Fernanda

Eu acordei no hospital quando já estava no quarto, o medico me explicou que eu estava bem, que não tive ferimentos graves, mas que tive uma concussão e precisaria ficar em observação.

Meus pais já foram embora, pedi que eles fossem, afinal eu estava bem e minha mãe não pode se estressar, tem que descansar, eles disseram que iriam, mas voltariam amanhã e a Lara decidiu ficar comigo.

Lara já me perguntou um milhão de vezes se estou bem, se estou com dor, se estou confortável, eu ri e disse que estou bem, ela agora esta calada e sei que esta apenas pensando em como falar o que tenho certeza que e alguma coisa sobre a Gabrielle, conheço muito bem a irmã que tenho.

            - Pode falar Lara, sei que quer falar alguma coisa, então fale logo. – ela me olha com um sorriso fraco.

            - Me conhece mesmo, então eu vou falar, - ela respira fundo – você vai conversar com a Gabi?

- Sabia que era sobre isso, mas não sei a resposta pra essa pergunta, foi a Gabrielle que me mandou embora, ela que não quis conversar, ela que terminou comigo sem ao menos me dar um motivo.

            - Ela me disse o que aconteceu, foi um mal-entendido, e assim que ela soube do acidente ela veio correndo pra o hospital, ela está lá fora e tenho certeza de que só não entrou ainda porque está com medo de você não querer ela aqui.

            - Não consigo pensar em um mal-entendido que tenha feito ela reagir daquela forma, ela terminou comigo sem nenhuma explicação e isso realmente me machucou. – falo e sinto uma lágrima caindo pelo meu rosto.

            - Converse com ela Fernanda, ela vai te explicar o que aconteceu, e tente perdoa-la, ela sabe que errou, você se amam não podem deixar esse mal-entendido separar vocês duas.

Fico pensando no que ela disse, quando escuto batidas na porta, ela é aberta e a Gabi entra acompanhada das mães.

Ela esta triste, os olhos estão vermelhos, da pra ver que estava chorando, elas entram e as mães dela se aproximam da cama, mas ela não, ela fica parada perto da porta.

            - Como você está Fernanda? – a delegada me pergunta.

            - Estou bem, pronta pra outra. – eu brinco.

            - Credo, não fala isso sua doida. – Lara diz

            - Está com dor? O medico disse que você teve alguns ferimentos pelo corpo além da concussão. – Paula pergunta.

            - Só com um pouco de dor na cabeça, o resto não está doendo, acho que os remédios que me deram fizeram o trabalho direito.

            - Que bom, viemos só para ver como você estava, nós já vamos, mas qualquer coisa que precisar me avisa, - a delegada fala.

            - Pode deixar.

            - Melhoras Fernanda e se cuida – Paula diz e se vira pra Lara – Lara será que você pode nos acompanhar até lá fora um pouco?

            - Claro, volto daqui a pouco Fernanda – ela se aproxima e diz no meu ouvido – escute ela, ela ama você. – depois as três saem e me deixam a sós com a Gabi.

Ela continua parada no mesmo lugar sem nem se mexer, posso ver que ela está chorando em silencio, e por mais que eu esteja magoada não suporto ver ela assim.

            - Não vai chegar mais perto? Eu não mordo não sabia?

Ela me olha e se senta na cadeira que está ao lado da cama.

            - Me desculpa, é minha culpa você estar aqui, se eu não tivesse mandado você sair, você não teria sofrido o acidente. – ela fala chorando.

            - Não precisa chorar por se sentir culpada, você não teve culpa, foi um acidente.

            - Eu estou me sentindo culpada sim, mas não é por isso que estou chorando – ela me olha nos olhos – estou chorando porque eu te amo e você poderia ter morrido. - Ela diz e segura a minha mão.

            - Você está me deixando confusa Gabrielle, você terminou comigo, me mandou ir embora, disse que não me queria mais na sua vida e nem teve a consideração de me explicar o motivo, e agora diz que me ama, quem ama não faz isso.

            - Eu sei que agi errado, eu fui uma idiota, primeiro em acreditar no que eu vi e duvidar de você, e segundo em não conversar como você me pediu, você tem razão, eu fui imatura, devia ter conversado com você, mas quando eu vi a foto eu fiquei sem chão, eu te amo Nanda e pensar que você estava me traindo me fez sentir uma dor tão grande que eu não consegui nem pensar direito.

            - Como assim eu estava te traindo, você ficou doida Gabrielle? eu nunca fiz e nem faria isso. – como ela pode pensar uma coisa dessas? eu amo essa loirinha, dês de que a conheci eu nem reparo em outra mulher.

