Vigésimo terceiro
Quando chegaram na academia, encontraram Laura na recepção, que trocou um olhar intenso com Chieko antes de se aproximar.
—Olá, Chieko. Você tratou bem Lana nesse meio tempo? E não minta, eu saberia depois.
—Laura. — Lana a repreendeu.
—Está tudo bem. Estou acostumada com as acusações dela. — Chieko tocou seu ombro, oferecendo uma carícia. — Você ficaria surpresa com o quanto a srta. Mason consegue lidar sem tentar me atacar como você, Laura.
—Você torna isso bem difícil.
—Laura, pare com isso. Ela é mãe de Iori, mostre algum respeito. Ao menos em frente a Kael. — Ela se abaixou para o pegar no colo, erguendo as sobrancelhas em sua direção.
—Okay. — Ela olhou para o garoto. — Você se divertiu hoje, garoto?
—Sim, muito. — Ele sorriu, aceitando ser pego por ela no colo.
—Bem, eu tenho que ir. Não vou mais tomar o seu tempo, srta. Mason.
—Claro. Avise quando estiver disponível para marcarmos outra aula. — Lana sorriu para ela. — E você pode me chamar de Lana, se preferir.
—Bem, por que não? Vamos nos ver mais vezes com toda a certeza. Eu te deixo saber quando voltarei.
—Estarei esperando. Tenha uma ótima semana, sra. Sasaki.
—Você também, Lana.
Lana a levou até a porta, acenando quando entrou num carro, sendo levada embora. Voltou para dentro da academia, sorrindo ao ver Laura brincar de pegar com Kael, ambos correndo pelo espaço aberto. Deixou que eles continuassem enquanto fechava a academia, checando se todas as portas e janelas estavam trancadas, e se não havia mais ninguém dentro das salas, esperando que os últimos professores fossem embora. Quando se despediu do último professor e se preparou para fechar a sala, Laura entrou e a prendeu contra a parede ao lado da porta, segurando suas mãos sobre a cabeça antes de avançar e a beijar, ouvindo seu riso surpreso.
—Você não estava correndo atrás de Kael? Ou está brincando de esconder e fazendo o pobre garoto trabalhar por isso? — Ela olhou em seus olhos, percebendo o sorriso que brincava em seus lábios.
—Ele cansou. Deixei-o no carro, então não tenho muito tempo.
—Oh, e o que está pretendendo fazer em tão pouco tempo?
Ela a beijou com maior intensidade, esperando por sua pergunta, mantendo seus braços presos com uma mão enquanto deslizava a outra por baixo de sua camisa, segurando seu seio e massageando à medida que aprofundava o beijo. Lana não hesitou em retribuir, contente com sua investida, sentindo que precisava de sua proximidade depois do estresse diante da conversa com a mãe de Iori.
—Droga, eu esqueci. — Laura se afastou, deixando-a atordoada com a quebra de contato repentina. — Temos que conversar sobre ontem à noite, não é? Você estava brava comigo por ter pego seu brinquedo pessoal.
—Laura!
—O que? — Ela sorriu, desviando quando ela tentou puxá-la de volta para si. — Você se sente deixada na mão agora? Que coincidência.
—Volte aqui. Você não pode começar algo e não terminar. — Ela a seguiu para fora da sala, ainda que contrariada.
—Oh? Não foi isso que você me fez fazer ontem? — Ela parou, Lana a puxou pela gravata e a empurrou contra a parede. — Eu sabia que ia gostar do adereço.
—Eu usei numa festa de fim de ano na Infinity de NY. Era para nos vestirmos do sex* oposto. — Ela relembrou enquanto movia os dedos pelo tecido.
—É? E você comeu sua esposa usando isso?
—Sim, você pode dizer isso. — Ela olhou em seus olhos. — Desculpa por ontem à noite.
—Ah, agora sim. — Ela sorriu, envolvendo sua cintura e pressionando as mãos em suas nádegas. — Não foi nem um pouco divertido você ter me cortado ontem quando estava pronta para você. Ou você faz tanta questão de ter a bunda de Iori só para você?
