Olá meninas,
Vamos ver esse encontro.
Capitulo 14
Dias atuais
Voltei correndo e entrei na sala de Lorenzo.
- Tudo bem Duda? Você está pálida!!
- O que a Sophia está fazendo aqui?
Estava tremendo, encostei na porta e fiquei apoiada com as costas.
- Que Sophia? Não sei nada.
- Lara...Chama a Lara aqui...
Lorenzo me sentou em uma cadeira e ligou para Lara, não demorou muito e ela apareceu.
- Era isso que queria te contar.
Lara entrou e sentou-se de frente para mim, sua expressão era de preocupação.
- O que ela está fazendo aqui?
- Veio colaborar num caso de um serial killer.
- Mas ela é de Curitiba!
- Duda só sei isso, mais tarde o Lemos vai conversar com a equipe. Quer uma água?
- Era só o que me faltava!
- Vai dar tudo certo, não vou deixar essa capivara loira te incomodar!
- Capivara? Acabei dando risada.
Meu dia que tinha começado tão bem, já dava sinais de que seria desgastante, encontrar Sophia depois de tanto tempo não estava nos meus planos e não esperava me sentir tão afetada pela presença dela. Tomei a água oferecida por Lorenzo, me recompus e fui para minha sala. Liguei para minha terapeuta e falei sobre trabalhar novamente com Sophia, conversamos um pouco e ela pediu que fosse ao consultório dela no final do dia.
Ouvi leves batidas na porta e gelei, congelei na cadeira sem ação, novas batidas e autorizei a entrada, e para meu alívio era Lara me convidando para almoçar, me recusei a sair da minha sala.
- Não adianta se esconder, uma hora vocês vão se encontrar, agora venha.
Acabei cedendo e para meu alívio não encontrei Sophia, mas estava tensa, e mal toquei na comida, durante o almoço recebi uma mensagem de Marina:
“ Que sua volta ao trabalho seja um momento de muita alegria, cuida desse tornozelo hein?
Beijoss
Ps. Podemos marcar um café na próxima semana?”
Ri feito uma boba, Lara ficou me olhando com cara de interrogação, mas não falei nada, deixei para responder a mensagem mais tarde, na privacidade da minha sala.
Assim que voltamos, já fomos chamadas para a tal reunião, travei no meio do corredor, Lara gentilmente segurou minha cintura e me guiou até a sala do meu chefe, assim que entramos dei de cara com Sophia, ela sorriu aquele sorriso arrebatador esticou a mão para me cumprimentar.
- Como vai Maria Eduarda?
Não respondi, fiquei olhando para aquela mão estendida sem reação, como da primeira vez que a vi e novamente fui salva por Lara que me cutucou.
- Vou bem doutora e a senhora?
- Por favor sem doutora e sem senhora, só Sophia. Estou bem também.
Lemos nos chamou e começou a reunião, não conseguia tirar os olhos de Sophia, ela estava ainda mais linda, os cabelos mais compridos e mais brilhantes, balancei a cabeça e voltei minha atenção ao meu chefe.
- O serial killer cometeu oito assassinatos no Paraná, três em Santa Catarina, cinco em Campo Grande e quatro em São Paulo.
- O que leva a crer que ele está aqui? E a doutora Sophia está aqui por quê?
Minha pergunta gerou um certo desconforto na sala, dane-se ! A presença de Sophia me deixava sufocada e queria entender a situação.
- O último assassinato foi há três dias, conseguimos esconder isso da mídia, a doutora Sophia veio nos auxiliar, como se trata de um assassino de mulheres e o primeiro assassinato ocorreu em Curitiba, ela e sua equipe estavam no rastro dele, quando o causador de todo esse caos simplesmente sumiu do mapa, achamos que era essencial juntar as equipes.
- E vocês acham que o mesmo criminoso que está agindo aqui é o que começou no Paraná?
- Sim Maria Eduarda, tem o mesmo modus operandi, sequestra, estupra e depois degola as vítimas.
- Mas não pode ser um replicador? Já que esse caso do Paraná teve muita projeção há seis meses?
Sophia deu um discreto sorriso e respondeu:
- Não é um replicador, temos a identidade do serial e na última cena do crime, a vítima lutou com ele e encontramos nas unhas da vítima o seu DNA, bate com o mesmo de Curitiba e Campo Grande.
Fiquei olhando para Sophia, como sempre perfeita e clara nas explicações, mas não contente voltei à carga:
- Se vocês já tem a identidade do cara, o que falta, além de capturá-lo?
- Não sabemos o paradeiro dele, só o nome que vamos passar à equipe, porém é importante frisar, esse nome tem que ser mantido sob sigilo.
- Óbvio, não somos crianças!
