Gabrielle

Me despeço da Nanda e saio do quarto, encontro com minhas mães e a Lara no corredor.

            - E aí, conversou com ela? como foi? – Lara me pergunta.

            - Conversamos sim, ela está magoada comigo e eu entendo, eu fui muito burra mesmo.

            - Mas conseguiu se desculpar? vocês se acertaram?

            - Me desculpei sim, não sei ao certo como estamos, ela esta um pouco distante, ela só me chamou de Gabrielle, ela nunca me chama assim, sempre me chama de Gabi ou loirinha – ela me abraça.

            - É normal ela estar assim filha, ela deve estar tentando se manter um pouco distante, mas não acho que você deva se preocupar muito, eu vi nos olhos dela que ela te ama, quando ela viu você no quarto os olhos dela brilharam. – a mãe Paula fala.

            - Eu sei que ela me ama, ela disse isso, mas pediu um tempo pra pensar, pelo menos até ela sair daqui, mas quando estava me despedindo ela me beijou, e quando eu perguntei se poderia voltar amanhã ela disse que sim.

            - Isso é bom, ela pediu um tempo apenas da conversa, mas quer você ao lado dela, acho que você não precisa se preocupar – a mãe Dani fala – vamos pra casa, você descansa e amanhã volta.

Nos despedimos da Lara e fomos embora.

-----------------------------------------------------

No dia seguinte levanto bem cedo, quero ir ao hospital logo, saio de casa e mando uma mensagem para minhas mães dizendo que fui visitar a Nanda.

Quando entro no quarto vejo que a Lara não está aqui, e tem uma enfermeira que esta toda sorrisos pra Nanda. Confesso que fiquei com ciúmes do modo que a enfermeira está olhando pra ela, mas vejo também que a Nanda não a olha da mesma forma, ela está seria e quando vê que eu entrei ela sorri pra mim, e isso aquece meu coração.

            - Bom dia, vim te ver, você está melhor? – pergunto me aproximando da cama.

            - Bom dia, estou sim, não vejo a hora de ir pra casa. – ela me responde sorrindo – essa aqui é a enfermeira Julia, Julia essa loirinha linda aqui é minha namorada Gabrielle.

Ela nos apresenta e eu fico sem palavras, ela disse namorada e também me chamou pelo apelido que ela me deu, só posso pensar que isso significa que ela me perdoou, espero que sim, é tudo que eu mais quero.

A enfermeira e eu nos cumprimentamos e posso ver que agora ela não está mais toda sorrisos, pelo contrário, está com a cara fechada, acho que não gostou de saber que eu sou a namorada da Nanda, ela logo termina o que estava fazendo e vai embora.

Me sento na beirada da cama e seguro a mão da Nanda.

            - Você está bem mesmo?

            - Sim, mas vou estar bem melhor se você me der um beijo. – ela se senta e segura em meu rosto.

            - Tem certeza? você me disse que queria um tempo pra pensar e não quero te forçar a nada.

Pergunto meio receosa, mas morrendo de vontade de beija-la.

            - Tenho certeza, sei que disse que queria pensar e eu pensei, foi tudo o que eu fiz depois que você foi embora ontem, cheguei à conclusão que eu não aguento ficar longe de você, eu te amo e quero estar sempre ao seu lado – ela olha em meus olhos e limpa uma lágrima que escapa – eu quero estar com você, só te peço que a partir de agora não importa o que aconteça sempre converse comigo antes de tomar qualquer decisão, para que não ocorra o mal entendido que aconteceu, e quero que confie em mim, eu jamais vou quebrar a sua confiança em mim, assim como espero que você não quebre a minha em você.

            - Eu prometo Nanda, nunca mais vou duvidar de você, eu aprendi a lição, eu te amo e não quero nunca mais passar por isso.

            - Ótimo, agora eu quero o meu beijo. – fala sorrindo e me beijando.

O beijo começou suave e lentamente, aos poucos foi se intensificando, sinto sua língua encontrando a minha e ela ch*pa a minha língua me fazendo gem*r, quando o ar nos falta encerramos o beijo e ficamos com as testas encostadas uma na outra.

