Capitulo 31
Capítulo 31
Música do capítulo – Everything – Alanis Morissette
Passei o domingo colocando a leitura em dia, vi que o caso do deputado assassinado a cada dia aumentava sua proporção, alguns políticos foram citados, alta cúpula da polícia envolvida, além de juízes e promotores, senti um certo arrepio, o caso era grande mesmo.
Após o almoço, recebi uma mensagem de Marina, perguntando como eu estava, me parabenizando pelo caso. Entre outros assuntos disse que sentia muita falta do Brasil, lá era frio demais e César passava muito tempo fora de casa. Perguntei sobre as aulas de alemão, ela disse que estava adorando, apesar de achar o idioma muito difícil, mas já se arriscava em alguns diálogos, ao contrário do marido, que só se comunicava em inglês.
“Ele só tem pose, é burro demais!”
Percebi que ela estava meio triste, tentei descobrir se tinha acontecido alguma coisa, mas ela fugiu do assunto, perguntou como eu estava e acabei contando de Helena, do nosso desastroso feriado, Marina primeiro perguntou se eu estava bem, se Helena tinha feito algo mais, mas respondi que não, depois ela deu risada e disse que eu precisava de um banho de sal grosso, pois só arranjava encrenca. Acabei rindo também. Marina ainda falou de sua mãe, que estava por lá, mas não citou a tal amiga, fiquei com vontade de perguntar, mas achei melhor investigar depois com Laís e descobrir qual era da alemã branquela.
Quinze dias depois Laís voltou e me convidou para almoçar, fui ansiosa por notícias da minha ruiva, só não esperava ouvir o que Laís contou:
- Marina volta em duas semanas.
Estávamos almoçando na ONG e ela parecia bastante chateada.
- Mas não era no final de junho?
Laís largou os talheres sobre a mesa, deu um suspiro e continuou:
- As coisas por lá não estão bem, Marina volta e entra com o pedido de divórcio...
Prendi a respiração, sem acreditar naquela informação e apesar de adorar a notícia, tinha algo de muito errado acontecendo, esperei Laís continuar.
- Nunca imaginei que César fosse capaz de tamanha maldade.
- O que ele fez? Serrei os punhos.
O desconforto aumentou, Laís estava hesitante, aguardei que ela falasse.
- Ele passa o dia todo fora e com isso Marina fica sozinha a maior parte do tempo, se não fosse pela vizinha, ia ser pior...
- Essa vizinha é a moça das fotos?
- Isso mesmo, ela chama Susanne.
Então a loira sorridente é vizinha, não sei o que Marina viu naquela sem graça.
- Numa dessas noites, César chegou embriagado e Marina foi recebê-lo, segundo me disse, isso tornou-se frequente desde que foram pra lá. Quando Marina encostou com a intenção de ajudar, ele a empurrou e com isso ela caiu e bateu as costas, não satisfeito, ele partiu pra cima dela e desferiu um tapa em seu rosto, Marina deu um grito e os vizinhos foram até lá e com isso evitaram o pior...
- É um covarde! – Estava indignada.
- Depois desse dia, Susanne passou a ajudá-la, ficam todo o tempo juntas e com isso César, que morre de medo de exposição, não mexeu mais com ela.
- Desgraçado! Dei um murro na mesa, se pegasse aquele engomadinho, ia arrebentar aquela cara nojenta.
- Quando cheguei lá, achei o ambiente tenso demais, Marina acabou me contando e claro que fui confrontar César, ele como todo covarde, chorou, pediu desculpas, colocou a culpa na bebida, mas, nada justifica o que ele fez com a minha filha. Susanne aconselhou Marina a voltar para São Paulo, pois ela acha que César pode se vingar. Então com a ajuda de Vítor, convenci Marina e César, e ela vai voltar, o que ele não sabe é do pedido de divórcio.
Estava destruída, como alguém pode ser tão covarde? Como alguém pode querer ferir Marina? A pessoa mais doce que conheço.
- Ela vai precisar de uma medida protetiva, quando voltar, vou ajudar com isso.
- Por isso que te chamei, precisamos de orientação, César se sente acima do bem e do mal.
- Conte comigo!
- Obrigada Duda! Marina tem sorte de tê-la por perto.
Apertei a mão de Laís, o almoço perdeu a graça, saber que Marina estava sofrendo, me deixava mal.
- Vou ligar para Marina mais tarde.
