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O Destino de Vonü por Alex Mills

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Palavras: 4464
Acessos: 925   |  Postado em: 15/05/2021

Fazemos acordos para nos tornarmos mais fortes

Tive que estapear o rosto de Vonü para obrigá-la a acordar. Ela abriu os olhos, assustada, então deslizou os olhos pelo meu corpo como se estivesse em busca de algo, e me abraçou com força. Perdi o fôlego por um momento, surpresa, mas não a afastei, afundando os dedos em seus cabelos cobreados, tentando acalmar as batidas rápidas do seu coração. O que tinha acontecido para deixá-la daquela forma?

—Está tudo bem, estou aqui.

Ela me soltou, olhando-me outra vez, dessa vez envergonhada. Eu peguei o pano que estava usando para me limpar, voltei a umedecê-lo e passei em seu rosto, a fim de limpar o suor.

—Você está com fome? — Pergunto, tentando desfazer o clima estranho, porque ela não me parecia que iria contar o que tinha acontecido, e eu não insistiria. — Eu trouxe um mapa. Até o fim da tarde passaremos por um rio, e lá terá peixes, então teremos o jantar.

—Há uma cidade há meio dia daqui. — Falou em voz rouca, e eu aproveitei para a entregar água para beber.

—Não passaremos por nenhuma cidade. Não quero que saibam que estamos viajando.

—Então viveremos de maneira selvagem até chegarmos nas montanhas?

—Sabia que isso te animaria. — Falo com ironia, passando o pano em seu pescoço. — Mas temos comida para agora, então podemos aproveitar.

—Tudo bem. Você pode acender o fogo? Acho que preciso trocar de roupa.

—Claro. Fique à vontade.

Vonü ficou quieta o resto do dia enquanto viajávamos, imersa nos próprios pensamentos. Eu guiei o cavalo, não insisti em fazê-la falar. Eventualmente ela me diria, se tivesse que falar. Considerei que ainda fosse estranho para ela falar comigo, depois que a mandei embora ontem. Sabia que ela não iria. Eu só queria que ela descobrisse isso sozinha. No mínimo que a conhecia, sabia que ela era honrada, mas também sabia que não era só por isso. Vonü se importava em me manter viva. Eu tinha atirado no escuro, porque não tinha certeza do que a fazia se ligar a mim. Mas agora ela parecia saber.

—Seul?

—O que?

—Entre os magos... há alguma evolução? — Ela pareceu hesitar, movendo as mãos sobre as minhas para assumir o arreio.

—Que tipo de evolução estamos falando?

—Há algum feitiço ou encantamento que faça vocês possuírem outra forma?

—Alguma forma especifica em mente? Porque você me ensinou a produzir ilusões, então posso ter várias formas.

—Não, nada criado, eu acho. Talvez asas?

—As suas asas? São lindas, mas eu não acho que magos possam tentar inventar algo que crie asas. Sinceramente eu ainda não entendo como você desenvolveu asas.

—Faz parte do processo de evolução. Não vão simplesmente aparecer em suas costas. Você vai precisar desenvolvê-las. Elas vão crescer gradativamente.

—Dói? — Inclino a cabeça para ter um mínimo de visão do seu rosto, e ela se inclina de lado para me olhar de volta, abrindo um sorriso de lado. — Quando começam a crescer, o processo é doloroso?

—Não. Mas incomoda bastante. Você ficará na forma de voulcan até estar completamente desenvolvida.

—Com o pacote completo? Chifres, escamas e asas?

—Sim, Seul, o pacote completo. — Ela riu, ainda que continuasse parecendo meio tensa. — Os chifres demoram mais. Os meus foram mais rápidos, porque começaram os ataques, então não tive descanso.

—Por que começaram a te atacar, afinal?

—O primeiro guerreiro foi um acidente. Ele estava perdido. Chegou ao Rio dos Ossos, avistou meu castelo, achou que podia encontrar abrigo.

—Mas te encontrou.

—Encontrou Alinü. E você sabe... Achou que tinha que destruir. Se fosse um simples camponês ninguém daria a falta. Mas era nobre. Então ofereceram recompensa pela minha cabeça, e desde então não pararam de vir.

—Você pensou em falar com os pais dele e oferecer trégua?

