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Nossa Vida Juntas por Alex Mills

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Palavras: 5564
Acessos: 1646   |  Postado em: 20/05/2021

Vigésimo segundo

Laura foi a primeira a acordar com o despertador, sentindo-se cansada diante da noite pouco dormida. Olhou para os corpos adormecidos ao seu lado, suspirando, limpou os olhos e prendeu os cabelos antes de se levantar, buscando por suas roupas neutras de trabalho no closet antes de seguir para fora do quarto e direto para o banheiro. Vestiu-se após o banho, voltando para o quarto e sentando na beira da cama, deslizando a mão pelo rosto de Iori para afastar os cabelos. Inclinou-se e beijou seus lábios, despertando-a, esperou que ela limpasse os olhos e piscasse, ajustando-se a luminosidade que entrava pela varanda.

—Bom dia, querida. Dormiu bem? — Perguntou baixo, voltando a acariciar seu rosto.

—Um pouco. — Ela inclinou a cabeça e beijou sua mão, vendo Lana ainda a dormir antes de se voltar a ela. — Cometemos algum erro ontem?

—Não. — Ela balançou a cabeça. — Ela só deve ter ficado com ciúmes, você viu a cara dela. — Iori balançou a cabeça para concordar. — Eu peguei algo que só ela tinha, não é?

—Não se preocupe com isso, eu falo com ela depois. — Ela sorriu ao voltar a olhar para ela, puxando-a para perto pelo colarinho. — Você foi maravilhosa. Amei como fez isso.

—Eu também. Foi bom saber que ainda posso te surpreender na cama.

—Eu gosto quando tenta algo novo comigo. Quando é mais firme.

—É? — Sorriu, selando seus lábios mais demoradamente. — Digamos que Lana tem me incentivado a voltar a arriscar mais nesse sentido.

—Direi obrigada a ela então.

—Deixe-a dormir até mais tarde. Eu vou fazer o café e te espero lá embaixo.

Iori moveu a cabeça para concordar, selando seus lábios mais uma vez, esperando que ela saísse do quarto para se levantar, alongando-se e indo em direção ao banheiro ainda de pijamas. Surpreendeu-se ao encontrar com o garoto prestes a entrar no quarto, ambos ficaram parados por um momento, olhando-se, até Iori se abaixar para ficar na sua altura.

—Bom dia, Kael. Lembra de mim? Sou a tia Iori.

—Tia Lana falou que você é namorada dela. Mas eu lembro que tia Madson também era.

—Sim, Madson era, mas ela não é mais. Somos somente eu e Laura agora.

—Mas não é errado namorar duas pessoas? — Perguntou com confusão.

—Não, se você não está fazendo mal a ninguém. E sua tia Lana não está fazendo mal a ninguém, ela tem um grande coração que cabe a mim e a Laura juntas, e também cabe você.

—Eu gosto muito da tia Lana e da tia Madson.

—Espero que um dia goste de mim e de Laura também, porque gostamos de você. — Ela tocou a ponta do seu nariz. — Diga, o que veio fazer aqui?

—Chamar a tia Lana. Ela disse que ficaria comigo hoje. E eu estou com muita fome e com vontade de ir ao banheiro.

—Ela está muito cansada, por que não a deixamos dormir mais um pouco? Eu posso te ajudar com as outras coisas até ela acordar, que tal? Laura está fazendo café da manhã.

—Vai ter cereal?

—Claro. — Ela se levantou e estendeu a mão. — Vem, eu te levo até o banheiro.

—Eu preciso da minha escova de dente, e a pasta também.

—Tudo bem. Consegue aguentar para pegarmos?

—Consigo.

Ele segurou sua mão, levando-a para o seu quarto, correndo tão logo entraram, abrindo uma das malas e buscando por seus pertences.

—Você gostou do seu novo quarto? Laura e eu organizamos tudo para você, mas você pode colocar o que quiser aqui.

—Eu gostei. Tem o homem aranha! — Ele apontou a coberta na cama com a temática.

—Ele é legal, não é? Qual dos filmes você mais gosta? Eu gosto do último.

—Eu também! Você gosta de super heróis?

—Claro, eles são incríveis. Tem mais algum outro que você goste?

—Do Pantera Negra, do Hulk e do Doutor Estranho.

—Eles são mesmo legais. — Ela sorriu quando ele voltou a correr para si, segurando sua mão e a seguindo para o banheiro. — Você precisa de ajuda no banheiro ou consegue sozinho?

