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O Destino de Vonü por Alex Mills

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Palavras: 5065
Acessos: 934   |  Postado em: 01/05/2021

Os melhores discípulos são aqueles que não escolhemos

Nem as piores visões que busquei me levaram a esse fim. Minha filha estava viva, mas eu tampouco cuidaria dela outra vez. Sem os chifres e com o acordo feito com Seul Wittebi, Alinü teria que traçar sozinha o caminho para recuperar toda sua magnitude, roubada pela minha nova discípula.

Então assisti Hiver levar minha filha nos braços até sua residência, porque eu tinha certeza de que desejaria vingança quando acordasse. Então me voltei para Seul, tentando conter a raiva que sentia daquela criatura insistente, e me ajoelhei ao seu lado, observando seus ferimentos. Alinü quem tinha acertado os maiores danos nela, mas foi traída pela própria inexperiência. Como Seul sabia disso eu não imaginava, mas não era o momento para questioná-la sobre isso. Eu tinha que cuidar dos ferimentos, porque ela tinha ganhado.

—Eu já falei que não preciso de sua ajuda. — Ela reclamou quando usei sua adaga para cortar o tecido de seu traje, onde o ferimento era profundo e sangrava. — Vá cuidar de sua filha.

—Você está pior. — Limito-me a dizer, ainda que encontrasse conforto no fato.

—E ganhei mesmo assim. — Relembrou, como se fosse preciso. — Eu posso fazer isso sozinha.

—Você não tem energia para isso. — Falo com paciência, estreitando os olhos para a perfuração na sua carne. Raio Lacerante tinha queimado duas costelas, mas não tinha chegado nos pulmões.

—Você me deixou com ferimentos piores e eu sobrevivi. — Sua teimosia me irritava.

—Você está horrível, e não vai conseguir curar um ferimento profundo. Então cale a boca e me deixa fazer isso. Você me queria como mestre, isso faz parte do processo.

—Não é confortável com você olhando.

Estreito os olhos, sem entender de imediato, até notar seu busto despido, e isso me arrancar um riso. Depois de tudo, e ela estava com timidez que eu visse sua nudez. Suas bochechas coraram quando continuei a rir, de todos os momentos, e ela escolheu ser ridícula agora.

—Esse é o menor dos seus problemas. — Digo depois de um tempo, voltando minha atenção para o corte. — Vou te levar de volta para minha casa. Lá eu tenho algumas ervas que vão ajudar.

—Está bem. Eu consigo andar.

Ignoro seu último comentário, passando o braço debaixo das suas pernas e apoiando suas costas antes de me levantar, segurando seu peso contra meu corpo. Ela xingou quando bati minhas asas, erguendo-nos no alto e em direção a minha casa. Seus braços se prenderam com força em volta do meu pescoço, a testa pressionada no meu pescoço. Ela tinha medo de altura? Aquilo era ridículo. O voo não durou muitos minutos, o lago não era longe da casa, e eu pousei no andar superior, na varanda do meu quarto. Voltei a forma humana para poder entrar no quarto, então carreguei o corpo de Seul para a minha cama e a deitei no colchão, tirando por completo seus trajes para me dar espaço.

—Você está sendo abusada. — Ela me repreendeu, mas não fez nenhum gesto para me impedir quando tirei seus sapatos e sua calça, deixando-a somente com os calções de dormir.

—Eu preciso limpar. — Esclareço.

—Não pode simplesmente curar?

—Não é uma ferida superficial. Eu preciso me certificar de que os órgãos dentro cicatrizem sozinhos.

—Não deve ter perfurado nada importante.

Resolvo ignorar. De nada adiantava argumentar com uma idiota. Procurei por todos os itens de que precisaria antes de começar a limpar o ferimento, então fiz uma mistura com ervas e coloquei dentro do corte. Seul gritou agonizada, mas eu não me importei em lhe oferecer uma mordaça ou buscar alguma bebida para suportar. Eu já estava tendo que cuidar da mulher que desonrou Alinü, não era minha obrigação demonstrar compaixão pelo seu sofrimento. Mas ela aguentou consciente todo o processo até eu fechar seu ferimento, substituindo por uma cicatriz reta sobre suas costelas do lado esquerdo.

