Décimo segundo
Lana acordou mais tarde, fazendo suas tarefas matinais e repetindo o sanduiche que Laura tinha lhe feito na noite anterior. Não recebeu notícias de Laura até a hora do almoço, que a avisou sobre estar voltando, então decidiu preparar o almoço. Aproveitou o molho que ela tinha feito para terminar a massa, fazendo outro para si mesma. Buscou por vasilhas após ligar o forno, separando o macarrão entre ambas e despejando os respectivos molhos, preenchendo com queijo e colocando no forno. Pensou em lavar a louça, mas ouviu a campainha. Ficou parada por alguns instantes, sem saber se deveria abrir uma vez que não era sua casa. Suspirou indecisa, mas acabou atendendo, surpresa quando viu Madson.
—Como diabos você conseguiu esse endereço? — Foi a primeira coisa que conseguiu perguntar.
—Eu insisti para Daph me dar, mas juro que é uma emergência. Por que está com a pele vermelha?
—Tive um acidente com pimenta, mas logo deve desaparecer.
—Pimenta? Oh, não. Há quanto tempo está com sua namorada? Ela está tentando te matar? — Ela se aproximou, tocando seu rosto.
—Oficialmente? Uma semana.
—Uma semana? Impossível. Vocês não parecem ter uma semana.
—Qual a emergência, Mad? — Ela afastou sua mão, apoiando-se no batente da porta.
—Você vai provavelmente me xingar. — Ela tateou os bolsos e mostrou a metade de uma chave. — Quebrou na porta. Agora preciso de uma cópia para fazer outra fechadura.
—Você continua um desastre. Quantas fechaduras tivemos que trocar em Nova York porque você faz força demais?
—Eu perdi as contas.
—Claro que sim. Para a sua sorte estou com o chaveiro. Mas me entregue uma cópia amanhã, está bem? Em caso você quebre de novo.
—Claro.
—Vou te deixar entrar, Iori não está em casa. Mas se comporte.
Madson somente riu, seguindo-a para dentro e fechando a porta, olhando ao redor enquanto esperava que ela fosse buscar a bolsa na sala. Andou alguns passos, curiosa com o ambiente, percebendo fotos no caminho para a sala, reconhecendo Iori nelas, mas surpreendendo-se ao encontrar a mulher que viu no carro há alguns dias.
—Lana... sua namorada tem uma... — Ela estreitou os olhos ao notar uma foto em que elas se olhavam de maneira mais intensa e apaixonada, chocando-se. — Namorada? — Ela se virou para Lana, que tinha parado ao lado do sofá com a chave em mãos, o rosto empalidecendo. — Lana?
—Você tinha que ficar xeretando a casa delas. — Falou num suspiro cansado. — É melhor ir embora, Madson.
—Você sabia disso?
—Madson, eu não te devo qualquer satisfação. — Ela suspirou com impaciência, recuperando-se do susto e caminhando em direção a entrada. — Por favor, saia.
—Qual é Lana. O que está acontecendo aqui? — Madson a seguiu, segurando seu braço para atrair sua atenção. — O que você está fazendo com essas duas?
—O que você acha, Madson? Eu estou com elas.
—De que forma? Você disse que está namorando com Iori, mas ela está com outra pessoa. Como isso é um relacionamento para você, Lana? Você enlouqueceu?
—Eu estou namorando com ambas, Madson. — Ela soltou seu braço, estendendo a chave. — Você sequer precisa entender isso.
—Com ambas? Você não pode namorar duas pessoas que já namoram, você seria o que? A amante ou uma diversão fixa?
—Você me conhece melhor que isso para achar que me meteria nisso sem saber o que estou fazendo. Agora pegue a chave e vá, Laura não vai gostar de te ver aqui.
—Oh, Deus. Você deve ter enlouquecido de vez. Lana quantos anos você tem? Você não é mais uma adolescente para acreditar nessas histórias. — Ela pegou a chave, mas não se moveu para sair, alterada com os fatos. — De onde você tirou que um namoro existe entre três pessoas? Elas estão te usando e vão te chutar tão logo cansarem de você. Não foi exatamente isso que fizeram por dois meses?
—Você não sabe de nada Madson.
—Não? Qual é Lana. Quer realmente trocar nossa relação de anos por uma aventura com um casal que só quer se aproveitar de você? Você é mais esperta que isso.
