Terceiro
Lana voltou a entrar no ambiente, silenciosamente aproximando-se enquanto observava o momento do casal, sem saber o que fazer. Não sentiu o incômodo que achou que sentiria quando visse a cena, mas se chutou mentalmente por não poder fazer nada, julgando que pela recusa de Laura mais cedo seria um sinal para manter distância. Então se sentou devagar na banqueta e respirou fundo, optando por manter o bom humor.
—Oh, não me tentem. Eu vou acabar me juntando a festa. — Falou em tom de brincadeira, ainda que sentisse a vontade de fazer exatamente isso.
—Lana! — Iori se afastou de Laura, rindo quando a olhou do outro lado do balcão. — Que passos de gato você tem.
—Não se importem comigo, continuem! Vocês formam um belo casal.
—Voyeur, hm? — Laura questionou enquanto abraçava a cintura de Iori pelas costas.
—Por que não? — Lana sorriu, olhando entre ambas. — É uma arte que gosto de apreciar.
—Então podemos oferecer diversão gratuita para você. — Sorriu enquanto deslizava uma mão pelo abdômen de Iori, desabotoando os três botões do seu colete.
—Oh não, não a incentive. — Iori parou suas mãos e se afastou. — Ela adora se exibir. E por mais que você adore assistir, eu iria preferir estar tocando você também.
—Eu não iria me incomodar com isso também. — Sorriu quando ela contornou o balcão, virou-se para recebê-la, tendo sua cintura envolvida. — Vê? Ainda melhor.
—Não podia concordar mais. — Iori selou seus lábios enquanto suas mãos deslizavam da cintura para as pernas dela, pressionando os dedos em suas coxas. — Eu pedi doces japoneses, mas só porque minha família faz os melhores e eu estava sem tempo de fazer isso, então espero que goste da mesma forma.
—Não se preocupe com isso. Eu sou simples e casual na cozinha.
—Eu gosto disso também. Querida, você pode pegá-los? — Ela olhou para Laura sobre o ombro de Lana.
—Claro. Levo para a mesa?
—Não, pode colocar no balcão.
—Sasaki, você pode pegar minha bolsa no seu carro? Acho que deixei meu celular lá e eu prefiro checar como Daph está.
—Claro. Mas você pode pronunciar meu nome aqui, meu amor.
—Você prefere?
—Não sei, diga uma vez.
—Iori. — Falou mais baixo, sorrindo ao fim com o som.
—Você nunca falou meu primeiro nome. — Relembrou, movendo as mãos pelas suas pernas de volta a sua cintura. — Agora diga meu último nome.
—Sasaki. — Falou com maior naturalidade.
—Temos um vencedor. — Laura posicionou a bandeja com os doces sobre o balcão, pegando um deles para comer.
—Você pode me chamar das duas formas. — Iori alegou, inclinando-se para apoiar o corpo no seu, aproveitando os beijos que recebeu no pescoço, fechando os olhos por um momento quando sentiu um arrepio. — Mas meu sobrenome sai tão bem de sua boca.
—Oh, então será Sasaki que vai ouvir. — Lana afastou o rosto para a olhar, movendo os dedos pelo seu maxilar.
—Bom... Então... Celular. — Falou pausadamente, buscando se concentrar no que deveria fazer, ainda que sentisse seu corpo protestar tão logo se afastou, olhando para Laura a abrir a garrafa de vinho com um sorriso malicioso nos lábios. — Eu já volto.
—Então... Se importa de dividir? — Laura indagou após Iori se afastar, enquanto servia uma taça.
—Não, nem um pouco.
—O vinho, pombo apaixonado. — Isso atraiu a atenção de Lana de volta a si, finalmente percebendo ao que ela se referia. — Iori já está sendo compartilhada.
—Oh, desculpa, eu não estava querendo dizer isso. — Ela enrubesceu com a situação que se colocou.
—Você estava. Mas não é algo que devia se desculpar. Você está fazendo ela feliz. E você também está pelo que vejo.
—Sim, mas...
—Mas?
—Mas o que estou fazendo de errado? — Ela voltou a olhar em seus olhos, buscando alguma resposta.
—Errado? Nada, você está fazendo tudo certo. Está sendo você.
—E não é o suficiente para você?
