Capitulo 28
No chão da sala, Elena debatia-se sem saber se o que vivia era real ou fruto de mais uma de suas alucinações. Olhava de um lado para o outro ansiando por um sinal de que estava acordada. O tremor era real. A aflição no peito também. A cabeça às voltas num looping vertiginoso, era mais do que real. Com muito esforço sentou-se e tentou organizar as ideias.
--A Milanka está em casa, claro que ela está em casa.
Antes de concluir o pensamento, correu para o móvel da entrada onde guardava a chave suplente da casa da amiga e em segundos abria a porta ao lado da sua. Silêncio. Tudo em ordem. Nem tudo, seu descontrolo atingiu níveis insustentáveis.
De volta ao apartamento, tentava entender o que estava a acontecer. Atordoada, procurou o telefone que lhe caíra das mãos.
--Myk, viste o meu telefone? Myk?
O gato parecia tão atordoado quanto ela, e recolheu-se num canto.
--Desculpa, Myk. Desculpa. Estou quase perdendo o juízo.
A boca estava seca, mas as mãos muito húmidas de suor. Esfregou-lhes com vigor nas calças e respirou fundo. Viu o telefone perto da secretária e correu naquela direção. Com as mãos trémulas, ligou para a amiga. Ninguém atendeu nas duas primeiras tentativas. Á terceira, uma voz tensa, respondeu.
--Alô! Sou amiga da dona deste telefone...
*****
No hospital, a vida de Elena não ganhou contornos mais fáceis. Pelo contrário, a pouca informação disponível, causava uma angústia sufocante. Fora informada por uma auxiliar de enfermagem que Milanka dera entrada no serviço de urgências bastante machucada e que não podia dar maiores informações a alguém que não era da família. Munida de muita paciência, explicara que a paciente não tinha parentes em Nova York e que elas eram muito amigas, moravam juntas e eram colegas de trabalho. Completamente irredutível, a senhora informou que ela deveria esperar pelo médico para saber maiores informações.
--Posso vê-la?
--Só o médico poderá autorizar. Mas, ela não está em muito bom estado, dificilmente permitirão visitas.
De forma mecânica, a auxiliar voltou às suas tarefas, ignorando completamente o desespero de Elena.
Sem saber o que fazer, cambaleou até uma sala de espera. A frieza daquele lugar a deixava ainda mais desnorteada. Poderia ser um sonho, um pesadelo terrível, mas sabia que era real. Seu coração sabia que era real. A dor era lancinante. Milanka era mais que uma amiga...não podia perdê-la.
A aflição de não saber o que tinha acontecido, chegou ao fim quando viu aproximar-se um médico jovem e de aspeto menos austero.
--Boa noite, é amiga da paciente agredida...senhora...
--Milanka. O que aconteceu com a minha amiga?
O relato, ainda que com poucos detalhes, deixou Elena estupefacta.
--Ela foi brutalmente espancada e por um homem muito forte. Segundo o relato das testemunhas, ela sobreviveu porque a outra mulher mesmo debilitada, correu para a rua e pediu ajuda.
--Outra mulher?
--Sim, ela estava numa residência no bairro da Jamaica...
A partir desse pequeno detalhe, Elena já conseguiu entender o que tinha acontecido. O antagonista daquela cena, tinha sido o namorado violento da irmã problemática de Milanka.
-- A sua amiga teve bastante sorte, aliás, ela deve a vida à outra mulher. O agressor foi morto em confronto com a policia.
Elena arregalou os olhos com aquela informação.
--Além de agressor de mulheres, ele era suspeito de trafico de drogas e outros delitos. Uma vizinha declarou que sempre que chamavam a policia para atender a mulher que morava com o morto, ela inventava desculpas para defendê-lo.
--Ela é irmã da Milanka.
--Irmãs?
--Sim...é uma história complicada que nem eu entendo muito bem. Elas vão ficar bem? A Gennelle também está internada aqui?
--A irmã foi levada para outro hospital. O caso dela é muito sério, está debilitada pelo consumo excessivo de drogas. Ela não sofreu agressões, pelo menos, não nessa noite...
--E a Milanka?
