Capitulo 13
Música do capítulo – Radiohead - Creep
O mês de dezembro começou com ótimos notícias, no feriado Sophia me levou para conhecer sua casa de praia em Guaratuba, o lugar era lindo, charmoso e a companhia dela deixava tudo ainda mais encantador.
No domingo após o almoço, estávamos deitadas na rede aproveitando a brisa do mar, ouvindo sambas antigos que ela tanto gostava e conversando sobre o futuro, Sophia pretendia voltar para a delegacia da mulher, a pressão era menor e não existia tanta exposição, pois desde que esse caso estourou na mídia, era obrigada a dar entrevistas, querendo ou não.
- E você Duda, o que pretende fazer?
- Volto para São Paulo e termino esse casamento que não faz mais nenhum sentido e depois....
Fiz um suspense e deixei Sophia apreensiva.
- Fala logo ou faço cócegas em você.
Sophia começou a apertar minha barriga, me fazendo dar risada.
- Cócegas é jogo baixo.
- Então fala.
- Pretendo vir pra cá, vou tentar uma transferência ou então peço para ser exonerada.
Sophia abriu um sorriso radiante, me abraçou forte e prometeu que seríamos muito felizes. Não duvidei, vivíamos em lua de mel, praticamente me mudei para sua casa, só aparecia na minha, quando precisava buscar mais roupas.
Logo que voltamos do passeio, Sophia me deixou em casa e eu toda boba contei a Lara nossos planos para o futuro, Lorenzo ficou feliz e abriu um vinho para comemorar.
- Fico feliz por você Dudinha e vou torcer muito para que dê certo.
Lara estava visivelmente triste, mas sempre deixei bem claro que ela é apenas minha amiga.
- Obrigada, quero que venham me visitar sempre.
Lara estava séria, me olhava profundamente, até que disse:
- Viremos sim, mas antes de tomar uma decisão definitiva, espere a Sophia resolver tudo com a família.
- Você acha que pode dar algum problema e ela desistir?
- Só acho que vocês devem ir devagar.
Tomamos o vinho em silêncio e fomos dormir, no dia seguinte logo cedo Sophia apareceu agitada, convocando para uma reunião de emergência, fomos apreensivos, Sophia foi breve e disse que haviam encontrado o estuprador, ele estava na rodoviária de Curitiba e ia embarcar para Ponta Porã.
- Tem uma equipe trazendo ele pra cá, então daqui a pouco isso vai encher de jornalistas, peço por favor que não saiam em nenhum momento, já avisei o secretário de segurança e a tarde após o interrogatório daremos uma entrevista coletiva. Vou pedir para que seja feito um cordão de isolamento, não quero que ele responda nenhuma pergunta da imprensa. Gostaria desde já de agradecer a cada de um vocês, pelo empenho, plantões, noite em claro e dedicação.
Achei tão fofo, Sophia ficou emocionada. Depois que todos saíram, fiquei na sala e ela me agradeceu do jeito que mais gosto, com muitos beijos. Combinamos que eu voltaria para São Paulo no dia quinze de dezembro, para resolver minha vida, enquanto ela iria tratar da separação e comunicar os filhos, além de pedir transferência para a delegacia da mulher.
- Quando você vai falar com seus filhos?
- Eles veem passar o natal aqui, no dia seguinte eles vão para Belém e vou acompanhá-los e lá conto sobre a gente e peço o divórcio a Sergio.
- Será que eles vão aceitar?
- Meus filhos querem me ver feliz, talvez estranhem no primeiro momento, mas depois se acostumam e além do mais cada um está vivendo sua vida, é hora de viver a minha.
Ain ainda morro de amores por essa mulher, mas preciso ter pé no chão, foco Duda ainda não tem nada certo, calma mulher!
- E o Sergio?
- O Sergio sabe que nosso casamento acabou faz tempo, só que nenhum dos dois tem coragem de admitir, sendo assim, só vou oficializar o término e já entro com o pedido de divórcio.
- E seus pais?
- Esquece eles, minha mãe não manda em mim.
