Capitulo 24
Elena mexeu na cama e notou um corpo quente colado ao seu. Ainda de olhos fechados sorriu e gem*u devagar. Piscou algumas vezes e abriu os olhos embalada pela música que tocava num volume que mais parecia uma caricia aos sentidos. Joy estava completamente enroscada nela e tinha os olhos abertos. O olhar era doce, intenso, curioso e terno, uma mistura peculiar que causou um arrepio na nuca de Elena. Joy sorriu e tocou a ponta do nariz de Elena e em seguida beijou-a languidamente. Ela beijava gem*ndo e o beijo era ainda mais quente. Elena mais uma vez sentiu-se tonta, levemente embriagada. Queria mais, muito mais e não teve qualquer receio ao posicionar-se por cima de Joy e observá-la enquanto suas mãos passeavam pelo corpo ainda mais quente que o beijo. Em segundos estavam em delírio e buscavam-se numa ânsia desenfreada que apenas seres apaixonados entendem.
A intensidade dos beijos já exigia outras viagens mais profundas, quando Elena ouviu o toque do alarme.
--Joy...
--Hmmm...
--Joy, eu preciso levantar...
--Hum-hum...daqui a pouco...
Risos com mais beijos.
--Joy...o alarme está a tocar...
--Acho que já é a terceira vez...
--O quê?
Elena fez menção de voar da cama, mas rapidamente Joy a prendeu com as próprias pernas.
--Joy...já deve ser bem tarde e meu dia começa com um monte de reuniões...
--Como é que sabes? Não estavas de férias?
--Ah, e achas que não olhei o meu email?
Risos.
--Viciada!
--Dedicada! Posso ir? Joy...assim fica difícil...
Joy olhava para Elena com olhos famintos e prendia-a com mais vigor.
--Estás quente...
--Hum-hum...ardendo...
--Mulher...
Elena beijou-a com volúpia e gem*ram juntas. Joy arqueou o quadril e Elena entendeu o que ela queria. Queria a mesma coisa...queria tanto que não conseguia mais raciocinar.
--Cinco...cinco minutos...prometo... - Joy tentava falar enquanto tinha seu pescoço devorado com beijos vorazes.
Entregaram-se ao bailado dos corpos sedentos de prazer. Joy pressionava os calcanhares nas costas de Elena e gemia enquanto tinha o corpo beijado. Os beijos pareciam trilhas de fogo e num gesto de quase súplica, Joy direcionou uma mão de Elena para o meio das suas pernas e com muita habilidade nos movimentos, arrancou a própria lingerie. Seu olhar suplicante não deixou margens para qualquer dúvida e Elena entrou nela com urgência. O corpo dela estava tão preparado para aquela impetuosidade que Elena sentiu seu próprio corpo tremer. A intensidade do embalo alcançou um ritmo tão frenético que Joy cravou os dentes no ombro de Elena no momento em que sentiu uma onda de prazer querendo invadir-lhe. A onda veio, varreu o corpo todo e culminou em uma explosão na cabeça. Elena desabou sobre Joy e teve seu próprio corpo sacudido pelos espasmos dela. Balbuciando coisas sem sentido, Joy segurou a face de Elena entre as suas mãos e ofegante suplicou por um beijo. Elena beijou-a com vagar. Lambuzaram-se. Houve uma troca tão intensa e de um impacto incalculável, que não sobraram forças para falar qualquer coisa. Olharam-se com ardor, afeto, um olhar de satisfação e de entrega absoluta e depois de um longo suspiro, Elena deitou-se no peito de Joy. A inglesa apertou-a contra o seu corpo e sorriu.
A probabilidade de Elena estar atrasada para o trabalho era enorme, mas a única certeza que tinha naquele instante era que precisava ficar imersa naquela sensação. Mais uma vez, alguns pensamentos tentavam criar um enredo na sua cabeça, mas totalmente em vão. De olhos fechados e encaixada perfeitamente nos braços de Joy, sorriu embalada pelos acordes de Storm inside (The Ambientalist).
Algum tempo depois...
--Joy, eu preciso sair dessa cama...-- Elena Sussurrou ainda de olhos fechados.
Silêncio.
Joy acariciava as costas de Elena com a ponta dos dedos.
--Estou a sonhar...- Finalmente pôde proferir algumas palavras.