--Como eu disse, ela está bastante machucada. Foi agredida com muita violência, tem uma costela partida, ombro direito deslocado e muitos ferimentos no rosto. Ela chegou aqui inconsciente e está em coma induzido enquanto é feita a avaliação mais profunda dos danos neurológicos.
--Ela vai ficar bem?
--Ainda é muito cedo para dizer. Ela teve muita sorte em ser socorrida a tempo, mas não posso assegurar o prognostico...
--O senhor precisa salvá-la. -Implorou. - Ela é a melhor amiga que eu poderia ter...por favor.
--Ela parece ser bastante forte...
--Ela é muito forte, não tem vícios e pratica desporto.
--Essas informações são bastante relevantes. A senhora...
--Elena, esse é o meu nome.
--Elena, não tem outra pessoa que possa vir para cá. A espera pode ser angustiante...
--Ela vai demorar a acordar?
--Não posso precisar. Mas seria bom ter outra pessoa para revezar, ela pode demorar algum tempo a recuperar a consciência.
--Posso vê-la?
--Ainda não. Assim que for possível, eu venho aqui avisá-la. Mas saiba que ela poderá estar inconsciente e que está bastante ferida...
Elena sentiu os olhos encherem-se de lágrimas. Levou uma mão à garganta para tentar sufocar a dor.
--Ela é forte, não vai me deixar. Ela tem tanta coisa para fazer nessa vida...
O médico sorriu ainda que de forma discreta e voltou para o seu trabalho.
Elena experimentou um misto de esperança e desespero. Olhou de um lado para o outro como quem clama por ajuda. Mas tudo estava vazio. As paredes frias do lugar, provocavam-lhe uma sensação de náusea. Não conseguiria passar por aquela situação sozinha.
Seu coração clamou por Joy. Sabia que precisava apenas tê-la ao lado para tudo parecer mais fácil. Entre tantas outras coisas, Joy tinha o dom de acalmá-la.
Apesar de estar fora dos eixos, ainda era dominada pela razão. Provavelmente Joy já não existia na sua vida. Não como sua amante, sua amiga, companheira...sua cúmplice na arte de viver sem medo. A dor da perda intensificou-se. Muitas perdas em tão pouco tempo.
--Não, eu não perdi a Milanka. Não vou perder a Milanka.
Respirou fundo e percorreu a lista telefónica do telefone.
*****
--Não se importa de repetir, por favor? Não entendi nada.
A expressão de Ethan demonstrava incredulidade e algum nervosismo.
--Mas como? Ela não estava a viajar? Ela foi trabalhar em Boston. Não estou a entender nada. Qual hospital?
O nervosismo aumentava e agora ele batia com uma das mãos sobre a mesa.
--Ela está bem? Chego em alguns minutos. Obrigada.
Desligou.
Fez-se um silêncio cortante. Ele parecia tentar absorver as informações.
--A Milanka está hospitalizada. Parece que ela foi agredida e está em péssimo estado. Ela me disse que ia a Boston...eu não entendi nada. Preciso ir ao hospital...desculpa estragar o nosso jantar ainda mais que...
--Não te preocupes comigo. A Milanka precisa de ti.
--Podes levar o meu carro? Se eu dirigir, sou bem capaz de voar pela cidade e a Milanka precisa de mim vivo.
--Claro! Quem te ligou do hospital?
Saíram às pressas do restaurante enquanto Ethan tentava organizar os pensamentos.
*****
Sem conseguir aguentar o desespero de Ethan diante da situação de Milanka naquela cama de hospital, Elena saiu do quarto alegando precisar de um pouco de ar. Sentia-se completamente exaurida. Tanta coisa em tão pouco tempo...
Milanka permanecia em estado crítico e o prognóstico ainda era reservado. O médico, embora fosse bastante humano e acessível, não dizia nada muito claro.
Ela ainda estava inconsciente e seu aspeto físico denotava algum sofrimento.
Elena tinha alguma suspeita do que poderia ter acontecido, já que sabia da existência de Gennelle e da vida conturbada que mantinha ao lado do namorado abusivo. Mas Ethan, não sabia de nada, sequer da existência de uma irmã. O choque foi abissal.
