Capitulo 32
Música do capítulo – Pescador de ilusões
Fui trabalhar leve, feliz... Há muito tempo não me sentia assim.
- Atrasada Maria Eduarda! A voz de Lemos me tirou do meu devaneio, tinha acabado de entrar na minha sala.
- Desculpe chefe, fui buscar uma amiga no aeroporto e não imaginei que o trânsito estivesse tão pesado. Lemos balançou a cabeça e disse:
- Sobre o caso do deputado como a imprensa trata, há outros desdobramentos, foi encontrado hoje pela manhã o corpo da advogada Ivana Reis de Albuquerque.
- Quem é essa
- Advogada da organização e amante do deputado, chegamos nela através do rastreio de alguns e-mails, ela viria hoje cedo prestar depoimento, oferecemos uma deleção premiada, mas eles foram mais rápidos.
- Quem a encontrou?
- A empregada chegou para trabalhar, foi fazer a limpeza da casa e ao chegar no quarto encontrou Ivana caída na porta do closet.
- A empregada sabia do depoimento?
- Não, Ivana estava escondida em um hotel, só voltou para casa ontem à noite para pegar alguns papéis e esses papéis sumiram, o cofre estava aberto.
- Levaram mais alguma coisa?
- Estamos fazendo o inventário ainda, mas ao que parece, só documentos, o tablet e o notebook sumiram, tinha bastante dinheiro no cofre, mas não levaram nada.
- A morte do deputado foi mesmo queima de arquivo?
- Sim, segundo Ivana eles iam fugir para o exterior, o Eduardo descobriu e o matou. Agora como a Ivana foi descoberta eu não sei.
- Alguém daqui de dentro, já falou com a Lara?
- Sim, ela está cuidando disso. Agora vamos, quero você cuidando da perícia da Ivana.
Passei rapidamente na sala da Lara, dei um beijo e saí com a equipe.
O corpo estava de bruços, sinal de que os tiros foram pelas costas, achei duas capsulas próximas ao corpo e uma mais na frente, perguntei ao legista a hora da morte.
- Entre meia noite e duas horas.
- Mais alguma marca?
- Ela tem escoriações no braço, como se alguém tivesse apertado com força.
Abaixei e vi marcas arroxeadas, tirei fotos e busquei digitais, mas nada encontrado.
- Ela morreu na hora, as balas atravessaram e saíram, um dos disparos atravessou o coração. – Prosseguiu o legista.
Dei uma volta no quarto, procurei evidências e não encontrei, outro caso intrigante. Virei o corpo e vi uma marca próxima a seu rosto, parecia marca de um anel.
- Doutor olhe aqui, parece que ela levou um soco.
O legista veio, examinou e depois de um tempo disse:
- Ela deve ter levado um soco, essa marca parece de um anel ou algo cortante. Será que foi uma mulher?
- Ainda é cedo para afirmar alguma coisa.
Terminei a perícia e voltei para o laboratório para análise de provas, pedi a Edu que tentasse achar alguma coisa relacionada ao anel, se era de mulher ou de homem, meu palpite era que se tratava de anel masculino.
Saí tarde para almoçar, Lara foi junto e contei sobre Marina.
- Até que enfim, vou mandar celebrar uma missa em louvor à isso.
- Que horror Lara!
- Sério Dudinha, estava quase fazendo uma novena pra vocês.
- Você é tão besta!
Nosso almoço foi descontraído, não comentamos sobre a investigação.
- E a Janine?
- Tá na loucura do TCC, no que posso ajudo. Essa semana é o aniversário dela, não faço ideia do que comprar.
- Do que ela gosta?
- De tanta coisa.
- Então fica fácil, mas se eu fosse dar um presente, daria um toca discos daqueles antigos, tenho certeza de que ia amar.
Lara abriu um sorrisão, levantou deu a volta na mesa e me abraçou.
- Você é um gênio, hoje mesmo vou atrás disso.
- Sei que sou. – Respondi convencida.
- Não se ache tá? Olha na sexta vai ter uma comemoração lá em casa, aparece lá e leva a ruiva.
- Festaaaaa... Pode deixar vou convidar a Marina.
Terminamos o almoço e voltei ao trabalho, a tarde foi cansativa, as análises não estavam saindo como eu esperava, mas por volta das três uma mensagem me encheu de alegria:
“Oi Duda!
Como está seu dia? Dormi até agora acredita?
Já estou com saudades e ansiosa pelo nosso jantar!.
Beijos”
Respondi que também estava com saudades e contando as horas para vê-la. A mensagem me deu um novo gás e conseguimos evoluir bastante. Edu conseguiu descobrir que a marca no rosto de Ivana era de um anel masculino com a figura de leão.