Elena suspirou e sorriu mordendo o lábio inferior.
--Joy...ajuda-me a sair dessa cama...
--Vai lá meu bem, mas não me peça para fazer o mesmo...sinto-me deliciosamente esgotada...
Riram juntas e se emaranharam ainda mais no abraço.
--O alarme...
--Hmmm?
--O alarme está a tocar...
--Joy, como é que eu saio daqui?
--Não sei e nem quero descobrir.
--Bandida!
--Há minutos eu era deliciosa. Agora sou bandida?
Risos com beijos.
Elena ouviu um barulho que já conhecia e sentiu-se ainda mais feliz.
--Obrigada, meu amor. - Gritou.
--Mas eu não fiz nada, ou fiz?
--E tu por acaso és meu amor?
Gargalhadas altas.
--Ainda bem que não tenho problemas de autoestima.
Risos com beijos.
Elena ergueu-se e fez uma reverência. Mesmo sem forças, Joy levantou a cabeça e entendeu o que estava a acontecer.
--É isso mesmo?
--Sim! Ele me acorda quando perco a hora. Como tenho problema de insónia, às vezes não durmo as horas necessárias na madrugada e depois acabo por perder a hora. Ele arranha o puf e eu acordo.
--Bom despertador.
--O melhor! Quando tenho o privilégio de dormir bem, ele me acorda melhor ainda.
--Dormiste bem? - Joy perguntou quase num rompante.
--Tira essas mãos de mim. Sai de mim, Inglesa. Preciso trabalhar.
Elena pulou da cama e correu em direção ao banheiro. Da porta, olhou para Joy e sorrindo de forma provocadora disse:
--Não me importo de dormir outras vezes ao teu lado. Tchau!
Rindo alto, entrou no banheiro e fechou a porta.
Joy que estava sentada na cama, desabou no colchão, e rindo alto, abraçou uma almofada.
--Essa mulher...ah essa mulher...
*****
--Vejo pequenas mudanças nestes dois dias de ausência. - Disse Elena olhando para a tela do seu computador.
--Pouquíssimas, mas pelo menos agora temos uma agenda semanal e os destaques da semana. Resta saber até que ponto isso tudo será respeitado.
Elena maneou a cabeça e sorriu.
--Por aqui não podemos falar em grandes mudanças, já em ti...
--Hmmm? - Elena ergueu a sobrancelha e fixou o olhar na colega, Claire.
--Elena, estás radiante. Vou pedir umas férias também.
Risos.
--Estou?
--Meu Deus, entraste por aquela porta e parecia que o sol estava colado em ti.
--Descanso...
--Sim, claro. Aturar a Brigitte na aba como tu aturas não é fácil.
Elena sorriu e pensou que precisava mudar aquele cenário. Tinha a sensação que as pessoas ou a achavam uma idiota que não sabia se impor, ou uma lambe botas atrás de uma promoção. Nenhuma das opções faziam sentido.
--Saíste da cidade? - Claire parecia não ter nada para fazer.
--Não...fiquei em casa a relaxar com o meu gato e a minha mãe estava cá e...
--Ah não, e eu aqui imaginando que tinhas feito muito sex* e degustado as melhores bebidas.
Elena quase se afogou de tanto rir. Ficou muito vermelha e a colega riu na cara dela.
--Estás em Nova York mulher, desabroche. E eu achando que aquele assobio era sinal de lembranças picantes.
--Quem estava a assobiar?
--Tu! Há bocado entrei aqui e estavas a assobiar e com um sorriso parvo estampado no rosto.
--Eu?
--Hum-hum e vens me dizer que passaste as miniférias enfiada em casa com gato e mãe. Ah Elena eu tinha uma melhor imagem tua.
Gargalhadas.
--Pois é, sinto muito em desapontar-te, mas essa sou eu.
--Eu imaginava que tinhas essa cara de séria e o comportamento mais sério ainda, mas que escondias uma versão bem safada. Como a Elizabeth Mayers, por exemplo.
Gargalhadas.
--Do último livro do Paul Higgs? Quem me dera, Claire. Não tenho nem 1% da ousadia daquela mulher...
--Pois e eu aqui a fantasiar...voltemos à nossa realidade nua e crua.