            - Eu vou te contar, eu recebi uma mensagem...

Ela me conta tudo o que aconteceu, e a cada palavra eu fico mais furiosa, como ela pode acreditar nisso, quando ela me mostra a foto confesso que até eu pensaria a mesma coisa, mas ela devia ter confiado em mim, confiado no meu amor por ela.

Quando termina de contar ficamos em silêncio por um tempo, ela me olha com os olhos cheios de lágrimas.

            - Diz alguma coisa, por favor Nanda.

            - Como você pode acreditar numa coisa dessa Gabrielle, eu jamais faria isso com ninguém e muito menos com a mulher que eu amo, como pode pensar que eu tinha te traído? – pergunto com raiva.

            - Porque eu só uma idiota, eu fiquei insegura.

            - Como assim?

            - Nanda, olhe pra você, você é linda, carinhosa, tem um coração enorme, uma carreira brilhante pela frente, e quando eu vi essa foto eu pensei que você tinha se cansado de ficar com uma menina que é mais nova, pensei que você poderia querer uma mulher que estivesse a sua altura.

            - Pois pensou errado, eu não queria outra mulher, eu não estava te traindo, estava trabalhando e essa mulher é a Claudia, ela trabalha comigo na delegacia e eu não tenho nenhum interesse nela.

            - Eu sei, minha mãe me contou tudo, por favor Nanda me perdoe, eu sei que agi errado, prometo que nunca mais duvido de você, me perdoe, sei que eu não mereço, mas me aceite de volta, eu te amo, não quero ficar longe de você.

- Não sei o que dizer Gabrielle, eu te amo, mas você realmente me magoou, e eu não estou disposta a passar por isso novamente, se alguém inventar alguma outra coisa sobre mim pra você e você duvidar de mim de novo não sei se suportaria passar por tudo novamente.

            - Isso não vai acontecer, eu prometo que nunca mais duvido de você e que sempre vou conversar primeiro, por favor Nanda, eu amo você, me dá mais uma chance, por favor.

Ela está chorando, e ver isso está quase me fazendo chorar também, não quero que ela sofra, por mais que eu esteja magoada, não quero ver ela assim. Eu me sento e a puxo para se sentar na cama de frente pra mim e seguro uma de suas mãos.

            - Não chora, não gosto de te ver assim – limpo suas lágrimas – vamos fazer assim, você para de chorar e me dá aquele seu sorriso lindo com as covinhas que eu amo, e quando eu sair daqui nós conversamos e resolvemos tudo, tudo bem assim? – ela sorri, mas é um sorriso fraco. – não, esse sorriso não conta, eu quero um de verdade, e com as covinhas.

            - Não consigo, eu estou com medo, pelo jeito que você está agindo comigo parece que não vai me dar outra chance e isso está doendo, sei que eu errei e que você tem toda razão de estar magoada e com raiva de mim, mas eu não quero te perder. – limpo mais lágrimas que continuam a cair.

            - Eu não estou com raiva de você, estou magoada com o que aconteceu, só preciso de um tempo pra pensar.

            - Tudo bem, mas por favor pense com carinho e lembre que eu te amo.

            - Prometo pensar com carinho sim.

            - Obrigada, posso te da um abraço?

Ela pergunta de um jeito tão fofo que me faz sorrir, eu abro meus braços e ela me abraça.

Quando sinto o cheiro dela meu coração dispara, eu amo esse cheiro de morango que ela tem, sempre fico embriagada, ela se afasta e ficamos cara a cara, meus olhos caem nos lábios dela, aqueles lábios vermelhos que eu sei que são macios e possuem um sabor delicioso, ela passa a língua lentamente por eles e eu não resisto.

Eu a beijo lentamente, coloco uma mão em sua nuca e a outra em sua cintura a puxando para mais perto, aprofundo o beijo pedindo passagem com minha língua que ela concede rapidamente, quando nos falta o ar, encerro o beijo dando vários selinhos nela.

            - Eu amo você, lembre- se disso, - ela me da mais um selinho e depois se levanta. – eu vou indo, já esta tarde e você tem que descansar, eu posso voltar amanhã para te ver? – sorrio

            - Pode sim, eu vou adorar.

Ela sorri, e agora as covinhas que eu tanto amo aparecem, nos despedimos e ela vai embora.

Fico pensando em tudo que conversamos. Eu realmente estou magoada com a forma que ela lidou com a situação, e estou com raiva, muita raiva dessa pessoa que esta enviando essas mensagens pra ela, tenho uma desconfiança de quem possa ser, mas ainda não vou acusar ninguém, eu vou descobrir quem é, e quando isso acontecer essa pessoa vai se arrepender.

Fim do capítulo