Capitulo 29
Elena não acreditou quando entrou no quarto de Milanka e viu-a sentada na cama. Com um sorriso escancarado, correu para perto da amiga.
--Como?
--O quê?
--Ontem nem conseguias sentar...
--Ah, mas acho que esqueceste do poder da ancestralidade da preta.
Risos felizes.
--Meu Deus, estou boquiaberta. O médico mostrou-se bastante otimista, mas isso é quase um milagre.
--Eu quero muito viver...
--E eu preciso tanto de ti viva. Posso te abraçar? - Perguntou Elena emocionada.
--Podes, mas sem exageros, Troia. Ainda estou quebrada.
Elena abraçou-a e sentiu os olhos inundados.
--Ah, Milanka...
--Desculpa fazer-te passar por isso...desculpa...
--Não foi culta tua, meu bem. Estou tão feliz com a tua rápida recuperação.
--Nem tão rápida assim. Já estou aqui há séculos.
--Quatro dias, mas acho que até as paredes desse hospital já devem ter percebido que és exagerada.
Risos.
--Eu preciso ficar boa...tenho que cuidar da...
--A Gennelle está bem. Sabes da complexidade do quadro dela...
--Sim...
--Ela tem respondido bem aos tratamentos e não foi agredida fisicamente...
--Não. Eu a defendi com o meu corpo e...
--Shhh, não fales sobre isso...
--Eu quero falar. Preciso falar...escondi tanto essa parte da minha vida e ela foi descoberta da pior forma. Eu quase morri...adiantou alguma coisa?
Sem saber o que dizer, Elena respirou fundo e acomodou-se na beira da cama.
--O Trent é... era muito violento. No inicio não foi assim, ou então, ele disfarçava muito bem. Ele parecia ser o namorado perfeito, ainda mais que a minha irmã já tinha alguns problemas...nós tínhamos muitos problemas...
Respirou fundo.
--Eu às vezes brinco que precisamos de terapia para lidar com a EWO, mas a realidade é que fui salva por anos de terapia. A Gennelle nunca acreditou que isso pudesse ajudá-la a exorcizar seus monstros...
Elena afagou-lhe um dos pés.
--Ela me salvou! Graças a ela eu pude vir para cá, estudar e ter uma vida melhor do que minhas expectativas previam. Eu só tenho a Gennelle...
Chorou e Elena ficou em silêncio.
--Eu não a condeno por usar drogas...é complicado dizer isso porque essa merd* ainda pode matá-la. Eu já experimentei algumas drogas para me alienar. Muitas vezes parecia que não existia mais nada...ela me tirou de lá. Eu sobrevivi, vi que há muitas outras coisas...tantas coisas boas. Eu sou livre, ela tinha o Trent...o Trent, um psicopata.
Mais um longo suspiro.
Entre algumas pausas para recuperar ar e o raciocínio, Milanka conseguiu resumir o desfecho trágico da vida da irmã.
--Não seja fatalista, ela está viva.
--Ela é um farrapo da mulher maravilhosa que me incentivou a correr atrás dos meus sonhos. Ela me ensinou a sonhar. Mostrou-me que eu tinha direito a sonhar...
--Ela vai ficar bem...
--Tomara. Tive tanto medo de perdê-la que ia ceifando a minha própria vida...o Ethan...
--O que tem o Ethan?
--O Ethan não precisava passar por nada disso. Tu não precisavas passar por nada disso. Eu tenho tanta vergonha...
--Tu me deixarias largada num hospital?
--Jamais! Ah, Troia, é diferente. Tu és sempre muito correta, não tens segredos...tua vida...
--É a minha vida que nada tem a ver com a tua. Somos pessoas diferentes, com histórias diferentes, logo, não podemos comparar nada. A única coisa que pode ser medida aqui, é o que nos une. O amor é igual, a entrega é a mesma...tu farias o mesmo por mim, é isso que me interessa.
--Troia...
--E quanto ao Ethan, não sei o que sentes por ele...
--Eu gosto muito dele...muito...
--Eu acredito que sim porque ele é diferente dos outros personagens do teu histórico afetivo.
Milanka riu até lhe doer as costelas quebradas.
--Parece que a minha vida é um enredo.
--Quase isso.
Risos.
--Voltando ao Ethan, ele tem sido incrível no decorrer desse teu episódio. Eu não o conhecia tão bem, e surpreendeu-me a forma como ele abnegadamente, juntou-se a mim. Sofremos juntos pela nossa doida. Ele gosta de ti e não estamos a falar de diversão...
--Ele é sério de mais para brincar.
--Exatamente!
--Então, é claro que ele não vai ter tempo para lidar com uma doida que tem uma irmã com problemas de droga e que esconde as coisas...
--Espero que permitas que seja ele a chegar a essa conclusão.
--Eu preciso cuidar da minha irmã...
--E o Ethan te impede de fazer isso? Milanka, tu não percebes o homem bom que te caiu no colo? Ele não sabia sequer que tinhas uma irmã e em momento algum eu vi qualquer hesitação em cuidar de ti. Ele tem sido incansável...eu não estou acostumada a ver tamanha entrega de alguém que só está a divertir-se.
--Esse é o meu medo. Eu sei que ele não está apenas a se divertir...
--Mais uma razão para parares de decidir pelos outros. Acho que vais ter de mergulhar um pouco...
--Será que eu consigo?
--Sem tentar, não vais saber.
--Que grande confusão é essa minha vida.
--Intensa e maravilhosa.
--Tu és a melhor amiga do mundo.
--Ainda bem que sou, pois eu não trocaria minha maluca por nada.