—Sozinho, eu não sou mais um bebê.

—Claro que não. Eu espero aqui fora então. Qualquer coisa me chama.

—Tá bom.

Ele entrou e fechou a porta, ela sorriu, recostando na parede ao lado, esperando que ele fizesse suas necessidades, chamando-a pouco tempo depois.

—Tia Iori, eu não alcanço a pia!

—Não se preocupe. Pensamos nisso. — Ela pegou um banquinho debaixo da pia e o posicionou, esperando que ele subisse. — Viu? Agora você alcança. Lave bem as mãos.

—Você tem que escovar os dentes também. Ou vai ficar com os dentes amarelos e todos sujos.

—Você tem razão. Vou escovar os dentes também. Se importa se eu fizer com você aqui?

Ele balançou a cabeça para negar, então ela pegou a própria escova enquanto ele a imitava, ambos passando a própria pasta e começando a escovar juntos. Iori achou graça, mas acabou se divertindo, passando tempo com ele e o conhecendo melhor.

—Você deveria tomar um banho também. Tem uma toalha nova para você.

—Ah, não, banho não. Eu não quero que você me veja sem roupa.

—Eu não vou olhar, eu prometo.

—Mas eu não alcanço a torneira.

—Oh, eu posso te ajudar nisso. Eu ligo e desligo, mas prometo que não vou olhar nada.

—Eu posso usar o banco.

—Não, você pode cair e se machucar.

—Promete que não vai olhar?

—Prometo.

—Jura de mindinho?

—Juro de mindinho. — Ela estendeu a mão, oferecendo o dedo menor, que ele enlaçou com o próprio.

Ela esperou que ele tirasse as roupas e ligou o chuveiro, deixando-o à vontade para se limpar e a chamar quando tinha que desligar ou ligar, dando a toalha quando pediu. Voltaram para o quarto dele, onde ela esperou que ele escolhesse as próprias roupas e se vestisse sozinho, ajudando-o somente a arrumar os cabelos, penteando para trás. Ele a seguiu para o andar debaixo, ambos sendo atraídos pelo cheiro de ovos com bacon na cozinha, Laura sorriu ao vê-los.

—Bom dia, garoto. Dormiu bem?

—Sim. Estou com muita fome!

—Isso é bom. O que você quer comer?

—Cereal.

—Cereal saindo então.

Laura pegou uma vasilha e a caixa de cereal, despejando até onde ele queria e colocando leite em seguida. Iori a ajudou a preparar seu prato e a seguiu para a mesa, ambas trocando um olhar cúmplice, pensando a mesma coisa sobre a ideia de terem um filho.

—Você vai trabalhar? — Kael indagou, apontando a roupa de Laura.

—Vou sim.

—Do que você trabalha?

—Eu sou psicóloga.

—E o que é isso? — Ele perguntou com a boca cheia de cereal, ainda a mastigar.

—É um médico que cuida da cabeça das pessoas. — Ela buscou explicar. — Quando você sente coisas que não consegue explicar, e que os outros médicos também não conseguem, o psicólogo pode. Como quando você fica triste por muito tempo, ou não consegue controlar alguns sentimentos ou coisas que fala ou faz.

—Então você ajuda elas a se sentirem melhor?

—Sim, isso mesmo. Você é muito esperto, tem certeza de que só tem 7?

—Sete e meio! Eu faço 8 em dois meses.

—Oh, isso é bom. Já está se tornando um rapaz.

—Sim, vai ser o homem da casa. — Iori concordou, bebendo seu café.

—O homem da casa? — Ele perguntou animado. — Que nem o homem aranha?

—Sim, totalmente.

—Mas isso significa ter mais responsabilidades também. — Laura relembrou. — Peter tinha que ajudar na casa dele também.

—Mamãe sempre me deixou ajudar na minha casa. — Ele falou com orgulho. — Ela sempre diz que eu sou mais limpo e organizado que o papai.

—E no que você ajudava lá?

—Eu arrumava minha cama sozinho, guardava minhas roupas e meus brinquedos. Colocava a louça na pia, porque mamãe disse que não posso lavar para não quebrar nada.

—É bastante coisa. Você quer continuar fazendo isso aqui?

—Acho que sim. Mamãe diz que é importante ter tudo organizado.

—Você escuta bastante sua mãe, não é mesmo? — Iori perguntou com cuidado.

—Sim.

—Ela parece ter sido bem legal. O que mais gosta nela?