--Hum-hum, muita coisa para fazer e a nossa digníssima já enviou lembrete das duas reuniões que temos daqui a bocado.
--Uma agora de manhã e outra ao final da tarde. Mas eu só fui convocada para essa de manhã. Acho que o da tarde é algum trunfo que ela tem na manga e graças a Deus esqueceu de mim, pois ninguém merece essa mulher quando está obcecada por alguma ideia...
--Obrigada pelo consolo.
Risos.
--Mas tu gostas dessa loucura dela...
--Hum-hum...
Claire saiu da sala de Elena e ela olhou imediatamente para o telefone. Recriminando a sua atitude intempestiva, pousou o aparelho com a face para baixo e sorriu.
--Estava a assobiar? A Claire não inventaria essa história. Juízo, Elena.
Riu e desviou a atenção para o computador.
*****
--Zayco, eu deveria dar o exemplo e não te ajudar nessa travessura. Parecemos donos de apartamento alheio. - Riu afagando o seu cachorro. - O Mykonos pode não gostar...
Zayco correu para outro ambiente do aparamento e Joy espreguiçou-se. Já passava da uma da tarde e não costumava ficar na cama até tarde. A menos que passasse a madrugada a trabalhar, jamais saía da cama depois das 9 horas. Com uma chávena de café nas mãos, caminhou em direção à imensa janela da sala. A vida lá fora parecia seguir no mesmo ritmo de sempre, mas ela sentia-se muito diferente. Estava leve, com uma fúria de vida a correr-lhe pelas veias e uma necessidade de fazer coisas que normalmente não fazia.
--Calma, Joy! Calma!
De olhos fechados, respirou fundo e sorriu. Sacudiu os dois pés no assoalho de madeira e riu. Queria sentir os pés no chão, pois a sensação era de flutuar. Precisava aterrar...ou não?
No meio de seus devaneios, ouviu o telefone. O coração alvoroçou na certeza que era Elena. Não era. O coração bateu de forma diferente, mas bateu. Com um sorriso no rosto e doçura na voz, atendeu.
--Joyanne, até que enfim consigo transpor a muralha.
--Que muralha? Exagerado!
--Desde ontem que tento falar contigo e nunca me atendias...
--Fuso horário.
--Estou na cidade do México, ou seja, diferença mínima.
Risos.
--Onde é o incêndio?
--Foi confirmado o show em Nova York e nós estamos em polvorosa.
--Uhuuuu, que felicidade irmãozinho.
Risos.
--Eu adoraria que a mãe viesse. Ela sempre foi uma apoiante incondicional do meu percurso e ficaria feliz em me ver atuando em Nova York.
--Ah Thomas, a mãe jamais viria até Nova York para isso...
--Viria sim senhora. Ela só não vem porque até onde entendi está com alguma questão para resolver e não pode ausentar-se de Londres.
--Questão?
--Sim, mas ela não falou muito sobre o assunto, aliás, ela não falou nada, mas eu percebi na forma como falava. Apesar de toda a alegria, eu pude notar alguma preocupação.
--Contigo?
--Não, claro que não. Tu sabes como é a Madia...
--Muito reservada e distante...
--Não! Ela apenas não gosta de nos preocupar e muito menos de mudar as nossas rotas.
--Hmmm...
Claramente a perceção de Joy era bem diferente, mas preferiu ouvir o irmão a refutar.
--Nossa mãe é uma mulher maravilhosa e só sou quem sou por causa das duas mulheres da minha vida. Cada uma me ajuda de uma forma distinta e eu não estaria onde estou se não fosses tu e a mãe. Joy, já pensaste o que seria de nós se a Madia fosse igual ao nosso excelentíssimo progenitor? Tu talvez não a percebas, mas ela é incrível.
Joy não concordava com aquela visão do irmão, mas alguma coisa ficou a martelar na sua mente. Uma certa inquietação e uma necessidade de respostas.
O assunto mudou e passaram a falar sobre coisas aleatórias.
--Joy, onde estás?
--Hmm? Que mudança de rumo...
Risos.
--Só queria saber se estás a trabalhar.
--Porquê?
--Porque estás com aquele entusiasmo na voz que só existe quando estás a fotografar.
--Sim, estou a trabalhar...em casa. - Sorriu e bateu a cabeça.
--Eu logo vi. Te amo, irmãzinha.