—Eles continuavam morrendo, mas não tiravam a recompensa. O que eu poderia dizer a eles?

—Eu não sei. — Suspiro, cedendo meu corpo no seu, sem ouvir reclamações. — Talvez as pessoas sejam orgulhosas demais.

—Ou tiveram medo do que eu pudesse fazer.

—E você pode fazer muita coisa. Mas eu entendo. — Deslizo um dedo sobre as escamas em seu antebraço. — Você não começaria uma guerra se pudesse escolher.

—Agora você entende. — Ela suspirou, mas não afastou meu toque. — Queria que os outros entendessem também.

—Não podemos ter tudo que queremos, certo? Talvez tudo isso tenha um motivo no fim.

—Talvez.

—Então... — Sorrio, querendo manter o clima descontraído. — Como acha que será minhas asas?

—Com plumas? — Sugeriu, eu acabei rindo.

—Não sou um anjo, Vonü. Não posso ter plumas nas asas.

—Anjo?

—Você nunca ouviu falar de anjos, Vonü? — Ela não respondeu, então julguei que não. — Anjos são guardiões do trono de Deus, escolhido por Ele para proteger seu reino.

—O que são anjos? É uma espécie antiga?

—De certa forma. Mais antiga que o tempo.

—E onde estão?

—Não sei. Ninguém pode vê-los. São criaturas puras. Eles protegem as pessoas e guiam quem precisa ser guiado. — Respiro fundo, fechando os olhos por um momento, sabendo que logo chegaríamos ao lago. — Mas é uma história. Talvez não seja a mais cristã das cristãs. Acho que são criaturas que não se misturariam com humanos.

—E o que é necessário para se tornar um anjo?

—Ser puro, fiel. Eu não sei. Não acho que seja possível.

—Nem mesmo você?

—Eu sou uma pecadora, Vonü. Deus nunca me tornaria um anjo.

—Bem... Então espero que Graah possa te oferecer proteção.

Abri a boca para dizer que não acreditava em sua Deusa, mas me calei quando senti seus lábios cálidos pressionarem em minha têmpora. Sorri, mesmo sem saber o motivo.

Montei a ilusão perto do lago quando chegamos, então pesquei dois peixes, fazendo as criaturas levitarem acima da água, enquanto Vonü acendia o fogo. Ela continuava com o olhar distante, mas ao menos agora se dispunha a falar quando fazia perguntas.

Seguimos viagem nesses momentos de paz, evitando passar perto de cidades e nos alternando para conseguirmos comida. Levamos quatro dias para chegar até os Montes Gelados, o vilarejo dos magos das montanhas. Pedi que Vonü permanecesse em sua forma de voulcan, porque preferiria não começar uma negociação mentindo sobre minha acompanhante.

Fomos recebidas de maneira pacifica, magos não costumam fazer inimizades se ninguém perturbasse sua paz. Dois anciões nos levaram até o líder local, que acabava de sair da Igreja. Era um homem de meia idade, cabelos raspados e barba por fazer, com um grosso casaco de pele sobre os ombros.

—Sou Arin Ashoff. — Ele se apresentou, apertando nossas mãos de maneira educada. — Vejo que vieram de longe.

—Sou Seul Wittebi, da Vila do Dragão. E essa é Vonü Del Thronttier, minha amiga.

—Achei que voulcans estivessem extintos. — Ele comentou, olhando para Vonü. — Mas vejo que estou enganado.

—Sou graahkiniana. — Vonü o corrigiu. — Mas sim, recebi a forma de um voulcan. Vim em missão de paz.

—Estou curioso. Venham, vamos conversar em um lugar mais privado. Devem estar cansadas.

Então ele era um homem inteligente, pensei, em não nos confrontar. O vilarejo era pequeno, com poucas dúzias de casas num redemoinho de ruas, o local cercado por um muro de pedras em construção, deixando evidente que as batalhas eram reais. Ele nos levou para uma casa no centro, com um grande salão que tinha a lareira acesa. Sentamos numa mesa perto e ele mandou nos servir comida e cerveja. Não estávamos sozinhos. Uma mulher com mais de trinta anos veio se sentar conosco, oferecendo um aceno de cabeça em minha direção. Eu não a conhecia, mas imaginava quem era.