Risos com carinho.
--Eu vou te ajudar com a Gennelle. Eu só posso falar por mim, mas tenho quase certeza que o Ethan fará parte dessa missão.
--Eu só não te abraço porque estou toda quebrada. Prometo não te dececionar, Troia. Eu faço muitas asneiras, mas...
--Ei, eu não julgo as tuas atitudes. Só peço que confies mais em mim...na vida.
--Estou tão feliz por ter-te na minha vida. Eu não sei o que fiz para merecer...
--Ah, mas eu sei. Mas chega de troca de confetes, a senhora precisa comer.
--General, Troia.
Risos.
--E tu, estás bem?
--Eu? Estou...
--A fotógrafa ainda está em Marrocos?
--Sim, e dela falamos depois.
--Quem sou eu para desobedecer?
Risos.
*****
Elena tentava abrir a porta do seu apartamento, mas estava um bocado atrapalhada, pois inventara de sair para passear com Myk e Zayco ao mesmo tempo. Loucura. Os animais pareciam duas crianças afoitas e cheias de energia, enquanto ela só queria um banho e cama.
--Não sei porque invento essas coisas. Não, Zayco vem cá. Meu Deus, que bicho doido.
Puxou a coleira do cachorro que já ameaçava subir as escadas para o andar superior.
Finalmente entraram em casa e ela pôde respirar aliviada. Eles estavam felizes, ela cansada. Tinha passado o dia na editora e depois passara quase uma hora na companhia de Milanka que ainda estava hospitalizada, mas muito melhor.
Colocou comida para os companheiros de casa e suspirou alongando os braços para cima.
--Banho, Elena. Juízo figuras malucas, juízo.
Vinte minutos mais tarde, saiu do quarto sentindo-se revigorada. O banho quente conseguira tirar o peso do dia dos seus ombros.
Zayco e Mykonos estavam sossegados. A casa inteira era puro silêncio. Serviu-se de uma taça de vinho e refastelou-se no sofá. A semana estava intensa e ela mal tinha tempo para pensar na própria existência. Tinha algumas coisas para resolver, decisões a tomar sobre que rumo seguir, mas não se via em condições de ponderar nada.
Sem entender muito bem a razão, algumas lágrimas invadiram-lhe os olhos. De repente, chorava sem oferecer qualquer resistência. Sentia-se sozinha. Era isso.
Olhou para as paredes do apartamento que lhe pareciam geladas e quase sufocantes. De repente, estava sozinha. Milanka fazia tanta falta...
Respirou fundo e abanou a cabeça.
--Vou me enganar para quê? Para quê, Elena?
Obviamente que as saudades de Joy a desnorteavam. Mas, pior que as saudades, eram as dúvidas sobre o rumo daquela história. Não se sentia preparada para deixar tudo aquilo para lá. Mas não era mais fácil seguir o seu caminho sem maiores constrangimentos? E desde quando Joy era um constrangimento? Já não conseguia pensar com coerência...
O fato inequívoco era que sentia muita falta da inglesa. Ela estava presente em mensagens e emails, mas também parecia escorregadia, ou com medo de se aprofundar...
Ou talvez as atitudes dela fossem claras...
Ela tinha a porcaria de um namorado e que ainda tinha cara de galã de cinema.
--Maldito passeio no parque. - Praguejou.
--Elena, seja coerente, pelo amor dos deuses, seja coerente. Esse encontro tirou-me do marasmo...
Fechou os olhos e deixou-se embalar por lembranças perfeitas.
Algum tempo depois abriu os olhos e encontrou Zayco aos pés do sofá. Mexeu-se um pouco e ele levantou a cabeça, encarando-a.
--O que foi, meu amor? Saudades da Joy?
Ele latiu e depois ganiu enroscando-se no próprio corpo. Elena afagou-o.
Ainda acariciava os pelos do cachorro quando ouviu um sinal de mensagens. Sorriu, pois sabia que era a mãe. Ela ligava ou enviava mensagens todas as noites para saber se estava tudo bem. A mãe ficara muito impressionada com o sucedido a Milanka.
As mãos de Elena tremeram. O coração bateu numa velocidade considerável. Sorriu, e os lábios também estavam trémulos.
Claro que a mensagem não era da mãe. Tinha acabado de receber uma foto de Joy, usando um lenço cobrindo a cabeça e parte do rosto. Os olhos dela eram absurdamente belos. O olhar enfeitiçava...
Aa palavras...
"Precisava me conectar com parte da minha ancestralidade que eu mal conhecia. Que viagem importante para dentro de mim...bendito trabalho que me permite ser. Saudades, tão infinitas quanto o deserto que me serve de cenário.
*****
--Então hoje é o grande dia. - Disse Elena exalando felicidade ao entrar no quarto de hospital ocupado por Milanka.
Milanka não disse uma única palavra, apenas bateu a cabeça. Elena, como excelente conhecedora da personalidade amiga, notou imediatamente que algo não estava bem.
--Ah, não me digas que querias ficar mais nesse hospital? Tu adoras a loucura dessa cidade, das ruas da metrópole. -Riu.
--Elena, estou desesperada...
--O que foi? - Elena sentou na cama e encarou a amiga.
--Tu não vais acreditar...
--Se começares a falar, quem sabe...
--O Ethan...ele quer que eu vá para o apartamento...
--Não entendi.
--O Ethan vai me levar para o apartamento dele.
--Ahhhh, esse homem só ganha pontos comigo.
--Elena?
--O quê?
--Eu não sei se quero isso, não sei se estou preparada...