Sua coxa também precisou ter o ferimento fechado. Seu rosto não tinha sido completamente destruído, a espada tinha cortado seu supercilio e atravessado o nariz até a metade da bochecha, mas agora uma fina cicatriz já o tinha substituído.

Ela acabou dormindo e eu acabei parada ali, tentando entender como o destino tinha sido cruel naquela noite. Como deixei isso acontecer? O que Graah pretendia? Me prender a uma cristã, fazer eu me afastar de Alinü, minha herdeira. Treinar uma mulher que só queria meus poderes, que poderia me matar quando quisesse, enquanto eu não tinha a mesma chance, presa as minhas crenças de não quebrar minha palavra, seja ela qual fosse.

—Vonü... — Ela abriu os olhos devagar, cansada. — Espero que possamos superar isso e trabalhar juntas.

—O que você espera ganhar com isso, Seul? Eu não posso te dar o que você quer.

—Me diz você. O que eu ganho com isso se não posso ter seus poderes?

Pressionei as costas da mão para checar sua temperatura, desconfiando que estivesse delirando de febre mesmo que seus ferimentos tivessem sido bem fechados, mas não havia nada.

—Eu fiz o que achei certo. — Finalizou, então voltou a adormecer.

E o que era certo para Seul? Era o certo para mim? Eu não fazia ideia.

Não demorou muito para Alinü voltar como uma tempestade para casa, buscando vingança, mas ao invés disso, ela me encontrou. Tinha acabado de amanhecer. Era uma coisa grotesca, vê-la com os chifres de uma criança. Ela notou meu desgosto, mas permaneceu nessa forma, como se para me desafiar.

—Ela está aqui e eu sei disso. — Foi a primeira coisa que disse. — O que eu não sei é o motivo de você manter nossa inimiga aqui. A pessoa que tirou meus chifres! — Ela ergueu a voz, completamente frustrada. — Como você é capaz? Você preferiu abrigar essa maldita humana do que a mim!

—Você perdeu, Alinü. Você tinha tudo para ganhar, e perdeu. Você ficou confiante demais e não pensou, não planejou nenhuma estratégia. Você mesma quem entregou os chifres nas mãos dela! — Digo sem paciência, seu rosto se torcendo em fúria imediatamente.

—Você contou a ela sobre isso?

—Por que eu faria isso? Eu não faço ideia de como ela sabia disso.

—Então sabemos que ela trapaceou. Eu exijo uma revanche! Ela nunca teria ganhado se não tivesse-

—O que? Se não tivesse o que? Você se descuidou e fracassou na primeira luta. Você é decepcionante. Tanto tempo perdido te treinando para você lutar como um animal, exatamente como seu pai. — Falo com desprezo, torcendo o nariz ao ter que admitir o fato, a semelhança era extrema para ignorar.

—Aposto que meu pai não hesitava em matar quem tivesse que matar. Aposto que ele nunca deixaria um inimigo dormir debaixo do próprio teto!

—Claro que ele não hesitaria. Foi assim que você nasceu para começar.

—Claro que você iria jogar isso nas minhas costas. Eu não sei nem por que você resolveu me ter, ao invés de me matar quando nasci.

—Eu pensei nisso. Mas achei que você pudesse ser diferente se eu te treinasse desde o começo. Mas estava enganada. Você é imatura e inconsequente. Impulsiva como uma idiota. Você podia estar morta!

—E você iria adorar o fato. — Ela falou com um ódio contido, sua voz se tornando pesada. — Mas ao invés disso eu te desonrei.

—E por isso eu não vou mais te treinar. Você ignorou tudo o que te ensinei. Você se tornou a primogênita de Teniê, uma verdadeira voulcan.

—Mas eu também sou descendente de Graah! — Ela protestou mais por desespero do que por raiva. — Você não pode-

—Eu já tinha mudado quando você nasceu. Você é descendente direta de voulcans. Eu sou metade voulcan e metade graahkiniana. Você nunca foi.