Laura inclinou a cabeça, entendendo a questão. Contornou o balcão e sentou ao lado dela, estendendo a taça e esperando que ela bebesse um gole antes de beber também.
—A culpa é minha, estive olhando para onde não devia. — Falou devagar, usando a outra mão para acariciar seu rosto. — Eu não estive sendo eu mesma. Peço desculpa por isso.
—E por que não? — Sua voz se tornou mais baixa, aproveitando o contato. — Teria mudado algo se eu não tivesse te afastado na outra semana? Isso te deixou frustrada comigo?
—Não, não, não. Você fez o que achou certo. Iori e eu quem devíamos ter deixado claro desde o início.
—Então?
Laura deixou a taça no balcão e se inclinou na sua direção, encostando a testa na sua. Lana moveu a mão para a tocar de volta, mas acabou batendo os dedos na taça, o líquido derramando entre ambas. Laura se afastou quando sentiu a camisa molhar, ouvindo o som do vidro se partindo.
—Droga... desculpa! Eu não quis fazer isso. — Lana se apressou em dizer, pegando o pano que encontrou sobre o balcão para pressionar na barriga dela, mas sabia que já tinha manchado.
—Ei, relaxa. É só uma camisa.
—Uma bonita.
—Concordo. Mas ainda uma camisa. — Ela pegou o pano de suas mãos e passou nas pernas dela, molhadas com o vinho, observando um sorriso se abrir nos seus lábios.
—Eu posso consertar. Você tem vinagre de vinho branco?
—Tenho.
—Então esquenta um pouco de água e me dá uma vasilha. Posso impedir que fique manchado.
—Está bem, mas fique aqui. Tem vidro no chão. Vou pegar algo para limpar.
Lana não insistiu em ajuda-la porque tinha retirado o sapato durante o jantar, então assistiu enquanto Laura colocava água para ferver e voltava ao seu lado para pegar os cacos de vidro. Iori voltou nesse meio tempo, olhando entre ambas enquanto ainda falava no celular de Lana, buscando entender o que acontecia antes de a entregar o aparelho.
—Estava tocando quando peguei sua bolsa, vi que era Daphne e que tinha outras ligações dela. Achei que era importante. — Iori explicou. — Ela estava me explicando o que era um SOS.
—Oh, então é um SOS?
—Sim, ela falou que era de grau um.
—Oh, não. Isso é terrível. — Ela pegou o celular e levou a orelha enquanto Iori pedia explicações a Laura. — Quando isso aconteceu, Daph?
—Há uma hora. — Ela respondeu do outro lado. — Ela simplesmente apareceu aqui, fez Jennifer ir embora e está reclamando da bagunça há meia hora.
—Ah, que maldição. Eu devia ter imaginado.
—Me salva!
—Claro, claro. Quem sabe o que ela pode fazer com você? — Lana riu sutilmente, ouvindo a garota bufar do outro lado.
—Ela está planejando roubar sua cama.
—Ah, isso já é passar dos limites. Eu chamo um carro e volto para casa daqui a pouco, tudo bem?
—Desculpa interromper o encontro. Mas sua nova namorada é muito simpática.
—Nisso eu tenho que concordar.
—Te vejo daqui a pouco então.
—Se comporte.
—Te digo o mesmo!
—O que eram todos esses códigos? — Laura perguntou com curiosidade. — É uma linguagem própria entre vocês?
—Sim, achei útil em caso houvesse uma situação que não pudesse falar muito. — Lana explicou enquanto abria o aplicativo de motoristas. — No caso a mãe dela voltou de viagem sem qualquer aviso e está criando uma desordem no apartamento. Então tenho que voltar antes que ela decida ficar com minha cama.
—Eu posso te levar. — Prontificou-se, comendo mais um dos doces.
—Oh, não se dê ao trabalho. Eu já causei estragos demais. — Ela pousou o celular no balcão e desceu do banco, indo até o casal do outro lado. — Eu já chamei um Uber. Agora me dê a camisa.
—Quanto tempo temos? — Iori pegou seu celular do balcão, ouvindo o riso dela. — Oh, não muito, mas acho que dá para conseguir alguma coisa.
—Não seja apressada, teremos tempo. — Garantiu enquanto desabotoava os botões da camisa de Laura. — Se ainda quiserem levar isso adiante, não vejo porque não nos encontrarmos outra vez. — Ela olhou nos olhos da mulher a sua frente, analisando sua reação enquanto retirava sua camisa lentamente.