            - Eu te amo, sou completamente apaixonada por você, obrigada por me dar mais essa chance, você não vai se arrepender.

            - Não precisa agradecer, eu que tenho sorte de ter você em minha vida, a partir de agora vamos deixar o que aconteceu no passado e focar somente no presente e futuro, quero que o que aconteceu sirva apenas como um aprendizado, eu amo você, e isso é o que importa, e também quero que me prometa que se você receber outra mensagem dessa pessoa que te enviou as outras você vai falar comigo imediatamente.

- Prometo sim, mas porquê?

- Porque eu vou descobrir quem é essa pessoa que está te enviando essas mensagens.

- Tudo bem amor, se eu receber outra eu te falo na mesma da hora.

Fernanda

Depois da conversa que eu tive com a Gabi, ela ficou comigo o dia inteiro e na parte da tarde foi pra casa dizendo que iria voltar para passar a noite comigo, tentei dizer que não precisava, mas ela disse que voltaria mesmo assim.

Vou ter que ter outra conversa com ela, apesar de ela não falar nada percebi que ela ficou incomodada com a forma que a enfermeira está me olhando, e confesso que até eu fiquei.

Eu já conhecia a Julia, mas fazia anos que não a via, nem sabia que ela ainda estava na cidade e nem que trabalhava nesse hospital, nós estudamos juntas no colégio, já ficamos algumas vezes, mas não passou de alguns beijos.

Percebi que a Gabi não gostou da forma que a Julia estava me olhando, e acho que ela não comentou nada por medo, devido a tudo que aconteceu, vou conversar com ela quando ela voltar para que não fique nenhum mal atendido, porque se fosse eu no lugar dela não iria gostar se ela não me contasse.

Ela acabou de me enviar uma mensagem dizendo que já está chegando, e nesse momento a Julia entra no quarto.

- Boa noite, vim só conferir se está tudo bem. – ela diz, verifica alguns monitores e anota algo no prontuário. – você está sentindo alguma coisa? ainda com dor de cabeça?

- Não, eu estou bem, a dor já passou.

- Isso é bom, provavelmente se você não sentir mais nada amanhã cedo o médico te da alta.

- Ainda bem, não vejo a hora de ir pra casa, detesto hospital.

- Ninguém gosta, - ela sorri e se aproxima da cama – sua irmã não vai ficar com você hoje a noite? - pergunta

- Não, eu disse pra ela que não precisava, ela tem aula amanhã de manhã, aí mandei ela ficar em casa mesmo.

- Meu turno já está acabando, mas se você quiser eu posso ficar para te fazer companhia durante a noite. – diz me dando um olhar que me deixa desconfortável.

- Obrigada, mas não precisa.

- Precisa sim, mesmo que você já esteja se sentindo melhor, é bom ter um acompanhante durante a noite, não me importo em ficar e te fazer companhia, podemos até relembrar os velhos tempos. – diz dando um sorrisinho, sorriso esse que na época do colégio me deixava doida, mas agora não sinto nada, não é o sorriso da minha loirinha e não tem as covinhas que eu tanto amo.

- Não precisa, minha namorada vai ficar comigo, ela só foi em casa descansar um pouco e tomar um banho, na verdade ela já deve estar chegando. – falo e vejo o sorriso sumir do seu rosto.

- O namoro de vocês é sério? Porque pelo que me lembro na época do colégio, você sempre disse que não queria namorar, queria somente curtir a vida.

- E isso era verdade, nunca quis namorar, pelo menos até conhecer a Gabi, ela é a única que conseguiu me fazer mudar de ideia, a única que conseguiu ultrapassar a barreira que eu tinha erguido, o nosso namoro é muito sério, eu a amo, sou completamente apaixonada por ela. -  falo esperando que ela vá logo embora.

            - Talvez depois que você sair daqui podemos marcar de sair, relembrar os velhos tempos. – diz, e acho que ela deve ser surda, acabei de dizer que amo minha namorada e ela me chama para relembrar os velhos tempos.

Mas sabe o pior? Eu não tive tempo de responder porque a porta foi aberta e a Gabi entrou e pela cara que ela está, tenho certeza de que ela ouviu.

Fim do capítulo