Ela desapareceu. Eu fiquei parada, respirando devagar, fechando os olhos enquanto massageava a ponte do nariz. A porta do quarto atrás de mim se abriu hesitante, então Seul colocou a cabeça para fora antes do resto do corpo aparecer. A cor no seu rosto tinha desaparecido, ela estava nua porque era orgulhosa demais para vestir minhas roupas. Ela se segurou no batente e me olhou nos olhos, procurando por algo, talvez o significado do que tinha escutado.

—Não tive a intenção de te acordar. — Esclareço, mas isso não a afeta. — Eu imaginei que ela fosse vir atrás de você.

—E você não deixou que viesse. — Ela parecia não acreditar no fato.

—Que tipo de pessoa acha que eu sou? Vocês lutaram ontem. Você ganhou. Alinü não tem direito a revanche se você não concordar.

—Eu posso aceitar se for o que desejar. — Isso me fez estreitar os olhos, avaliando suas palavras. — Se for devolver a honra dela.

—Nada pode devolver isso a ela. Se ela quiser ter honra, vai ter que lutar todas as batalhas, e não receber de uma luta injusta.

—E minha luta com ela foi injusta?

—Seria, se você fosse estúpida. Mas ela te subestimou, e eu também, de certa forma. Então você estava certa. Eu estava tentando te matar através de Alinü. E isso me torna tão desonrosa quanto ela. — Me aproximo dela devagar, parando a sua frente, encostando na parede ao lado da porta. — Então... se Alinü não foi capaz de seguir o que ensinei, você acha que seria capaz de fazer isso?

—Acho que... eu vim longe demais para não ser capaz de seguir o que tem a ensinar. — Ela sorriu, esticando o braço até alcançar minha mão, segurando-a de forma gentil. — Estou pronta para começar nossos treinos.

—Nesse estado? Não, não está. — Rio baixinho, movendo os dedos nos seus antes de soltar. — Tome um banho e coloque roupas confortáveis. Pode usar as minhas enquanto não vamos a cidade achar novas. Vou pedir para servirem o desjejum.

Ela ainda hesitou, mas moveu a cabeça para concordar, voltando para dentro do quarto. Suspiro em seguida, fechando os olhos por alguns segundos. Agora não havia mais volta. Eu treinaria Seul Wittebi, e não mais a minha filha.

Eu esperei alguns dias para começar a pensar em planejar um treinamento próprio para Seul, mas cheguei à conclusão de que não a conhecia o suficiente para ter um plano em mente, então pedi que ela me mostrasse o que sabia fazer.

—Está me pedindo uma luta? — Ela estava desconfiada, mas reviro os olhos.

—Eu pedi para mostrar o que sabe, não disse para jogar os feitiços em mim.

—Seria divertido.

Ela começou a fazer demonstrações a beira do lago, direcionando os feitiços mais fortes na água ou no ar. Eu sabia que ela estava ocultando os feitiços mais importantes, mas ela não era idiota de mostrar tudo que sabia para alguém que acabou de conhecer e que há algum tempo era sua inimiga. Depois que começássemos a treinar de verdade, eu sabia que acabaria descobrindo que outras habilidades ela tinha.

—Nada mal. — Comento, mordendo um pedaço da maçã que segurava, esperando que ela recuperasse o fôlego. — Já consigo ter uma ideia de suas habilidades.

—E eu terei uma ideia melhor das suas? — Ela sorria, mas sabia que falava sério sobre isso.

—Claro, com o tempo vou te ensinar sobre isso. Estamos aqui para isso.

—No fim crescerá asas e escamas? — Ela conteve um pequeno riso.

—Acho que não combina com você. Talvez uma varinha. — Provoco, mas ela não conteve o riso, achando graça.

—O que acha que eu sou? Aquelas bruxas de história para crianças?

—Voltando ao trabalho, há algo que você precisa fazer. — Falo diretamente, aproximando-me dela. — Dê sua adaga. — Ela hesitou, mas somente por mera confusão, e acabou me entregando sua arma. — Você a usa bem durante a batalha. Mas vai ter que abrir mão dela.

—O que? — Ela se surpreendeu, arregalando os olhos por um milésimo de segundo. — Por que eu faria isso?

—Eu abri mão de algo quando comecei a aprender, abri mão de algo para treinar você. Então você precisa abrir mão de algo indispensável para você para que possamos seguir em frente.