--Ah, é melhor que esteja. Não penses que vou compactuar com as tuas sabotagens descaradas.
Milanka encolheu-se na cama e olhou para a janela como quem busca respostas.
--Desculpa, meu bem. Desculpa. Estás frágil e eu completamente sem discernimento...
--Tu não estás sem discernimento. Eu é que sou complicada e não sei muito bem o que quero da vida.
--Milanka, pense pelo lado positivo. Acabas de sair de uma situação extrema, estás fraca e precisando de muita atenção. Sabes como é a nossa vida na editora, por maior que seja a minha dedicação, eu não vou conseguir cuidar de ti como gostaria...
--Ele me disse que vai ter uma cuidadora à minha disposição...
--Milanka, tu ainda ficas com esse ar de pesar, ou sei lá o quê? Qual é o teu problema?
--O meu problema é o medo aterrorizante de não ser suficiente boa...
--Deixe que ele decida isso. Tu és maravilhosa, mas a minha opinião não interessa. Tu precisas acreditar nisso e permitir que os outros vejam o que eu vejo. Meu bem, esse homem tinha motivos para estar com raiva, desapontado, e o que ele faz?
--Ele me leva para casa.
--Ele te leva para a casa dele e cheio de cuidados. Ele passou esses dias praticamente nos corredores desse hospital. Melhor, ele fez malabarismos entre os compromissos profissionais, esse hospital e o centro onde a Gennelle está internada. O que mais tu queres de um companheiro? Eu sei que o resto funciona muito bem porque a senhora fartou-se de gabar.
Milanka sorriu ainda que sem muita força.
--Eu mereço alguém assim? Logo eu que sou toda errada...
--Mereces sim! Aproveite o presente que a vida te entregou. Eu não vou permitir que sabotes a tua felicidade.
--Não vais sentir falta da tua amiga doida?
--Ah, cala a boca!
Risos.
--Ai, ainda me doem as costelas.
--Idiota! Claro que aquele prédio é uma tristeza sem ti. Eu falo sozinha como se pudesses responder, anseio pela minha companhia para taças de vinho noite adentro, mas, eu quero o melhor para ti. O melhor agora é ficares com o Ethan.
--Troia...
--O quê?
--Tu és uma chata, mas a chata mais necessária do mundo.
--Do teu, com certeza!
Gargalhadas.
--Ai, criatura, estou convalescente. Eu vou com o Ethan...
--Ainda bem que restam parafusos nessa cabeça doida.
Risos.
--Eu gosto dele...
--Eu sei que sim.
--Morro de medo, mas vou. Mas é apenas por alguns dias...enquanto estou assim, toda quebrada e precisando de ajuda para tudo.
Risos.
--Aceitar ajuda não te torna menos forte. Já percebi que não gostas de mostrar vulnerabilidade...
--Ninguém gosta...
--Ás vezes precisamos distinguir o joio do trigo...
--Hmmm?
--Aceite o que o Ethan quer oferecer.
--E tu, Troia?
--Estou bem...
--Já conversaste com a Joy?
--Ela está a viajar...
--Em silêncio?
--Não...Zayco está comigo.
Milanka sorriu. Abriu os braços e recebeu um abraço carinhoso. Elas entendiam-se sem que palavras fossem necessárias.
Meia hora mais tarde, Milanka recebeu alta. Ainda combalida, assinou papéis, conversou com agentes da policia e esteve sempre amparada por Ethan e Elena.
--Levo tudo que a senhora deseja. Ethan, muita paciência com essa peça. Ela é um amor, mas teima em querer mostrar o contrário.
Risos.
--Eu já conheço um pouco da peça e sou paciente.
--Ah, não sei se os senhores sabem, mas eu estou aqui e meus ouvidos não foram afetados.
Risos.
--Ela já está bem, voltou o humor peculiar.
Risos.
--Obrigada...não sei se mereço pessoas assim na minha vida...
--Mereces! E para de ser chata. Ethan, leva logo essa mulher para casa e enche-a de amor.
Milanka ficou vermelha. Ethan a abraçou e permitiu que ela descansasse a cabeça no seu ombro.
--Logo mais, levo-te as tuas coisas. Agora preciso voltar para a editora ou a digníssima terá um ataque.
--Ai, Brigitte...
--Pois!
--Elena, podes ir lá em casa quantas vezes quiseres. O que achas de almoçar connosco no feriado?
--Sim, pelo amor de Deus, diga sim. Ah Troia, não tens nada para fazer, a inglesa nem está por cá e a comida do restaurante do Ethan é deliciosa.
Foi a vez de Elena ficar muito vermelha.
--Aceito!
--Ah, mas devo avisar que a comida não virá do meu restaurante, eu mesmo entrarei na cozinha e farei algo que agrade ao paladar das senhoras.
--É melhor parares com essas coisas cowboy...
--Ou?
--Ou ela esquece as regras e casa contigo.
--Ah, vá à merd*, Troia.
Risos.
--Vamos embora!
--Sim, capítulo encerrado. O futuro promete experiências bem mais interessantes. - Sentenciou Ethan.
*****
--Eu sou um caso perdido. Desisto!
Elena saiu da cama e dirigiu-se à cozinha para preparar uma chávena de café. Em pleno feriado, quando seus planos incluíam com certeza dormir até quando não aguentasse mais, lá estava ela, de pé antes das 8 horas.
Assim que entrou na cozinha, Myk e Zayco pularam aos seus pés e ela experimentou uma alegria plena. Agachou-se e brincou com eles que estavam mais cheios de energia do que o normal.