—Assim como ela tem a sua? Não, não faz meu estilo. E eu estaria sendo hipócrita.
—Oh, por que não tem sua vingança então? Pegue o que você não tem. — Laura a provocou, traçando beijos pelo seu maxilar até sua orelha. — Mas pegue de verdade, que nem eu peguei Iori ontem. — Ela moveu a língua pelo contorno de sua orelha. — Eu queria que você tivesse visto. Ela estava de quatro por mim, pedindo por mais.
—Foi só isso? — Lana pressionou a mão em seu peito e a afastou para olhar em seus olhos. — Porque eu a faço implorar, e ela não hesita em falar meu nome pela casa inteira. Então acho que devia malhar mais seu gingado antes de tentar pegar o que é meu, querida.
—Oh? Você quer me ensinar a comer a bunda da minha mulher? — Ela riu, segurando o maxilar dela com mais firmeza. — Ela pareceu bem satisfeita com meu gingado ontem.
—Você pode continuar tentando, eu sei que vai precisar de bastante prática ainda para fazer isso direito na minha mulher. — Ela a olhou em desafio, mantendo o olhar no seu na mesma intensidade.
—Espero que você tenha um vidro a mais de lubrificante em casa então, querida, se não quiser ficar dolorida amanhã.
—Oh, Deus, e eu preocupada que a academia ainda estava aberta. — Madson apareceu no topo das escadas. — Vejo que não desistiu de ser pega por trás, babe. — Ela continuou se aproximando do casal.
—Por que ela desistiria quando posso continuar fazendo isso ainda melhor? — Laura sorriu para ela, sem se incomodar.
—Será? Você já contou para ela como essa gravata foi bastante útil enquanto eu te comia por trás, babe? — Ela moveu as mãos pelas costas de Lana, que ainda mantinha os olhos em Laura, procurando por qualquer sinal se briga se formando.
—Era você que usava? — Lana questionou, franzindo o cenho. — Eu não lembro, estava escuro naquele dia.
—Você quis apagar as luzes porque o strap brilhava no escuro.
—Ah! Agora faz sentido.
—E você continuava me puxando pela gravata, pedindo para ir mais fundo.
—Porque era maior e você só queria me provocar. — Ela baixou os olhos, vendo suas mãos subindo pela sua barriga. — O que você está fazendo?
—Eu não sei, acho que sua namorada gosta de olhar. — Ela sorriu para Laura, que mantinha a atenção nela.
—Você nunca se perguntou como seria sex* a três? — Laura a perguntou, movendo as mãos para segurar sua cintura e a puxar, fazendo-a pressionar o corpo nas costas de Lana, que a olhou em maior confusão. — Ou você é antiquada demais para isso?
—Antiquada? Eu? — Ela riu, aproveitando-se da proximidade para aspirar o cheiro de Lana, que se virou, afastando-a pelos ombros.
—Pare com isso. — Ela se afastou para olhar ambas. — Vocês duas.
—Você não contou para ela quando chamamos uma mulher para ir lá em casa?
—Madson. — Falou em tom mais áspero, querendo cortar o assunto.
—Foi pouco antes do casamento, você queria testar algo novo para ser nossa despedida de solteiras. — Ela a ignorou.
—Pare com isso.
—Eu quero saber agora. — Laura sorriu, ainda parada no lugar. — O que aconteceu?
—Estava tudo bem enquanto a mulher tinha a atenção em Lana. Ela se chamava Eliza, não é? — Ela olhou para Lana, que cruzou os braços, visivelmente incomodada. — Eu achei divertido, vendo ela se divertir com Eliza, vendo Eliza conhecer a boa habilidade que Lana tem com o quadril. Mas quando Eliza veio para cima de mim... — Sorriu, movendo as mãos pela cintura de Laura, inclinando-se em direção aos seus lábios, sem receber qualquer recusa dela.
—Parem! — Lana falou sem pensar, bufando com raiva quando fez exatamente o que Madson queria.