—Bem, garanto que pode ser melhor. — Laura abriu um sorriso quando ficou sem a camisa, apreciando enquanto os olhos de Lana percorriam sua carne, marcada com tatuagens.
—Oh, La Muerte. — Observou, movendo um dedo sobre a figura mais recente. — Você tem belas tatuagens.
—Só as tatuagens?
—Não, hottie, não só as tatuagens.
Lana se virou e colocou a camisa dentro da vasilha, colocando a mistura de vinagre, sal e detergente sobre a mancha. Iori se aproximou e segurou uma de suas mãos para atrair sua atenção.
—Então posso te dar um beijo de boa noite?
—Você sequer precisa perguntar.
Iori envolveu sua cintura e colou seus lábios, penetrando a língua em sua boca sem hesitar enquanto Lana envolvia a mão entre seus cabelos para mantê-la perto. Lana ainda usou a outra mão para buscar por Laura e a manter ao lado delas, a morena não se demorou em se aproximar, inclinando-se para depositar beijos em seu pescoço.
Iori não se conteve em mover as mãos no corpo de Lana, pressionando os dedos em suas nádegas, arrancando um sutil gemido dos seus lábios, mas não a impediu de continuar. Laura moveu a mão pelo seu abdômen até chegar em seu seio, raspando os dentes na pele do seu ombro. Lana mordiscou o lábio inferior de Iori enquanto deslizava as unhas pelo abdômen de Laura, sentindo-o contrair e sua respiração travar enquanto os dedos de Iori pressionavam mais forte em sua carne. O carro buzinou lá fora, ela riu baixinho, sem se mover.
—Nunca odiei tanto o som de uma buzina. — Iori praguejou, deslizando as mãos pelo corpo dela até seu rosto, acariciando seu maxilar. — É uma pena que tenha que ir.
—É bom não acelerar as coisas. — Lana olhou entre ambas. — Eu preferiria avançar esse passo quando estivermos melhor estabilizadas entre nós.
—E o que isso significa? — Laura perguntou, beijando sua têmpora.
—Significa que quero conhecer vocês além do primeiro encontro. — Ela olhou para Laura, segurando uma de suas mãos. — Conhecer você, de verdade.
—Bem, nós podemos fazer isso. — Iori falou, olhando para Laura em busca de confirmação.
—Sim, iremos fazer assim. — Laura concordou, ouvindo o som da buzina outra vez. — Acho que te vejo amanhã?
—Sim, eu te espero lá. Se quiser aparecer também, Sasaki, estarei livre pelo almoço, depois eu não posso garantir, costumo ficar com Daph. — Lana se afastou, olhando mais uma vez entre ambas antes de seguir para a sala, pegando sua bolsa de ginástica.
—Ah, domingo a mãe de Laura sempre nos quer lá para um almoço com a família uma vez ao mês. — Iori falou enquanto a seguia. — Então podemos tentar marcar algo durante a semana.
—Claro, vamos combinar algo. — Ela parou na porta, girando o trinco.
—Eu te levo até o carro.
—Eu adicionei meu número na sua agenda. — Laura falou ao parar a sua frente, entregando seu celular. — Espero que tenha gostado do jantar.
—Oh, eu adorei. Você cozinha muito bem. Obrigada por tudo.
—É meu prazer. Tenha uma boa noite.
Lana se inclinou e selou seus lábios, então guiou Iori para fora, em direção ao carro parado na rua. A chuva tinha parado, Iori aproveitou para colocar o próprio número no celular de Lana enquanto ela colocava a bolsa dentro do carro.
—Eu escondi alguns doces na sua bolsa enquanto você falava com Daphne. — Iori alegou. — Ela me pareceu gentil.
—E ela te achou simpática.
—Então já comecei bem em minha tarefa de ter uma boa imagem para ela.
—Você sequer precisa se esforçar. Você já me fisgou.
—E você a mim. — Iori se aproximou e selou seus lábios. — Me avise quando chegar em casa.
—Claro. Enquanto isso faça Laura relaxar. Ela estava pensando demais.
—Não se preocupe, ela vai dormir bastante relaxada.
—Bom saber. Boa noite, Sasaki. Espero te ver em breve.