--O que aconteceu? Ah, já sei. Sabem que vamos passear em trio, mas tenham calma porque ainda preciso fazer algumas coisas por aqui, arrumar essa casa, cuidar dessa minha ansiedade...
Sentia uma leve ansiedade e não estava de todo surpresa. Precisava resolver tanta coisa. Precisava definir um rumo para a sua vida sentimental, mas por mais que pensasse não conseguia chegar a nenhuma conclusão.
--Provavelmente porque não é uma questão que dependa apenas de mim...
Zayco olhou-a intrigado. Ela sorriu e bateu a cabeça.
--Não me olhes assim. Se eu estou doida, neurótica, a culpa é da tua dona.
Colocou água para os bichos e com a chávena fumegante nas mãos, dirigiu-se à sala. Apertou o play da sua caixa de música e sentou-se no parapeito da janela. Adorava aquele ritual nos seus dias livres.
Sorriu ao pensar em Milanka. Depois de uma situação trágica, ela agora estava bem. Muito bem. Tinha baixado as defesas e permitido ser cuidada. Ethan era uma surpresa incrível. Aparentemente, era tudo o que Milanka precisava para se entregar a uma relação mais sólida.
--O almoço é hoje! - sorriu. - Agora falo sozinha...culpa dessa Milanka que me deixa aqui com minhas paredes.
Riu de si mesma e bebeu mais um pouco de café enquanto perdia-se em devaneios. O coração estava acelerado e ela não sabia qual a razão. Às vezes até batia no pescoço causando uma aceleração no estado de ansiedade.
--Seja honesta, Elena. Esse desconforto tem nome...medo, incerteza...
Mordeu o lábio e apertou os olhos. Não sabia o que pensar e muito menos o que fazer. A sensação que tinha era que existia uma incoerência monumental entre razão e emoção. Sua cabeça mandava seguir para norte e o coração via cores brilhantes no sul.
Tudo tinha a ver com Joy...sempre Joy desde o dia em que a conhecera. Será que a conhecia? Ela estaria mesmo num trabalho em Marrocos?
--Ei, olha a paranoia. Claro que ela está em Marrocos e eu estou perdendo o último resquício de sobriedade que me restava.
Perdeu a noção do tempo que ficou sentada olhando para a rua, até que um barulho a trouxe de volta à realidade. Era o som do telefone. Pulou da janela e correu pela casa atrás do aparelho. Estava ávida por novidades...
Sorriu, era mãe.
--Melina, meu amor.
--Filha, eu queria tanto ir passar uns dias contigo, aproveitar esse feriado, mas estou com muitas pendências por aqui...
--A senhora anda muito misteriosa. Que pendências?
--Coisas sem importância...
--Tão sem importância e te impedem de vir abraçar a tua filha? Devo concluir que não sentes saudades.
Risos.
--Carência nunca foi uma característica marcante na personalidade da minha filha.
--As pessoas mudam e eu estou carente de afeto. Carente de mãe, carente até de levar sermão.
--De quem?
Gargalhadas.
--O que vais fazer?
--Nada de especial, até porque amanhã ainda é sexta-feira e eu trabalho.
--Poderias ter tirado umas curtas férias para visitar a tua mãe.
--Ah sim, porque agora eu é que mando na EWO.
Risos.
--Daqui a bocado vou almoçar com a Milanka e o Ethan. Esse é o meu plano para o feriado.
--A Milanka está melhor?
--Quase boa, mãe. Eu não faria melhor do que o Ethan...
--Meu bem, não fiques chateada comigo...
--Ai pronto, lá vem sermão que ela jura que não utiliza para me educar.
Gargalhadas.
--Diga, Melina.
--Essa é uma frase de uma mãe bem convencional, coisa que acho que nunca fui...
--Não...
--Eu gostaria que tivesses alguém...é tão bom, Elena.
--Mãe, o problema é que não existe nem Ethan e muito menos Richard aos montes por esse mundo. Até ser agraciada com esses seres de outro planeta, sigo minha viagem a solo.
--E...e a tua amiga?
--Qual delas? - Brincou, sabendo muito bem a quê a mãe se referia.
--A inglesa!
--Fora de Nova York. A trabalhar pelo mundo...
--Sendo uma mãe quase austera, para de correr. Tem hora na vida que precisamos enfrentar as coisas.
--O que isso significa?
--Elena, tu não és cínica, ou, não precisas ser comigo.
--Não sei o que fazer...estou tão baralhada, que a única alternativa viável é fugir...
--Não! Sugiro que faças diferente. Quando ela voltar, seja franca, honesta contigo...
--Eu tenho medo...medo de ser ridícula...
--O medo é teu, ou do teu ego?
--O que sugeres que eu faça?
--Faça diferente...
--Tu ajudas muito, mãe. - Ironizou.
--Não precisas da minha ajuda. Faça uma análise aprofundada de tudo e vais saber o que fazer...
--Não tenho feito outra coisa...
--Então fico feliz porque sei que farás a coisa certa.
Risos.
--Ai, mãe...
--É, nem sempre é linear e fácil, mas eu confio em ti.
--Essa tua frase é para me encorajar ou para eu ficar aterrada?
Risos.
--Que flua o teu melhor...agora, preciso desligar porque não quero que a minha única filha passe um feriado ao telefone com a chata da mãe.
Risos.
--Eu te amo, Melina. Vou sair daqui a pouco para passear com meus companheiros maravilhosos. Ao regressar, tomo banho, me visto linda e vou almoçar com meus amigos.
--Amo-te mais. Divirta-se.