—Eu esperava pela sua chegada, Srta. Wittebi. — Arin falou com um tom sóbrio, erguendo sua caneca de cerveja. — Brie chegou ontem, das Ilhas Tieres, com seus filhos. — Ele gesticulou para as três crianças que brincavam no fundo do salão. — Então você pode imaginar minha surpresa.

—É um prazer finalmente te conhecer, Brie. Seu irmão me falou muito sobre você. — Digo com um sorriso, apertando a mão dela.

—Aposto que as piores coisas. — Ela comentou em tom humorado. — Maraeh é um grande idiota, mas é uma boa pessoa.

—Então... O que exatamente você tem em mente, Srta. Wittebi? — Arin questionou.

—Eu quero propor um acordo. — Faço uma pausa para comer, querendo aproveitar o pequeno banquete. — Temos um inimigo em comum.

—Temos? — Ele olhou entre Vonü e eu, erguendo a sobrancelha. — Se ela é graahkiniana, eu não vejo porque você teria algum assunto em comum.

—Nós sabemos que é só questão de tempo até o povo do mar se voltar contra outras cidades maiores quando tiverem forças. Eu sei que estão enfrentando problemas com eles, então a luta também é minha, porque você faz parte do meu povo. Somos magos e devemos nos unir.

—Então você quer nos ajudar a lutar? — Questionou com suspeitas.

—Eu quero que juntemos forças.

—Você e mais quem? Porque mesmo que sua amiga tenha herdado os poderes de um voulcan, eu duvido que vocês sejam reforços o suficiente para combater as forças de Tieres. — Falou em tom cético, e eu balanço a cabeça para concordar, olhando para Vonü pelo canto dos olhos, mas ela não fazia qualquer questão de falar.

—Vonü está aqui para representar o exército graahkiniano.

—E onde está seu exército?

—Minha irmã comanda o exército. — Ela finalmente fala, olhando-me. Sequer tinha tocado na comida.

—Mas Vonü está aqui para representar seu povo, porque eu vim aqui propor essa parceria. — Volto a falar, mas Arin se demora a voltar a atenção para mim, encarando Vonü com olhos experientes. — Eu sei que vocês possuem um dos conhecimentos mais antigos dos magos, e também sei que o povo do mar adoraria destruir esse conhecimento, assim como tentaram fazer com os graahkinianos.

—E não conseguiram. — Ele observou, então passou um longo momento bebendo de sua caneca de cerveja até finalizar. — Por que eu me juntaria, e faria meu povo se juntar, a um povo que foi amaldiçoado pelo tempo?

—Porque se não fizerem isso, serão destruídos e serão esquecidos pelo tempo. — Vonü falou em tom cortante, para a minha surpresa. Imaginei que ela reagiria se alguém falasse que a história seu povo era amaldiçoada. — Nós, graahkinianos, perdemos nosso lar por não sabermos nos juntar aos demais. Estamos querendo corrigir isso. Você quer cometer o mesmo erro?

—Por que eu confiaria em uma aliança com vocês? Se você admite que vocês não souberam manter alianças, quem garante que não seremos atacados se abrirmos os portões para o seu exército?

—Como eu disse, estamos tentando corrigir nossos erros no passado. Queremos paz. E para isso precisamos recuperar nosso antigo lar. Se juntarmos nossas forças, eu te dou minha palavra que não cruzaremos a fronteira, e eu te ajudarei a reconstruir seu vilarejo. — Isso pareceu surpreender Arin, o que era bom. Já não era a única a me surpreender com Vonü. — Eu me responsabilizo pelos danos e perdas.

Vonü ainda ofereceu ouro e prata, que deveria ser usado para fortificar os muros e armar quem lutaria, mas agora tínhamos aliados. Ainda corríamos o risco de chegarmos com o exército e darmos com a cara nos portões, mas precisávamos arriscar. Arin permitiu que passássemos a noite em seu salão, o que era o mínimo que poderia oferecer, pelo menos teria uma noite calma num lugar quente.

—Vonü, o que está fazendo?

—A cama? — Falou em tom irônico, colocando um travesseiro no chão e buscando uma coberta, mas eu a impeço. — Não se preocupe. Eu posso ficar no chão.