Minha mente entrou em alerta, lembrei de ter visto aquele anel de algum lugar, vasculhei a memória e fui até o arquivo de fotos, depois de um tempo achei a foto que queria, no anelar direto do deputado Luiz Ramos havia um anel com a imponente figura de um leão. Contei a novidade a Lemos que se animou, ele ligou para o cadeia onde Eduardo estava preso e perguntou por seus pertences, o policial informou dentre as coisas, havia um anel, pedimos a foto e Eduardo também tinha um anel igual do irmão.
- As mortes estão ligadas é óbvio, mas quem fez isso? Esses anéis são só coincidência ?
- Esses anéis devem ser o símbolo da organização, sabemos que Eduardo matou o irmão a pedido de alguém e esse alguém com certeza é o que comanda tudo. Eduardo precisa falar.
- Já tentamos de tudo, ele nega que há alguém por trás de tudo, nossa esperança era Ivana.
No final do dia, o médico legista liberou o corpo e determinou a causa da morte, hemorragia provocada por um dos tiros que atingiu o coração causando o rompimento de uma artéria.
Saí direto para a faculdade, teria uma aula e era dia de prova, apliquei a prova e felizmente os alunos foram rápidos e em meia hora todos tinham entregue, fui buscar Marina, ela estava no apartamento e avisei que a esperava no portão, não demorou e ela apareceu mais linda ainda.
- Oi Marina, descansou?
- Muito! Disse ao entrar no carro como aquele perfume maravilhoso e beijar minha bochecha – Como foi seu dia?
Contei sobre a investigação, sem entrar em detalhes é claro.
- Você é uma celebridade, vi sua entrevista e gostei muito.
Revirei os olhos, sempre detestei dar entrevista.
- Nem me fale desse dia.
Chegamos rápido, pedi licença à Marina e tomei um banho rápido, pedimos comida e ficamos conversando na sala, tomando um vinho.
- Agora me conta dessa sua temporada na Alemanha.
Marina deu um suspiro cansado, colocou a taça de vinho na mesinha e veio sentar-se ao meu lado, segurou minhas mãos e começou:
- Primeiro quero que você ouça com toda a atenção e por favor, não me julgue.
Fiz sinal de positivo com a cabeça.
- Quando viajei, as coisas com o César não estavam muito bem, meu casamento estava indo por água abaixo e no fundo me sentia culpada por isso...Achei que um tempo com ele seria bom para recomeçarmos, sim, pensava em um novo começo com o César. Os primeiros dias foram maravilhosos, saíamos para jantar fora, fazíamos passeios aos fins de semana e num desses passeios conhecemos Susanne e Werner, ela professora e ele policial. César não gostava nada do Werner, dizia que ele me olhava diferente.
- E isso era verdade? Perguntei desconfiada.
- Não, Werner sempre foi muito respeitoso e além do mais é apaixonado pela Susanne...Mais um suspiro e Marina levantou
– Um mês depois, César começou a chegar cada dia mais tarde em casa e frequentemente bêbado, no começo eu relevava, depois comecei a reclamar e aí vieram as brigas, todos os dias tínhamos brigas homéricas e ele me acusava de coisas terríveis...
- Como o que por exemplo?.
Marina ficou de costas para mim, era nítido seu desconforto. Fui até ela e a virei delicadamente, fiz com que ela erguesse a cabeça.
- Não tenha vergonha, pode falar.
- Ele dizia que eu era uma aberração, que estava ficando gorda, feia e não era digna de fazer parte da família dele, ele sempre frisou isso...Numa dessas discussões ele começou a quebrar o apartamento, fiquei apavorada e corri para a porta da Susanne, que muito assustada me recebeu e acalmou, depois de um tempo César veio me buscar, pediu desculpas à Susanne, me convencendo a voltar com ele. Nesse dia, ele dormiu na sala e quando voltou do trabalho, pediu perdão, disse que me amava e estava se sentindo pressionado no escritório. Fizemos as pazes. Quinze dias depois comecei a sentir tonturas, enjoos e indisposição, procurei um médico e descobri que estava grávida...
Olhei imediatamente para a barriga de Marina, como assim ela grávida daquele monstro?
- Contei ao César e ela quase explodiu de tanta alegria, ao contrário de mim que estava desolada. A partir desse dia ele passou a chegar mais cedo, fazia o jantar, me paparicava, parecia o César do início de namoro, mas depois de vinte dias passei mal em casa e tive uma forte hemorragia, Susanne me levou ao hospital, mas não tinha o que fazer, sofri um aborto espontâneo...
- Sinto muito Marina!