- Faça isso, por mais que Susanne ajude-a, Marina sente muito a sua falta, sempre que conversamos ela pergunta de você.
Fiquei feliz com a informação, no que depender de mim, Marina será muito feliz.
No final da tarde liguei para Marina, à princípio ela ficou reticente, mas depois acabou contando tudo o que vinha passando, desde as bebedeiras do babacão, até suas agressões verbais.
- Ele te agrediu de novo?
- Não, mas tenho medo de que a qualquer momento, ele perca a paciência.
- Vai dar tudo certo, tente ignorar ao máximo esse idiota, mas qualquer coisa peça ajuda à sua amiga.
O tom que usei para se referir à Susanne, não passou despercebido e Marina deu risada.
- Não precisa ter ciúmes Duda, só tenho olhos pra você!
Gelei com aquele declaração, foi tão natural, tão linda...Fiquei muda.
- Ei Duda, calma! Não quero te assustar.
“Recomponha-se Duda, pelo amor de Deus!”
- Não me assustou linda... Aliás adorei ouvir isso, saiba que também só tenho olhos pra você.
Ficamos mais um tempo conversando, até que o idiota chegou, mais uma vez pedi que ela tomasse cuidado.
Desligamos e fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido, sem dúvida César era um homem perigoso, Marina vai precisar ter muito cuidado e inteligência para lidar com ele.
Conversei com Lara e ela me indicou uma advogada especialista em divórcios litigiosos, pois sabia que o troglodita não facilitaria nada.
Os dias que seguiriam foram de muito trabalho e quase nenhuma diversão, maio passou entre as temperaturas mais baixas em São Paulo e o casamento civil da Bia e da Flavia.
A cerimônia em São Paulo foi simples, tive a honra de ser uma das madrinhas, nunca tinha visto Flavinha tão feliz, Bia sempre foi mais emotiva e chorou do início ao fim, fiquei imaginando quando fosse a cerimônia em Joinville. Houve uma pequena comemoração no salão de festas do prédio onde moravam. Foi inevitável não lembrar de Silvinha, mas com certeza ela estava abençoando a união das duas.
- Tá virando gente, gostei de ver! Disse abraçando minha amiga.
- Você é tão sem graça. Quero só ver quando você vai virar gente. – Flavinha devolveu a brincadeira.
- Quando a minha ruiva quiser.
- Ela chega quando mesmo?
- Segunda-feira, estou tão ansiosa.
- Calma amiga, vai dar tudo certo. Minha única preocupação é com o marido.
-Ele ainda fica um mês e meio por lá.
Bia chegou e abraçou a esposa.
- O que tanto conversam? Pera... Deixa adivinhar...Marina!
Demos risada, curti a festa com minhas amigas e antes de vir embora, entreguei um envelope a elas, era reserva de um hotel de luxo para passarem a primeira noite de casadas.
No domingo Helena me ligou, convidando para almoçar, recusei, aliás desde que voltei da fatídica viagem, vinha evitando Helena, não queria criar nenhum tipo de vínculo, mas ela não desistia.
- Vamos Má? Vai ser divertido.
- Não vai dar, tenho que terminar de elaborar umas provas para o final do bimestre.
- Francamente Má, é só um almoço...
- Helena não me entenda mal, mas é realmente importante o que tenho a fazer.
Percebi que ela ficou chateada, desligou com um seco até mais. Dei de ombros e continuei elaborando as provas. A noite liguei para Laís e perguntei que horas Marina ia chegar, queria ir até o aeroporto recebê-la.
- Ela chega às sete horas, Vítor vai buscá-la...
- Ah Laís deixa eu ir, por favor! Implorei, queria muito ver minha ruiva – Prometo que levo ela direto para casa de vocês!
Laís ficou em silêncio, parecia que estava pensando na possibilidade, ouvi quando ela falou com Vítor e depois de alguns minutos, ela voltou e concordou.
- Quero minha filha aqui logo cedo, viu dona Duda?
- Pode deixar Laís, obrigada pela confiança.
Desliguei empolgada, fiz mil planos, levaria Marina para tomar um café da manhã, depois a deixaria na casa dos pais, a noite ela jantaria comigo...
Passei o resto do domingo entre planos para agradar Marina e a elaboração de provas, Helena ainda enviou mensagem convidando para uma sessão de cinema com os amigos, mas novamente declinei, aproveitei e tirei uma foto dos livros espalhados sobre a mesa e enviei para ela, que visualizou e não respondeu.