—E quem te garante que uma adaga é indispensável para mim?

—Você viajou sozinha até aqui, atrás de mim. Então você não tem ninguém. Suas roupas eram trapos que foram jogadas fora. Você não tem qualquer amuleto além dessa arma. O que mais você teria de imprescindível? — Ela estreitou os olhos, mas não respondeu nada, pareceu ofendida. — São apenas fatos, Seul. Não recebemos algo sem abrir mão primeiro.

—Isso é ridículo. Eu quase perdi minha vida diversas vezes para chegar até aqui. Eu não vou jogar minha única arma fora.

—Única arma? — Ergo as sobrancelhas e pego o revólver no coldre em sua perna, jogando o objeto longe no lago. — Sim, agora sim.

—Você enlouqueceu? — Ela ergueu a mão em direção ao lago, a energia purpura deixando seus dedos, provavelmente buscando a arma.

—Você veio até aqui, fez tudo o que não deveria, para treinar comigo, para ter meus poderes, e, no entanto, não é capaz sequer de abrir mão de uma arma. Você é ridícula.

—Você não sabe do que está falando. — Falou entredentes, com raiva, mas somente balanço a cabeça, entediada.

—Não me importa. Não vou perder meu tempo com alguém que não sabe cultivar o conhecimento quando tem a chance.

—Você me deu sua palavra! Você não pode voltar atrás simplesmente.

—Não estou voltando atrás. — Jogo a lâmina na grama, adentrando o sulco da terra e ficando presa no lugar. — Mas não posso fazer nada se você não é capaz de seguir uma simples lição.

Ela abriu a boca para responder, mas não disse nada. Hiver havia aparecido na trilha que vinha da cidade, caminhando rapidamente em minha direção com um sorriso alegre nos lábios. Caminhei até seu encontro sem pressa, ela abriu os braços, abraçando-me carinhosamente como sempre fazia. Deslizo os dedos pelos seus cabelos escuros, colocando-os para trás de seus ombros, admirando seus olhos contra a luz do sol.

—Boa tarde, Srta. Tuhnden. — Cumprimento de maneira formal.

—Senti sua falta, Srta. Del Thronttier. Vim ter certeza de que sua convidada ainda estava pisando no seu pé. — Rio com o comentário, vendo-a olhar sobre meu ombro em direção a Seul. — E estou vendo que continua, que golpe de azar. Como as coisas estão indo aqui?

—Bem... eu tenho uma nova discipula, como pode ver. — Passo o braço sobre seu ombro, virando em direção a Seul, que nos olhava com desconfiança. — Então andarei ocupada.

—Discipula? — Sua confusão era palpável. — Como isso foi acontecer?

—Alinü não foi capaz de derrotá-la, o que a torna uma discipula mais valiosa.

—E Alinü sabe disso?

—Não vejo porque saberia. Ela não mora mais aqui.

Andamos em direção a casa, em silêncio, deixei que ela absorvesse a informação, imaginava que era uma grande novidade, em vista que não nos falávamos desde a luta entre Alinü e Seul. Treinar Seul não tinha sido minha ideia, mas eu tive que aceitar, caso contrário, Alinü estaria morta agora. Ao menos isso serviu para eu saber que Seul era uma pessoa de palavra.

—Ela é ardilosa, afinal. — Hiver comentou, suspirando de maneira audível, o que me fez rir. — Ela conseguiu o que veio buscar. Conseguiu te enganar.

—Me enganar? Não exagere. Eu só estou ensinando ela o que ensinei para Alinü. Ela sabe que não envolve meus poderes.

—Espero que tenha razão. Não quero te dividir com ninguém.

—Me dividir? — Olho para ela, mas somente balanço a cabeça, ainda que ela parecesse falar sério. — Eu não treino você. Isso não afeta nada entre nossa amizade.

Chegamos à entrada de minha casa, mas ela para ali, subindo os degraus primeiro e se virando na minha direção. Estava séria, algo incomum, o que me preocupou, imaginando se ela me contaria que algo ruim tinha acontecido.

—Algo errado com Alinü?