—Obrigada, babe, você ilustrou bem o que aconteceu naquela noite.
—Vai se foder, Madson. — Ela se virou, começando a descer as escadas.
—Você não mudou tanto assim, Lana. — Falou mais alto, rindo quando ela ergueu o dedo maior enquanto descia, então olhou para Laura, deslizando os dedos pela gravata. — Não se engane. Ela não vai aguentar por muito tempo ter duas mulheres. E nós duas sabemos que Iori faz mais o estilo dela.
—O dela ou o seu? Até onde lembro você quer colocar as mãos nas duas.
—Não me entenda errado, Iori é sexy e eu adoro conversar com ela. Ela é prática e séria. Mas eu não trocaria nada por minha história com Lana.
—Você nunca vai deixar de querer ela de volta na sua cama, não é?
—Não só na cama.
—Foi o que pensei. É só Lana estalar os dedos que você largaria tudo por ela.
—Ainda mais se for porque ela largou vocês duas para voltar comigo. — Ela sorriu, segurando o queixo dela. — Por que acha que ela ficou incomodada em falar sobre Eliza agora?
—Eu não sei. Por que ela continuaria lidando tão bem comigo e Iori por todos esses meses? Será que não foi você quem deu atenção demais a Eliza e esqueceu de Lana? — Ela inclinou o rosto na sua direção. — Porque eu garanto que sei lidar com duas mulheres na minha cama. Você soube? Não é algo fácil de lidar na primeira vez, então eu não iria te culpar.
—Foi rápido demais. — Ela se afastou quando estavam próximas demais, olhando para as escadas. — Só tínhamos começado, Eliza e eu.
—Entendo. Em nossa primeira vez com outra mulher eu cometi o mesmo erro que você. Eu me deixei levar, não prestei atenção nas duas. Você deve conhecer Lana agora para saber que se ela não tem o mínimo de atenção mesmo quando só está assistindo, ela não tem qualquer diversão. Ter uma mulher como Lana na cama requer uma atenção redobrada uma vez que ela odeia ser deixada de lado, por menor que seja o tempo. Quando está nos assistindo temos sempre que a manter entretida e com a certeza de que estamos ali com ela.
—Ela gosta de assistir vocês? — Ela ergueu a sobrancelha, surpresa.
—Sim, ela se aproveita. E eu não me importo que me vejam. Então se você não quer presenciar sua ex-mulher sendo satisfeita por mim, eu sugiro que não procure subir as escadas sem fazer barulho outra vez. Mas se quer ver, eu vou adorar mostrar.
—Você tem gostos bem peculiares.
—Não é como se você não tivesse subido aqui sem querer ver exatamente isso. — Ela sorriu satisfeita quando ela não negou, então buscou pela carteira no bolso da calça, abrindo e pegando um cartão vermelho, hesitando por um momento antes de entregar a ela. — Vá nesse local qualquer dia desses, eu vou deixar avisado que te enviei, mas não esqueça de levar isso junto. É seu passe para entrar.
—O que é isso? — Madson segurou o cartão, vendo somente um logo no meio com as letras L e G juntas, com um endereço na parte de trás. — Um culto secreto?
—Um lugar onde você pode ter o que desejar.
—Você vai ter que me dar mais informações que isso se acha que aceitarei ir num lugar que logo você está me dizendo para ir.
—Justo. — Ela riu, guardando a carteira. — Eu e uns amigos na faculdade tínhamos um lugar que íamos para ter privacidade. Nos juntávamos para pagar por um final de semana, eram vários quartos e alguém sempre ficava na porta para manter o controle. Então só fazíamos o que estávamos de acordo. Virou uma tradição entre nós, deve existir até hoje, porque tinha crescido quando eu ainda estava na faculdade. Mas tornamos isso um negócio.
—Você está me enviando a algum tipo de orgia ou culto de fetiches?
—Se é o que está procurando, sim. Como eu disse, você tem o que quiser lá. Se quiser sex* casual, é o que terá. Se quiser só beber e conversar com alguém, você também pode. Se quiser uma sessão para testar coisas novas, também.