—Boa noite, Lana.
Iori selou seus lábios mais uma vez antes de a ver entrar no carro, esperando que o veículo sumisse antes de voltar para dentro de casa. Laura a esperava ao lado da escada, a calça com o zíper abaixado e o cinto solto, o sutiã aberto.
—Prêmio de consolação? — Indagou com um sorriso malicioso.
—Você só facilitou meu trabalho, querida. — Iori trancou a porta e se aproximou, desabotoando a própria camisa.
—Ela é alérgica a pimenta, mas por Deus, ela é quente.
—Essa é a Laura que conheço. Então enquanto temos que esperar... leve essa bunda para a nossa cama.
Iori não teve que repetir. Num instante Laura subiu e se livrou do restante das roupas, esperando que sua mulher terminasse de se despir antes de se colocar em quatro apoios sobre o colchão, esperando em expectativa enquanto a via colocar o strap.
—Será que Lana vai te deixar montar nela também? — Laura perguntou enquanto seu corpo era deitado de bruços no colchão.
—Tenho certeza que sim. Estou louca para fazer isso. — Ela penetrou devagar o strap entre as nádegas de sua mulher, pressionando os dedos em seu sex* logo em seguida, arrancando um gemido seu. — Você devia ter visto onde termina aquela tatuagem. — Sua voz se tornou mais rouca, as mãos movendo pelas costas de Laura, sobre a tatuagem que preenchia a parte inferior, os riscos tribais na vertical, com dois no centro formando um coração. — Vocês me deixaram maluca hoje.
—Eu pude ver isso. Achei que fosse rasgar aquele belo vestido no meio da cozinha.
—Não diga que não pensou a mesma coisa. — Iori moveu o quadril lentamente, deixando com que ela se acostumasse com a sensação. — Ela chegou até você, não chegou?
—Sim. Mas eu ainda não sei de que forma.
—Não dessa forma? — Ela moveu os dedos em seu sex*, ainda a movimentar o quadril.
—Seria mais simples se fosse.
—Eu gosto do rumo que isso está nos levando.
—Então pare de me torturar. Termine o que começou.
Iori riu, mas não hesitou em aumentar a velocidade que movia o corpo, ouvindo os sons que ecoavam de sua garganta no processo, seu corpo vibrando em prazer quando atingiu o ápice. Iori retirou o strap enquanto Laura deitava as costas no colchão, recebendo o corpo de sua mulher sobre o seu.
—Satisfeita? — Laura questionou, acariciando suas costas.
—Sim, eu só queria te ouvir. — Iori acariciou seu maxilar. — Isso me dá todo o prazer que eu queria.
—Isso ou você queria Lana mais do que quer admitir. Eu conheço você, querida. Lembro a última vez que esteve assim.
—Não compare Lana com Helena. — Iori suspirou, incomodada com a recordação.
—Não estou dizendo que vai acontecer do mesmo jeito. Mas lembra como começou?
—Laura, de nós duas, você foi a quem mais gostava de ter Helena na cama. E não é assim com Lana.
—Éramos jovens, Iori. Minhas prioridades mudaram agora. Se estamos aceitando Lana, é para ser de verdade, sério. Com Helena não tínhamos nenhum plano. — Laura suspirou, apoiando a mão atrás da cabeça. — Mas você caiu por ela rápido da mesma forma, e não sossegou até a ter na cama.
—Não é a mesma coisa. Nos envolvemos com Helena por diversão. Nunca realmente planejamos ter um relacionamento com ela. Eu realmente me apaixonei por ela, foi rápido, e passou rápido da mesma forma. Não é assim com Lana. — Iori virou o rosto de Laura para si, buscando pelos seus olhos. — Ela me faz lembrar o que senti quando ficamos juntas de verdade depois que nos encontramos naquele hospital. Não é a mesma intensidade de uma simples paixão. Ela me faz sentir estável.
—Você acha que ela consegue manter uma relação conosco? Porque até então só tivemos Helena por dois anos, depois foi somente diversão por uma noite. Vamos saber envolver mais uma pessoa em nossa relação?
—Vai ser difícil, confesso. Assim como foi difícil nós duas ficarmos juntas, vamos encontrar mais dificuldades se quisermos ter uma relação com Lana. Vimos que ela tem a própria carga.