Meu tom de voz grosseiro não passou despercebido, Sophia deu um sorriso sem graça, Lara tossiu nervosa e meu chefe ficou vermelho feito um pimentão.
- O que é isso Maria Eduarda? Veja como fala com a doutora Sophia.
Lemos me deu a bronca e me olhou feio, enquanto Sophia dava uma risadinha debochada.
- Desculpe doutora.
A reunião prosseguiu por mais meia hora, não conseguia parar de olhar para Sophia, assim que terminou fui direto para minha sala e não demorou ela entrou.
- Posso? Perguntou olhando para a cadeira.
- Por favor doutora.
- Sem essas formalidades Duda, precisamos conversar, mas não aqui e não agora.
- Não temos nada o que conversar, Sophia voltei hoje e estou cheia de trabalho, daqui a pouco vou ao laboratório.
- Por favor, prometo ser rápida.
Encarei Sophia, minha vontade era de xingá-la e falar todos os desaforos que ela merecia, mas estava curiosa para saber o que ela tinha para me dizer.
- Onde você está hospedada?
Sophia passou o endereço do hotel e marcamos de nos encontrar às sete da noite, liguei novamente para minha terapeuta e ela pediu que eu fosse até o consultório às seis. Respondi a mensagem de Marina, e combinamos um café para o próximo sábado, precisava me distrair... Na verdade queria vê-la mesmo!!
Saí da consulta mais aliviada, Isabella minha terapeuta era maravilhosa, conversamos muito, saí mais tranquila e marcamos uma próxima consulta para a semana seguinte.
Fui até o hotel e aguardei Sophia no saguão, ela queria que eu subisse, mas disse que podíamos conversar no bar mesmo, fomos até lá, pedimos uma bebida e fiquei aguardando ela falar.
- Duda mais uma vez me desculpa por tudo, sei que nada do que disser vai amenizar, mas a verdade é que fui muito sacana, você não merecia ser tratada daquela maneira...Não pense que não sofri, mas não tive forças para levar nossa relação adiante...Fui covarde...Me perdoa Duda!.
Sophia chorava e eu também, diante de tudo o que ela disse, fiquei sem reação, não sabia o que falar, só chorava, Sophia prosseguiu:
- Eu te amei muito e ainda te amo, mas não tenho sua força para enfrentar a situação, não sei lidar com o julgamento da minha família e dos meus amigos. Estou presa à convenções.
- Você não faz ideia do quanto sofri, dias e noites pensando no que eu tinha feito de errado, não tinha vontade de viver... Agora que me recuperei, você aparece como um fantasma para me aterrorizar. Por que. Por que Sophia?
- Eu precisava te ver, por isso insisti tanto para vir, eu precisava te explicar.
- Sophia nada do que você disser vai mudar o que passei.
Estava amargurada e o pedido de desculpas de Sophia me fazia sentir pior, estava mexida com a presença dela, com raiva , magoada... Vê-la aflorou sentimentos que achava estar adormecido.
- Eu sei e entendo de verdade, só queria mesmo que você soubesse o quanto você foi importante pra mim, o quanto eu te amei e ainda te amo. Nunca fui tão feliz como naquela época...
- E você estragou tudo!
- Sim, eu estraguei, por medo, pressão da minha família, medo do que os meus filhos pensariam.
Ficamos chorando em silêncio, as pessoas no bar nos olhavam de forma curiosa, esperei tanto por uma notícia dela, um telefonema, e ela só aparece agora, pede desculpas e diz que foi covarde? Será que ela não se arrepende do que fez?
- Sophia se eu te pedisse hoje para você ficar, não voltar para Curitiba, você aceitaria?
Ela me olhou surpresa, talvez esperasse qualquer coisa, menos aquela proposta.
- Não sei Duda, minha vida é lá, meu trabalho é também...Tem minha família e meus filhos.
- E se eu largasse tudo aqui para viver com você em Curitiba?. Era tudo ou nada.
Não obtive resposta, Sophia ficou brincando com a taça de vinho.
Levantei e saí, sabia que Sophia jamais me assumiria, arrisquei e perdi. Claro que estava arrasada e naquele momento não queria ir pra casa aguentar a encheção de saco da Cris, dirigi até a casa da Flavinha, fui recebida pela minha amiga e caí nos seus braços aos prantos, Bia veio e junto com Flavinha me colocou no sofá e trouxe água. Depois de me acalmar contei sobre a volta de Sophia e nossa conversa.
Minhas amigas me olhavam penalizadas, Bia ligou para Cris e avisou que eu dormiria lá e Flavinha ficou me fazendo cafuné:
- A Sophia é assim mesmo amiga, não adianta tentar mudar, essa conversa por mais que tenha te machucado, serviu para você ter a certeza de quem ela é de verdade.
- Eu sei, mas mexeu demais vê-la novamente.