—Podemos dividir a cama, Vonü. É o mínimo que posso te oferecer depois do que fez hoje.

—Fiz o que viemos fazer aqui, Seul. A ideia foi toda sua.

—O que estou querendo dizer, é que não teria conseguido o acordo sem você. Você fez o esforço maior.

—Você me trouxe até aqui, e você descobriu a inimizade dos magos com o povo do mar. — Ela acabou sorrindo, segurando meu rosto e o inclinando para cima. — Você me surpreendeu hoje, defendendo meu povo, minha história. Nunca achei que faria isso, Seul Wittebi.

—Então somos duas, porque não imaginava que você faria acordo com magos por causa do seu povo.

—Assim sendo... — Ela gesticulou a cama. — Nós podemos dividir. Pela manhã saberemos que não somos mais as mesmas antes dessa viagem.

Talvez fosse porque o quarto era mal iluminado, mas os olhos de Vonü naquela noite brilhavam, tinham uma energia suave, que acalmava, e também envolvia. Eu me vi inclinando em sua direção, subindo as mãos pelas escamas em sua cintura quando toquei seus lábios. Rocei os lábios nos seus, convidando-a, e ela aceitou, movendo-os junto aos meus, sem qualquer pressa. Ela penetrou os dedos em meus cabelos, aproximando-me mais dela, sua língua abrindo caminho dentro de minha boca, movimentando-se com cautela, meus dedos pressionando quase automaticamente quando sinto o calor subir em minha coluna.

Vonü se afastou para me olhar, havia desejo nos seus olhos, eu sentia o mesmo, mas nós decidimos ali, sem dizer nada, que não avançaríamos os passos. Minha relação com Vonü já era complicada sem precisarmos deixar isso mais estranho. Compartilhamos a cama da mesma forma que dividimos os estribos do cavalo.

Durante a manhã seguinte sobrevoamos Tieres de uma distância segura que não pudessem nos identificar, ainda que a altura fosse algo aversivo para mim. Era um conjunto de ilhas, com um rio cruzando o interior da terra, e como Maraeh tinha alertado, eles tinham construído muros formidáveis, com boas defesas, o movimento no interior era constante, e todos portavam armaduras e armas pesadas. Se os graahkinianos quisessem mesmo reconquistar esse lugar, teriam que aproveitar o inverno, quando as águas estariam geladas demais para o povo do mar tentar uma investida por ele.

Agora restava a tarefa mais difícil dessa viagem: convencer Veegan a marchar até os magos quando a neve caísse.

—Onde vocês estiveram? — Foi a primeira coisa que ela perguntou quando Vonü parou o cavalo, ainda no centro de Tamber, porque seus irmãos fizeram uma barricada a nossa frente, e outras pessoas pararam ao redor. — Mandei Vigur e Vaanë atrás de vocês até Marheeve, mas vocês nunca chegaram lá. Achei que estivessem mortas.

—Ou que tinham fugido. — Julguei que fosse Volinüs, porque era a única que eu ainda não tinha conhecido dos irmãos de Vonü.

—Você quer ter essa conversa no meio da rua, Veegan? — Pergunto com paciência, descendo do cavalo. — Eu te explicarei isso na sua casa. Em particular.

—Está bem. Vocês duas, na minha casa. Agora. — Ela estreitou os olhos na direção de Vonü, que não fez qualquer menção de descer do cavalo.

—Não é necessário. — Vonü falou, girando o cavalo na direção oposta. — Seul é o suficiente para falar com você. — Eu a encarei, confusa, mas ela se manteve estoica. — Você sabe onde me encontrar.

Eu quis protestar, mas ela instigou o cavalo e foi embora. Claro que sabia onde encontrá-la, na cama de Hiver, é claro. Eu devia ter dito sobre o caso entre sua amante e sua filha, mas não sabia até onde ela acreditaria em mim, após tanto tempo, quando eu sequer sabia se continuavam juntas.

—Então? — Veegan chamou minha atenção, virando o corpo de lado para me dar passagem. — Vamos?

Movo a cabeça para concordar, passando o braço pelo que ela tinha estendido, sendo escoltada até sua casa, passando pelos becos que tinha decorado, seus irmãos finalmente se dispersando. Ela me deu tempo para tomar um banho quente antes de me requisitar para um inquérito, ainda que eu tenha decidido falar de uma vez.