Depois da conversa com a mãe, Elena deixou sua mente vagar.
Não conseguia pensar com clareza. Sentia-se envolta numa nuvem de saudade...saudade dos melhores momentos que já experimentara...saudade de rir sem motivo...saudade do silêncio partilhado...saudade dos sonhos...saudade de quase morrer de tanto prazer...saudade de ter certezas...saudade da alegria...saudade de ver os encantos da vida por outros olhos... saudade de si...
Falta de Joy...
A verdade era essa. Sem ela, a solidão poderia ser devastadora...
Perdida em pensamentos desconexos, tocou a sua cabeça com a ponta dos dedos enquanto ouvia a melodia de Loneliness de Birdy.
*****
--Ei Zayco, não tem nada naquela porta. Venha logo bicho, se eu não me apressar vou chegar atrasada em Manhattan.
Elena puxou a coleira de Zayco que insistia em brincar com o tapete que ficava na porta do apartamento de Milanka. Tinha saído para dar um passeio com os animais e acabara por demorar um pouco além da conta.
--Não, tu não, Mykonos. Ai meu Deus que esses bichos não têm noção da minha pressa.
Mykonos também resolveu brincar um pouco. Com muito custo, Elena conseguiu colocá-los na cozinha e respirar mais aliviada. Tinha pavor que acontecesse alguma coisa a Zayco. Ela e Myk já se conheciam bem e o animal sabia mais ou menos quais eram os seus limites. Com Zayco era diferente, não apenas por ser um cão, mas ele também não conhecia tão bem a rotina daquela relação.
--Zayco, tu és um bom menino. Só direi coisas boas quando a Joy regressar.
Mal ouviu o nome da dona, ele latiu e ergueu a cabeça.
--Saudades? Entendo muito bem a tua reação, mas ela já vem para ficar contigo...
Brincou com o cachorro e dirigiu-se ao quarto seguida de Mykonos.
--Estás carente, Myk? Tu nem me ligas. - Segurou o gato nos braços e ele aninhou-se.
--Nem sei que horas são. A Milanka já deve estar doida...
Pegou no telefone que estava sobre a comoda, certa de que encontraria alguma ligação de Milanka. Estava enganada e isso a deixou aliviada. Não queria chegar atrasada pois sabia que era importante para Milanka.
Procurava um casaco mais pesado quando ouviu o sinal de mensagem. Sorriu, agora com certeza era Milanka e sua ansiedade.
Era Joy e sua forma muito peculiar de enviar mensagens. Elena experimentou um frémito pelo corpo todo. Sentou na cama e com a mão trémula deslizou o dedo pela tela.
Uma foto de um lugar lindo que ela imediatamente reconheceu como sendo as montanhas do estado de Nova York, acompanhada do seguinte texto:
"Chalé a uma hora e meia da cidade. Lugar perfeito. Reserva para 4, duas adultas e dois animais de estimação. Apesar de desnorteada com essa viagem maluca, consegui pensar neles. Animais permitidos. Beijos e até daqui a pouco...
Elena releu várias vezes. Instintivamente ligou para Joy. Telefone desligado. Era uma brincadeira, claro. Mas a que propósito? Pensou rápido e ligou para o chalé, Joy tinha mencionado o endereço na mensagem.
Sim, Joy estava hospedada nas montanhas e tinha uma reserva em seu nome também. Myk e Zayco também podiam ir naquela viagem. Desabou na cama com a cabeça em turbilhão.
--Por qual razão ela faz essas coisas? O objetivo é me enlouquecer? Bingo!
Sem saber que atitude tomar, ligou para Milanka. A amiga exigiu que ela alugasse um carro e seguisse imediatamente rumo às montanhas.
E a porr* do inglês? Ninguém se lembrava da fatídica existência daquela figura?
A realidade era que ela estava tentada a esquecer...pelo menos por uma tarde num chalé perdido nas montanhas.
--Sim, eu sei que estou doida, mas agora não tenho tempo para conjeturas. Myk, Zayco, vamos para as montanhas. - Gritou feliz.
Em menos de uma hora, acompanhada pelos seus fieis companheiros, ela seguia rumo às montanhas.
*****
Quando Elena estacionou na entrada do complexo turístico, teve a certeza que voara pela estrada. Olhou para trás e os bichos pareciam muito calmos e ninguém tinha vomitado ou algo parecido. Respirou fundo e chegou à conclusão que estava completamente fora do juízo. Quando na vida agira assim? Tudo tinha sempre que ser muito ponderado, analisado ao detalhe. Recebera uma mensagem e simplesmente voara pelas estradas estaduais, sem ter a menor noção no que culminaria aquela atitude intempestiva.
--Essa sou eu, a nova e maluca versão de Elena.
Inclinou a cabeça para trás e tamborilou os dedos no volante do carro. O estômago dava cambalhotas, a cabeça não atinava e o ar parecia rarear. Se não descesse do carro imediatamente, daria a ré e voltaria para a sua segurança. Venceu a curiosidade.
Na receção foi informada que podia circular com o carro dentro do complexo, respeitando uma velocidade mínima. O chalé que Joy tinha escolhido ficava numa colina e ao redor, viam-se árvores gigantes.
Finalmente à entrada do chalé, saiu do carro e abriu a porta traseira. Zayco pulou logo para fora e ela inclinou-se para pegar a caixa de Mykonos. Ainda de costas, percebeu a alegria de Zayco que latia sem parar e logo soube que Joy abrira a porta. Girou o corpo e seu coração encheu-se de calor. Eles pareciam duas crianças e as risadas e latidos ecoavam pela floresta. Mais uma imagem para não esquecer...