Acordei antes das cinco da manhã com o barulho da chuva, fui até a sacada e apesar da escuridão da madrugada era possível ver a chuva forte e sentir o vento gelado. Fui até a cozinha e fiz um café e fui para sala, fiquei fazendo hora, pois perdi completamente o sono. Tomei um banho e caprichei no perfume e no visual, saí mais cedo, pois imaginei que o trânsito estaria complicado.
Cheguei em Guarulhos quase sete horas, corri para o desembarque e para meu alívio o vôo de Marina ainda não tinha pousado, dei um suspiro aliviada e fui até uma loja de chocolates, comprei uma caneca cheia de bombons e um ursinho de pelúcia, bem clichê eu sei, mas queria agradar minha ruiva.
Finalmente a aeronave pousou, meu coração disparou, a qualquer momento ela ia aparecer. Não conseguia ficar parada, andava de um lado para o outro e não tirava os olhos da porta, até que finalmente depois de quase uma hora, Marina apareceu e quando me viu seu sorriso iluminou tudo, parecia que só tínhamos nós duas ali, Marina procurou seus pais e quando viu que só eu estava lá, largou o carrinho e correu para meus braços.
- Que saudades Duda!
- Senti muito sua falta Marina! Disse aspirando seu maravilhoso perfume.
Ficamos um tempo nos olhando, até que fui atrás de seu carrinho, Marina ficou o tempo todo enganchada no meu braço.
- E meus pais?
- Combinei de levar você até eles.
- Aconteceu alguma coisa? Perguntou preocupada.
- Está tudo bem, eu que pedi para vir te buscar.
Marina me olhou com um sorriso meigo, fez um carinho em meu rosto e disse:
- Obrigada, ver seu rosto me esperando, me deixou muito feliz.
Fiquei nas nuvens com essa declaração, Marina de fato é surpreendente. Entreguei os chocolates e o ursinho, Marina ficou com os olhinhos brilhando de felicidade, abraçou o ursinho e depois me deu um beijo na bochecha.
- Obrigada, amei!
Fiquei vermelha, mas confesso que adorei o beijo, achei doce como ela é.
Levei Marina para tomar um delicioso café da manhã, ela matou a saudades do café, do pão de queijo e do bolo de fubá. Enquanto comíamos ela contava sobre sua vida na Alemanha, não entrou em detalhes e não forcei também, ela precisava de tempo.
- Um dia quero te levar para conhecer Leipzig, é lindo demais! Dona Laís adorou.
- Com você vou até o fim do mundo.
Dessa vez Marina quem ficou vermelha, peguei sua mão, fiz um leve carinho e pisquei.
- Vamos? Prometi a seus pais que te levaria direto para casa e já estamos tomando café há um tempão.
- Nem vi o tempo passar Disse ao se levantar – Podemos jantar hoje à noite? Tem tanta coisa que gostaria de te contar.
- Passo na sua casa as oito meia pode ser?
- Combinado.
Saímos da padaria, a chuva tinha dado uma trégua e o trajeto até a casa de Vítor e Laís foi rápido, queria prolongar aquele momento, mas Marina precisava descansar e eu trabalhar.
Laís nos recebeu na porta e brincou comigo:
- O combinado era trazer a Marina direto pra cá.
- Desculpe Laís, mas paramos para um café.
- Não briga com a Duda mãe, eu estava morrendo de fome.
Laís deu risada e após dar um longo abraço na filha, me convidou para entrar. Recusei, pois já estava atrasada para o trabalho.
Me despedi de Laís e Marina com um aceno e saí feliz, pois sabia que ainda hoje veria minha ruiva linda.
Fim do capítulo
Olá meninas tudo bem?
Gostaram da volta da Marina? Será que agora vai?
Beijos e um ótimo fim-de-semana!
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Solitudine
Em: 16/05/2021
Oi, Gabinha & CIA,
SabaaH el-kheir!
Tudo bem?
Eu já esperava que Silvinha partiria por causa do rumo das coisas. Mas foi melhor; viu-se livre do sofrimento do câncer e do tratamento; ambos terríveis. A gente tem dificuldade em aceitar isso, mas o câncer é um descarregar dos miasmas, das energias ruins, no perispírito. Ela está livre agora. Se tivesse ficado, poderia ter sofrido demais.