—Não, não. Ela está ótima. — Ela quem balançou a cabeça, afastando a ideia. — Eu só quero avisar que nas próximas semanas, haverá graahkinianos viajando até Tamber, a cidade vizinha, a leste daqui.

—Tamber? — Tento lembrar dos mapas, mas sinceramente, não fazia ideia de ter visto esse nome em nenhum deles.

—É um vilarejo novo, formado por pessoas fora da lei.

—Você está mandando nosso povo para um lugar desses?

—Eles foram avisados. E temem minha família, então não serão um problema para os viajantes.

—Começo a achar que sua família não são exemplos a serem seguidos.

—Claro que são, se você quiser manter a ordem no lugar que você mora.

—E ganhar algo em troca por isso, imagino.

—Todos ganham. O fato é que estou sabendo que eles trarão guerreiros que querem lutar, que conhecem outros guerreiros, que trarão aliados. Então... em breve você terá noção do exército que você terá para retomar Tieres.

—Então em breve o povo do mar terá noção que alguém está convocando pessoas para lutar. E terão tempo para se preparar.

—E não será o suficiente mesmo assim. Tenho certeza de que sua liderança deixará os guerreiros mais fortes.

—Isso não vai importar se eles estiverem em maior número e mais armados.

—Tenha um pouco mais de fé em Graah. Ela tem planos grandiosos para você.

—Não me pareceu isso quando ela me prendeu a uma feiticeira.

—Prendeu por que? Você fez algum acordo com ela? — Não respondi, somente respirei fundo. — O que você ganharia com isso, Vonü?

—Não se intrometa nisso, Hiver. — Aviso.

—Só estou preocupada contigo. Mas tudo bem, eu não farei perguntas. Você deve saber o que faz. Ao menos, eu espero que sim.

—Você não tem que se preocupar com isso. Comigo. Então... Me avise quando todos chegarem em Tamber, e eu irei avaliar o que conseguiu.

—Então você considera lutar…?

—Não sei. Eu tenho outras responsabilidades agora. — Olho em direção ao lago, suspirando.

—Se Alinü não foi capaz de acabar com isso, deixe-me cuidar disso de uma vez.

—Não. Sequer considere fazer algo contra Seul. Ela é minha discipula agora, e eu não posso deixar que alguém a mate.

—E Alinü?

—Alinü está por conta própria.

Nos próximos dias eu não encontrei com Seul dentro de casa, e considerei que ela tivesse desistido, mas achei impossível que ela fosse embora no primeiro desafio. Talvez quisesse tempo para se acostumar com o que eu pediria dela daqui em diante. Eu não me preocupei em esperar, aproveitei o tempo para providenciar as reformas que a casa precisava, e logo os construtores vieram e começaram o serviço. Talvez levasse duas semanas se eles fizessem o trabalho da maneira certa e não enrolassem, o ouro iria inspirá-los.

Voltei a ver Seul outra vez no fim da segunda semana de obras, quando descobri que haveria uma terceira. Eu estava no lago, sem sono, a lua começando a crescer em sua fase, ainda com uma finura de largura. Hiver nadou pelo fundo do lago até voltar a superfície diante de mim, um sorriso nos lábios antes de abraçar meu pescoço, deitando o corpo sobre o meu, na beira do lago.

—O que está fazendo? — Pergunto, ainda que visse o desejo em seus olhos falar por si só.

—Você sabe o que quero fazer.

Ela colou os lábios nos meus sem esperar por alguma atitude minha, decidindo não conter o que estava tentando fazer desde que cheguei nessa cidade. Por que eu a impediria? Devolvi o beijo, envolvendo sua cintura enquanto a sentia contra minha pele, linda e irresistível.  Ela não quis se contentar com o beijo, mas a parei antes que fosse longe demais, a lua ainda estava muito jovem em sua fase para eu arriscar que minha parte voulcan tomasse conta, e eu tomasse Hiver como Tênie me tomou, a força.

—O que te impede, Vonü? Eu vejo que quer isso tanto quanto eu. — Ela me diz, sentando sobre minha cintura, apoiando as mãos em meus ombros.

—É complicado, Hiver. Eu não tenho nada a te oferecer indo adiante nisso.