--Eu mais ainda.
--Preciso desligar. A Paloma está a assinalar alguma coisa que não entendo e ela é brava.
--Ainda bem, precisas de ordem.
Risos.
Depois de terminar a ligação, Joy sentou no parapeito da janela e deixou a mente viajar. As palavras do irmão não paravam de ecoar na sua mente e com reflexos no coração.
--Estou sensível...a felicidade me deixa assim...
Sorriu e pulou da janela.
Parou em frente a um porta retrato que emoldurava uma linda foto de Elena com a mãe. Pegou-o na mão e observou como Elena estava com a cabeça no ombro da mãe e ela acariciava seus cabelos. Teve nostalgia de algo que não lembrava de ter vivido...
Sentiu-se confusa, quase angustiada. Com o telefone ainda nas mãos, ensaiou ligar à mãe, mas desistiu a meio do caminho. Sentou no sofá, cruzou as pernas e colocou a mão no queixo.
--Zayco, preciso de ti... - Gritou pelo cachorro.
Zayco veio abanando o rabo e logo atrás e com passos firmes, Mykonos.
Joy riu da cena inusitada e brincou com os dois.
*****
--Ainda bem que me esperaste, Troia querida.
Risos.
--Já ia embora. Meu tempo está limitado porque como já deves imaginar, a minha adorável editora chefe e dona da empresa e insana, está mais doida ainda depois das minhas curtas férias.
--Faço ideia. Sabes que és explorada? Claro que sabes e adoras esse tratamento.
--Era para isso que querias me ver?
Risos.
--Já me conheces e sabes que se não provocar não sou eu. Mas há verdades no que que disse...
--Não estás com fome? Eu estou faminta e devo sair bem tarde do trabalho...
--Para não variar...sim, estou com fome. O que sugeres dessa ementa maravilhosa?
Risos.
--Está tudo bem? Pareces ligeiramente agitada...mais agitada.
--Claro, quero saber as novidades da minha grega favorita.
--Só isso...olha que eu te conheço.
--Pois conheces...estou tentando aumentar as minhas fontes de renda...
--Mais um deslize nas finanças?
--Já me conheces...
--Milanka, ias tão bem...eu posso ajudar...
--Não! Preciso aprender a gerir melhor meu dinheiro e a ser menos consumista...
--Conseguiste mais trabalho?
--Sabes que modéstia à parte, sou excelente no que faço...
Risos.
--Disso não restam dúvidas. Conseguiste trabalhos por aqui ou vais viajar?
--Alguns por aqui, mas a maioria em Boston. A Ciara está melhor do que nunca na produtora e precisa de mim...e outras coisas mais...
--E eu fico sem a minha amiga...
--Tu nem ligas para mim. Sabes que eu sou a carente dessa relação.
Gargalhadas.
--Não precisas rasgar o peito. Minhas viagens serão sempre curtas e mais aos finais de semana.
--E o namoro?
--Melhor impossível. O Ethan vai me acompanhar sempre que possível. Ele tem negócios em Massachusetts.
--Hmmm, parece que tudo está a fluir muito bem...
--Sim...e a senhorita, quando vai começar a relatar o fim de semana em Vermont.
Elena riu e bateu a cabeça.
--Nada de mais...
--Isso eu já sei porque te conheço há algum tempo. Ainda que a inglesa seja bastante interessante, não creio que seja o suficiente para mudar essa tua aversão a romances.
--Aversão a romances? De onde inventaste essa característica para a minha pessoa?
Gargalhadas altas.
--Troia, tu não és exatamente a mais romântica das criaturas. Acho que sempre priorizas outras áreas da tua vida...
--Sim, mas isso não faz de mim uma pessoa avessa a romantismo...
--Nem tu acreditas no que acabaste de dizer.
Risos.
--Se bem que nesse caso em particular, eu não julgo se acionares a tua essência mais racional...
Elena olhou fixamente para a amiga.
--Sabemos que existe o lorde inglês que nunca aparece, mas que é uma realidade. Tu sabes que mulheres são problemáticas, já me viste quase enlouquecer com aquela doida e...
--Não te preocupes! Estou ciente de tudo e apenas aproveitando o lado bom das coisas...
--Eu não me preocupo contigo, Troia. Não ias perder a cabeça com essa inglesa...