—Então ela está certa em querer ir devagar. — Ela voltou a olhar para o teto do quarto. — Provavelmente é melhor dessa forma.
—Está com medo que seja igual a Helena?
—Não. Não sei. Talvez. Tenho medo porque não sei o que esperar.
—Bem... Você vai encontrá-la amanhã. Por que não faz as perguntas que precisa saber? Talvez diminua sua resistência em relação a ela.
—Eu não sei. Talvez eu esteja esperando demais dela sem a conhecer.
—Isso é verdade. Mas talvez se tirar a dúvida que tem em sua cabeça, consiga se abrir mais para a conhecer.
—Pensarei sobre isso. Talvez marque um encontro com ela, para desfazer o erro de hoje. — Laura suspirou e se virou de lado, envolvendo a cintura de Iori e se mantendo perto. — E você sabe que pode avançar com ela, não se segure por minha causa.
—Não é nossa prioridade agora. Digo... Sim, eu realmente a quero, mas prefiro que seja com você junto. Ao menos a primeira vez.
—Oh, então você iria resistir se estivesse trancada com ela num quarto?
—Você daria um jeito de entrar nesse quarto. — Iori sorriu, acariciando seu rosto. — Eu sei me controlar. E evitar ficar sozinha com ela num quarto.
—Então está tudo bem se eu tiver um encontro com ela?
—Durante o dia? Claro.
—Eu não sei como isso seria possível durante essa semana, querida. E eu também sei evitar quartos.
—Está bem. Tem meu consentimento, espero que isso te ajude, ao menos um pouco. Lana é fácil de falar, você vai acabar se acostumando. Vai acabar gostando.
Laura somente a beijou, abraçando-se em seu corpo, aproveitando o contato antes de ouvir a notificação no celular dela, deixando claro seu protesto quando ela se moveu para olhar.
—Oh, é Lana. — Iori sorriu, abrindo a mensagem e olhando a foto dela para confirmar. — Pedi que avisasse quando chegasse. Agora tenho o número dela.
—E o que ela disse?
—Lar, doce lar. Mas acho que está sendo irônica. Ela disse que não tem a melhor relação com a mãe de Daph.
—Posso imaginar.
—Ao menos ela chegou em casa.
Lana ainda demorou para entender a confusão de roupas jogadas em sua cama quando chegou em casa, além dos sapatos e sacolas pelo chão do quarto. Kristin estava olhando seu armário, em busca de espaço para as suas roupas, mas bufou frustrada quando definiu que não havia nenhum.
—Mas o que diabos acha que está fazendo no meu quarto? — Questionou tão logo ela percebeu sua presença.
—Mas que recepção! — Ela reclamou. — Você lembra que faz três meses que não venho aqui?
—Fazem 6.
—E é assim que você me recebe?
—Você não avisou que vinha e ainda está se espalhando no meu quarto sem falar comigo. Isso é jeito de chegar? — Perguntou em tom áspero.
—Eu pediria para guardar minhas roupas se você estivesse em casa, mas Daph disse que você estava num encontro.
—Isso não é desculpa alguma. Eu já te disse quando veio da última vez para não trazer um monte de coisas. Você nunca passa tempo demais aqui para eu precisar guardar suas coisas.
—Sinal que você devia ter se mudado para uma casa e não fazer Daph morar nesse cubículo quando pode ter algo mais espaçoso e confortável.
—Como se Daph se incomodasse com nosso espaço. — Lana revirou os olhos, encarando os olhos azuis de Kristin. — Quanto tempo vai ficar?
—Algumas semanas.
—Amanhã eu compro um armário maior.
—Devia comprar uma casa maior. Ou voltar para Nova York. Aquela casa não era de Madson de qualquer forma. Você não precisava ter saído.
—Eu vim para Chicago por causa de minha mãe. Madson foi consequência.
—Então você pode voltar.
—Mas não quero. Eu gostei daqui e Daph acabou de começar na escola. Não se preocupe com a casa. Se te incomoda tanto e se Daph quiser posso achar algo antes da cirurgia.
—Já está marcada?
—Não. Vou marcar segunda. Mas não deve demorar.
—Vê? A gente ainda se entende. — Kristin sorriu para aliviar o clima, aproximando-se e a abraçando. — Senti sua falta.