No desespero, Elena precisou chamá-lo. Provavelmente Milanka não aprovaria tal atitude, mas não tinha outra opção. Precisava de ajuda. Ainda não sabia como Ethan reagiria à enxurrada de novidades e muito menos às mentiras de Milanka. Mas, ele estava lá e no momento era o que interessava.
Deixou o quarto sentido as pernas fracas. Ela inteira estava fraca. Agia e reagia no automático. Precisava de alento, afago. Precisava ser entendida sem a necessidade de abrir a boca. Precisava chorar sem maiores explicações. Sem explicação e ponto.
Cambaleou pelos corredores do hospital e foi parar numa sala de espera. Estava vazia. Respirou fundo e escolheu uma cadeira ao fundo para esconder-se. Encostou a cabeça na parede e fechou os olhos. Sentiu ardor. Apertou os olhos com força. Queria chorar, mas as lágrimas não vinham. Encolheu-se toda e desejou que o tempo voasse e Milanka despertasse.
Ainda de olhos fechados e encolhida, teve a sensação que alguém ocupara a cadeira ao seu lado. Não se mexeu, não queria contato com estranhos. Às vezes as pessoas tinham a mania de iniciar conversas sem sentido, e era tudo que não queria. Permaneceu quieta, praticamente inerte. Uma mão acariciou-lhe os joelhos. Conhecia aquele toque...ou seria delírio? Quem sabe estivesse em transe...
Mais um afago, e era exatamente o que clamava. Abriu os olhos ardidos. Piscou sem acreditar. Num impulso, girou o corpo e caiu nos braços de Joy. Foi abraçada, acolhida. Desabou num choro convulsivo e sem qualquer filtro.
Alguns minutos depois, conseguiu olhar para Joy. Ela limpou-lhe as lágrimas no rosto transtornado. Quis fazer perguntas, mas continuava a chorar ainda que em silêncio.
--Estava a jantar com o Ethan quando telefonaste. Ele ficou aflito e pediu meu apoio. - Disse calmamente.
--A Milanka está muito mal...eu não posso perdê-la.
--Não vais perdê-la. Foca na alegria dela, na alegria de viver...
--É só nisso que penso. Temos tantos planos juntas...aquela doida não vai me deixar sozinha.
--Ela vai ficar bem e não estás sozinha...
--De repente, minha vida ficou de pernas para o ar. Fui buscar paz em casa e voltei com esse vendaval.
--Pensei que fosses demorar mais tempo em Ohio...
--A ideia inicial era essa...desculpa se mal falei contigo, não tinha condições para mais...
--Tudo bem. Eu só ficaria muito preocupada se não me tivesses dito nada.
--Quase fi-lo, mas tenho uma mãe sensata...
Joy sorriu, acariciando a cabeça de Elena que descansava no seu colo.
--Estou muito nervosa, com medo...
--Estás a tremer. Vamos tomar um chá?
--Não te importas de ir buscar? Eu ainda não estou nas melhores condições.
--Queres alguma coisa para comer?
--Não...
--Já volto!
Elena observou Joy até perdê-la de vista e ainda sem acreditar que ela realmente tinha aparecido ali.
--Não sou tão má assim. Era disso que eu precisava...dela.
Abraçou as suas pernas, experimentando uma breve sensação de calmaria.
Joy voltou com dois copos descartáveis e mais uma embalagem que entregou a Elena.
--Não quero comer. - Reclamou.
--Mas vais comer porque eu tenho a certeza que não comes há bastante tempo.
--Nem vou argumentar porque já sei que será em vão.
Joy sorriu vendo que ela abria a embalagem. Elena conseguiu comer mais da metade do croissant.
--Isso mesmo, precisas de energia. - Joy sorriu e apertou-lhe a ponta do nariz.
--Eu preciso de ti. - Disse sem pensar. - Da Milanka, do Mykonos, Melina...- Tentou concertar.
Joy sorriu e Elena mudou de assunto.
--Viste o Ethan pelos corredores?
--Não...
--Estou angustiada.
--Calma, Elena. Estás uma pilha de nervos...calma. - Abraçou-a.