- Agora chega de sofrer, sei que não é fácil, mas é hora de seguir seu rumo, assim que esse caso terminar, ela vai voltar e você vai retomar a sua vida.
Bia voltou com toalha e um pijama, me entregou e disse:
- Vai tomar um banho e depois venha comer alguma coisa, vou fazer algo leve pra você.
Só então reparei que elas estavam vestidas para sair.
- Me desculpem, vocês vão sair e eu estou aqui atrapalhando.
- Não vamos a lugar a nenhum, podemos ver um filme aqui numa boa, é até bom, economizamos! Disse Flavinha.
Fiquei sem graça, mas realmente precisava de colo, tomei banho, vesti um pijama e jantei uma sopa deliciosa, assistimos filmes e consegui me distrair, no dia seguinte fui cedinho para casa, trocar de roupa e encarar Sophia.
O dia foi de certa forma tranquilo, mal vi Sophia, o que foi ótimo, contei para Lara sobre nossa conversa, minha amiga disse que eu precisava focar no trabalho e deixar Sophia de lado, segundo ela foram feitos alguns avanços e provavelmente até o fim de semana, o assassino estaria preso, senti um aperto no coração, mas não disse nada.
Durante o dia troquei mensagens com Helena, que estava empolgada com uma palestra que realizaria em Chicago em quinze dias, me convidou para ir junto, mas não me empolguei, a verdade é que Sophia ainda mexia pra caramba comigo, por mais que não quisesse admitir.
- Tá tudo bem Má?.
Helena me ligou em seguida, deve ter percebido que não estava muito bem.
- Sim, só que mal voltei tem um caso complicado para resolvermos.
- Mas isso nunca te abateu, aconteceu alguma coisa? Quer conversar?
Claro que queria, mas não por telefone e não naquele momento.
- Não se preocupe Helena, está tudo bem, mas e aí me conte mais sobre essa palestra.
Conversamos por uns vinte minutos, Helena estava animada, leve e cheia de conversas com segundas intenções, mas como viu que estava meio aérea, acabou desistindo e desligou.
O dia ainda prometia fortes emoções, a tarde precisei ir até a sala onde Sophia estava trabalhando para checar algumas informações e cruzar dados. Foi uma tortura ficar tão perto dela, sentindo seu cheiro e ouvindo sua voz melodiosa com aquele maravilhoso sotaque. Fizemos uma pausa para um café e conversamos sobre assuntos aleatórios, confesso que estava adorando, Sophia era incrível, divertida e no meio de uma piada, me puxou para seus braços, fiquei sem ação, olhava com desejo para seus lábios, só não nos beijamos porque o meu celular começou a tocar, me recompus, pedi licença e fui atender.
“Está ficando doida Duda?! Ontem estava chorando e hoje está toda sorrisos para o lado da delegada.”
No telefone era Silvinha, me convidando para jantar em sua casa na sexta, aceitei e perguntei sobre seus exames, ela disse que sexta ia levá-los a um especialista, perguntei que médico era, mas ela desconversou. Confesso que fiquei com a pulga atrás da orelha.
Voltei à sala de Sophia e voltamos ao trabalho, não tocamos no assunto sobre o quase beijo, quando deu minha hora, Sophia me puxou para seus braços, novamente me vi presa naquele olhar arrebatador, me deixei levar e quando senti seus lábios encostando nos meus, me entreguei totalmente aquela sensação maravilhosa, como estava com saudade daquela boca, daquele toque, daquela exigência...Gemi sobre seus lábios e Sophia sorriu.
- Você é linda Duda!
Fiquei tímida diante daquele comentário, Sophia veio novamente me beijar, quando a porta foi aberta por Lara, que ao nos ver ficou sem graça, pediu desculpa e saiu. Fui atrás dela.
- Espera Lara!
- Não queria atrapalhar o casal! .
Seu tom irônico me irritou.
- Fala baixo. Disse empurrando ela para dentro da minha sala .
- Não te entendo Duda, essa mulher te fez sofrer horrores, esqueceu como você ficou? Quantas vezes ia te buscar em casa, caso contrário nem trabalhar você viria.
- Também não precisa jogar na cara.
- Não estou jogando na cara, apenas de lembrando quem é a Sophia e o que ela te fez passar. Agora preciso ir, achei umas coisas e preciso mostrar à ela.
Lara não me deixou responder, saiu da minha sala pisando duro, mas ela tinha razão, Sophia deu mostras que não pensava em nós e sim só nela, por mais que seu beijo fosse maravilhoso, não podia sucumbir a esse desejo, precisava ser firme.
“Você consegue Duda, pensa na Helena, pensa na Marina e esquece a Sophia!”