—Isso parece bem organizado.
—E é, por mais que Iori odeie que eu ganhe dinheiro com isso e invista meu dinheiro em manter o local funcionando.
—Lana sabe sobre isso?
—Sim. E ela estava morrendo de vontade de ir até lá, mas há regras.
—Quais?
—Não pergunte o sobrenome de ninguém, se reconhecer alguém, ignore. Seu celular será confiscado e qualquer câmera que tiver, e só será devolvido no fim. Você não vai precisar pagar por nada, meu cartão vale por cinco vezes, porque eu sou um dos membros originais, então as cincos vezes que for, é por minha conta.
—Você vai pagar por tudo o que eu fizer lá dentro?
—Sim. Não se preocupe, eu não saberei o que fez. Eu só recebo o valor final. E o mais importante, não leve seus parceiros junto, a menos que eles tenham recebido um convite de outro membro. Já tivemos muitos problemas com casais, preferimos deixar somente com uma pessoa por convite.
—Não há exceção nem para você então.
—Não. Como você disse, é bem organizado. Então se decidir ir, siga as regras. Eles saberão que eu enviei você, e eu tenho um nome a zelar. Não use isso contra mim.
—Essa é a sua tentativa de me tirar de perto de Lana?
—Eu não sou tão idiota em achar que algo assim te faria desistir. Veja como uma compensação por danos, e por você não ser a idiota que eu achei que fosse.
—Ah, agora faz sentido.
Laura indicou a escada, ambas decidiram descer, seguindo pelo lugar escuro em direção ao estacionamento, onde Lana as esperava com pouca paciência, sentada no banco dianteiro, com Kael ao lado, fingindo dirigir.
—Por que demoraram? — Questionou em tom mais ríspido.
—Estávamos conversando. — Madson buscou explicar.
—É? Sobre o que? Estava revelando mais coisas do nosso passado? Porque parece que é o único assunto que gostam de falar.
—Não há qualquer motivo para ficar brava. — Laura tocou seu rosto, acariciando, buscando manter os olhos nos seus, o suficiente para a fazer suspirar e sair do carro. — Vê? Nada aconteceu. Ela está inteira e eu estou aqui para te levar para casa.
—O que você veio fazer aqui, Madson? Eu te disse para ficar em casa. — Ela a olhou com mais calma, envolvendo a cintura de Laura.
—Eu sei. Não estou voltando ao trabalho, eu vim te pedir para ficar com Kael hoje à noite.
—Por que?
—Porque é um inferno ficar em casa sozinha um dia inteiro. E eu quero ficar com ele, pelo menos por uma noite. Amanhã eu te devolvo.
—Você está em condições de ficar com ele por uma noite, Mad?
—Eu te aviso se não conseguir, mas eu preciso tentar primeiro, não acha?
—Eu não sei. Acho que é muito cedo, você acabou de voltar. As coisas dele ainda estão na minha casa e você precisa organizar o apartamento.
—Qual é Lana. É só uma noite. Não me faça implorar. Eu trago de volta amanhã, eu prometo. Não é como se você não tivesse planos melhores a noite do que ficar de olho nele. — Ela olhou entre ambas, Laura acabou sorrindo.
—Nisso eu tenho que concordar. Seria bom te receber propriamente em casa sem precisar controlar o volume.
—Laura. — Ela a olhou, mas ela somente riu. — Cuidar de Kael não é qualquer problema para mim.
—Nem para mim. Então? — Madson ergueu as sobrancelhas em expectativa.
—Tudo bem, se faz questão. Ele é seu também, eu só queria ter certeza de que você está bem para lidar com ele tão cedo.
—Não sou Kristin, você pode confiar em mim com a criança.
—Está bem. — Ela contornou o carro e abriu a porta do motorista, inclinando-se para olhar o garoto. — Ei, querido, você quer passar a noite com Madson? Ela está cheia de saudades de você e preparou uma noite para vocês dois na casa dela.
