deixar claro que estava realmente querendo dizer aquilo. — Eu te devo desculpas. Por desconfiar de você, por me aproximar de Alinü sem ter considerado uma segunda vez o que ela fez com você.

—Então também serei sincera com você. — Prendi meus dedos nas costas dela, mantendo-a perto. — Veegan continua insistindo porque eu me sinto tentada a aceitar. — Eu achei que seria difícil dizer isso a ela, mas ela somente assentiu, permitindo que eu continuasse. — Tivemos somente uma noite, mas ela sempre se mostrou apaixonada, e talvez essa demonstração contínua me deixe confusa em relação a você e eu.

—Eu sempre soube que você tinha sentimentos por ela. — Falou casualmente, imperturbada com o fato. — Mas depois da viagem que você me trouxe até aqui, eu sabia que tínhamos uma chance. Eu vi a forma como você me olhou naquela noite. Sem mais ódio, sem desprezo, sem nojo. Foi quando soube que não se tratava mais do ritual.

—Bem... Foi quando vi a forma que você me olhou naquela noite. — Sorrio, e ela sorri também, fechando os olhos por um momento. — Eu teria me entregado a você naquela noite se você tivesse pedido.

—É? — Ela abriu os olhos, e eu encontrei o mesmo desejo que havia naquela noite, ainda maior. — E agora?

—Você ainda não pediu.

—Seul, se você quiser, eu vou cuidar muito bem do seu prazer. — Suas mãos deslizaram até minhas nádegas e me levantou, minhas pernas envolvendo sua cintura enquanto meus dedos se perdiam em seus cabelos.

—Sim, eu quero. Eu sempre quero você.

Ela sorriu e me beijou, caminhando comigo em seus braços pelo salão até nosso quarto, onde me deitou na cama com cuidado, minhas asas se espalhando para os lados enquanto Vonü se deitava sobre mim, forte e cheia de vigor, fazendo meu trabalho de tirar seus trajes e os meus, nossas peles roçando de maneira sensual enquanto trocávamos beijos. Ela parou em algum momento e ficou olhando em meus olhos, um sorriso brincando nos seus lábios.

—O que? — Pergunto com curiosidade. — Está tendo uma visão?

—Estou tendo a melhor visão. — Ela selou meus lábios. — Seus olhos mudaram, você percebeu? Durante a discussão lá fora. Agora estão como os meus.

—Deve ser por isso que estão ardendo. Você gostou?

—Eu amei. Agora você vai enxergar melhor o ambiente, principalmente no escuro. Talvez melhore a ardência se você fechar os olhos por algumas horas.

—E não ver você? Não. Eu aguento mais algum tempo.

Ela sorriu outra vez, rindo sutilmente, acariciando meu rosto com suavidade. Trocamos mais beijos, mas ela não tinha qualquer pressa de tocar meu corpo e continuar me torturando, fazendo-me suplicar em seu nome diversas vezes até ela finalmente chegar onde a queria, não parando até que estivesse satisfeita. Não me admirava ela ter reclamado não ter tempo durante o ritual, ela gostava de fazer as coisas sem pressa, de aproveitar o tempo, explorar meu corpo e minhas reações.

—Eu queria que não houvesse uma guerra para você ir hoje. — Digo baixo no seu ouvido, envolvendo seu pescoço com cuidado, recebendo seus beijos no meu pescoço.

—Depois disso estará tudo acabado. Vamos poder viver nossas vidas. — Falou contra a minha pele.

—Então espero que essa noite passe rápido e você volte pela manhã. Inteira. Então criaremos nosso filho, juntas.

Senti seus dentes no meu pescoço, talvez um sorriso, causando um arrepio em minhas costas, eu pressionei os dedos em sua cabeça, querendo-a mais perto.

—Posso te pedir algo? — Ela perguntou, ainda ocupada em meu pescoço.

—Claro, diga.

—Se for menino... Você pode considerar chamá-lo de Voontië?

—Voontië? — Estreito os olhos, mas também envolvo sua cintura com minhas pernas. — Por que?

—Significa luz da noite. Ou força da noite. — Ela finalmente ergueu a cabeça para me olhar, e eu vi lágrimas nos seus olhos, para a minha surpresa. — Eu iria gostar muito se você considerasse mantê-lo em minha tradição, mas também não me incomodaria se quiser ensiná-lo os seus.

—Vonü? Por que está chorando? O que está acontecendo?

—Você pode considerar isso? — Ela insistiu teimosamente, e eu segurei seu rosto, limpando suas lágrimas. — Me deixaria feliz.

—Claro, meu amor, ele seguirá suas tradições. E se chamará Voontië. Agora me diz o que está acontecendo.

—Não há tempo, eu tenho que ir. Fique aqui, tudo bem? — Ela beijou meus lábios, e se afastou, saindo de cima de mim, mas eu segurei seu braço. — Seul, não há tempo agora.

—Vonü... fique aqui. — Peço, e pela primeira vez ela hesitou.

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá pessoal!


Espero que estejam gostando de descobrir qual será "o destino de Vonü" :D


Fiquem a vontade para comentar nos capítulos, é sempre um incentivo positivo :D


Quem tiver interesse de acompanhar meus trabalhos e saber dos demais que estão por vir, siga-me no instagram (@alexmills_literales). Até o próximo!


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Comentários para 15 - Nem sempre palavras e atitudes mudam o desejo do coração:
Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 25/05/2021

Guerra é sempre guerra.

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Irinha
Irinha

Em: 25/05/2021

Na torcida para que Alinü conserte seus erros e que Vonü tenha um destino lindo, com essa família que tá se formando.bjs
Resposta do autor:

ahahaha sim, verdade, Alinü está querendo consertar os erros dela, será que é verdadeiro?

Sim, Vonü está formando uma nova família, vamos ver se com a guerra batendo na porta as coisas vão solidificar ou não :D

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