Elena chorou mais uma vez. Estava em frangalhos, mas era tão bom contar com o apoio de Joy. Já não sabia se chorava de dor, ou de emoção de voltar a tê-la por perto. Talvez fosse uma mistura doida de sentimentos.
Algum tempo depois, Ethan encontrou-as na sala de espera. Elena pulou dos braços de Joy e encarou-o expectante.
--Alguma novidade?
--Nada ainda, mas o médico disse que os últimos exames estão melhores. Ele disse que é importante a presença de alguém do circulo dela quando acordar.
--Eu fico aqui. Não saio nem por um segundo.
--Eu também vou ficar. Preciso apenas sair para resolver algumas pendências e buscar meus objetos de higiene.
--Tudo bem, eu fico. Também preciso da minha escova de dentes e de mais um casaco...
--Se quiseres eu posso ir buscar. - Adiantou Joy.
--Tudo bem?
--Sem problemas.
--Joy, a que horas precisas estar no aeroporto?
Elena arregalou os olhos e foi mais uma vez invadida por uma súbita agonia. O coração que já galopava, agora parecia bater no céu da boca.
--Meu voo é ás 5 e meia da manhã.
--Precisas descansar um pouco antes da viagem...
--Durmo no avião. Serão quase 8 horas até Rabat.
--É o trabalho do deserto?
--Umhum...
--Desculpem, vou atender uma ligação.
Ethan saiu e Elena sentou, já que suas pernas mais uma vez estavam trémulas.
Joy também sentou e segurou a mão de Elena entre as suas.
--O que aconteceu com a Milanka? - Perguntou com a voz calma.
Elena relatou o que sabia.
--O Ethan não sabe que ela tem essa irmã e muito menos que a relação é conturbada...- Disse desanimada.
--O Ethan gosta dela e ele é uma pessoa excecional. Ele pode ficar um pouco dececionado por ela não ter confiado, mas, ele não fará julgamentos contundentes. A tua amiga teve muita sorte de ter encontrado alguém como o Ethan...
--Ela merece o melhor.
--Ela tem o melhor, amiga maravilhosa, namorado quase perfeito...
Riram e por instantes a leveza pairou pelo ambiente.
--Ela vai ficar bem. - Joy beijou a cabeça de Elena como sinal de encorajamento.
Elena deixou-se ficar naquele aconchego. Naquele instante percebeu algumas coisas que poderiam provocar algum desconforto, mas, a sensação foi exatamente contrária. Poder contar com aquele afeto, suplantava qualquer desconfiança...
O tempo passou.
Elena abriu os olhos e percebeu que tinha adormecido. Permanecia no colo de Joy e tinha o dorso abraçado. Gem*u e tentou endireitar o corpo.
--Estás cansada...
--E tu deves estar com torcicolo.
Riram.
--Tudo bem. Eu sou forte, ainda que não pareça...
--Ah, eu não tenho dúvidas. Criatura, teu voo?
--Já vou. Só estava á espera que acordasses...
--E se eu não acordasse?
--Sabes que se eu pudesse...
--Eu sei!
--Assumi esse trabalho há algumas semanas e é muito importante...
--Eu te admiro por várias razões, mas a responsabilidade é com certeza algo marcante.
Joy sorriu. Elena ganhou coragem.
--Precisamos conversar...
--Sim, muito. Mas não aqui e nem agora.
--Claro que não. Eu nem teria condições de fazer algum sentido...
--Assim que regressar de Marrocos...
--Eu vou...- Desistiu de concluir.
--Tu vais o quê? - Joy não estava disposta a facilitar-lhe a vida.
--Não sei se devo...
--Fala, grega.
Risos.
--Eu vou sentir muita saudade das tuas loucuras.
Risos.
--E eu das tuas.
--Joy, antes que vás, preciso que saibas que ainda que não tenha ousado pedir, meus anjos me acudiram...
--Hmmm?
--Obrigada por tudo. Por estares aqui quando nenhuma outra presença teria o mesmo impacto.
--Foi uma coincidência quase magica...
Trocaram um sorriso que sim, era pura magia.
--Agora preciso ir. Ainda tenho que voltar para trazer as tuas coisas...
--Não precisas...
--Faço questão. Mas para isso, tenho que ir agora. A Milanka vai ficar bem.