—Elas podem ter diversão com quem quiserem, Madson. Se fosse só isso por que teriam vindo atrás de mim? — Seu rosto se tornou mais vermelho pela raiva.
—Não seja estúpida em achar que você é a única. — Ela pausou, ouvindo o som da porta da garagem ser acionada. — Vem embora comigo Lana. Para de se iludir com essas duas. Elas podem te prometer o mundo agora, mas sequer tiveram a decência de decorar sobre suas alergias. Você podia ter morrido na quantidade certa.
—Pare com isso. — Seu tom perdeu a força à medida que seus olhos arderam as lágrimas que tentava segurar.
—Você sabe que tenho razão. Onde elas estiveram todo esse tempo Lana? Dois meses e você se vendeu a elas como uma prostituta sem pensar uma segunda vez?
—Retire o que disse. Por Deus Madson, retire o que disse agora. — Ela agarrou a gola da sua camisa e a empurrou contra a porta. — Retire o que disse ou eu juro que perco o resto da minha paciência com você.
—Como você quer que eu retire isso Lana? Você sabe que tenho razão. Para que se rebaixar dessa forma? Se elas se importassem com você estariam aqui. Elas te envenenaram com a pimenta e sequer estão aqui para cuidar de você.
—O que está acontecendo aqui? — Laura foi a primeira a adentrar no ambiente, tentando entender o tom alterado de ambas. — Lana, o que ela está fazendo aqui?
—Vá embora Madson. — Lana afastou as mãos e se afastou. — Você já tem a chave. Agora vá.
—Vocês deviam se envergonhar de envolver Lana numa situação dessas. — Madson olhou para o casal, que ainda estudava a cena. — Por que envolver uma pessoa e a iludir da forma que estão fazendo? Cansaram do sex* casual e decidiram se divertir as custas dela?
—Agora você passou de todos os limites Madson. — Iori falou em tom irritado, só então Lana se virou, percebendo sua presença. — Você não tem o direito de vir debaixo do nosso teto fazer acusações ridículas a nosso respeito. Saia daqui agora ou chamarei a polícia.
—Polícia? Ótimo, chame. Vamos ver quanto tempo dura a encenação de vocês se houver um grande evento na porta de vocês para chamar a atenção dos seus vizinhos.
—Madson cale a boca e vai embora. — Lana abriu a porta e gesticulou para que saísse. — Estou cansada dessas discussões. Eu não te devo satisfação nenhuma. Estamos separadas você assinando o divórcio ou não. Agora chega. Você passou do limite do ridículo dessa vez. Você não tem o direito de vir aqui e fazer esse papel.
—E você vai continuar se diminuindo como se precisasse das migalhas dessas duas? Você já foi mais inteligente e mais segura que isso para precisar se humilhar numa relação que elas nunca te levarão a sério.
—Já chega. — Laura agarrou seu pescoço com uma mão, com fúria, então desferiu o primeiro soco em seu rosto, deixando-a cair no chão. — Você não vai desrespeitar nenhuma delas na minha frente. Você só teve sorte que não quebrei sua cara antes.
—Laura! — Lana ficou parada no lugar, sem saber o que fazer, surpresa com a repentina explosão de raiva dela.
—Mas vir na minha casa? — Laura a segurou no chão ao projetar seu corpo sobre o dela, sustentando a raiva nos olhos verdes. — Você está morta.
Iori somente piscou antes de avançar, tentando puxar a companheira pelos ombros, mas não impediu o segundo soco que ela acertou no rosto de Madson, o estalo audível em sua proximidade. Lana se lançou à sua frente quando viu sangue nos lábios de Madson, percebendo que Laura erguia a mão para continuar. Ficou à frente de Laura, segurando seus ombros e enfrentando a fúria que torcia seu rosto e mantinha seu corpo firme e tenso.
—Você vai proteger essa mulher depois de tudo? — Laura a encarou com frustração.
—Estou protegendo você de cometer uma loucura. — Lana continuou segurando seus ombros, sentindo as mãos de Madson segurarem sua blusa nas costas. — Chega, Laura. Não é assim que resolvemos as coisas.