—Ela sempre me dava biscoito depois do jantar. Ela faz os melhores cookies! E nunca me mandou parar de chorar que nem o papai. Ele sempre diz que meninos não podiam chorar na frente de meninas, porque meninos tem que ser mais fortes.

—Eu não sei sobre isso. — Laura inclinou a cabeça, apoiando na mão. — Quando você chora, não se sente melhor depois?

—Sim.

—Está tudo bem chorar as vezes. Te deixa mais forte depois. — Iori falou com um pequeno sorriso. — Então tudo bem se quiser chorar. Nós também choramos as vezes, não é Lau?

—Sim, claro. E está tudo bem. — Laura concordou, olhando para o relógio no celular.

—Mas relaxa. O que você quer fazer hoje?

—Quero ver a tia Madson. — Ele terminou o cereal. — Posso ver desenhos?

—Claro. Eu aviso a Lana, quem sabe ela não te leve lá na casa de Madson mais tarde?

—Você quer comer mais alguma coisa? — Laura perguntou, levantando-se.

—Não, estou cheio.

—Tudo bem. Vá para a sala. O controle está na mesinha. Consegue achar os desenhos?

—Consigo.

Ele saiu da mesa e correu para a sala, Iori a ajudou a colocar a louça na lavadora, acompanhando-a até a porta, fechando os botões da camisa e sorrindo ao ajustar a gravata preta que tinha colocado sobre a camisa social.

—Começou a usar gravata?

—Eu não sei, é de Lana. Achei curioso. Gostou?

—Te deixa com ar sério, é diferente. — Ela se inclinou para selar seus lábios. — E sexy.

—Quem sabe eu não compre algumas então? — Ela sorriu, olhando sobre seu ombro antes de colocar os sapatos. — Vai ficar bem sozinha com ele?

—Claro. Temos uma infinidade de heróis para conversar até Lana acordar.

—Nerd.

—E você me ama.

—Eu não vivo sem minha nerd. — Ela envolveu sua cintura, voltando a beijá-la sem pressa, aproveitando o momento. — Me ligue se precisar de algo na volta.

—Vá de carro.

—Tudo bem.

—Bom trabalho.

—Você também.

Laura saiu, Iori foi até a sala, sentando ao lado do garoto, assistindo desenhos com ele durante a manhã, até decidir começar a trabalhar. Mostrou a ele onde estaria, pedindo que a chamasse se precisasse de qualquer coisa. Lana acordou mais tarde, praguejando por ser tão tarde, tomando banho e se vestindo mais rapidamente, descendo as escadas e sorrindo aliviada ao ver Kael na sala, assistindo TV. Sentou ao lado dele, deslizando os dedos pelos seus cabelos e o abraçando, sentindo seu cheiro, contente que ele tivesse tomado banho.

—Você dormiu demais, tia!

—Dormi, não é mesmo? Desculpa, não vai acontecer de novo. — Ela moveu o dedo pela sua bochecha. — Você está sozinho?

—Não, tia Iori disse que ia estar na outra sala. — Ele apontou o corredor, onde seu antigo quarto provisório tinha sido substituído pelo escritório de Iori e também seu estúdio de dança aos finais de semana.

—Você comeu?

—Sim.

—Está com fome?

—Estou.

—Tudo bem, eu vou fazer o almoço. Depois vamos para a academia, o que acha? Quer ter aulas comigo hoje?

—A tia Madson vai estar lá?

—Não. Mas podemos ligar para ela depois.

—Tudo bem.

—Você ainda quer aprender a dançar?

—Quero.

—Ótimo. Eu vou falar com Iori e já faço a comida, você me espera aqui?

Ele balançou a cabeça para concordar, ela beijou sua testa e seguiu para o escritório, encontrando Iori concentrada no painel sobre a mesa, ainda a elaborar o projeto de um prédio, mas se virou quando a ouviu entrar, sorrindo ao vê-la.

—Oh, achei que fosse Kael.

—Não, sou só eu mesmo. — Ela se aproximou, apoiando-se nos braços da cadeira e se inclinando para beijar seus lábios. — Desculpa, não era minha intenção acordar tão tarde. Ele te atrapalhou?

—Não atrapalhou em nada, relaxa. Queríamos te deixar descansar. Como você está?

—Bem. Mas sua mãe me mandou mensagem para marcar o horário que vai, então tenho que ir para a academia logo. Você está com fome? Vou começar a fazer o almoço.