—Então devia passar menos tempo fora. — Ela retribuiu ao abraço, movendo as mãos em suas costas antes de se afastar. — Chicago não é ruim. Talvez seja hora de você parar e ficar com Daph antes que seja tarde.
—E o que farei aqui? Ao menos em Nova Iorque tem os musicais e teatros. Eu não precisaria viajar e ela estaria sempre comigo.
—Ela não gostava de lá e você sabe disso.
—Eu sei. Mas não vamos pensar nisso agora. Diga, como foi o encontro? Ainda é aquela garota? Qual era o nome... Amy, certo?
—Eu não saio com ela há algum tempo. Estive trabalhando demais e ela deve ter se cansado.
Lana se afastou e começou a dobrar as roupas sobre sua cama, Kristin a seguiu e ajudou, lançando olhares em sua direção em incentivo que ela continuasse a contar.
—Quem é agora então? — Sorriu quando viu uma mancha escura em seu pescoço. — Alguém com muita fome pelo que vejo. Se você estava sem tempo conseguiu alguém como? E alguém ousada o suficiente para fazer algo assim.
—É, você pode dizer que sim. — Sorriu ao tocar a marca em sua pele.
—Não seja misteriosa. Quem é?
—Bem, se insiste. Estou saindo com um casal. Elas queriam mais alguém.
—Ah! Então é só sex*. Por que não disse logo?
—Porque não é só sex*. Elas querem que eu faça parte... Tipo, estar com elas, como um casal a três.
—Namoro entre 3 pessoas? Não seja ingênua. Isso é estratégia para ter sex* com alguém frequentemente. Esses casais de hoje em dia... Inventam qualquer coisa no tédio.
—Elas não são dessa forma. Se fosse só isso eu não estaria aqui.
—E como isso funciona? — Kristin sentou na cama, olhando seu rosto, concentrado na tarefa de dobrar as roupas. — Você fica com as duas ou tem preferência por uma e a outra fica por diversão?
—A ideia é estar com ambas. — Explicou com calma, olhando para Kristin por um instante. — Continua sendo um namoro. Ao menos é a ideia. Foi nosso primeiro encontro, então ainda estou conhecendo ambas.
—Bem, já ouvi sobre isso durante as viagens. — Kristin voltou a dobrar suas roupas, com gestos mais delicados que Lana. — Já ouvi sobre várias coisas. Mas sinceramente nunca vi um relacionamento sério entre 3 pessoas que tenha funcionado. Eu não quero te desanimar, mas pense sobre isso.
—Eu já pensei. Não se preocupe. Eu sei onde estou me metendo.
—Mas estou feliz que continue se arriscando depois da separação. Achei que fosse ficar presa a isso.
—Não faz meu tipo ficar amarrada no passado. Você sabe disso.
—Eu sei. É algo que admiro em você.
—Oh, isso é novidade.
Kristin riu, estendendo a mão para segurar a sua, fazendo-a parar a tarefa e atraindo sua atenção por completo. Lana mirou os olhos azuis no rosto maduro de Kristin, os cabelos escuros soltos e revelando suas camadas acima dos ombros. Ela não tinha muitos anos a mais que Lana, mas demonstrava maior vaidade e cuidado consigo mesma, trajando roupas que valiam mais que grande parte do armário de Lana.
—Você conseguiu ter uma carreira na dança, Daph admira você. Por Deus, Madson ainda me liga para saber de você. Mas você sempre se move para frente. Ainda que as vezes goste de me lembrar da minha ausência na vida de Daphne, sei que só está pensando no melhor para ela.
—Você está falando tudo isso porque vai me pedir alguma coisa, não vai?
—Deixe-me dormir com você aqui hoje. O sofá é horrível.
—Sabia que você queria algo. Mas tudo bem, somente essa noite. Amanhã nós pensamos no que fazer.
—Isso foi mais fácil do que imaginava que seria.
—Não reclame ou eu mudo de ideia.
—Não vai me ouvir falando nada.
—Ótimo. Agora arrume essa bagunça, eu vou falar com Daph.
Lana moveu os dedos em seus cabelos antes de sair do quarto, buscando pelo pequeno pote que Iori tinha colocado em sua bolsa, levando-o para o quarto de Daph, no fim do corredor. A garota estava sentada junto a mesa com o notebook a frente, os cabelos escuros presos num rabo mais frouxo, usando uma blusa de gola alta e moletom, estava concentrada no jogo, mas ouviu quando entrou no quarto, e sorriu quando viu Lana. Pausou o jogo, levantando-se e a abraçando.