—Ela tem razão querida. Já chega. — Iori falou em seu ouvido, movendo as mãos pelos seus braços e os abaixando. — Por favor, pare. Lana, tire ela daqui. — Ela manteve os olhos em Lana, indicando a mulher atrás de si.
Lana assentiu, lentamente indicando para que Madson se levantasse antes de fazer o mesmo, Iori aproveitou para afastar Laura, segurando sua cintura para a impedir de avançar outra vez. Lana levou Madson para fora, só então Iori se moveu para ficar em frente a Laura, segurando seu rosto para atrair sua atenção, buscando suas mãos e acariciando, sem encontrar nenhum ferimento visível.
—Eu perdi a cabeça, você não precisa dizer. — Laura falou em tom áspero, voltando seu olhar para a porta. — Ela não vai voltar.
—Você devia se concentrar em dar motivos para ela ficar. Não dar munição para Madson colocar dúvidas na cabeça dela. Qual é Laura. Aquela mulher conhece Lana por anos, Lana tem todos os motivos para achar que somos malucas agora.
—Eu não ia ficar parada ouvindo aquela idiota ofender a nós e a Lana debaixo do nosso teto sem fazer nada.
—Você devia parar no primeiro. Eu te pedi para não fazer nada. Que saco, Laura, você disse que não faria nada para afastar Lana. O que acha que isso vai ocasionar?
—Eu não sei. Mas está feito e você sabe que aquela vadia mereceu.
—Pare com isso Laura. — Iori suspirou, cansada, soltando suas mãos. — Está sentindo esse cheiro?
—Comida. Eu vou olhar, ela deve ter feito algo.
Iori moveu a cabeça para concordar, afastando-se e seguindo para a porta enquanto Laura ia para a cozinha. Lana esperou que Madson tivesse ido embora, praguejando sozinha antes de voltar para a casa, encontrando com Iori na entrada.
—Eu sei que queria te fazer uma surpresa sobre voltar mais cedo, mas acho que as coisas saíram do controle, não é?
—Eu diria que fomos surpreendidas, mas você não pareceu nem um pouco surpresa.
—Não, eu não estava surpresa. Não é a primeira vez. — Iori suspirou e se aproximou, saindo da casa e ficando do lado de fora, decidindo receber o ar gelado para ficar perto de Lana. — Madson estava bem?
—Assustada, ao menos nisso concordamos. Mas agora ela me odeia porque eu continuo aqui.
—Então você não vai embora? — Perguntou com expectativa.
—Acho que Laura ainda merece uma chance para se explicar. Eu só queria respirar um pouco antes. Ela está mais calma?
—Eu só respondo isso mediante suborno. — Ela abriu os braços, esperando que ela se aproximasse.
—Oh, que movimento sujo o seu. — Lana sorriu mais relaxada, mas não hesitou em a abraçar, prendendo-a em seus braços com mais força, aspirando seu cheiro e aproveitando a proximidade. — Oh, eu realmente senti sua falta. Você não pode simplesmente me chamar de volta e viajar por tanto tempo.
—Foi somente uma semana. — Iori beijou seu pescoço e acariciou entre seus cabelos. — Mas eu quis estar aqui todos os dias.
—Da próxima vez eu vou com você. Não te deixarei trabalhar e você seria obrigada a voltar logo.
—Estou aqui agora. E estou feliz que você tenha decidido ficar.
—Como eu poderia ir se você acabou de chegar? — Lana a olhou nos olhos, inclinando-se para beijar seus lábios, aprofundando o beijo e a mantendo perto, relembrando seu beijo e seu gosto, apreciando seus toques até que ela se afastou para olhar em seus olhos, segurando suas mãos.
—Você não acha que te manteremos escondida, não é? — Iori continuou olhando em seus olhos, buscando por qualquer sinal de dúvida.
—Eu nem pensei nisso, Sasaki. Vocês têm sido tão abertas e maleáveis comigo. Eu não vejo motivos para pensar que me esconderiam atrás de uma colega de trabalho ou algo parecido.
—Não. Você é minha namorada da mesma maneira que Laura é. Só nos dê um pouco de tempo para anunciar a nossa família.
—Não estou preocupada com isso agora.
—Tudo bem. Sua alergia melhorou?
—Estava melhorando. Não sinto mais nenhum incômodo e as manchas vermelhas quase sumiram.