Risos.
--Não! Nem com a inglesa e nem com ninguém. Como viver sem a cabeça?
Gargalhadas.
--Idiota! Mas não vá ser chata, racional, pés no chão...
--Meu Deus, e ela é minha amiga...
Risos.
--Muito amiga, mas eu te conheço e ainda acho que a relação com o Gregory poderia ter sido...
--Ah não, Gregory outra vez?
--Ele é maravilhoso e com uma paciência...
Risos.
--Eu nunca estive apaixonada por ele...
--E tu por acaso permites que essa avalanche te alcance?
Por segundos Elena pensou em Joy e suspirou. O que sentia era diferente...bem diferente.
--Não precisas bocejar, eu não falo mais sobre isso. Até porque não vale a pena...
Elena controlou uma vontade súbita de rir. Não tinha bocejado, mas ainda bem que a amiga tinha entendido a sua reação de forma equivocada.
--Tudo bem que não te apaixonas com facilidade, mas adoras sex* que eu sei. Pelo menos isso já aconteceu com aquela inglesa aparentemente fogosa?
Elena mordeu os lábios involuntariamente. Lembranças de como tinha sido acordada provocaram um redemoinho no seu corpo.
--Ah, mas é safada essa grega. Quero detalhes.
Elena riu e olhou fixamente para a amiga.
*****
Joy olhava para a tela do computador sem nenhuma urgência para movimentar-se. Precisava trabalhar e estava com alguma pressão nos prazos, mas, deleitava-se com as imagens do fim de semana em Vermont. Tinha enviado o arquivo a Elena há alguns minutos e permanecia viajando nas lembranças que aquelas imagens traziam. Pasmava no sorriso espontâneo de Elena ante a beleza do por do sol. Admirava a fotogenia daquela mulher...admirava-a em tudo.
Assobiando, saiu do estúdio e perambulou pelo apartamento. Seu estado de espirito era um festival de emoções. Sorria, ficava presa a pensamentos nada esclarecedores, suspirava de saudades da grega.
Num rompante, pegou o telefone e mais uma vez ligou para William. A mesma mensagem que ouvira da última vez. Nada de extraordinário, já que ele viajava muito e estava sempre entre um negócio e outro. Já não se falavam há mais de 15 dias...talvez fossem mais dias sem nenhum contato. Em Londres não era muito diferente...
Mordeu o canto da boca e uma sensação de amargo inundou-lhe o paladar.
--As coisas mudam...as coisas mudam depressa...- Sentia-se ansiosa.
Conjeturou enquanto enchia uma taça de vinho. Na sala, encostou numa parede e ficou ainda mais imersa em pensamentos. A música que tocava, My inner voices (The Ambientalist) foi o combustível perfeito para grandes mergulhos na sua alma...
*****
A reunião com o escritor que Brigitte queria a qualquer custo levar para a EWO corria muito bem. Ela era insuportável, mas excelente de lábia. Elena diria que ela conseguiria qualquer coisa na vida pois tinha o dom de dizer exatamente o que seu interlocutor queria ouvir. A conversa era na realidade uma disputa de egos inflados, mas não deixava de ser divertida.
Num momento de claro flirt entre a chefe e o escritor do momento, Elena levantou o seu celular que tinha a face para baixo e resolveu ver se tinha mensagens. O coração em alvoroço era claramente a antecipação do que seus olhos leriam em seguida.
"Esqueci de dizer na última mensagem que acordar como hoje é uma delicia...precisei viver 32 anos para descobrir essa maravilha. Foco na reunião, grega."
A mão de Elena tremeu e quase deixou o aparelho cair. Claro que o estardalhaço chamou a atenção dos outros para si.
--Tudo bem?
--Hum-hum...às vezes sou levemente desastrada.
--Ficas linda com a cara corada...
Elena quase se enfiou debaixo da mesa. O escritor parecia goz*r com a sua cara. Brigitte estava no céu...
*****
--Olá inglesa...
--Olá grega...
Risos.
--Acabei de chegar em casa, depois de um dia muito intenso na editora e percebi que estou órfã de gato.
Risos.
--Meu Deus, Mykonos fugiu?
Por instantes Elena parou de respirar.
--Para, Joy...
Recuperou o ar com uma longa respiração.