—Finalmente! Ela estava me deixando maluca com tantas perguntas!
—E isso não é bom? — Lana riu. — Se ela está querendo saber de você, é somente porque se importa contigo.
—Eu falo com ela por mensagem todos os dias. — Ela se afastou, olhando para o pote que segurava.
—Pessoalmente é diferente. E sim, é para você.
—Oh, elas já estão tentando me comprar? Considere-me vendida.
—Você é tão fácil.
Lana riu, sentando na cama junto a ela, abrindo o pote e pegando um dos doces, entregando o restante para a garota, que não se demorou em comer junto.
—Como elas são? — Perguntou com curiosidade enquanto ainda mastigava. — Você gostou delas?
—Sim, gostei. Mas você já sabia disso.
—Não, eu sabia da que vivia dando em cima de você na Infinity. A outra eu só via algumas vezes.
—Laura... — Falou lentamente, suspirando enquanto deitava na cama. — Ah, essa ainda é um mistério. Ela mais me fez perguntas do que tentou me conhecer.
—E você não conhece as pessoas fazendo perguntas?
—Acho que ela estava mais preocupada em saber se sou estável o suficiente para ela pensar em se envolver. Mas tudo bem, é normal ter cautela.
—É normal você ter cautela. Se elas estão te convidando para ficar com elas, quem deveria fornecer as maiores informações são elas.
—Talvez. — Voltou a suspirar, inclinando a cabeça em sua direção. — Mas com Sasaki é diferente. Ela é leve e direta, simples, divertida, ousada. Desde o início.
—E ela dança bem.
—Sim, ela dança.
—Então você gosta mesmo dela?
—Sim, eu gosto.
—Vocês já se beijaram?
—Sim, hoje.
—Oh meu Deus! — Daphne se surpreendeu, inclinando-se na cadeira com curiosidade. — E como foi isso? Ela beija bem?
—Claro que sim. — Lana riu, voltando a olhar para o teto, relembrando o momento no carro, na garagem da casa dela. — Foi incrível.
—E como a namorada dela ficou com isso?
—Normal. Sasaki me disse que como há sentimentos envolvidos, elas não têm motivos para sentirem ciúmes, então foi natural.
—Eu não sei se ficaria “normal” se visse meu namorado beijando outra pessoa.
—Você não deveria, se não foi um acordo entre vocês, ele não deveria beijar outra pessoa.
—Então esse é o acordo delas?
—Sim, mas somente porque elas são abertas a terem mais uma pessoa.
—E você está bem com isso?
—Eu não sei, mas quero descobrir. De qualquer forma, sua mãe está aqui, tenho que lidar com a falta de espaço. O que você sugere? — Ela voltou a se sentar, terminando de comer o doce.
—Ela disse que vai ficar mais tempo dessa vez, não é? Então acho que vamos ter que achar um lugar maior agora.
—Você quer uma casa maior?
—Eu gostei de morar num apartamento. Não sei você, mas morar numa casa grande é estranho. Tem muito espaço e só nós duas a maior parte do tempo. E você está sempre na Infinity e eu entre a escola e a natação.
—Sim, também não gosto de muito espaço. Digo... quando você era criança, era bom ter espaço. Corríamos a casa inteira.
—Sim, era boa nossa casa em Nova Iorque.
—Você já pensou em voltar a morar lá?
—Sim, mas acho que você sempre lembraria de Madson lá.
—Vivemos naquela casa por cinco anos. Sim, eu lembraria se estivéssemos lá. Mas não me incomodaria. Não foram anos ruins.
—Mas eu também gosto daqui.
—Mas também estaria bem em Nova Iorque, não é mesmo?
—Talvez. Você está pensando em voltar?
—Eu? Não, não. Estou bem aqui.
—Minha mãe falou algo para você?
—Sua mãe quer passar mais tempo com você. Talvez invente alguma viagem nas suas férias.
—Eu não iria me incomodar.
—Mas em relação a nos mudarmos... você iria preferir um apartamento ou uma casa? Se sente falta da casa em Nova Iorque, talvez fosse bom acharmos uma casa.