—Pelo contrário. Você tem tudo. E eu posso te dar qualquer coisa.

Havia convicção em seus olhos, mas eu não tinha uma resposta para ela, foi quando avistei Seul no topo do telhado de minha casa. Hiver percebeu meu espanto e olhou na mesma direção, sorrindo de volta para mim, deixando claro que já tinha notado a presença dela antes.

—Por Graah, Hiver. Você tem alguma síndrome do pavão?

—Não seja ridícula. Por que eu me incomodaria? Ela quem devia se envergonhar. Parada ali como um pária.

Reviro os olhos, afastando-a para me levantar, ouvindo seus protestos enquanto me secava. A situação era ridícula. Dar um espetáculo de minha intimidade para Seul pela diversão de Hiver.

—É melhor você dormir. — Sugiro, ainda que não fosse inteiramente um pedido que ela pudesse negar.

—Você virá também? — Ela pegou a toalha de minhas mãos e começou a secar os longos cabelos escuros.

—Talvez. Você pode ficar no meu quarto se desejar.

Ela suspirou, mas se atreveu a selar meus lábios antes de seguir para a mansão, deixando-me respirar sozinha. Hiver as vezes conseguia ser verdadeiramente infantil, e eu a admirava por sua atitude, ainda que eu achasse que precisasse aprender a se conter.

Bati as asas e fui até o telhado da casa, pousando ao lado de Seul, que se levantou para me encarar, ainda que eu fosse maior que ela, não se mostrou intimidada em me encarar os olhos. Estendeu a adaga para mim, ficou em silêncio, então estendeu a outra mão fechada em punho, e abriu lentamente, como se fosse um grande esforço. Era um amuleto, uma cruz de ouro com pedras preciosas. Ela suspirou quando não me movi.

—Você disse que eu tinha que abrir mão de algo que realmente valorizasse e que fosse imprescindível para mim, certo? — Eu somente movi a cabeça para concordar, ainda olhando para a cruz. — Eu uso a adaga desde que era do tamanho de Alinü quando a vi pela primeira vez, então minhas habilidades se desenvolveram em torno disso.

—Eu não pedi para abrir mão da sua fé, Seul. — Falo a indicar a cruz.

—Nem que você implorasse eu seria capaz de fazer isso. — Ela sorriu brevemente. — Minha mãe me deu isso quando eu era criança. Foi quando começaram os ensinamentos sobre Cristo. São minhas lembranças mais antigas.

—Foi por isso que sumiu por duas semanas?

—Sim, eu fui buscar isso em casa. Minha mãe não gostou da ideia quando disse a ela o que faria. Então... como você quer que eu acabe com isso? Não acho que jogar no lago vá resolver algo.

—Não, não vai. — Suspiro, pressionando as duas palmas de minhas mãos juntas e então as separando devagar, fazendo Raio Lacerante aparecer entre elas, até finalmente a segurar pelo cabo. Ao invés de executar a ação, eu entrego para Seul, que hesitou, confusa, antes de aceitar, segurando junto a cruz. — Use isso.

Ela assentiu, ainda parecendo em dúvida, mas fez a adaga e a cruz flutuarem no ar, num golpe, ela destruiu ambos, sem hesitar. Movo a cabeça de maneira positiva, aprovando o que tinha acabado de fazer, porque ela tinha acabado de destruir os objetos que a ligavam ao passado, e isso era algo admirável. Seul esticou o braço para me devolver Raio Lacerante, mas eu cruzei os braços, negando com a cabeça.

—Agora você pode olhar para o futuro, Seul Wittebi. Raio Lacerante é sua.

—Mas... É sua. — Ela pareceu não entender, e isso me fez rir.

—Você a ganhou a partir do momento que ganhou de Alinü em batalha, eu só estou devolvendo.

Ela sorriu, como se estivesse prestes a saltitar de felicidade, mas se conteve, manuseando a arma para testá-la. Ela acabaria descobrindo que Raio Lacerante era mais difícil manusear do que poderia imaginar.