—Um pouco. Eu posso te ajudar se quiser.

—Não precisa, você já me ajudou demais. Eu te chamo quando terminar.

—Temos que conversar, você não acha?

—Sobre sua mãe?

—Sobre ontem à noite. — Ela suspirou. — Sobre minha mãe também.

—Ah, ontem à noite. — Ela respirou fundo e se afastou. — Desculpa por aquilo. Eu realmente não tenho qualquer problema em vocês começarem sem mim.

—Eu sei. Então o que foi?

—É besteira minha. Não se preocupe. Não vai acontecer de novo. — Ela ofereceu a mão, Iori aceitou, levantando-se, mas suspirou, mantendo-a perto. — Está tudo bem, querida.

—Então me diz o que se passou na sua cabeça ontem. Ou acha que não queria ter você em minhas mãos ontem? Qual é, Lana... eu senti sua falta. — Ela olhou em seus olhos, inclinando-se mais para perto. — Por que não quis se juntar a nós ontem?

—Eu achei que fosse algo só nosso, babe. Assim como você tem seu lance com Laura, e eu tenho com ela.

—Eu sei. Não sabia que você faria questão em manter entre nós isso.

—Eu também não, até ver vocês.

—Então é um problema para você?

—Não. Eu só queria ter estado lá. Quando eu cheguei parecia ser tarde demais. — Ela suspirou, segurando seu rosto. — Eu queria que tivessem me esperado para começar depois de eu passar todo esse tempo fora.

—Sinto muito. Nós queríamos você em nossa cama, mas eu não sei explicar. Você tem causado mudanças em nós. Em nossos hábitos, e isso é bom. Digo... Laura nunca quis ser mais firme comigo, e desde que vocês se aproximaram, ela tem se mostrado mais confiante para ousar. Eu nunca imaginei que ela pudesse ser tão...

—Dura? — Ela sorriu quando Iori corou, escondendo o rosto em seu ombro. — Eu entendo. Ela tem me surpreendido também. É bom que isso tenha se mostrado para você também.

—Então está todo bem para você? — Ela inclinou a cabeça, buscando seus olhos.

—Sim, está. Vocês não precisam se preocupar.

—Eu vou pensar numa forma de te recompensar hoje à noite, tudo bem? Depois que Kael dormir.

—Claro, não me verá dizendo não.

Elas seguiram para a cozinha, retirando os ingredientes da geladeira para começarem a cozinhar.

—Há algo que eu não deveria dizer a sua mãe se ela me perguntar? — Iori a olhou ao seu lado, enquanto ela cortava uma cebola. — Como você estar morando comigo.

—Não estou preocupada com isso. Estou preocupada com o que ela pode saber de você.

—Eu? O que ela poderia querer saber? Eu não tenho ficha criminal e não tenho histórico que manche minha reputação. Sou uma candidata perfeita para a filha dela.

—Eu só estou dizendo para ter cuidado. Minha mãe consegue ser bastante intimidadora quando quer.

—Eu sei me cuidar. Não vou perder a paciência se ela me provocar.

—Não estou preocupada com ela. — Voltou a pontuar. — Seja cuidadosa com o que diz a ela. Laura nunca teve boas experiências em conversas com a minha mãe. Eu iria preferir que você não fosse sozinha, mas sei que você é teimosa igual.

—Sua mãe quer me testar, ou não teria sugerido ir ao meu local de trabalho.

—Eu sei. Eu ainda acho estranho ela estar agindo naturalmente e te procurando de maneira civilizada.

—Ela gostou de mim?

—Espero que sim. Me deixe saber como está indo, qualquer coisa eu vou até lá.

—Não há necessidade. Você tem que trabalhar. E eu serei a melhor namorada que sua mãe iria querer para você.

—Eu não me importo com o que ela queira. Independentemente do que ela queira ou do que te diga, tenha isso em mente.

—Eu sei. Mas seria um bônus ter sua mãe a nosso favor.

—Sim, seria.

Elas continuaram a preparar o almoço, comendo juntas a Kael antes de Lana o preparar e o levar para a academia. Chieko não demorou a chegar, elegante em seus trajes de ginástica, encontrando-a na recepção enquanto prendia os cabelos dourados.

—Boa tarde, sra. Sasaki. É bom te rever.

—Posso dizer o mesmo, srta. Mason. É bom te ver bem disposta.