—Minha mãe iria morar com a gente?
—Eu não sei. Falei que já está na hora dela diminuir o ritmo e passar mais tempo em casa. Se houver o espaço dela de novo, quem sabe não a convença?
—Bem, então depende do quanto vocês estão dispostas a gastar num lugar maior.
—Eu guardei dinheiro por todos esses anos pensando em ter um imóvel no meu nome, então estou preparada para os custos de um lugar maior. E eu estou pensando mais a longo prazo. Uma casa sempre vai durar mais. E quem sabe você não tenha alguns primos em alguns anos?
—Oh, então você quer ter filhos.
—Veremos. De qualquer forma, começarei a procurar um lugar depois de amanhã para nos mudarmos. Se quiser vir junto, eu te busco na escola.
—Claro! Iria adorar.
—Ótimo. Vê se não dorme tarde.
—Boa noite.
Lana se inclinou e beijou sua testa antes de a desejar boa noite, saindo do quarto e indo ao banheiro, preparando-se para tomar banho, mas parou quando ouviu a notificação no celular. Sorriu quando viu o nome de Laura no visor, abrindo a mensagem e se deparando com uma foto do casal, Laura abraçava Iori pelas costas, seu rosto sobre o ombro dela, ambas sorrindo para o visor. Logo em seguida havia uma mensagem de texto, desejando boa noite. Acabou sorrindo.
Posicionou sua câmera nas costas do alto, de forma que pegasse toda a tatuagem, mas dando foco a marca roxa que Laura tinha deixado atrás do seu pescoço. Enviou após algumas tentativas, contente com o resultado, dizendo boa noite da mesma forma.
Fim do capítulo
Tudo que pode dar errado vai dar errado num encontro ahahah
Estou escrevendo os últimos diálogos do último capítulo, tem tanto para acontecer até lá =D bate até uma dorzinha em me despedir dessa história.
O que vocês acham de cenas de sexo na história? Pertinentes se tem um sentido na história ou desnecessário de modo geral? Tenho várias cenas que descrevem esses momentos e sei que tem pessoas que não curtem, então posso excluir as partes que não influenciam na história e avisar nas demais partes. Sugestões?
Vejo vocês no próximo :) será que Laura vai se aproximar de Lana afinal? :0
Comentar este capítulo:
Lea
Em: 02/08/2021
Laura está um pouco resistente, mais por conta de proteger a Lori,gostei desse posicionamento dela !! Lori e Laura se entende tão bem, até o momento!!
Obs: quem é que fala tanto assim durante o sexo, mesmo sendo um assunto a ser "discutido",durante o sexo perde-se até o tesão e a concentração!!
Amei a cumplicidade da Lana com a Daphne,muito lindo!!!
Resposta do autor:
Laura é bem protetora mesmo, foi adorável criar essa dinâmica entre elas :)
ahahahah quem fica conversando, não é? Acho que é muita intimidade entre elas ali xD
Daphne é um amor mesmo :D
SPINDOLA
Em: 22/03/2021
Boa tarde, carissima.
Ainda não achei um tempinho pra começar a ler, mas o acho o tema super interessante e como sou muito curiosa e sempre dou uma espiadinha nos comentários antes de ler, kkk, vou dar minha opinião sobre os cortes das cenas de sexo, nem pense em cortar nenhuma cenas, kkkk, acho super pertinente, kkk, adoro um fogo no parquinho e tu atiçou minha curiosidade de como será todas elas. Se decidir cortar te passo meu e-mail, kkk, quero ler todas, kkk.
Para aquelas que não curtem, sugiro deixar um aviso que terá tais cenas no capítulo e pra quem curte muito que nem eu, bora ler na frente do ventilador, kkkk.
Bjs e uma ótima semana pra.
P.S: Vou achar um tempo pra começar a ler prometo.
Resposta do autor:
Boa tarde Spindola!
:D obrigada pela sugestão sobre os cortes das cenas, vou levar em consideração quando chegar nessa parte, e não há de tardar, sei que a história pede por isso hahahah prepare o ventilador!
Obrigada por reservar o tempo para comentar! Tenha uma ótima semana ;)
[Faça o login para poder comentar]
Dolly Loca
Em: 22/03/2021
Agora a coisa vai esquentar!!!
Resposta do autor:
ahahahah vai mesmo
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]