—Então você não vai ficar comigo? — Ele a olhou com preocupação.
—Qual o problema, Kael? Nos veremos amanhã, e você queria muito ver Madson.
—Por que não posso ficar com vocês duas?
—Porque Madson tem a casa dela, e eu tenho a minha. Lembra que te falamos que você teria dois quartos? Por que você não diz a Madson como vai querer organizar seu segundo quarto na casa dela? Vai ser divertido, não acha?
—Você pode ir junto?
—Eu sei que você consegue ir sozinho. Você gosta da tia Madson, não gosta?
—Mas eu já tenho meu quarto na sua casa. Eu não vou mais ficar com você? Eu fiz alguma coisa?
—Querido, você não fez nada errado. — Ela o segurou no colo e o tirou do carro, beijando sua bochecha e o abraçando, vendo a expressão desanimada de Madson do outro lado. — Lembra que te dissemos que vai ficar um tempo comigo, e um tempo com Madson? Vamos sempre ficar com você, então você sempre vai ficar com as duas tias para você. Não é mais legal assim?
—Então eu vou te ver amanhã?
—Você vai se divertir tanto com Madson que nem vai lembrar de mim. — Ela olhou em seus olhos e sorriu. — Se eu te disser que ela tem um karaokê na casa dela, você abre um sorriso?
—Ela tem? — Seu rosto se iluminou.
—Sim. Então, o que acha? Vai ser divertido, não vai?
—Vai. — Ele sorriu mais animado, ela beijou seu nariz, colocando-o no chão e segurando sua mão, contornando o carro de volta a Madson.
—Aqui, ele é todo seu.
—Vê? Não é tão ruim assim. Vamos nos divertir juntos. — Madson estendeu a mão, ele a segurou, para o seu alivio soltando a mão de Lana. — Obrigada. — Ela sorriu para Lana.
—Você quer passar lá em casa para pegar algumas coisas dele? Eu fiz uma bolsa reserva em caso ele se sujasse muito hoje, talvez baste para a noite.
—Você fez? — Laura a olhou com surpresa.
—Ele é uma criança, claro que sai preparada de casa.
—Sua reserva vai servir. — Madson baixou o tom. — E eu prefiro evitar que ele veja sua casa e não queira mais vir comigo.
—Você tem razão. Desculpa sobre isso, não é intencional.
—Eu sei. Você só é adorável demais com crianças, então eu não te culpo.
—Você vai aprender também. Não se preocupe. — Ela se afastou e pegou a segunda bolsa no banco de trás do carro, entregando a ela. — Vai faltar só escova de dente e toalha, mas você normalmente tem reservas em casa.
—Você me conhece. — Ela sorriu, inclinando-se e beijando sua bochecha. — Eu te aviso se precisar de algo.
—Tudo bem. Até logo, Kael. Se divirta!
—Boa noite para vocês. — Laura acenou para ambos, abraçando a cintura de Lana enquanto esperava que eles fossem embora, passando a beijar seu ombro. — Você fica sexy com esse aspecto de mãe. Acho que deveríamos adiantar logo esse processo de termos um filho.
—Você sabe que termos um bebê agora vai nos fazer ter mais responsabilidade, menos tempo livre, e menos sex*. — Ela enlaçou seus dedos sobre sua barriga, aproveitando a proximidade.
—Eu não quero ter um filho tão velha.
—Você não é velha, só tem 32.
—Farei 33 em breve.
—Eu entendo sua preocupação. Vamos fazer assim então. Você termina seu doutorado, nos casamos e começamos a tentar. Iori não viajou mais, já estamos morando juntas.
—Eu gostei da parte que casamos e tentamos ter um bebê.
—Querida, eu quero fazer uma viagem com vocês antes de dar esse passo. Não vamos ser apressadas agora.
—Lua de mel?
—Sim, pode ser nossa lua de mel.
—Eu iria adorar ver sua barriga crescer também. Você seria uma grávida sexy. Quem sabe não engravidamos as duas?