--Ei rapaz, temos convidados ilustres.
Ela tentava esquivar-se da fúria de alegria de Zayco. Elena ria sem parar e o nervosismo deu lugar a uma sensação bem diferente.
--Solte esse gato, quem sabe assim ele desiste de mim. - Gritou Joy entre risadas.
--Duvido, mas faço a tua vontade. - Elena soltou Myk, que ao contrário de Zayco, limitou-se a observar o lugar, permanecendo aos seus pés.
Joy arremessou um brinquedo e Zayco correu em direção às arvores.
--Péssimo anfitrião! - Brincou aproximando-se de Elena.
--Mas ele é tão convidado quanto nós.
Risos.
--Jet lag. Estou confusa, cansada. Por uma confusão qualquer, meu voo veio pelo Canadá.
--Que chatice!
--Ah, mas resolvi me compensar. Esse lugar é perfeito para descansar por uma noite.
--Doida! Tu és muito doida e eu acabo de ser diagnosticada com o mesmo distúrbio.
Gargalhadas.
--Pare de reclamar. Hoje é feriado e não tens que aturar chefe chata...apenas uma inglesa doida, num cenário perfeito e com o teu Myk bastante feliz.
Elena olhou para Joy demoradamente e sentiu seu coração transbordar de um sentimento que ainda não sabia se deveria alimentar.
--Tive tantas saudades tuas.
Joy puxou Elena para os seus braços e os corpos fundiram-se de forma inequívoca.
Elena permaneceu calada. O lugar perfeito era ali, mas...
--Cortaste o cabelo? - Elena perguntou admirada ao abaixar o capuz do casaco que Joy usava.
--Hum-hum. Essa viagem provocou muita coisa em mim. Além das viagens por cenários incríveis que me permitiram um trabalho impecável, fiz incursões para dentro e...
--Estás linda...mais linda. -Elena sorriu de forma tímida.
--Precisei mudar algumas coisas, e o cabelo como estava, não me agradava mais...
--Entendo...
--Estou muito cansada. Sem dormir há mais de 24 horas e minha cabeça parece um puzzle desmontado.
Elena sorriu e acariciou a cabeça de Joy. Tinha adorado a nova versão dela, parecia-lhe ainda mais leve e livre...
--O teu telefone estava desligado...
--Sim, supostamente era para poder dormir um pouco antes da vossa chegada. Mas tive de ligá-lo para resolver coisas de trabalho e em seguida passei algum tempo conversando com a minha mãe...
Elena estranhou aquela informação, uma vez que Joy raramente se referia à mãe. Mas, não questionou. Estava baralhada e feliz, uma grande confusão.
--Vamos entrar?
--Vamos!
Risos.
--Gostas?
--Se eu gosto? Parece que adivinhas as coisas que me deixam encantada...
--Provavelmente porque são as mesmas que me encantam...
Elena sorriu e caminhou até à cozinha que tinha uma janela enorme com uma vista deslumbrante.
--Wow!
--Ah, venha cá.
Joy puxou-a pelo braço e caminharam até ao quarto.
--Não vais dizer nada?
--O quê? Qualquer coisa que eu dissesse seria insuficiente...isso é o paraíso.
--Que bom que gostas. Eu já quero acordar com essa visão...
Elena sorriu e sentiu as mãos tremerem.
--Vais passar a noite aqui?
--Claro! E tu és minha convidada. - Joy sorriu.
--Não posso...
--Claro que podes. És tão mais esperta do que eu, que alugaste um carro...
--Sim, de que outra forma poderia trazer a tropa toda?
Gargalhadas felizes.
--Então, temos carro e voltamos amanhã ainda a tempo de estares na EWO. Ah, e sei que não tens que cumprir horário, então se atrasarmos um pouco...
Elena riu alto.
--Tu e a minha mãe devem achar que sou a dona da EWO.
--Deveria...
Risos.
--Então, eu vou passar a noite aqui...
--Alguma objeção? Viste a cama? Enorme como a senhora gosta...
Elena não conseguia parar de rir.
--Ela é persuasiva desde a primeira vez...
--Quem?
--Ah, deixa de ser cínica.
Gargalhadas.
--Joy, eu preciso comer.
--Hã?
--Estou com fome!
--Acho que eu também.
Risos.
--Eu ia almoçar com a Milanka e o Ethan e de repente, meus planos sofreram uma grande alteração.
--E não comeste?
--Não! E nem dei comida a Myk e Zayco para não correr riscos desnecessários, ainda mais que o carro é alugado.
--Então vamos comer.
Risos.
--Desculpa se te roubei da tua amiga, mas foram muitos dias longe da minha dupla favorita...
Elena não disse nada. Limitou-se a sorrir. Não sabia muito bem o que sentir, ou melhor, não sabia se podia sentir o que lhe inundava a alma.
--A Milanka está quase recuperada, para alegria do Ethan.
--Sim, ela é teimosa, mas tem-se comportado muito bem. A ideia de ficar aos cuidados do Ethan foi providencial.
--O que queres comer?
--Qualquer coisa que me alimente. Estou faminta!
--E nervosa...
Joy aproximou-se de Elena.
--Sim...voei pelas estradas...
--Foi loucura minha?
--O quê?
--Isso, esse lugar e nós aqui...
Elena sentiu um frenesi galopar pelo seu corpo. Caminhou até à janela imensa da cozinha e admirou a vista.
--Onde será que esses bichos estão? - Disse na tentativa de desviar o assunto.