Queria muito acreditar nisso, mas algo dentro de mim, dizia que as coisas não seriam tão fáceis assim. Ouvimos uma correria do lado de fora, eram as viaturas chegando com o bandido, Sophia me beijou rapidamente e pediu que eu saísse.
O dia foi muito movimentado, a mídia em peso queria uma declaração, mas Sophia disse que só falaria após esclarecer tudo, o que contrariou bastante o secretário de segurança. O interrogatório avançou noite afora, fui para casa e nem me despedi da minha delegada.
No dia seguinte cheguei mais cedo e encontrei Sophia na cozinha, trocamos um bom dia formal e ela contou que saiu da delegacia por volta das três da manhã, mas tinha valido à pena, ela não só conseguiu a confissão dele, como desmontou a quadrilha que encaminhava as fotos das meninas nuas para trabalharem na prostituição infantil.
- Precisamos comemorar, mas hoje à noite tenho um jantar na casa do governador, odeio essas convenções.
- Faz parte, você é uma celebridade.
Sophia fez uma careta e foi para sua sala, segui até o laboratório, precisava terminar as últimas análises, assim como redigir os relatórios já que voltaríamos para São Paulo em dois dias.
Nossa volta para casa foi muito comemorada por Lara e Lorenzo, eu estava triste em deixar Sophia, mas sabia que logo ficaríamos juntas. Cheguei em casa na sexta-feira à noite, Cris ficou surpresa ao me ver, mas não disse nada, apenas me deu um boas vindas seco.
Sábado fui almoçar com Flavinha e Silvinha, contei as novidades e ao contrário do que pensei, minhas amigas não ficaram tão empolgadas, mas relevei, elas estavam preocupadas comigo, mais uma vez pediram prudência e que esperasse um pouco mais para pedir transferência para Curitiba, acabei concordando, tirei uma licença para descanso e Lemos me concedeu 5 dias, contando da próxima quarta-feira, avisei a Cris que iria novamente viajar, ela não gostou nada, perguntou o motivo e disse que precisava descansar. No fundo ela sabia que alguma coisa tinha, ouvi ela comentar com alguém que eu voltei diferente e que estava brilho no olhar.
Finalmente chegou a quarta-feira e embarquei animada, cheguei em Curitiba meio dia e Sophia me aguardava, fomos direto para sua casa matar a saudade que nos consumia. Passamos dias maravilhosos, Sophia vinha almoçar em casa todos os dias e a noite assistíamos a filmes, era uma doce rotina, da qual queria viver para sempre.
Sexta à noite fomos novamente para Guaratuba, adorava aquele lugar, mas Sophia parecia tensa, volta e meia saía para atender o telefone, perguntei se estava acontecendo algo e ela dizia que estava tudo bem, mas sentia algo estranho no ar.
No sábado à tarde, fomos presenteadas com a visita de dona Marli, que foi desagradável como sempre, tentei ignorar ao máximo em respeito à Sophia, mas acabamos discutindo e a mulher foi embora, mas antes disse que no dependesse dela, sua filha nunca ficaria comigo. Sophia pediu desculpas e pediu para esquecer o assunto, mas fiquei com a pulga atrás da orelha, nessa noite nos amamos de um modo diferente, minha delegada estava emotiva e chorou depois, parecia uma despedida, mas me recusava a pensar nisso.
Embarquei no domingo à noite com o coração partido, deixei Sophia aos prantos no aeroporto, combinamos que ela me ligaria quando voltasse de Belém, mal sabia que aquele momento foi nossa despedida, depois desse dia Sophia ficou diferente, quase não conversávamos, ela dizia estar na correria de fim-de-ano, mas a sentia cada vez mais distante.
Passei o natal em Brasília com minha família, Cris foi para Sorocaba.
No dia vinte e oito de dezembro, recebi uma ligação que mudou tudo, Sophia pedia desculpas, mas não podia continuar com nosso namoro, apesar de me amar muito, ela não se sentia pronta para uma mudança tão grande, e sem o apoio da família era impossível. Argumentei que podia esperar mais um pouco, me humilhei, mas ela estava irredutível, falou que ia tentar reconstruir sua vida ao lado de Sergio e que ele iria se aposentar em alguns meses, por fim, ela pediu desculpas e desligou.