—Não. Uma grávida já basta. — Ela se virou e envolveu sua nuca, sorrindo. — Você será a mãe mais linda. Vou adorar cuidar de você nesse período.
—E você diz para eu não ser apressada, você torna isso difícil.
—Laura... — Ela respirou fundo, inflando as bochechas e soltando o ar. — Há partes da minha conversa com Chieko que preciso falar contigo. Não hoje. E eu não quero que Iori fique sabendo por enquanto.
—Você não está fazendo isso parecer bom. Eu não gosto da ideia de esconder de Iori as coisas. Ainda mais quando ela esteve preocupada contigo o dia inteiro. Eu até vim mais cedo porque ela pediu.
—Eu sei, desculpa por te pedir isso, eu também não gosto de esconder as coisas dela ou de você. Mas a conversa foi intensa, está bem? E é sobre você e ela.
—O que Chieko falou sobre Iori e eu para te deixar cautelosa de contar a Iori?
—Você quer casar com Iori?
—Eu casaria com vocês duas. Mas você sabe como ela é resistente quanto a isso.
—E se eu te disser que há uma forma de a fazer casar conosco e fazer Chieko te aceitar definitivamente?
—Eu diria que é uma fórmula boa demais para ser verdade.
—Não disse que é fácil, e não disse que você vai gostar. Mas se há uma forma de casar com Iori, vale a pena tentar, não acha?
—Depende do que Chieko quer com isso.
—Você pode confiar em mim dessa vez? Me dar alguns dias para digerir tudo?
—Eu confio em você. Eu só não gosto do resultado de esconder as coisas de Iori. Ela sempre descobre, e vai ficar magoada. É mais fácil ser clara e direta com ela.
—Mesmo que hoje eu prefira fazer outras coisas do que falar sobre isso?
—As outras coisas podem esperar. Manter Iori confiando em nós duas é mais importante. Ou acha que não foi um grande voto de confiança que ela depositou em você em te deixar vir encontrar com a mãe dela sozinha?
—Eu sei. Desculpa, você tem razão. Eu direi tudo a ela. — Ela suspirou, abraçando-a, sentindo um beijo na sua cabeça ao ser embalada com maior força.
—Vamos para casa, ela deve estar preocupada. Envie uma mensagem avisando, ela estava maluca porque você não enviou nada o dia todo.
Lana suspirou, mas fez como foi pedido, avisando que estavam indo enquanto Laura dirigia. Tentou se preparar para a conversa que teriam, deixando de lado as esperanças de terem uma noite mais leve para compensarem o tempo que esteve fora.
Tão logo chegaram, Iori a encheu de perguntas, ainda que tenha dado uma pausa para jantarem, não teve como fugir da conversa mais difícil logo em seguida, buscando reunir paciência e coragem para o fim.
—Por que minha mãe de repente quer se mostrar interessada em me ver casada? — Iori perguntou, sem realmente esperar uma resposta. — Eu sempre deixei claro que não tinha intenções de me casar.
—Você não abriria nem uma exceção por nós? — Lana inclinou a cabeça, encostando o rosto no de Laura, o que a fez sorrir.
—O que mudaria, amor? O que assinaturas num papel iria mudar em nossa relação?
—Talvez não mude, mas talvez mude. Qual é babe, não seria bom finalmente vencer a resistência de sua família? Sua mãe estava sendo justa. Ela quer que demonstremos que estamos respeitando os costumes dela.
—Por que agora?
—Por que você começou essa parte da conversa no meu colo? — Laura questionou, erguendo a sobrancelha.
—Porque você não ficaria brava comigo se estou no seu colo, não é? Ou vai me jogar no chão? — Ela sorriu, mas ela estreitou os olhos.
—Por que eu ficaria brava com você?
—Há condições para seguirmos antes do casamento.
—Ah, sabia que ela estava sendo boazinha demais nessa história.
—Ela impôs o casamento e ainda tem condições? — Iori moveu a cabeça de maneira negativa. — Desculpa, Lana, mas não é assim que você vai me convencer a achar isso justo.