Esperei que as obras acabassem para retomar os treinos, concentrando na luta física para melhorar seus reflexos, uma vez que sua luta contra Alinü tinha se resumido a isso. Seul não teve espaço para executar seus feitiços e afastar sua oponente, então presumi que fosse melhor aperfeiçoar essas técnicas, uma vez que foi onde ela levou o maior número de danos. Claro que ela estava me odiando com essa ideia, acabei descobrindo que era o ponto fraco nela, e sem a mesma eficiência com Raio Lacerante, ela era uma presa fácil, e pareceu perceber que eu tinha notado.

Estávamos longe de sermos amigas, e fazia pouco tempo que éramos inimigas. Nossa relação se baseava em eu ter uma obrigação com ela, e a dela era ter que seguir o que eu dizia. Não existia confiança, ela parecia um animal acuado, esperando pelo momento que eu a traísse, e eu ainda estava ressentida pela forma como sua luta com Alinü tinha acabado. Então ela sempre resistia ao que eu dizia quando se tratava de mostrar suas habilidades, como se estivéssemos sendo espionadas ou como se eu fosse entregar essas informações para sua inimiga.

—Você não está dando tudo de si. — Acuso, sem paciência para mascarar minha frustração. — Se continuar se contendo não vamos avançar nunca, e nem você, nem eu, temos a eternidade para ficar nessa situação.

—O que você quer que eu faça? Não estamos lutando de verdade. — Ela deixou escapar a frustração, cuspindo sangue no chão.

—Você ainda estava se segurando quando lutou contra Alinü.

—Para não a matar se me esforçasse demais.

—Você não vai me matar, Seul, você sabe que não tem essa força. Então você pode me atacar com tudo, ou eu nunca vou saber o que você deve melhorar.

—Oh, você acha que não sou capaz. — Era mais uma afirmação do que uma espera por réplica. — Você está enganada.

—Então prove iss-

Ela sequer me esperou terminar de falar, ela me atacou com fúria que lhe deu velocidade e imprecisão, mas também a ofereceu a totalidade de suas habilidades sem a hesitação. Finalmente ela me deu trabalho para desviar e contra-atacar, mas agora ela conseguia me atingir a ponto de me ferir, não que eu me incomodasse, era simplesmente perfeito que ela tivesse vindo com tudo para cima de mim. Isso tornou os treinos mais eficazes, e deixou com que eu soubesse até onde conseguia ir, e até onde eu podia pressioná-la.

—Você precisa fortificar esse braço. — Sugiro, mas isso só a irrita mais, como se fosse possível, e ela gira o corpo para o lado que não estava esperando, e faz um corte profundo no meu braço. — Mas que droga...

Ela não parou, e usou minha distração para cortar minha coxa e chutar o outro joelho, fazendo-me perder o equilíbrio e cair na grama. Então Raio Lacerante estava pressionado no meu pescoço, e Seul estava montada em cima de mim, as pernas sobre meus braços para imobilizá-los. Eu sorrio, mas ela continuava séria, respirando rapidamente, o peito subindo e descendo. Ela ainda se lembrava do que estávamos fazendo?

—Essa espada queima mesmo sem cortar, Seul. — Relembro, mas ela continua me encarando. — Seul?

—Não me subestime, Vonü. — Seu hálito bateu quente no meu rosto antes dela afastar Raio Lacerante e pousar na grama ao lado de minha cabeça.

Então pressionou as palmas das mãos no meu pescoço onde tinha queimado, aliviando a ardência, repetiu o processo nos lugares que tinha acertado antes de sair de cima de mim. Sento ao seu lado, respirando fundo, apoiando os braços nos meus joelhos enquanto olhava para frente, o lago sendo testemunha dos nossos treinos diários.

—Falta confiança aqui, Vonü, e você sabe disso. — Ela comentou em tom sério. — Mas eu não sei o que fazer sobre isso. Eu não te mataria. Mas eu não... Eu simplesmente não consigo.

—Você me escuta, já é o suficiente para começar.

—Você precisa me comparar sempre com sua filha?

—É inevitável. Eu preciso reconhecer as diferenças se quiser trabalhar as suas habilidades e te ensinar novas.

Ela ficou em silêncio, talvez pensando no que dizer, talvez somente querendo pensar. Quando olhei para ela, a vi olhando para a lua, então inclinando a cabeça para trás, em direção a casa.