—Uma noite bem dormida era tudo o que precisava. Você está pronta para começar a aula? Espero que não se incomode em termos Kael junto. — Ela indicou a criança sentada perto do banco, brincando distraído com um carrinho. — Ele está morando comigo agora, ainda não tive tempo de achar um passatempo para ele nas férias.

—Não há qualquer problema. Eu conheço vários lugares. Escola de lutas marciais, de teatro, música e bons treinadores, se ele preferir outros esportes.

—Oh, eu agradeço. Talvez eu realmente precise de recomendações. Eu só preciso de algum tempo para descobrir do que ele gosta.

—Quanto mais cedo descobrir, melhor ele vai adaptar à nova rotina.

—Espero que sim. Ele tem lidado bem com a mudança. Venha, eu te mostro a academia. Iori fez um trabalho incrível aqui.

Chieko moveu a cabeça para concordar, seguindo-a sem pressa pelo lugar, observando a estrutura e admirando a parte central, que tinha o teto transparente devido aos painéis de vidro que revelavam o sol e o tempo livre de nuvens.

—Iori sempre dá um toque a mais em cada projeto que faz, uma assinatura, eu diria. — Chieko comentou, olhando as salas que estavam tendo aula, podendo observar cada uma pelas paredes de vidro na parte interna no primeiro andar. — Esse lugar ficou bem iluminado e separado. Bem visível.

—Sim, Madson cuidou dessa parte, ela tem uma grande experiência com essas coisas, eu ainda estou aprendendo.

—Posso imaginar. Você sempre foi sócia daqui de maneira informal, já que era casada com a dona?

—Não. — Ela suspirou com a lembrança. — Eu só dava aulas de maneira integral. Agora só estou lidando com o gerenciamento, já que inaugurou faz pouco tempo. Mas pretendo voltar a ter algumas turmas.

—Uma mente inquieta, eu vejo. — Chieko a olhou com curiosidade. — Vejo uma grande energia emanando de você, não me surpreende que gerencie um lugar grande assim.

—Desculpa, mas o que a senhora quer dizer com energia? Você quer dizer disposição? Porque eu tenho a impressão de que é outra coisa.

—Não, não disposição. Mas é algo que vem do seu interior, que te dá força e ao mesmo tempo paz. Que te mantém firme, mas também maleável. É algo bom, você devia trabalhar mais nisso, iria se surpreender com o que pode te trazer.

—Bem, por que não? Se é algo bom, não vejo por que não tentar. — Ela parou quando terminaram de subir a escada, abrindo a porta de deslizar. — Essa será nossa sala hoje.

Chieko entrou, tirando o sapato logo em seguida, Lana a acompanhou junto a Kael, instruindo o garoto num canto da sala, deixando-o livre para participar, mas alertando-o para não interromper. Lana ligou uma música mais sutil na sala, passando alongamentos para Chieko, notando que era maleável e bem disposta, aproveitando para descobrir se havia algum ritmo que tivesse preferência.

Não encontrou resistência quando começou os primeiros passos, ao invés disso observou sua postura e insistência em acertar os passos, tratando tudo com a devida seriedade. Ao fim a viu mais relaxada, sentada no banco e a beber água, enxugando o suor enquanto ela tentava ensinar alguns passos para Kael, que estava se esforçando em conseguir.

—Ele leva jeito. — Chieko comentou, aproximando-se lentamente. — Parece que descobriu do que ele gosta.

—Eu achei que ele fosse levar isso na brincadeira, mas ele pegou os passos bem rápido. — Lana apoiou as mãos na cintura, observando-o dançar sozinho. — Mas vou esperar mais algum tempo, para ver como ele se sai.

—Ao menos você já tem uma linha a seguir. — Chieko a olhou, esperando que a olhasse de volta. — Obrigada pela aula. Você tem paciência e uma boa desenvoltura. Definitivamente deveria voltar a dar aulas.

—Eu quem agradeço. A senhora é bem aplicada e concentrada.

—Bem, por que não aproveitamos o clima agradável lá fora e tomamos um sorvete? Adoraria continuar nossa conversa de ontem à noite.

—Claro, por que não? Eu conheço um lugar aqui perto. Podemos aproveitar e ir ao parque que tem logo na frente, teríamos maior privacidade.

Chieko moveu a cabeça para concordar, voltando a segui-la pelo estabelecimento, admirando outra vez o local antes de saírem na rua, sem se incomodar com a presença da criança. Deixou que Lana pagasse pelo sorvete, mantendo o clima casual até chegarem no parque, onde se sentaram num banco de pedra, o garoto ficando ligeiramente mais afastado, na grama, comendo o próprio sorvete.