—Ela não pediu grande coisa. Só não são simples de realizar. — Ela respirou fundo, voltando a olhar para Laura, que permanecia desconfiada. — Ela não quer mais que você entre em brigas, ou crie esse tipo de comoção em público.
—Você acha que eu arranjo briga na rua? — Laura a encarou de maneira intensa.
—Não. O que ela quis dizer é que você seja mais controlada sobre essas coisas em público.
—Ou?
—Você sabe que não é saudável manter isso. Já conversamos sobre isso, lembra? Você já está cuidando disso de qualquer forma. Você sequer discutiu com Madson hoje.
—Se eu arranjar uma briga o que ela vai fazer, Lana?
—Ah... se você for presa outra vez, ela vai te manter lá. E com os contatos dela, sabemos que ela consegue.
—Ela me ameaçou?
—Lana... — Iori a olhou, mas acabou fechando os olhos, sem saber o que dizer.
—Eu não gostei dessa parte também. — Lana pontuou. — Mas qual é, Laura, sabemos que você não sai por aí arranjando confusão. Não vai ser um problema, não é?
—Você concordou com isso? — Laura a indagou com o tom seco. — Você concordou em me deixar na cadeia?
—Ela não te deixará na cadeia.
—Não seja inocente, você sabe que ela adoraria fazer isso, e você simplesmente concordou com isso.
—Modere seu tom, eu não quero discutir e eu sei onde isso vai levar. — Lana tocou seu rosto, ainda que sob seu olhar duro manteve a atenção em seus olhos. — Você me disse que teve seus motivos para ter entrado em cada briga, e eu acreditei em você. Mesmo Chieko entendeu, e ela não estava te condenando por eles, especialmente quando ela fez questão de te livrar das piores consequências.
—O que ela te disse sobre isso? — Iori questionou com preocupação. — Ela te falou alguma coisa sobre alguma das vezes?
—Sim, falou.
—Qual?
—Isso importa?
—Claro que importa. — Laura pontuou. — Não é algo que eu queira outra pessoa falando.
—E você teria me contado?
—Não. — Iori respondeu, Laura estreitou os olhos para ela. — Você sabe que não contaria.
—E eu preciso saber?
—Não com isso de novo. — Laura reclamou. — Você fez a mesma coisa sobre Helena, e nunca nos contou o que ela te disse.
—É justo, já que vocês disseram que não há nada que eu precise saber da história entre vocês. Mesmo que ela sempre pergunte de vocês e sempre arranje um jeito de ter seus olhos nela. — Ela moveu os ombros, sem se importar. — Se você nunca me diria sobre seus motivos ou suas brigas, que diferença faz o que Chieko me falou?
—Eu não gosto da ideia que ela tenha dito. Com que intenção ela te diria algo assim?
—Ela estava tentando te colocar contra Laura, não estava? — Iori perguntou lentamente, com paciência.
—Sim. — Ela suspirou antes de se voltar a Laura. — Ela queria que eu me casasse com Iori porque achou que ela iria desistir de você.
—Lana-
—Mas eu não deixei, está bem? Eu não aceitaria me colocar a prova na família dela sem você fazendo isso comigo, Laura.
—É dessa forma que você quer entrar para a minha família, Lana? Você quer se provar diante das condições de minha mãe quando eu nunca te disse que quero casar?
—Me escute primeiro, está bem? — Ela a olhou com maior paciência. — Vocês duas sempre tiveram famílias que estiveram lá para vocês. Vocês se importam com eles, e eles movem os rios para trás se vocês precisarem. Eu pensei que se com nossa união fizesse a família de vocês se tornarem mais unidas e pararem com a implicância de vez, então por que não arriscar? Se vocês querem mesmo um filho, o melhor é cria-lo num ambiente saudável em que ambas as famílias o aceitem.
—Não se nossa união em frente à minha família for forjada nos caprichos de minha mãe.