--Eu sei que vai. Ela não é doida e sabe que a grega é chata e persistente e outras coisas...
--Tantas outras.
Sorrisos.
--Vou lá ver se acho o médico...
--Vai correr tudo bem. Se precisares desanuviar, já sabes onde me encontrar.
--Vou me atentar ao fuso horário.
Gargalhadas.
--Adoro teu sentido de humor.
--Mais uma vez, obrigada. Quando voltas?
--Uma semana, talvez um pouco menos...
Encontraram-se num abraço apertado que também era uma despedida momentânea.
*****
Elena regressou a casa depois das primeiras horas da tarde. Estava muito cansada, mas aliviada. Milanka já tinha dado sinais claros de melhora. Ainda não tinha despertado, mas o médico garantira que o pior já tinha passado.
Entrou em casa, fechou a porta e despencou no chão. Precisava telefonar à mãe, precisava comer de forma decente, dormir numa cama, mas não tinha forças. Além do inegável cansaço físico, também sentia-se flutuar numa onda de emoções dúbias.
Teria bastante tempo para refletir...
Sentada no chão da entrada do apartamento e sentindo-se meio morta, notou quando Mykonos aproximou-se. Já lhe conhecia os passos...
De olhos fechados, sorriu.
Ele pulou nas suas pernas e esfregou a cabeça na sua barriga. Elena suspirou e abraçou o gato. Ainda de olhos fechados, sentiu uma lambida numa das mãos e uma presença que claramente não era Mykonos.
Abriu os olhos no momento em que Mykonos deixava a cena e deu de cara com Zayco que latiu.
Claramente uma situação de delírio.
Precisava de banho e cama.
Arrastou-se pelo apartamento e as roupas foram ficando pelo caminho.
Algum tempo depois, o silêncio no quarto era um convite ao merecido descanso. Contudo, precisava entender o frenesi que vinha da cozinha. Mykonos ansiava por um corretivo...
--Esse gato...- Sorriu enquanto dirigia-se à cozinha.
Parou abruptamente tentando entender o que lhe escapava. Zayco?
Eles brincavam e nem notaram a sua presença.
--Estou doida! Cama, Troia.
Saiu dali e dirigiu-se à sala. Precisava dormir, mas estava elétrica.
Escolheu uma música aleatória e sentou-se sobre a secretária. Notou um post it colado na tampa do seu laptop. Pegou-o crente que era algo que ela mesma tivesse anotado.
"Como não posso estar presente, deixo o meu Zayco, para quem sabe, junto com Mykonos, possam amenizar um pouco a tua dor. Se ele der muito trabalho, podes deixá-lo no canil. Essa é a minha forma de dizer que me importo muito contigo. Não sei fazê-lo de outra forma..."
Elena riu. Com mãos trémulas, e coração palpitante, permitiu que as lágrimas corressem soltas. Libertadoras.
Algum tempo depois e ainda sob o efeito de muita emoção, dirigiu-se à cozinha. Lá estavam eles, brincando e sem qualquer sinal de estranhamento. Ela fez um sinal nas pernas que Mykonos já entendia e ele correu para perto. Zayco fez o mesmo. Elena ajoelhou-se e abraçou os dois animais. Já não estava sozinha...
--A tua dona e esses pequenos detalhes de impacto imensurável. Ela sabe balançar-me...essa mulher é incrível...incrível.
Zayco latiu feliz e o coração de Elena experimentou alguma paz.
*****
--Elena, eu não consigo entender os motivos para me esconder essa informação. Ela por acaso acha que minha família é um mar de rosas?
--Entendo o teu desapontamento, mas devemos sempre tentar ver o lado das pessoas. A Milanka tem uma história complexa e a relação com essa irmã é mais complexa ainda. Ela não se abre muito...acho que tem medo de julgamento ou de rejeição.
--Mas eu gosto dela, jamais faria isso. Eu não tenho o direito de julga-la, só queria que ela confiasse mais...
--Ela tem o próprio tempo. Somos muito amigas, mas eu não sei com detalhes os meandros da vida de Gennelle. Sei que em tempos ela foi a alavanca para Milanka ter uma vida melhor e que pelo caminho, perdeu-se. Escolhas erradas...