—Não fui para Marheeve. — Confesso, estávamos no seu quarto, e eu me atrevi a pegar um dos seus casacos de pele e colocar sobre os ombros.

—Então você mentiu para mim. — Acusou em tom ríspido.

—Sim. Mas não foi nada pessoal. Eu não queria atrair atenção indesejada para a nossa localização. — Aproximo-me dela, sentando ao seu lado na cama. — Eu fui para o leste, então para norte, para a vila dos magos nas montanhas.

—Perto de Tieres? Por que você foi lá, Seul? Você poderia ter sido atacada.

—Tomei o cuidado de não passar por nenhuma cidade. Ninguém nos viu. — Busco suas mãos, trazendo para o meu colo. — Os magos vão lutar ao seu lado, Veegan. Conseguimos um acordo com eles.

—E quem disse que eu estava procurando aliados, Seul? É minha guerra. Magos não tem que se intrometer nela. — Seu tom era impaciente, mas julguei que pudesse ser pior.

—É a guerra deles também, porque o povo do mar está tentando invadir seu território. — Dessa vez ela me ouviu, porque não sabia do fato. — Entende? Eles teriam que lutar com o povo em Tieres de qualquer forma. Eu só juntei as duas pontas da mesma linha.

—Como você sabe disso?

—Importa? O que importa é que haverá mais magos nos esperando nos Montes Gelados.

—E por que iriamos para lá?

—Bem... Vonü e eu sobrevoamos Tieres. Eles reforçaram os muros e estão produzindo armas a todo momento. Então estava pensando que você deveria marchar durante o inverno e atacar enquanto as águas estão geladas.

—Você quer marchar com neve caindo?

—Não. Mas eu nunca tinha visto como era Tieres. Se você esperar até a primavera as águas estarão quentes, e eles vão repetir a mesma estratégia de antes, utilizando o mar para enfraquecer vocês.

—Nós os subestimamos naquela época. — Admitiu, suspirando em frustração. — Não sabíamos que eles podiam influenciar o mar.

—Mas não podem fazer isso durante o inverno.

Ela estreitou os olhos, mas entendeu o que eu quis dizer. Todos deveriam ser mortos para impedir que se vingassem durante a primavera ou o verão, então teriam tempo de melhorar as defesas contra o mar.

—Se você precisar de confirmação, posso ir com você até os Montes Gelados. Você pode ter outras ideias. — Sugiro, mas aparentemente Vonü estava certa quando disse que Veegan me escutaria mais que a ela.

—Não será necessário. Farei uma reunião com meus irmãos e nós decidiremos com base nas informações que você me trouxe.

—Então você acredita em mim?

—Tenho motivos para não acreditar? — Ela acariciou minhas mãos, seus ombros caindo. — Sinceramente estou aliviada que você esteja bem. Você sumiu por mais de uma semana.

—Desculpa. Eu não falei nem mesmo para Vonü.

—Do que estava com medo, Seul? Você podia confiar em mim. — Seus olhos castanhos ainda cintilavam preocupação, e para isso eu pressionei mais meus dedos em suas mãos. Vonü estava certa sobre isso? Veegan estava mesmo interessada em mim?

—Lembra quando eu disse que ganhei uma luta e por isso me tornei aprendiz de Vonü? — Ela franziu o cenho, mas concordou. — Minha oponente não está morta. Ela está em Tamber. E eu desconfio que tentará me matar, de novo. Por isso precisei ser discreta sobre para onde iria.

—A filha de Vonü está na cidade? Você tem certeza?

—Está na forma humana. Você não a reconheceria. Ela tem sido discreta. Mas como você sabe sobre Alinü?

—Importa? — Ela retrucou, eu acabei rindo para concordar.

—Eu enfraqueci Alinü. Mas só contribui para seu ódio aumentar.

—Você sabe onde ela está?

—Não na cama de Hiver, agora que voltamos.

—Mas Hiver... — Ela franziu o cenho, eu me xinguei.

—Por Deus, esqueça o que eu disse. Eu não devia ter dito isso.

—Você sabe a gravidade do que está me dizendo, não sabe? — Ela ergueu a sobrancelha, mas continuou séria.