—Você já se perguntou como descobri que os chifres eram o ponto fraco de sua filha?

—Sim, mas não cheguei a qualquer conclusão.

—Quantas pessoas sabem disso?

—Que você tenha contato? Duas. Mas nenhuma delas te diria.

—Diretamente não.

Estreito os olhos em sua direção, sem entender completamente o que ela estava insinuando. Ela suspira, parecendo desconfortável.

—Apenas pense sobre isso. Nenhuma delas fala sozinha aos ventos. Ainda mais sobre isso. Tome cuidado, Vonü.

—Você pode ser mais especifica no que está tentando dizer?

—Não, porque não quero me intrometer em sua vida. Só preste mais atenção.

Ela se levantou no momento que Hiver saiu da casa, e eu tive que me apressar para segurar seu ombro, impedindo-a de ir mais longe.

—Amanhã irei até Tamber, testar as forças dos graahkinianos.

—Você quer mesmo começar uma guerra, Vonü?

—Não. Mas se for necessário, se as forças que Hiver convocou forem o suficiente, talvez sim. O fato é... Você quer vir?

—Para a guerra?

—Para Tamber. Acho que poderia ser uma boa experiência me ajudar a avaliar as forças graahkinianas.

—Você quer que eu vá?

—Sim. Seria bom também para respirarmos novos ares e darmos um tempo no treinamento até chegarmos lá.

—Eu não quero parar os treinos. Se eu for, vamos continuar treinando todos os dias.

—Você gosta de se exaustar ao máximo, não é mesmo?

—Sim, se significar que estarei mais forte no dia seguinte.

—Descansar fortalece a mente. Pense sobre isso.

—Está bem. — Ela revirou os olhos, suspirando. — Irei com você a Tamber. — Então se afastou em direção ao lago. — Voltarei de manhã. Te darei privacidade.

—Privacidade?

—Ah, por favor. Você deixa isso óbvio. — Ela apontou para a lua cheia, para o meu espanto. — Boa noite, Vonü.

Ela tirou as roupas e mergulhou no lago, sem se importar que ainda a estivesse olhando. Seul era mais observadora do que eu a dava crédito, e se quisesse manter algum segredo dela, teria que tomar mais cuidado. Hiver se colocou a minha frente e me abraçou a cintura, tirando a minha atenção do lago para o seu sorriso animado. Seul estava tentando me dizer alguma coisa, eu acabaria descobrindo o que era, cedo ou tarde.

Fim do capítulo

Notas finais:

Vonü --> o ü é mais fechado, assim como Alinü
Seul Wittebi --> o W tem som de V
Marheeve --> o "ee" tem som de i mesmo, mas se lê mar-ive
Hiver --> h com som de r mesmo
Graah --> como tem h no final, tem o som mais aberto.
Voulcan --> na história dos voulcans, o som é mais diferente, o V tem som de F, fica foucan para pronunciar.

 


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Comentários para 7 - Os melhores discípulos são aqueles que não escolhemos:
Lea
Lea

Em: 12/08/2021

Vonü enxerga tudo,menos que a filha e a "amiga" não são quem parecem ser! 

 


Resposta do autor:

O olho que tudo vê e nada enxerga, não é? :D

Cadê o poder de observação agora? ahahaha

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Irinha
Irinha

Em: 02/05/2021

Pelo jeito Vonü só vai perceber que a filha tá furando o olho dela, quando Seul dar-lhe um tapa com a verdade.bjs


Resposta do autor:

Será? Ela é realmente lerda mesmo ahahah

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roselene
roselene

Em: 01/05/2021

Muito bom, continua.


Resposta do autor:

Claro, em breve mais um capítulo :D

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Andys
Andys

Em: 01/05/2021

Ah fiquei curiosa com essa estoria da lua heehe vonu ta lerda sera que ela nem desconfia do caso d fillha  e da Hiver?                      w


Resposta do autor:

Eu vou abordar mais para frente o porque desse medinho da lua hehehe

Ela é lerda mesmo, tá cultivando chifre e nem desconfia hahahah

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 01/05/2021

Nossa legal no


Resposta do autor:

Olá Marta! Que bom que está gostando :D

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