—Então, diga-me. Qual a natureza do seu relacionamento com minha filha?

—Estamos namorando já há algum tempo, faremos 9 meses em breve. E estamos morando juntas nos últimos dois ou três meses. Temos planos de ter filhos, formalizar a união para as famílias. — Ela olhou para a mulher, que a analisava. — Se é isso o que a senhora queria saber.

—Como suspeitei. — Ela continuou inabalada. — Minha filha acha que não conheço os passos que ela dá, mas eu sei todo o caminho. — Ela respirou com paciência para a confusão nos olhos azuis. — Eu tenho contatos de todos os tipos que pode imaginar, então não é uma surpresa quando soube de você e seu envolvimento com minha filha. Mas quando ela passou a ter o nome vinculado ao seu no novo imóvel, chamou minha atenção.

—Como você-

—Eu ainda não terminei. — Ela suspirou, deixando o sorvete de lado e desviando o olhar. — Eu tinha mantido a esperança de que minha filha estivesse mantendo um caso com você, achei que finalmente tivesse desistido de ancorar os comportamentos dependentes de Laura. Mas me surpreendeu quando soube que você estava envolvida com ambas. Eu comecei a pesquisar sobre você.

—Pesquisar?

—Como eu disse, eu tenho contatos de todos os tipos. E eu tinha que saber que tipo de pessoa minha filha estava se metendo.

—Você fala como se Iori precisasse desse tipo de invasão na vida privada dela.

—Ela é minha filha, não seja tola. Eu sempre vou cuidar dos meus filhos, por mais ingratos que eles sejam. Ou você não usaria os recursos que eu tenho para ter Daphne debaixo do seu teto outra vez?

—Não ouse colocar Daphne no meio disso. — Ela se levantou, mas Chieko somente a olhou com paciência da mesma forma que olharia para as birras de uma criança.

—Eu não terminei, você não precisa se alterar. Sente-se, não há porque começar uma cena na frente do garoto. — Ela esperou, Lana acabou se sentando ao seu lado outra vez. — Eu imagino que seja um assunto delicado.

—Não é da sua conta, sra. Sasaki, com todo o respeito. Daphne não tem nada a ver com minha a relação com sua filha.

—Não estou aqui para ditar nada em relação a aquela criança. Mas se eu disser que sei onde ela está, você consideraria mais seriamente o que eu posso te oferecer?

—Como você pode saber algo assim? — Lana estreitou os olhos em sua direção, mas a mulher sustentou seu olhar.

—Como eu disse, eu pesquisei sobre você. — Ela respirou fundo, ainda a olhar para ela. — Você é filha de Eleanor Mason Smith com Christian Jones Miller. Sua mãe morreu devido a complicações do câncer de pulmão. Seu pai-

—Eu não quero saber dele.

—Não quer saber onde ele está? — Ela observou com curiosidade a vontade crescer nos olhos de Lana, mas ela desviou o olhar, incapaz de responder. — Você não fala com ele desde os nove anos. Sua mãe não te contou sobre a medida cautelar que colocou sobre ele com a falsa alegação de maus tratos sobre você?

—Eu soube. Mas ele nunca encostou um dedo em mim.

—De fato. Mas ele nunca pode chegar perto de você.

—Então ele está vivo.

—E esteve procurando por você nos últimos anos. Mas você tem usado o nome de sua ex-esposa, então ele dificilmente vai te encontrar. A menos que você ligue para ele e marque um encontro. Ele voltou para Londres, mas não deve ter problema em voltar. — Ela esperou, olhando para ela. — Você não precisa ser orgulhosa, eu te darei isso sem pedir nada em troca.

—Eu não gosto da ideia de aceitar isso, porque não quero te dar a impressão que gosto do fato que você esteve indo tão a fundo no meu passado. — Ela a olhou com seriedade. — Por que? Por que você descobriria tudo isso e iria querer me ajudar a encontrar meu pai?

—A família é uma fonte muito importante na vida de uma pessoa. Cria vínculos, fortalece sua origem, e você passa a valorizar de onde veio. Ou você pretende deixar que minha filha ou Laura ensinem tudo para a criança que pretendem ter?

—Claro que não.

—Veja isso como um passo mais perto de ser aceita dentro de minha família.

—O que quer dizer com isso?