—Mas você não vai repetir uma palavra. Nunca. Entendeu?

—Tudo bem. Eu não direi a ninguém.

—Promete?

—Sim, você tem minha palavra.

Fecho os olhos, ligeiramente aliviada. Vonü não podia descobrir isso através de sua irmã, eu tinha que falar para ela.

—Você está com frio ainda? — Veegan me perguntou, mas não esperou por resposta, ela subiu em meu colo, as pernas envolvendo minha cintura. — Vou te manter quente.

—Veegan... — Digo surpresa, inclinando a cabeça para olhar em seus olhos que vibravam em desejo. — Eu não posso fazer isso.

—Você não pode. — Afirmou num sorriso de lado, deslizando o casaco dos meus ombros. — Mas você quer. — Prosseguiu, inclinando a cabeça em minha direção, movendo os lábios em beijos sutis pelo meu rosto.

—Você sabe que farei aquele ritual com Vonü, não sabe? — Sussurro, ainda que minhas mãos subissem pelas coxas dela, relembrando a sensação daquela noite quente no festival.

—Não se mudar de ideia. — Ela mordeu meu lábio superior, deslizando a língua de maneira provocante.

—Eu não vou. — Digo decidida, mas foi meu erro, ela já tinha penetrado a língua em minha boca, minha voz ecoando na sua boca em surpresa.

Sua língua moveu de maneira provocante contra a minha, instigando-me, e como se não fosse suficiente, ela desceu a alça de minha camisa e pressionou a palma contra o meu seio, massageando com tamanha intimidade que não me permitiu conter o gemido. Ela estava fazendo dos meus pensamentos meros sussurros diante do que estava provocando em meu corpo.

—Mas você não está fazendo o ritual agora, está? — Ela falou contra os meus lábios, talvez porque eu ainda me recusava a mover minhas mãos.

—E quando eu fizer? — Consegui falar, recuperando meu fôlego. — Você não vai mais me olhar da mesma forma.

—Você está enganada. — Ela olhou em meus olhos, tão séria, tão certa do que dizia. — Eu não quero só passar as noites com você. Eu quero passar meus dias. Quero você ao meu lado, Seul. Você se provou alguém em que posso confiar, e eu não vou abrir mão disso.

—Vee... — Suspiro, sentindo meus olhos umedecerem. — Você é uma boa pessoa. Eu queria poder sentir a mesma certeza que você sente. Até então eu achava que você odiava tudo o que eu te dizia.

—Por que você acharia isso, Seul?

—Porque você nunca aceita minhas ideias, Veegan. — Subo minhas mãos pelas suas pernas e paro em sua cintura. — E não podemos ter uma relação se não há muitas coisas que concordemos fora da cama.

—Sinto muito que pense assim. — Ela deslizou as mãos pelo meu corpo, subindo a alça de minha camisa e então segurando meu rosto. — Mas não significa que não possamos mudar isso, se quiser. Afinal... você não me disse que não gosta de mim.

—Eu gosto de você. Mas as coisas são mais complicadas. Você tem um exército para comandar. Estamos no meio dos preparativos para uma guerra.

—E você se preparando para se entregar para a minha irmã para conseguir poder. — Ela suspirou, mas não fez menção de se afastar. — O que você fará com esse poder? Por que quer tanto isso?

—Eu trarei honra a minha família. Não foi fácil crescer sabendo que meu nome não tinha significado, não tinha valor, que minha casa era pequena demais para o que eu queria ter. — Expliquei, desviando o olhar com as lembranças. — Quando meu pai começou a treinar para lutar contra Vonü, eu vi uma chance de finalmente tirar minha família da lama. Mas ele morreu, e as coisas conseguiram ficar piores.

—Seu pai lutou contra Vonü?

—Metade de minha aldeia tinha lutado contra Vonü. O preço pela cabeça dela era alto demais. Depois que ela foi embora, acharam que alguém tinha a matado e não apareceu para receber o prêmio. A glória e o reconhecimento.

—Você lutou contra ela?

—Sim, claro que sim. Que escolha eu tinha? Eu passei semanas rodeando o lugar que ela morava, assistindo suas lutas com os demais que se aventuravam a atacá-la sem sequer saber algo sobre ela. Eu teria feito o mesmo se fosse confiante demais. Mas o que eu sabia dos meus próprios poderes?