--Estás viva?
Risos.
--Estou e preocupada com esse gato, mas com uma leve suspeita de que ele foi levado para duas ruas acima. Eu só não consegui entender ainda como Myk está tão tranquilo com o Zayco.
Joy riu às gargalhadas.
--Pode ser o charme dessa família de duas ruas acima.
Risos.
--Bom, contra fatos não há argumentos.
--Acabaste de admitir que somos charmosos?
--Ah, Joy...
--Sério?
--Absolutamente...
--Hmmm...
--Mas e o Myk?
--Bom, digamos que mesmo garantida pelo charme, eu precisava ter a certeza que te via mais uma vez...
Parada no meio da sua sala, Elena sorria escancaradamente.
--E para tal, raptaste o meu gato...
--Não seria tão drástica com as palavras...ele quis vir e eu não nego nada a gente charmosa...
Risos.
--Estou com saudades dele...
--Venha buscá-lo...
--Estou com saudades tuas...também...
--Estamos todos aqui em casa...
Elena mordeu a boca e sorriu.
*****
Elena enchia Myk de carinho que milagrosamente parecia muito feliz em receber afeto, e podia perceber os olhos de Joy cravados nela.
--Ele está feliz em ver-te...
--Ele é tão arredio e agora isso, meu coração não aguenta.
Myk pulou dos braços de Elena e se perdeu pelo apartamento de Joy.
--Bom, não posso elogiar...
Risos.
--Vejo que ele está completamente adaptado à tua casa. Esse bicho costuma ser esquisito e muito seletivo. Não entendi essa atitude, mas eu não tenho pretensão de entender a cabeça genial e temperamental do meu filhote. O que foi?
Joy estava encostada numa parede e devorava Elena com o olhar.
--Hmmm?
--Pareces fora de orbita...
--Acho que estou e tu estás lindíssima. Hoje, particularmente mais linda...
--Achas?
--Hum-hum...esses saltos ficam-te muito sexy...
--Ah, hoje tinha reunião com o Zyan Bellevue...
--Hmmm, o escritor do momento e com o qual queres muito trabalhar.
--Esse mesmo. Ao vivo ele é bem mais interessante e o livro que está a escrever e que com certeza será editado pela EWO, vai ser um sucesso retumbante.
O entusiasmo de Elena ao referir-se ao escritor provocou uma sensação esquisita no estômago de Joy, mas não deu importância. Eram tantas sensações novas que aquela era apenas mais uma...
--Enviei-te as fotos...- Mudou de assunto.
--Sim? Podemos ver juntas?
--Claro!
Elena aproximou-se de Joy que estava encostada numa parede.
--Já me viste... - Provocou, tocando os braços de Joy.
--Sim e estás linda...lindíssima...
--A vontade foi devidamente saciada?
Joy inclinou a cabeça para trás e riu alto.
--Então?
--Não, claro que não. Nem sei se vou chegar a tanto...
--A quê?
--Tu gostas de provocar...
--Hum-hum...e de outras coisas também...
Joy puxou a nuca de Elena e encontraram-se num beijo carregado de desejo. A voluptuosidade inicial foi dando lugar a uma dança calma de lábios e línguas. Apertaram-se uma contra a outra, sorriram e por vezes alguns gemidos mais ousados ganharam vida e ecoaram pelas paredes do apartamento.
--O teu gato...
--Hum-hum...o meu gato, o Myk...
Risos com lábios colados.
--O Myk vai dormir aqui...
--Ah vai?
--Hum-hum, ele manifestou interesse...
Elena riu abraçou Joy.
--Será que tem lugar para a dona dele? Ela pode dormir até na varanda naquele sofá...
--Se ela quiser dormir aqui, minha cama é espaçosa...
--Eu já conheço a cama...espaçosa...
Risos altos.
--Eu já sabia que seria convencida a ficar por aqui e vim preparada.
Gargalhadas altas.
--Culpa do Myk...
--Nem se discute de quem é a culpa...
Risos.
--Posso tomar banho?
--A casa é tua...
--Estou muito cansada e com os pés moídos.
--A banheira não é aquela de Vermont, mas é muito boa.
--Não tinhas banheira da última vez que estive no teu banheiro...
--Agora tenho...foi instalada há pouco tempo...
--Cabe duas pessoas?