—Diferente de Laura, você quer ser aceita pela família de Iori. Ou não estaria me ouvindo até agora.

—Então voltar a ter contato com o meu pai vai causar uma boa impressão para a sua família?

—Vai mostrar que você tem raízes fortes. É algo que valorizamos muito. Depois disso seria mais conveniente usar o nome do seu pai, e não da mulher que te deserdou.

—Tudo bem. Se suas intenções são genuínas em me aceitar na sua família como parceira de Iori, eu farei o que for preciso.

—Eu imaginei que chegaria a essa decisão.

—Tia, eu posso brincar no parquinho? — Kael se aproximou, apoiando-se nos joelhos de Lana, que inclinou a cabeça para o olhar.

—Depende. Você não pode se afastar muito nem falar com estranhos. Quando eu te chamar, você vem sem reclamar. Combinado?

—Combinado, tia.

Lana beijou sua cabeça, assistindo-o se afastar correndo em direção aos brinquedos mais à frente, até Chieko colocar um papel com o número e o nome de seu pai escritos.

—Você sabe ser firme com crianças. — Ela indicou Kael. — Ele te escuta e obedece sem pestanejar. É um dom natural seu.

—Ele tem sido bastante obediente, mais do que estava esperando dado o histórico atual.

—Sim, soube dos pais dele. Uma tragédia. Lamento pelo ocorrido, mas tenho certeza que ele estará melhor sob sua tutela.

—Há alguma coisa que a senhora não fique sabendo? Ou não vai me contar como descobriu tudo isso? — Ela indicou o papel em mão.

—As informações que podemos coletar no banco de dados na internet é algo valioso nos dias de hoje.

—Ah, agora faz sentido.

—Eu tenho bons contatos que tem acesso a esse tipo de informação, então qualquer coisa em seu nome eu posso saber.

—E o que mais eu preciso saber?

—Bem, sinto em te informar, mas você tem ligado para o número errado. Sua amiga deu um segundo número dela. — Ela ofereceu outro papel com o nome de Daphne. — Esse é o verdadeiro. Você não precisará se preocupar com as fotos que sua amiga tinha contra você.

—Tinha? — Lana estreitou os olhos.

—Foram devidamente deletadas de todos os locais salvos por ela.

—Deus, você conhece hackers.

—Bastante úteis nos dias de hoje, você não acha?

Ela balançou a cabeça para concordar, olhando entre os papéis, aliviada com a possibilidade de falar outra vez com Daphne e explicar sua versão da história. Ainda assim suspirou, olhando para os olhos cinzentos que brilhavam mais claros na luz do dia.

—Por que está me ajudando, de verdade? — Ela indicou os papéis. — Desculpa, eu realmente agradeço, mas não faz sentido. Você deve querer alguma coisa em troca. Eu não sou tão tola a ponto de acreditar que você moveria seus recursos para não ter nada em troca.

—Eu gosto do seu jeito desconfiado. Me faz lembrar Laura, mas você é mais prática e direta.

—Olhe, se está me ajudando com o intuito de afastar Laura de sua filha eventualmente, eu vou ter que recusar. — Ela estendeu os papéis. — Eu não estou com elas para ter o lugar de nenhuma das duas. E odiaria que a senhora me usasse para afastar Laura, porque eu não deixarei isso acontecer.

—Aprecio sua intensidade em defender aquela mulher. Como eu disse, eu reconheço a relação de Laura com minha filha, mas não significa que eu goste.

—Eu ainda acho que Laura tem uma boa influência sobre Iori que seja superior ao seu desgosto em relação a ela.

—Se você realmente quer defender aquela mulher, então algumas coisas precisam mudar. — Ela afastou a mão dela. — Se realmente acha que Laura está à altura de sustentar uma relação com minha filha por mais tempo, e permanecer com você, vai ter que me provar.

—Claro, qualquer coisa que desejar.

—Sem confusões em público. Da próxima vez, eu farei questão que ela não saia da cadeia. — Elas se encararam com maior intensidade, mas Lana acabou movendo a cabeça para concordar. — Ela assinará os papéis que comprovam a união com minha filha, e concordará em ter o nome de minha família.

—Você sabe que elas já teriam casado, mas Iori nunca gostou da ideia.

—Porque minha filha não é estúpida. Jamais deixaria isso acontecer sem que aquela mulher se provasse diante de minha família, mas ela nunca se interessou.

—Se eu a convencer a seguir esses passos da mesma forma que eu, sua família aceitará nossa união com Iori?