—Você nunca teve um mentor?

—Mentores são para famílias com posse, que sejam capazes de pagar pelos seus ensinamentos. — Sorrio com algum desprezo pelo fato, mas acabo relaxando quando sinto os lábios de Veegan selarem os meus, atraindo minha atenção de volta para ela.

—Confesso que nascer numa família influente traz muitas regalias e facilidades. Mas também traz junto responsabilidades e deveres.

—Eu vejo que sim. — Movo o indicador pelo seu maxilar. — Você tem que estar no comando de toda a sua espécie.

—Que quase foi extinta. — Concordou, inclinando a cabeça em direção a minha mão, eu sorrio, espalmando-a em sua bochecha, acariciando entre seus cabelos. — Você perdeu a luta com Vonü. — Definiu, e eu movo a cabeça para concordar.

—Ela me amaldiçoou para que não voltasse a me aproximar dela. Isso me enfraqueceu.

—E você foi atrás dela mesmo assim. — Ela balançou a cabeça sutilmente, mas não havia julgamento nos seus olhos. — Você é uma criatura persistente. Mas acha que depois que obter os poderes de Vonü, vai conseguir oferecer honra para o nome de sua família? Como isso te ajudaria, Seul? Você é inteligente e talentosa. Você acabou de descobrir o que meus inimigos estão fazendo e conseguiu elaborar uma saída para esse problema. Tudo isso sem o poder de Vonü. Acha mesmo que precisa de poder?

—E você acha que alguém valorizaria meu nome por essas características, Veegan? Eu levaria minha vida inteira até que fosse reconhecida por qualquer dessas coisas. Até que pudesse dar isso a minha família.

—E quanto tempo você acha que minha família levou para construir esse legado, Seul? Para que o nome Del Trhonttier fosse reconhecido por toda nossa espécie e respeitado, temido? — Não respondi, mas ela continuou com paciência, envolvendo meu pescoço num abraço mais apertado. — Muitas décadas. Peça por peça. Ganhar esse poder não te dá qualquer garantia, porque até onde sei, só trouxe guerra a vida de Vonü. É o que você quer?

—Eu não sei. Se for necessário.

—Você é jovem, Seul. — Relembrou num suspiro cansado. — Talvez ainda tenha que descobrir seu caminho. Eu espero... — Ela fez uma pausa. — Eu espero que não demore muito.

—Por que? — Sorrio, abraçando sua cintura. — Está ficando velha, Vee?

—Estou. — Admitiu. — Mas também porque eu não vou desistir de você. Algo me diz que isso vai valer a pena.

Eu a beijei, aproveitando os movimentos sutis, memorizando seu gosto e a sensação do seu corpo contra o meu, porque sabia que seria a última. Tentei guardar seu sorriso quando me afastei, porque a decepção veio em seguida, quando disse que não moraria mais com ela. Foi difícil ver aquela expressão. Não imaginei que fosse doer. Mas era necessário. Eu não desistiria de obter poder.

Fim do capítulo

Notas finais:

Vonü --> o ü é mais fechado, assim como Alinü.

Seul Wittebi --> o W tem som de V, e Seul é dito mais rápido, como quando falamos "seu" mesmo, com o "u" mais fechado.

Marheeve --> o "ee" tem som de i mesmo, mas se lê mar-ive.

Hiver --> h com som de “r” mesmo

Graah --> como tem h no final, tem o som mais aberto.

Voulcan --> na história dos voulcans, o som é mais diferente, o V tem som de F, fica foucan para pronunciar.

Ehfae --> êfaê, basicamente.

Arin Ashoff --> Ash-off


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Comentários para 11 - Fazemos acordos para nos tornarmos mais fortes:
Lea
Lea

Em: 13/08/2021

E essa visão da Vonü,o que de real há nela???


Resposta do autor:

Se a Vonüzinha interpretasse as visões a gente ficava sabendo mais rápido, mas a peste é cabeça dura kkkkkk

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 16/05/2021

Seul é pessistente.

 


Resposta do autor:

Obstinada a criatura né? ahahaha

Responder

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