Duda me parece misturar muito as coisas. Embora queira o amor acolhimento, ela vive sempre em busca de experiências que são, em determinados casos, mais sensoriais que sentimentais. Aí, uma vez que ela tem muitos valores e gosta de "ver" as pessoas, acaba por investir, se machuca, tenta com outra, se distrai com mais outra e por aí vai. Há ocasiões em que a gente tem que colocar ordem na "casa interior". Já me vi diante dessa necessidade e tudo melhorou muito depois disso. Essa mistura de confundir simpatia/atração/tesão/carinho com amor é complicada, surge muitas vezes da carência e/ou da vontade de experimentar e pode machucar bastante. Creio que se firmando com Marina, ela se organizará, mas temos que aprender isso conosco mesmo, porque as pessoas um dia se vão e a separação, ainda que provisória, não pode nos destroçar ou enlouquecer.
Continuo gostando da sua inovadora história coletiva. Miss Good, diretora e escritora, também investiu em abordagens novas e influenciou muitíssimo no seriado Xena, deixando as últimas temporadas primorosas. Pena que o público não estava preparado na época e Robert Tapert acabou estragando tudo com seus "A friend in Need". Mas, voltando ao foco, é bom inovar. Também tento, mas nada tão próximo de personagens reais (e interativas) como este seu. Parabéns!
Uma coisa que sempre percebo na nossa temática é o machismo que o mundo lésbico arrasta para si, com certas preocupações e rótulos que não deveríamos jamais adotar. Mas, enfim... só o tempo. Gosto de provocar estes assuntos. A gente precisa se libertar destes ranços.
Destaco uma fala: "Aliás adorei ouvir isso, saiba que também só tenho olhos pra você". À rigor não era verdade esse trem! kkk Mas de agora em diante vai ser, né, Gabinha?
A ruiva por acaso dança balé? Diz que sim!!!!
Outra questao: não me diga que César é criminoso? Cheio da grana ele é, porque trabalha em Leipzig e mora em Berlim! Duvido que seja na parte oriental ou nos bairros turcos! kkk
Beijos,
Sol
Resposta do autor:
Oi Solzinha!
Silvinha cumpriu sua missão e chegou a hora de descansar, seu corpo estava precisando.
Duda está em busca do amor pra vida inteira e no meio dessa busca as frustrações são inevitáveis.
Ah obrigada pelos parabéns, vindo de você fico toda boba, me achando!
A ruiva não dança balé, infelizemente! Marina bailarina seria perfeição demais!
César é um nojento e tudo pode se esperar dele.
Beijos querida!
Resposta do autor:
Oi Solzinha!
Silvinha cumpriu sua missão e chegou a hora de descansar, seu corpo estava precisando.
Duda está em busca do amor pra vida inteira e no meio dessa busca as frustrações são inevitáveis.
Ah obrigada pelos parabéns, vindo de você fico toda boba, me achando!
A ruiva não dança balé, infelizemente! Marina bailarina seria perfeição demais!
César é um nojento e tudo pode se esperar dele.
Beijos querida!
fernandail79
Em: 30/04/2021
Menina! Acho, sim, que agora vai! Que cabra covarde, esse César! Quero que se lasque!
E tá chovando mulher pra Skybrina!? Marina separada e Helena arrependida. Sou mais a Marina!!! Só os sogros que vêm no pacote já valem a pena!
Resposta do autor:
Oi Fernanda!
O team Marina, agradece!
Beijos
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Gabriella Herculano
Em: 30/04/2021
Vai que a ruiva é tua Duda!!, vai ter cena das duas rolando na areia, bebendo uns bons drinks na piscina com Sophia e Helena olhando e se mordendo de inveja?. Tem que ter, ainda vai ter o meu grito: PERDEU PLAYBOY.
Hoje a tarde vou a casa da Skybrina compartilhar um lanche e atrapalhar as aulas dela e acima de tudo ENCHER O SACO DA DONA ARANHA, pq sou dessas.
Excelente fim de semana xará.
bj
Resposta do autor:
Kkkkkkkkk... Ri alto...
Pena que você não foi, já tinha até pedido para a Sabrina filmar tudo!
Beijos
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brinamiranda
Em: 30/04/2021
Ahhhh, aquele capítulo fofinho para aquecer um coração peludo...rsrsrs.
Sinto que agora vai, eita Marina, Duda arrumou uma ruiva para chamar de sua.
Tenha um excelente fim de semana,
bjs
Resposta do autor:
Capítulo pra deixar o coração quentinho mesmo! A Duda merece né? E ainda tem o bônus de ser ruiva... Kkkk...
Beijos
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