Foi um período difícil, perdi a vontade de tudo, passava o dia deitada, não me alimentava, não tomava banho, só queria dormir e nunca mais acordar, Cris tentou de tudo, me levava comida, tentava conversar, mas eu não respondia a nada. Depois de uma semana nesse estado, minha casa foi invadida por Lara, Silvinha, Flavinha e Bia, que ao me verem se assustaram, estava realmente horrível, fui colocada à força debaixo do chuveiro, eu só chorava e pedia para que me deixassem em paz.
- Cala boca Duda, depois do banho vamos leva-la ao médico!
Me assustei com o tom de voz da Silvinha, ela sempre foi tão doce.
Após o banho tomei uma sopa preparada por Cris e segui até o hospital, passei a tarde tomando soro, pois estava desidratada, e voltei para casa me sentindo um lixo. No dia seguinte mesmo contra a minha vontade, Lara me levou à uma clínica psiquiatra, lá fui diagnosticada com depressão severa e foi indicado que fizesse terapia.
Vivi um período de luto mesmo, muitas vezes pensei em desistir de tudo e voltar para Brasília, mas minhas amigas não permitiam que eu sucumbisse, ainda nesse período minha mãe veio a São Paulo e passou um mês cuidando de mim, me obrigava a comer, a ir à terapia e todos dias íamos dar uma volta no Ibirapuera, acho que se não fosse por ela e por minhas amigas, não teria aguentado. Cris apesar de desconfiar o motivo daquela depressão, foi de grande ajuda também.
Passava os dias ouvindo a música Creep do Radiohead, ela definia exatamente o que estava sentindo naquele período, um verme, uma aberração.
Minha recuperação levou mais de um ano, foi quando consegui tirar Sophia da minha vida e agora dois anos depois, o fantasma voltou!
Fim do capítulo
Olá meninas!
E Sophia quebrou o coração da Duda, mas isso tava na cara né?
E agora?
Beijos e um ótimo fim-de-semana, até segunda!
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Jujuba2020
Em: 21/03/2021
Todo término é doloroso, é cruel dizer isso maisss........ avisaram que iria se machucar.
Duda sacode mais essa tormenta.
A dor amadurece, nos torna forte, mas a lembrança de um amor, por mais que tnha sido de altos e baixos, nunca se esquece. De tudo se tira lição.
Lara tá aí se joga
Resposta do autor:
Lara? Será?
Duda é mais forte do que imaginamos!
Beijos
Gabriella Herculano
Em: 19/03/2021
Só te digo uma coisa CHOREI LARGADAAAA.
Alias só te digo uma coisa: NÃO TE DIGO MAIS NADA.
E te digo mais: SÓ TE DIGO ISSO,
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
beijos xará
Resposta do autor:
Oi Gaby,
Diga mulher! Kkkkkkk.... Fiquei curiosa agora.
Beijos
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brinamiranda
Em: 19/03/2021
Ah, a mãe teve uma parcela de culpa sim, mas, no fundo ela teve foi medo de enfrentar as convenções sociais, o que as pessoas iam falar?, ela também não se aceitava muito bem, dizia que não estava preparada, que não se sentia a vontade nessa situação, que achava desconfortável esse papel...fora que ainda teve pressão por parte do filho mais velho que depois seguiu sua vida sem se preocupar se a mãe estava bem ou não...
Quanto a sua sogra...tudo tem uma razão de ser, não é verdade.
bjim
Resposta do autor:
Oi Sá,
Você deu uma suavizada, no fundo a Sophia foi covarde!
Beijos
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fernandail79
Em: 19/03/2021
Oi, autora!
Nesse ponto da história, qual o status do relacionamento entre Cris e Skybrina?
Quer dizer que a Sophia estava disposta a terminar com o macho dela pra ficar com a Skybrina, mas foi a opinião da bruxa Marli que mais pesou? Por isso que o povo fala mal de sogra. Tô casada há seis anos e ainda nem conheci a minha. Talvez, seja melhor assim.
Adorei o capítulo!
Resposta do autor:
Oi Fernanda!
Nesse ponto o relacionamento delas está na mesma ou seja, se toleram.
Sophia foi f.
Beijos
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