Não teve tempo para recompor-se. Joy abraçou-a por trás e beijou-lhe o pescoço.
--Teu cheiro...quanta saudade...
Elena apertou os olhos. Seu corpo respondia depressa. Sua mente derretia depressa. Seu coração galopava. Não tinha controle.
Virou e beijou Joy com a fúria que a consumia. A resposta foi em intensidade semelhante a ponto de ambas ficarem tontas. Elena escorou-se na bancada da cozinha, enquanto Joy a inundava do melhor sabor. Beijaram-se até não restarem mais forças. Abraçaram-se e sorriram uma para a outra. Por alguns minutos partilharam um momento de silêncio. Um silêncio cúmplice e que dizia muita coisa...
Zayco latiu. Elas sorriram.
--Parece que tem mais gente com fome.
Risos.
--Tem um restaurante aqui que parece muito bom, pelo menos pelo que vi no site...
--Pode ser aqui mesmo. Meu estomago não aguentaria uma viagem para muito longe...
Risos.
--Exagerada! Mas tens razão, o centro da vila é um pouco distante.
--Eu sempre tenho razão!
Gargalhadas.
--Vou ao carro buscar a comida dos príncipes e depois somos nós.
Risos.
--Vou reservar nossa mesa.
*****
Elena aproveitou um momento em que Joy falava ao telefone para sair um pouco do chalé. Precisava de ar. Precisava arejar a mente e sair daquele torpor em que se encontrava. Tudo ia muito bem, maravilhosamente bem. Sempre era assim. A inglesa tinha o dom de a encantar com pequenas coisas. Ela não se esforçava para ser perfeita e nem Elena gostava de pessoas perfeitas. Mas a sensação que tinha era que podia ficar e esquecer da vida. Mas não podia. Até poderia cogitar tal hipótese, se o seu coração não ficasse quente quando ela estava presente. Poderia simplesmente aproveitar o lado bom das coisas, se sua alma não entrasse no automático quando a inglesa não estava por perto.
Chegara ao paraíso há poucas horas, mas a sensação naquele instante era de estar à beira do inferno. Naquela relação em particular, aprendera a mostrar o que realmente pensava. Despira-se de camadas de superficialidade para entregar-se de corpo e alma. Não podia fingir. Não sabia fazê-lo. Não com ela, jamais com ela.
Precisava aliviar a alma antes de tomar a atitude que talvez acabasse com um sonho...
*****
--Grega, está frio cá fora. Desculpa, mas era um cliente e não pude ignorar a ligação.
Joy abraçou Elena que estava sentada de costas para a porta.
--Nisso somos parecidas, muito profissionais...
--Ei, o que houve?
Joy sentou-se de frente para Elena e segurou-lhe as mãos entre e as suas.
--Aconteceu alguma coisa que não te agradou? Se eu fiz alguma coisa, desculpa-me. O Myk está bem...
--Eu é que não estou...- Elena permitiu que mais lágrimas inundassem os seus olhos.
Joy aproximou-se ainda mais de Elena e olhou-a com doçura no olhar. Era sua forma de encorajá-la a falar.
--Saí como uma doida de casa e vim voando para cá. Parecia que não havia nada mais sensato a ser feito. Não ponderei nada. Recebi a mensagem, fiquei eufórica, peguei nos animais e voamos para cá. - Chorava entre as frases.
--Eu fui egoísta e precipitada. Estava com tanta saudade que não pensei na possibilidade de não quereres a mesma coisa...
--Não querer a mesma coisa? Quem voa pelas estradas com um sorriso no rosto e o coração batendo a mil, contra a vontade?
--Eu...eu pensei que esse lugar fosse melhor para ficarmos em paz. Aqui estamos longe do nosso mundo agitado...
--Aqui estamos longe dos problemas, mas eles existem.
--Desculpa. Por favor, eu estou tão cansada que não raciocinei...
--O problema não é a tua falta de raciocínio. Vir para cá foi muito bom. Estar contigo é muito bom. Tu tens a capacidade de tornar tudo tão leve...
--Nem sempre fui assim...nunca fui assim...
--Eu sou assim contigo. Tu me fazes sentir as melhores coisas. Tu me fazes querer repetir coisas. A simplicidade é afrodisíaca contigo.
Joy sorriu e bateu a cabeça.
--Joy, eu não posso desistir disso. Não posso simplesmente seguir a minha vida como se jamais tivesse conhecido alguém que me desmonta com um sorriso. Adoro a tua vivência, as tuas loucuras. Quando falas e fixas os olhos em mim, eu sinto coisas que não saberia explicar. Eu fico fascinada quando falas de fotografia. Sempre sinto uma vontade doida de te abraçar e dizer que és perfeita na tua arte. Sim, tu és perfeita na tua arte.
Joy mordeu o lábio tentando segurar as lágrimas. Totalmente em vão. Elas vieram, acompanhadas de soluços.
--Eu...eu não gosto de te ver assim. Eu não queria que chorasses por minha causa, pelo menos não assim, mas eu não vou facilitar a tua vida. - Disse Elena com firmeza nas palavras.
--O que queres dizer com isso? - A voz de Joy soou fraca.
--Eu não vou desistir de ti. Talvez não tenha nenhuma chance. Talvez o teu destino já esteja traçado e estejas feliz com isso. Talvez não contasses que a aventura na madrugada do parque, resistisse à luz do dia. Joy, vais ter que dizer com muita clareza que a tua vida segue outro rumo e que nós...
--Eu estou apaixonada por ti. - Joy sorria entre lágrimas.
--O quê?