—Eu não vejo como caprichos, Iori. Ela se importa com você, e mesmo que ela demonstre isso de formas estranhas, ela continua sendo sua mãe. E ela te admira, respeita Laura por tudo que já fez para ficar ao seu lado, para te proteger. Eu não digo que concordo com os métodos dela, mas se ela está disposta a aceitar a união de vocês, porque não dar uma chance?
—Porque eu não preciso da aceitação dela para estar com vocês. Eu nunca precisei, e não vai ser agora que vou precisar.
—Essa é a sua palavra final? Você não vai sequer pensar?
—Iori. — Laura interveio antes que ela respondesse. — Vamos pensar nisso melhor. Lana deve ter se esforçado para chegar até aqui com essa proposta, o mínimo que podemos fazer é considerar isso mais a fundo. Você conhece sua mãe, vamos ao menos averiguar o que ela realmente quer com isso, porque sei que Lana tem as melhores intenções com isso.
Iori ficou em silêncio por um longo período, olhando entre elas e deixando o olhar cair antes de os esfregar. Suspirou, pegando os papéis que Lana tinha deixado sobre a mesinha com os números escritos e os nomes rasgados.
—Ela te deu isso como moeda de troca?
—Não. — Lana sentiu os olhos arderem com a implicação de sua pergunta, então saiu do colo de Laura e pegou os papéis de suas mãos, rasgando em várias partes. — Porque eu me casaria com você sem precisar de nada, Iori. Então não, eu não me vendi para a sua mãe. E não, não estou querendo me provar para ela, e sim para você. Mas esquece. Eu já tenho minha resposta.
—Lana, espere. — Laura segurou sua mão ao levantar, buscando manter a calma. — Ela não quis dizer isso. Não vamos brigar.
—De quem eram os números, Lana? — Iori inclinou a cabeça em sua direção, sem realmente a olhar.
—Não importa mais agora. Não são mais de ninguém. — Ela soltou a mão de Laura.
—Você acha que conhece minha mãe, mas não conhece. Ela quer te usar, Lana, de alguma forma ela fará isso.
—Me usar para o que, Iori? — Suas lágrimas caíram quentes sem que ela conseguisse contê-las mais. — Deus... eu fui lá por você. Eu não me importo com o que ela quer. Se você não queria formalizar as coisas para a sua família era só ter me dito. Eu te pedi isso desde do começo, mas você não me escutou, não é?
—Nunca te manteríamos escondida, Lana. — Laura assegurou, segurando seu rosto. — Nos dê um tempo para absorver isso. Iori só está assim porque não tivemos a melhor experiência com Chieko.
—Tempo para o que? Você acha que ela já não fez a cabeça para o que eu disse? Ou estou enganada, Iori?
—Você está sendo enganada, Lana, desculpa se não consegue ver isso. Minha mãe só é muito boa em fazer isso. — Iori se aproximou e tomou o lugar de Laura, segurando seu rosto. — Confie em mim. Ela não tem as mesmas boas intenções que você.
—Como você pode ter tanta certeza? Você não estava lá. Você não a viu.
—Eu só sei, está bem? Desculpa te envolver nisso, Lana, eu não deveria ter deixado você se encontrar com ela, não devia ter deixado ela entrar na sua cabeça.
—Você fala como se ela fosse um monstro, Iori.
—Ela pode ser.
—Olhe, se você não quer casar e não quer sua mãe envolvida entre nós, okay. — Lana enxugou o próprio rosto, afastando-se. — Esquece que eu falei qualquer coisa. Eu já entendi. Eu vou tomar banho e dormir no quarto de hóspedes. Não me sigam.
Fim do capítulo
Ouch, brigas :(
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Dolly Loca
Em: 23/05/2021
São pontos de vista bem conflitantes nesse caso.
o negócio agora é deixar a poeira baixar para ver se entram em um consenso que não machuque eles ainda mais.
Resposta do autor:
São, não é mesmo? Cada uma está com uma ideia bem fixa do mesmo assunto.
Sim, concordo, o certo seria dar esse tempo para chegar num consenso. Mas será que elas conseguem?
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