Joy riu muito e voltou a sentir aquelas coisas muito estranhas. Eram estranhas, mas não a amedrontavam...
--Até cabe, mas vais ficar sozinha. Preciso concluir algo lá no estúdio...
--Tudo bem...prometo demorar bastante na banheira maravilhosa e não te atrapalhar.
Gargalhadas.
--Gosto disso...de ti... - Joy falou movida por um impulso mais poderoso do que qualquer controle que pudesse ter.
Elena beijou-a languidamente e com os sapatos de salto nas mãos, dirigiu-se para o outro lado do apartamento.
Joy seguiu-a com o olhar e na face um sorriso sonhador.
"Vou me apaixonar..."
Foi o pensamento dominante da inglesa.
*****
Elena deliciava-se com a música que vinha da sala e naquele instante seu mundo estava perfeito. De olhos fechados e cabeça pendida na banheira, gemia levemente com a caricia da água tépida no seu corpo. Não queria mais nada. A leveza do instante era viciante e se lhe fosse permitido, perpetuaria o efeito que lhe causava. Suspirou uma, duas, várias vezes. Ainda não que soubesse muito bem definir a intensidade daquele sentimento, seu lado racional não estava em alerta. Riu ao pensar em racionalidade...
Cantarolava Sometime love de Sevana que era a música que tocava na sala, quando percebeu que tinha mais alguém no banheiro. Abriu os olhos devagar e encontrou os de Joy brilhando intensamente. Ela sentou-se na borda da banheira e estendeu-lhe uma taça de vinho.
--Não posso exagerar. Já tomei duas no evento de trabalho...
--Esse vinho é bom...
--Não tenho qualquer dúvida.
Joy observou-a enquanto bebia o primeiro gole de vinho e em seguida ergueu um brinde.
--A quê? - Perguntou Elena com seu melhor sorriso.
--À vida e aos seus mistérios...
--Aos mistérios da vida...à saúde...aos encontros...à ousadia...
Riram juntas.
--À ousadia! - Joy concordou.
Elena piscou o olho.
--Estás feliz pela possibilidade de editar o livro do Zyan?
Parecia um assunto aleatório, mas será que era apenas isso?
Elena adorava o tema e expressou-se apaixonadamente.
--Pareces uma bola de luz quando falas do teu trabalho.
Elena riu alto.
--É a melhor descrição que já ouvi acerca da minha dedicação ao trabalho.
--Já apaixonaste por algum autor...ou autora?
Elena arregalou os olhos e sentou-se na banheira. O inusitado da questão provocou-lhe ardor na face. Passado o susto, riu e olhou intensamente para Joy.
--Paixão...paixão? - Resolveu brincar.
--Paixão carnal...sexual...essas coisas...
--Alguns já me convidaram para jantares fora dos domínios da EWO e com assuntos nada condizentes com a literatura...
--Hmmm...interessante...não me admira nada...
--Porquê?
--Linda, atraente, inteligente, misteriosa e livre...
Elena sorriu e começou a entender aquele redemoinho de palavras.
--Esqueceste de um detalhe...
--Qual?
--E muito profissional. Não misturo trabalho com cama. Jamais!
--Não cheguei na cama.
Riram juntas.
--E tem mais um detalhe, nem autores e muito menos autoras. Eu não costumo me apaixonar por mulheres.
--Hum-hum, claro que não!
--E tu?
--Eu o quê?
--Não te apaixonas pelos teus modelos?
--Eu também sou muito profissional. Não costumo fazer misturas que podem ser explosivas...
--Ainda bem que não és escritora...- Elena falou sem pensar.
Joy inclinou-se e beijou-a com paixão. Elena tentou puxá-la para a banheira, mas ela foi mais hábil e conseguiu esquivar-se.
--Ahhhh...- Elena fingiu-se brava e Joy riu muito.
--Preciso concluir umas coisas...vou deixar-te em paz para curtir esse banho maravilhoso.
--Não estás a incomodar...fica.
--Preciso ir...cuidado...
--Com quê?
--Não sou escritora...
--Não...ou és?
--Não sou!
--Hmmm...
Sorrisos.
--Mas sou mulher!
Joy saiu do banheiro e Elena mergulhou o corpo todo na banheira.