--Que qualquer um pode fazer. Então não existia viagem a trabalho?
--Pelo que entendi, não. Acho que ela estava tentando alguma coisa com a irmã e que claramente não teve o melhor resultado. Eu sabia desse namorado, mas mais uma vez sem grandes detalhes. A Milanka disfarça muito bem o que sente, ela está sempre feliz e...
--E esconde um emaranhado de conflitos.
Elena bateu com a cabeça. Estava com receio da reação de Ethan diante da real situação.
--Ethan...gostas dela?
--Não te parece óbvio? Há dois dias que moro num corredor de hospital quando tenho empresas para gerir e outras tantas coisas. Estou magoado, mas há muito que aprendi que a vida é complicada demais para sermos donos de uma única verdade. Sim, eu gosto muito dela.
Elena sorriu e levou a mão ao peito.
--Estou mais calma. Estava com medo de ter que lidar com a fera sozinha.
Riram.
--Vou estar aqui. Só lamento pelo fato de ela não ter confiado mais em mim. Talvez eu não tenha demonstrado o quanto me importava...
--Não te martirizes tanto. Eu sou muito amiga daquela doida e ela me esconde muita coisa. Vamos ver se ela já despertou para a vida?
--Vamos!
*****
--Ouviste o que o médico disse? É uma questão de tempo até ela abrir os olhos.
--Eu sabia, essa mulher é forte e adora viver. E eu sou completamente doida por ela. -Elena era pura exultação.
--Ela vai ouvir poucas e boas. - Ethan, fingia-se bravo.
--Mas antes, dê amor, pelo amor de Deus.
Risos.
--Claro! Eu sou um falso cowboy.
--Cowboy da cidade grande.
Risos.
Aproximaram-se do leito de Milanka. Elena segurou uma das mãos da amiga entre as suas e Ethan olhou para cima como quem fala com Deus. De olhos fechados, e cada um á sua maneira, fizeram as suas preces.
Absortos, não escutaram um leve pigarrear.
--Será...será que morri? Essa cena só pode ser o céu...- Disse Milanka tentando abrir os olhos.
Ethan e Elena olharam ao mesmo tempo para ela.
--Aaaahhhhhhhhh.
Elena gritou e quase abraçou a amiga que estava toda quebrada. Foi impedida a tempo por Ethan.
--Aii, cuidado sua maluca.
---Obrigada meu Deus, obrigada.
Elena pulou dentro do quarto.
Ethan beijou uma mão de Milanka.
Ela esboçou um leve sorriso, seguido de um gemid* de dor.
--Estou viva!
--Estás muito viva e vais ter que aturar uma amiga chata e um namorado questionador. - Elena quase gritou.
--Ah, vais! - Ethan, corroborou.
--Será que morri? - Milanka questionou.
--Cala a boca, idiota.
Risos felizes.
Fim do capítulo
Olá,
Venho aqui dizer algumas coisas rsrsrs
A primeira é que esse capitulo ficou pela metade. Ainda tinha mais coisa para ser dita, mas nao estou em condições de prosseguir. Como nao sei quando poderei voltar, resolvi postar o que já estava escrito. Relevem erros, coisas sem sentido...enfim, leiam com o coraçao e nao com julgamento.
As coisas estão bem desafiadoras e agora ( na sexta) testei positivo para o corona. Estou bem, mas os olhos ardem muito e de vez em quando fico muito cansada e meu corpo quer apenas cama. Respirando bem, graças a Deus e que assim continue. Mandem boas energias, agradeço.
Obrigada pelos 300 comentários. Quando estiver melhor, eu respondo.
Ah, estou orgulhosa de mim kkkk, tinha como meta postar 2 capitulos da historia no mês de março e...foram 4. Orgulho dessa mulher kkkkkk
Ah, mais um pequeno grande detalhe...capitulo 28, dia 28 e 28/03 é aniversário da Nadine que inspira o meu pseudonimo, minha amiga de alma. Ah, apesar do covid, ela está feliz e muito grata.
Boa semana a todas e cuidem-se. O virus é invisivel...