- Tudo bem. Quando o César descobriu ficou uma fera, me largou sozinha no hospital e foi para casa. Assim que tive alta Werner e Susanne foram me buscar e me alertaram para tomar cuidado com o César, na hora não entendi. Assim que entrei, vi César completamente bêbado no sofá, quando fui falar com ele, levei um tapa, o susto foi tão grande que caí na poltrona. Depois desse dia as agressões físicas e verbais tornaram-se frequentes e só não foi pior, porque o Werner conversou com ele e logo depois minha mãe chegou.
- Desgraçado, eu mato esse desgraçado!
Estava revoltada com tamanha monstruosidade. Andava de um lado para outro de tanta raiva.
- Já passou Duda, agora estou bem. – Disse pegando em meu braço, para que eu me acalmasse.
- Por que não contou à seus pais o que estava acontecendo?
- Você os conhece, eles iriam fazer um escândalo e eu tinha medo do César descontar em mim. Por isso não contei tudo a eles, só você e meus amigos na Alemanha sabem dessa história. Conto com a sua descrição.
- Pode deixar! Disse puxando Marina para um abraço, segurei as lágrimas o quanto pude, mas quando percebi estava soluçando em seu ombro.
- Ei Duda calma! Está tudo bem agora.
- Ele não tinha esse direito...Eu arrebento esse almofadinha.
Antes que Marina respondesse, a comida chegou, enxuguei as lágrimas, desci para buscar e quando voltei a mesa estava arrumada.
- Não precisava Marina!
Ela não respondeu, só deu uma piscada.
Jantamos e não falamos mais do César, contei com detalhes a viagem com Helena e disse que não queria mais saber dela.
- Muito bom saber disso!
Olhei vermelha para Marina, que devorava a sobremesa.
- Acho tão fofo você envergonhada.
Marina ria da minha cara de pateta, acabei rindo também e nesse clima de brincadeira arrumamos a cozinha.
- Quais seus planos? Perguntei sentando no sofá e puxando Marina para o meu colo.
- Amanhã tiro todas as minhas coisas do apartamento e vou para a casa dos meus pais.
Gostei de ouvir aquilo, queria perguntar sobre nós, mas não sabia como.
- Amanhã mesmo vou conversar com a advogada, quero deixar tudo acertado para quando o César voltar.
- Se quiser posso te acompanhar.
Marina se aconchegou mais ainda em mim e respondeu:
- Adoraria, mas sei que esse novo crime está te consumindo muito...
Olhei sem entender nada, como ela sabia? Marina deu risada e pegou o celular que estava sobre a mesinha, abriu uma página na internet e mostrou:
- Você é famosa Duda!
Olhei espantada para minha foto na saída da casa da Ivana, estava de óculos escuros e na legenda dizia: Doutora Maria Eduarda Fagundes de Melo saindo da cena do crime.
- Nem vi quando tiraram essa foto, se tivessem me chamado tinha feito uma cara melhor. – Brinquei.
- Você ficou linda Duda, toda sexy!
Pronto fiquei de novo sem graça, Marina tinha esse dom. Mas apesar da brincadeira, aquela foto me deixou intrigada, pois até aquele momento ninguém além da polícia sabia do assassinato. Balancei a cabeça para esquecer o assunto.
- Marina?
Marina virou de frente pra mim e ficou me olhado.
- E nós como ficamos?
Fim do capítulo
E aí? Agora vai?
Comentar este capítulo:
fernandail79
Em: 05/05/2021
Eita! Skybrina e Marina já estão fazendo programinhas de namoradas! Acho que agora vai!
Resposta do autor:
E foi! Kkkkkk...
Desculpe só vi agora!
Beijos
Socorro de Souza
Em: 03/05/2021
Que venhaaaa!!!
#teamMarina smp
Resposta do autor:
Olá tudo bem?
Team Marina em festa!! kkkk...
Beijos e obrigada por comentar!
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Gabriella Herculano
Em: 03/05/2021
Xará,
Agora vai kkkkk
Quanto a Dona Aranha achei melhor evitar, quando a coisa é mais séria eu prefiro não me meter, porque ia ter vontade de meter a mão na cara dela kkkk.
Lindo Duda e Marina.
beijos
Resposta do autor:
Oi Gaby!
Será que agora vai? kkkkk...
Você foi sensata em não se meter, pessoas como ela não valem à pena! Se Resende fosse mais perto, dava uma passada e me juntas iríamos fazer uma visita... Kkkk...
Duda e Marina é fofo mesmo.
Beijos
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brinamiranda
Em: 03/05/2021
Parece que o sol está brilhando para Dudinha, será que agora vai?, sem o babacão, estou achando que agora é a hora da Duda ser feliz, algum anjo ouviu o seu chamado...
Eita, coisa boa é amar e ser recíproco.
bjs
Resposta do autor:
Agora vai ... Será? Massss passou da hora da Dudinha ser feliz.
Beijos
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