—Então já posso começar a fazer minhas próprias marcas. — Ela sorriu, fazendo-a rir.
—Ei, pássaros apaixonados, vocês não deviam ficar aqui fora. — Laura apareceu na porta, olhando entre elas e parando em Lana. — Você não está nem usando um casaco ou sapatos. Venha para dentro.
—Depende. Aí dentro a casa está quente ou é somente sua cabeça que fritou seus miolos? — Lana se afastou de Iori para encarar a mulher mais de perto.
—Lana... — Iori tentou intervir, mas Laura fez um gesto para que deixasse.
—Ela tem razão, eu exagerei. — Admitiu. — Mas o que esperava que eu fizesse? Ela estava em minha casa provocando a mim e dizendo loucuras sobre você e Iori.
—Não justifica você tentar quebrar a cara da minha ex mulher. É loucura você fazer isso, e me assusta saber que já fez isso antes.
—Eu tive meus motivos. Se quiser ouvi-los, a casa está quente e sua massa está cheirando bem demais para desperdiçar.
—Escutarei. Mas saiba que o ciúmes de vocês duas está tornando esse divórcio cada vez mais longe de ser simples e rápido. Se não conseguem se controlar por mim, se controlem por minha casa, porque Madson pode me fazer vendê-la se esse divórcio não sair por bem.
Ela entrou na casa, Laura estreitou os olhos para Iori, que balançou os ombros sem entender. Ambas entraram e seguiram Lana até a cozinha, que começou a buscar por pratos para servir a massa. Ambas a ajudaram, levando a louça para a mesa.
—O que quis dizer sobre Madson tomar sua casa? — Laura questionou com cautela, trazendo uma das vasilhas. — Você casou com comunhão de bens?
—Sim. Naquela época eu não tinha nada, Madson tinha medo de herdar os genes da família e desenvolver câncer de mama. — Ela suspirou, sentando ao lado de Iori e deixando a ponta da mesa para Laura. — Ela ainda fez a cirurgia de retirada dos seios, fizemos o impossível para tirar esse medo da cabeça dela, mas ela quis que casássemos assim para caso ela viesse a ter o câncer, eu ficasse com a academia.
—Oh... — Iori a olhou, tocando sua perna. — Sinto muito por ela.
—Não se preocupe com isso. Ela não tinha muitas chances de desenvolver o câncer, ela só ficou muito neurótica sobre isso.
—Ela só... Não parece esse tipo de pessoa.
—Pode parecer que ela seja uma idiota e cretina, ainda mais depois de hoje, mas ela não é assim sempre. Eu não teria ficado casada por tanto tempo se ela fosse assim sempre. — Ela pausou para começar a servir ambas. — Nunca precisei pensar sobre como seria uma separação. Eu abri mão da academia no acordo do divórcio porque é o negócio dela. Abri mão de tudo que tínhamos em Nova York. Mas eu sabia que ela surtaria depois que soubesse sobre vocês.
—Ela falou algo sobre tirar sua casa? — Laura perguntou antes de dar uma garfada na massa e colocar na boca.
—Ela falou para eu repensar minhas escolhas. Que não deixaria as coisas como estavam nem que tivesse que me tirar tudo.
—Ela te ameaçou. — Iori continuava a olhar para ela, incrédula. — Você acha que ela faria isso?
—Não se eu conseguir falar com ela. Essa semana estávamos conversando e estávamos bem. Ela finalmente tinha entendido que nossa relação acabou. Ia assinar os papéis. Agora eu não sei como ela quer acabar com as coisas. — Ela olhou para Laura e então de volta para Iori. — Vocês precisam entender que quando digo que eu lido com Madson é porque sei como fazer isso. Não me incomoda que queiram me ajudar nisso ou que queiram marcar sua presença ao meu lado, está tudo bem. Mas continuar interferindo dessa forma como foi hoje ou respondendo às provocações dela só vai ser pior.
—Nós estamos atrapalhando seu divórcio. — Laura constatou, Lana somente moveu a cabeça para concordar. — Sinto muito sobre isso, no fundo não é minha intenção acabar atrapalhando sua separação, pelo contrário. Eu sempre quis que isso acontecesse o mais rápido possível para você não ter vínculos legais com ela.
—Eu sei. Mas se querem me ajudar nisso, fiquem ao meu lado. Não tomem esses tipos de inciativas como fizeram hoje.