Comentar este capítulo:
Olá sua linda! Desculpa pelo atraso, mas fiquei alguns dias sem celular. Diga a Nadine, que não é voce kkkk, que desejo o melhor desta terra e que em todo tempo ela seja abençoada.
E voce escritorapossas estar recuperada da presença desse vírus. Capítulo maravilhoso.
Fica bem!
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manuca
Em: 30/03/2021
Meus parabéns pelo seu níver e por ser essa escritora extraordinária e incrível Nadine...
Melhoras e ótima recuperação pra vc,vc é uma mulher forte e de fibra,com a graça de Deus estará muito melhor jaja...
E muito obrigada por nos prestigiar com histórias maravilhosas,apaixonantes e encantadoras...
Forte abraço e grande beijo...
Resposta do autor:
Muitissimo obrigada.
Bj
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brunafinzicontini
Em: 29/03/2021
Meu Deus, Nadine! Como é que você contraiu esse vírus? Ele é extremamente traiçoeiro... Por favor, cuide-se bem! Estou já rezando pela sua recuperação.
Quanto ao capítulo, nem sei como conseguiu escrevê-lo, mas, como sempre, está perfeito! Felizmente Milanka está resistindo à terrível agressão e, como num passe de mágica, Elena se viu protegida por todo o carinho de Joy. Essa inglesa sempre nos surpreende, mostrando-se maravilhosa a cada momento. A grega fez muito bem em manifestar que a presença de Joy foi uma resposta de seus pedidos aos anjos – e isso foi mais do que uma coincidência mágica, foi um sinal muito forte de que o destino tece sua trama para unir esses dois seres que se amam de verdade.
Querida, saiba que fico em oração pedindo por sua rápida e total cura.
Que Milanka também se recupere!
Beijos,
Bruna
Resposta do autor:
Olá Bruna :)
Já estou melhor, longe de 100% mas melhor a cada dia.
Obrigada.
Bj
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HelOliveira
Em: 29/03/2021
Parabéns e muitas felicidades....mas o presente foi nosso com mais esse capítulo.
Melhoras tenho fé que logo estará bem.
Resposta do autor:
Muito obrigada. Já estou melhor e nao era meu aniversário rsrs
Bj
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Unica
Em: 28/03/2021
Oi autora.....
Adorei o capítulo, muito feliz pela recuperação da Milanka.....
Melhoras autora, que esta doença passe como uma fase e que você volte logo e 100% recuperada.....
Feliz aniversário para esta Ariana sensível, determinada e inteligente.....
Obrigada pelos presentes que tem nos dado a cada ano..... Suas histórias são verdadeiros tesouros para nossas lembranças......????
Resposta do autor:
Muito obrigada. Já estou melhor. Sou capricorniana meu bem rsrsrs, houve uma ligeira confusão com o que escrevi. O aniversário era da minha grande amiga de nome Nadine.
Bj
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Xone
Em: 28/03/2021
Olá N.
Bem, agora o objectivo a matar o bicho, forçaaaa!
Não deixe que o bicho 19 perceba que a autora escreve fantasticamente bem, não vá ele querer ficar para ler as suas histórias. ????
Obrigada por mais este bocadinho de história delicioso!
Rápidas melhoras N.
Resposta do autor:
Olá,
Esse bicho é duro na queda, mas eu sou mais rsrsrs
Muito obrigada. Bjs
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patty-321
Em: 28/03/2021
Parabéns linda. Te envio as melhores energias de cura. Ativo Saúde. Gratidão, estava agoniada pra saber o que aconteceu com a mylanka e tivemos a presença de joy.perfeito.
Resposta do autor:
Muito obrigada. Já estou melhor apesar de algum sofrimento. O aniversário nao era meu rsrsrs
Bjs
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Marta Andrade dos Santos
Em: 28/03/2021
Parabéns e melhoras!
Resposta do autor:
Muito obrigada. O aniversário não era meu.
Bjs
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Mille
Em: 28/03/2021
Olá Nadine
Parabéns e que fiquei boa
E que amizade a Malinka tem heim e um namorado atencioso.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Olá,
Muito obrigada. O aniversário nao era meu, era da minha grande amiga de quem pedi emprestado o pseudonimo rsrs
Bjs
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