Com esse pensamento fui até o laboratório acompanhar algumas análises e durante esse tempo esqueci da delegada, mas foi só sair para dar de cara com ela, toda imponente me aguardando na porta da minha sala, ela não disse nada, apenas me puxou lá pra dentro, onde trocamos beijos ardentes.
- Não podemos Sophia. – Disse ofegante – Aqui é meu lugar de trabalho.
- Vamos sair daqui, vamos para meu hotel, preciso de você.
Não sei de onde tirei forças, mas consegui negar, Sophia ficou decepcionada, balançou a cabeça e foi embora e eu? Tomei dois copos de água, minha vontade era enfi*r minha cabeça debaixo da água gelada, estava fervendo de desejo.
“Desgraçada de capivara loira!”
Ri com esse pensamento e fui para casa, ainda teria que dar aulas hoje, logo que cheguei Cris veio brigar por causa de umas contas que não foram pagas, por causa de uma outra restauração que tinha feito e a cliente não gostou, me desliguei do mundo. Tomei um banho rápido, jantei e fui dar minhas aulas. Ao final estava exausta, tanto do dia em si, quanto de tentar tirar Sophia do meu pensamento.
O resto da semana consistiu em focar no trabalho e fugir de Sophia, essa tarefa foi ingrata, a mulher vinha cada dia mais bonita e perfumada, além de provocar sempre que podia, enviando mensagens bem picantes, mas consegui escapar das garras dela.
Na sexta à noite fui jantar na casa de Silvinha, cheguei animada e falei rapidamente de Sophia, minha amiga pediu que eu tivesse juízo e não caísse no papo dela, mas era difícil viu? A mulher era insistente, me ligou algumas vezes, mas não atendi. Não demorou muito e Flavinha chegou acompanhada da Bia e quando soube das minhas aventuras, me deu um sermão inesquecível, eu parecia criança sendo pega em flagrante, até a Bia que sempre foi calma, entrou na pilha, claro que me senti envergonhada e disse que faria o possível para ficar longe de Sophia. Falsa promessa eu sei, mas já estava de orelha quente de tanto ouvir.
Após o jantar, Rick levou os meninos para jogar videogame e Silvinha nos chamou para ir até seu quarto, assim que entramos, minha amiga foi direta, disse que após vários exames, foi detectado um câncer em estado avançado no seio esquerdo com metástase no seio direto e axila. Foi um choque, Flavinha na hora começou a chorar, sendo amparada por Bia e eu fiquei sem ação. Coube a Silvinha nos acalmar, disse que na segunda começaria com as sessões de radioterapia e por enquanto a cirurgia estava descartada, nos tranquilizou, disse que tudo daria certo. Disse também que pegaria uma licença médica e que após as festas de fim-de-ano iria passar uma temporada com Rick e as crianças em Itatiaia, aproveitou para nos convidar para passar o natal com eles.
Saí de lá arrasada, cheguei em casa e contei para Cris, que também ficou abalada, mas disse que Silvinha era jovem, forte e ia superar essa adversidade, me apeguei a isso e fui dormir ou melhor tentar dormir, fiquei pensando em Silvinha, não era justo uma pessoa como ela ter que passar por isso, das três era a mais sensata e amorosa, nossa mãezona... Peguei no sono já altas horas da madrugada.
Fim do capítulo
E aí?
Beijos e até quarta!
Ps. Infelizmente a parta da Silvinha foi real.
Comentar este capítulo:
fernandail79
Em: 22/03/2021
Oi, autora,
Skybrina realmente não tem sorte. Burra de carga da Cris e capacho sexual da capivara loira. Lascou!
A Sophia não quer nada sério com a Duda, senão largaria o marido-coronel-broxa pra ficar com ela. Só quer enrolá-la até quando lhe convier. Que mulher do meu abuso!
Nossa, fiquei triste com a história da Silvinha. Gosto dela. Não tenho coragem de perguntar como ela está hoje. Deixa quieto.
Adorei o capítulo!
Resposta do autor:
Oi Fernanda!
Valhaaaa quantos adjetivos... Kkkkk... Mas você tem razão em relação a Sophia, pra ela é confortável essa vida dupla sem ter que abrir de mão de nada.
História da Silvinha é triste mesmo.
Beijos
brinamiranda
Em: 22/03/2021
Ah, Silvinha era uma alegria mesmo, amiga especial, dedicada, brincalhona, companheira de tomar um capuccino lá no Café Gourmand e falar da vida, das coisas boas, das ruins, quando ela adoeceu eu não quis acreditar...mas, ela sempre de bom humor e seguimos rindo e prometendo voltar a Pretrópolis para tomar um chocolate quente no Katz quando a loucura dessa pandemia passasse.
E também foi real a dficuldade do querer e precisar dizer Não! Capivara terrível... rsrrsrs...
beijos amiga
Resposta do autor:
Essa capivara viu?
Beijos Sá!
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