—Sim. Vocês serão reconhecidas tanto no papel quanto na minha família.

—Tudo bem, eu lidarei com Laura. Mais alguma coisa?

—Eu quero que você aprenda japonês.

—O que?

—Eu te fornecerei o melhor professor, você não precisará se preocupar com nada além de aprender.

—Por que? Digo... você realmente faz questão?

—Eu fiz questão de aprender inglês em sinal de respeito pelo seu país. Aprendi espanhol em sinal de respeito por Laura, por mais que não tenha feito nada para agradecer. O mínimo que espero receber em troca, é um gesto de respeito por meu país e minhas tradições. Se realmente pretende convencer minha filha a aceitar o matrimônio, vocês vão ter que se esforçar mais. Eu não a criei para aceitar qualquer uma.

—Oh. Eu achei que a senhora tivesse algum problema com Laura por causa da origem, mas você aprendeu espanhol por causa dela?

—Quão ingrata aquela mulher é. — Ela balançou a cabeça, desviando o olhar, incomodada. — Eu comecei a aprender desde a única vez que ela mostrou que valia o esforço de estar ao lado de minha filha.

—O que ela fez?

—Ela protegeu Iori. Ela foi assaltada, o bandido queria levar o carro e tinha a arma apontada para ela, eu lembro de ter visto as câmeras de segurança um tempo depois. — Respirou fundo diante da memória. — Ela estava em choque. Nunca passou por nada parecido como aquilo, eu sempre a preveni, mesmo ela não reconhecendo meus esforços.

—E o que aconteceu?

—Laura já tinha saído do carro. Ela perdeu a cabeça quando o bandido tentou tirar Iori a força do carro. Então ela começou a bater nele, foi quando eu soube que ela realmente sabia lutar, e não tinha todo aquele porte para chamar a atenção. — Ela balançou a cabeça de maneira negativa. — Ela levou um tiro no fim, mas não a impediu de continuar batendo nele. Ela levou um tiro que podia ter sido para a minha filha, e eu a respeito por isso.

—Oh, meu Deus. Elas não me falaram nada sobre isso.

—Claro que não. Eu pedi que não dissessem a ninguém, ou não faria sentido mover nossos recursos para encobrir a morte do rapaz.

—Ele morreu? — Ela ficou chocada. — Laura matou alguém?

—Ela impediu que ele matasse minha filha, eu não a culpo por isso.

—Oh, meu Deus, eu não acredito nisso. Laura não seria capaz de matar alguém com as próprias mãos.

—Ela tinha os próprios motivos para não ter parado. Eu não a culpo. Ela estava mais apavorada do que qualquer coisa. E o que mais me admirou nisso tudo é que ela só queria proteger minha filha. — Ela olhou para Lana, tocando seu braço para atrair sua atenção. — Isso é algo que eu admiro nela. Ela não mede esforços para continuar ao lado de Iori e a manter segura. Não as culpe por manter segredo.

—Sim, Laura não mede esforços para proteger quando sente uma ameaça. — Ela baixou o olhar. — E costuma ser bastante intensa sobre isso.

—De fato. Então... Se vai manter Laura perto de Iori, faça isso da maneira certa. Tenho sua palavra de que cumprirá com sua parte?

—Sim, você tem. Só me dê algum tempo. Eu consigo convencer Laura, mas no tempo certo.

—Tudo bem. Não há qualquer pressa. É melhor voltarmos, está anoitecendo.

—Você tem razão. — Ela olhou para Kael, então assoviou, atraindo sua atenção, sendo necessário somente acenar para que ele voltasse.

Elas voltaram para a academia em silêncio, Lana buscava assimilar toda a conversa que tiveram e Chieko respeitou seu silêncio.

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá!

Finalmente conheceram a Chieko :D o que acharam da sogrona? ahahaha

Sei que no começo ela gera um grande problema, mas deem uma chance para ela!


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Comentários para 24 - Vigésimo segundo:
Lea
Lea

Em: 04/08/2021

Sra Chieko me impressionou! Então o que acontece entre ela e a Laura é a falta de diálogo,e as duas tem personalidade forte,acaba tendo esse conflito!

Tem algo por trás do jeito explosivo da Laura,algo que tenha acontecido para ela ser assim?? Pq eu acho ela muito cuidadora de quem ama!!


Resposta do autor:

Sim, o passado da Laura ainda vai ser todo desvendado eventualmente :)

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