—Você tem minha palavra que não farei mais nada que interfira em sua relação com Madson. — Iori se prontificou, segurando sua mão em seu colo. — Por mais difícil que seja, eu só farei algo se você quiser que eu faça.
—Para mim é o suficiente. — Ela olhou para Laura e respirou fundo, mantendo a paciência. — Por favor, não comece uma briga outra vez. Você podia ter machucado Iori no processo, ou a mim, e eu garanto que não estaria tudo bem se acontecesse.
—Eu sei. — Falou em tom desconfortável, desviando o olhar.
—Laura... Por que fazer isso?
—Por que não fazer? Eu não sou o tipo de pessoa que escuta esses tipos de provocações e não faz nada.
—Não é não fazer nada, é se controlar. Madson nunca iria tentar bater em você ou em Iori. Eu sei que as provocações dela hoje foram irritantes, mas o que importa o que ela pensa sobre nossa relação, Laura? Deixe que ela pense o que desejar, que fale o que quiser, contanto que você saiba que não é verdade e não deixe isso te atingir, nada que vier dela vai nos abalar.
—O que ela estava fazendo aqui para começar? Como ela sabe nosso endereço?
—Bem, isso foi um pouco minha culpa. — Suspirou, cansada, começando a comer o macarrão, gesticulando para Iori fazer o mesmo.
—Eu quero o seu. — Ela sorriu em sua direção, indicando seu prato.
—Meu molho, ou... — Lana levou parte da massa em direção aos seus lábios, sorrindo quando ela aceitou e comeu, entendendo o que ela queria, repetindo o gesto. — Melhor assim?
—Delicioso.
—É um prazer te servir, meu amor. — Ela se inclinou para beijar sua têmpora antes de voltar a atenção para Laura. — Eu estou deixando Madson ficar no meu antigo apartamento, mas ela sempre quebra a chave na fechadura, então veio buscar minha chave reserva. Apenas Daphne tem esse endereço em caso de emergência.
—Ela quebrou a chave na fechadura? — Iori riu enquanto mastigava. — Desculpa, mas isso é muita estupidez para ficar repetindo.
—E eu não sei? Tivemos que mudar de fechadura tantas vezes em NY. De qualquer forma, achei que fosse ser rápido, eu não devia ter deixado ela entrar. Poderia ter evitado muita coisa.
—Talvez. Eu só não gosto do fato dela saber onde moramos agora. — Laura suspirou com irritamento, mas somente continuou a comer.
—Você é muito teimosa para entender o que estou te pedindo. Eu não vou insistir nesse assunto.
—É simples resolver isso. — Iori olhou para Laura com ar mais sério. — Se você voltar a se meter numa briga, sendo com Madson ou outra pessoa, eu não vou ligar para Hiroshi, você vai perder seu trabalho e ficar na cadeia.
—Eu não me importo com Hiroshi. — Respondeu em tom seco.
—Vai se importar se estiver toda quebrada numa cadeia. Não me provoque, Laura. Eu sempre te pedi para se controlar. Como você quer gerar uma criança sem ter um mínimo de controle?
—É diferente.
—Não é. — Lana falou com paciência, mas estreitou os olhos quando recebeu o duro olhar dela. — Se você não tem um mínimo de controle como pretende dar algum exemplo para uma criança? Ou você quer ensinar seu filho a perder o controle numa discussão e resolver no soco?
—Eu nunca ensinaria isso ao meu filho.
—Então pare de agir assim, porque ele não vai te escutar se ver que você faz o contrário do que ensina a ele.
—Lana tem razão. Não é assim que vamos criar nosso filho. E não é por brigas que vamos fazer Lana perder a casa dela ou qualquer outra coisa. — Iori estendeu a mão sobre a mesa em sua direção. — Eu sei que é difícil para você, mas vamos buscar uma forma de controlar isso. Juntas.
—Eu vou deixar claro que não gosto nem um pouco disso, mas se é para ficarmos em paz, eu aceito melhorar isso por vocês, e por nosso futuro filho. — Ela aceitou a mão de Iori, olhando entre ambas.
—Então vocês estão mesmo querendo um filho e me querem aqui nesse momento? — Lana perguntou lentamente, sentindo-se cautelosa com o assunto delicado, mas Iori acabou sorrindo para ela, abrindo a boca para continuar sendo alimentada.