--Quem não desiste de ti, sou eu. Aliás, isso nunca sequer foi cogitado.
--Eu não...
--Elena, eu subscrevo tudo o que acabaste de dizer. Eu não agiria de forma tão maluca, se não acreditasse na intensidade do que nos une.
--Essa informação significa exatamente o quê? Estou confusa...
--Significa que vais ter de aturar as minhas loucuras até o limite das tuas forças, ou se preferires, enquanto durar o meu charme inglês.
Gargalhadas.
--Eu não tenho como resistir.
--Não resista! Eu tenho uma sugestão melhor...
Joy beijou a boca de Elena com paixão.
--Eu posso até adivinhar a tua sugestão...
--Eu sei que sim, mas lá dentro porque está frio...
--A cama é quente...
--Hum-hum...e nós temos mais combustível...
Dentro do chalé...
Elena prendeu Joy contra uma parede e beijou-a intensamente. As roupas foram sendo arrancadas sem muita cerimónia. Quase nua e ofegante, Elena prendeu Joy com as mãos e encarou-a num misto de desejo e seriedade.
--E o inglês?
--Hmmm?
--O namorado...
--Sucumbiu à avalanche grega.
Entre beijos ofegantes e sorrisos, caíram na cama quente...
Fim do capítulo
Olá :)
Depois de dias menos bons, lidando com essa coisa que tomou conta do nosso mundo, eis que estou de volta. Graças a Deus.
Ainda não a 100%, mas para lá caminhamos.
Hoje a escrita nao fluiu como normalmente acontece, mas aprendi que nao devemos escrever apenas quando sentimos que a inspiração transborda. Fi-lo por nao conseguir ficar quieta rsrs e por respeito a quem me acompanha.
Abraço e muito obrigada pelas mensagens.
NH
Comentar este capítulo:
Lea
Em: 21/04/2021
Boa noite Nadine,que bom que está se recuperando bem!!
Malinka se recuperou e aceito que o Ethan a ama de verdade! Toma que a irmã dela também se recupere!!
Elena e Joy,o que dizer sobre essas duas,elas são apaixonantes!
Myk e Zayco completam esse amor todo!!
Capítulo incrível!!
[Faça o login para poder comentar]
Mille
Em: 19/04/2021
Oi
Que capítulo lindo, agora as coisas andam as duas falando a mesma língua e sem o inglês chato.
Falta só a grega tomar as rédeas no campo profissional e deixar a Brighet a ver navios.
Feliz pela sua vitoria e que possa ter uma ótima recuperação.
Bjus e até o próximo
[Faça o login para poder comentar]
Sally Thomas
Em: 19/04/2021
Imagina se estivesse inspirada. Mais um Capítulo fantástico. Muitos parabéns pela sua criatividade e capacidade de transmitir tanta coisa na sua escrita. Descreve tão bem o enredo que faz com que se consiga visualizar tudo apenas lendo.
Obrigada por nos presentear com o seu talento.
Melhoras *_*
[Faça o login para poder comentar]
Sally Thomas
Em: 19/04/2021
Imagina se estivesse inspirada. Mais um Capítulo fantástico. Muitos parabéns pela sua criatividade e capacidade de transmitir tanta coisa na sua escrita. Descreve tão bem o enredo que faz com que se consiga visualizar tudo apenas lendo.
Obrigada por nos presentear com o seu talento.
Melhoras *_*
[Faça o login para poder comentar]
libriana
Em: 19/04/2021
Bom dia a todas!
Feliz em saber q está melhor Nadine. Que Deus continue iluminando todo mundo deste vírus!!
Em relação ao capítulo... perfeito como sempre! Obrigada por dividir seu talento conosco! Só não entendo pq, as vezes, diz q não está inspirada... vc já nasceu com este dom maravilhoso. Escreve com mt habilidade e consegue prender e deixar com gostinho de quero sempre mais. As vezes me dá vontade de acumular capítulos pra ler em sequencia e saber logo o q vem. Resumindo... Isto é mt poder, facilidade, dote, capacidade, magia... Parabéns!
Bjs,
Libriana
[Faça o login para poder comentar]
brunafinzicontini
Em: 19/04/2021
Que delícia de capítulo! Simplesmente adoro essa inglesa! Que ideia mais linda! Reservar um chalé para o encontro entre ambas depois daquele terrível episódio que teve tanto impacto sobre Elena foi realmente genial! A grega, sob a boa influência de Melina, não se permitiu nem um instante de “enrolação” e foi direto ao ponto, com toda sua emoção, coragem e medo, mas Joy foi maravilhosa, reagindo da melhor forma possível! “- Quem não desiste de ti, sou eu. Aliás, isso nunca sequer foi cogitado.” Maravilhosa! E... Entre beijos ofegantes e sorrisos, caíram na cama quente... Não haveria nada melhor para encerrar com chave de ouro nosso domingo!
E Milanka, felizmente, foi sobejamente recompensada por todo seu sacrifício e sofrimento! Que bênção contar com o amor e a compreensão de alguém como Ethan. Que ela se deixe ajudar na reconstrução da vida de sua querida irmã! Uma história triste que, infelizmente, não é uma raridade no mundo atual! Que as irmãs consigam se recuperar de tão grande trauma.
Querida Nadine, o melhor de tudo, enfim, foi a surpresa de sua volta depois da verdadeira luta que precisou travar contra essa praga que assombra a humanidade! Felizmente, você venceu! Espero que a recuperação se complete e que não sofra com sequela alguma. Continuo em oração por você. Fique com Deus!
Beijos,
Bruna
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]