—Foi um dos tópicos que Iori e eu discutimos sobre você. Estávamos esperando para conversar sobre isso com você para não apressar as coisas. Mas você parece sempre tão disponível para lidar com os assuntos mais difíceis, acho que não tem problema fazermos isso agora, querida? — Ela buscou pelos olhos de Iori, que somente riu, balançando a cabeça enquanto mastigava a nova porção.
—E para que ponto essa discussão foi?
—Bem, você quer ter filhos.
—Sim, eu quero.
—Nós também. Não amanhã ou em nove meses, mas em breve? — Ela acabou sorrindo quando Lana riu. — O fato é que queríamos saber se você iria querer ter um filho conosco, senão podemos definitivamente pensar mais a fundo sobre isso.
—Nós três seriamos mães?
—Sim, essa é a ideia.
—Vocês sabem que se estão pensando em adotar, essa ideia de sermos três vai dificultar ainda mais a tarefa.
—Não se preocupe com isso. Minha família tem contatos no Japão. Conseguiríamos uma criança sem grandes problemas. — Iori alegou com naturalidade.
—Eu estou começando a ter medo de perguntar que tipo de contatos você possui, Sasaki. A Yakuza está na sua lista telefônica?
—Não ainda, mas quem sabe?
—Eu devo saber quem é Hiroshi?
—Amigo de minha família na polícia. Ele conseguiu encobrir as confusões de Laura para que ela não fosse fichada com essas brigas.
—Parece útil.
—De qualquer forma, eu posso sempre gerar por inseminação. — Laura voltou ao assunto. — Seria menos burocrático.
—E basta assinarmos um documento alegando que nós três somos as responsáveis legais. — Iori complementou.
—Okay, mas como nosso relacionamento seria reconhecido como oficial diante da lei? Digo, sendo vocês duas é mais fácil. Basta casar ou serem reconhecidas como uma união estável porque moram juntas.
—Você e Laura poderiam definitivamente casar, eu prefiro ficar com a parte do papel.
—Estou falando sério. Legalmente só aceitariam a união de duas pessoas.
—Mas não precisamos disso para reconhecerem o filho como nosso. Entende? Estaríamos vivendo na mesma casa, compartilharíamos dos mesmos direitos sobre a criança.
—Eu gostei da parte que podemos nos casar e ainda teríamos uma criança entre nós. — Laura sorriu para Lana, que sentiu as bochechas esquentarem diante da implicação de sua observação.
—Vocês duas são tão apressadas. — Lana olhou entre ambas. — Eu não acho ruim a ideia de termos um filho. De morarmos juntas e termos um contrato de união e de reconhecimento da criança. Mas devagar. Sei que já planejam isso a algum tempo, mas vamos tentar aproveitar o que estamos construindo agora.
—Desculpa se parecemos desesperadas sobre isso, querida, mas estávamos preocupadas se por acaso você não gostasse da ideia. — Iori falou com suavidade, voltando a segurar sua mão. — Mas já estou aliviada que você ao menos tentaria.
—Eu disse que são poucas as coisas que não aceitaria fazer. Não me referia só ao que podemos fazer na cama, mas de maneira geral.
—Eu falei que ela é bastante livre para discutir essas coisas, querida. — Laura sorriu para a companheira. — Temos sorte de a ter aqui.
—Nós realmente temos.
—Parem com isso, ou combinaram de me deixarem sem graça durante o almoço? — Lana olhou entre ambas, sorrindo com suavidade. — Comam antes que esfrie!
—Sim, senhora. — Ambas falaram juntas, fazendo-a rir.
Fim do capítulo
Olha, não é que deu briga mesmo? hehe
Sintam-se livres para comentar, criticar, acrescentar :D
Atualizações toda quinta e domingo ;)
Comentar este capítulo:
Lea
Em: 03/08/2021
Laura cabeça quente,mas ainda é minha preferida!! Será que Madson irá abrir uma ocorrência contra Laura?? E o divórcio,como a Lana falou,pode ser mais difícil consegui-lo depois dessa confusão.
Resposta do autor:
ahahahah mais uma pra lista de preferências, Laura.
Sim, divórcio a um passo a mais de distância :(
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