*****
Depois do banho, Elena juntou-se a Joy no sofá da sala. Viram as fotos e entre risadas e alguma rusga, concluíram que voltariam a Vermont.
--Adorei esse lugar. Superou todos os meus sonhos...
--Eu também gostei e ver teu entusiasmo tornou tudo ainda mais inesquecível.
--Posso escrever nas fotos?
--Não entendi...
--Eu queria criar uma história a partir dessas fotos. Seria uma forma de enaltecer a minha paixão pelo lugar e exprimir o que senti...mais ou menos isso...ah, não sei o que passou pela minha cabeça... - Sorriu de forma tímida. - Deve ser o cansaço que confundiu minha cabeça.
Joy não disse nada. Aproveitou a posição que Elena estava e começou a fazer massagem nos seus pés.
--Ah...como advinhaste? - Gem*u.
Mais silêncio.
--Que bom...muito bom...- Elena delirava.
--Podes fazer o que quiseres com as fotos. Elas são tuas.
Elena abriu os olhos e sorriu. Fechou-os mais uma vez e deleitou-se com aquele carinho que beirava à melhor preliminar de sempre.
As mãos de Joy agora estavam concentradas na panturrilha de Elena e os pés eram beijados...devagar.
Não demorou muito para estarem na cama de Joy. Por algum tempo Elena esqueceu o cansaço do longo dia de trabalho. A intensidade com que se entregaram provocou uma explosão de emoções que remeteu-as ao silêncio absoluto.
*****
Os dias que se seguiram foram marcados por encontros quase diários regados a novas experiências e ao sedimentar do que já caracterizava aquela relação. Ainda que sem combinar nada, ambas mantiveram a história real, sua verdadeira intensidade, guardada a sete chaves. Talvez por receio de julgamentos, talvez por elas mesmas não ousarem definir emoções mais intensas. Era bom assim. Não se assustavam e seguiam livres.
Zayco e Myk, continuavam na convivência pacifica e inusitada. Elena, brincava que Mykonos sentia mais saudades de Zayco do que alguma vez tinha demonstrado por ela.
No final da semana, Joy precisou viajar a trabalho. Elena ainda cogitou a possibilidade de acompanhá-la, mas resolveu agir com a razão e permanecer em Nova York. A viagem não era para um destino tão perto como Vermont e nem Joy teria tempo para estarem juntas.
A saudade era mais uma descoberta que as conectava. Uma saudade leve, que intensificava a vontade do reencontro. Era assim que viviam os momentos em que não estavam fisicamente juntas.
*****
--Achas que ela vai gostar? Eu acho que sim. E tu, Zayco?
Joy andava pelo apartamento com o telefone nas mãos enquanto tentava obter algum feedback do cachorro. Tinha regressado de manhã da viagem de trabalho e ainda não tinha falado com Elena. Tentara um pouco mais cedo, mas ela estava em reunião fora da editora. Recebera apenas uma mensagem automática.
Sorriu ao pensar que o destino estava a conspirar para que a supressa tivesse ainda maior impacto.
--Destino? A sério? Ah, Joy...
Riu de si mesma. Era cada coisa que lhe passava pela cabeça...
O telefone tocou e quase caiu-lhe das mãos. Era Elena.
--Grega, quanta dificuldade para saber de ti, meu coração não aguenta.
Riram juntas.
--Exagerada! Mas eu também não aguentava mais não ter meu alvo favorito para brigas sem sentido.
Gargalhadas.
--Pois, tu brigas por cada coisa...
--E tu adoras meus rompantes sem sentido.
--Hum-hum...
--Joy, estou tão feliz!
Era nítido no seu tom de voz. Tão nítido que Joy parou para ouvir o que ela tinha a dizer, antes de fazer o convite.
--Adivinha com quem vou jantar daqui a pouco?
Joy engoliu em seco, mas disfarçou muito bem.
--Não faço a mínima ideia...
--Com o Zyan! Nosso primeiro encontro de trabalho. Estou quase levitando...é um sonho que se realiza...ahhh, estou muito feliz.
--Parabéns!
Sem perceber, Joy sentou no sofá. Seu corpo estava com uma reação estranha.
--Não sei a que horas vou sair desse jantar, mas posso ligar-te para contar as novidades?
--Claro! Vou estar à espera...a trabalhar...
--Eu vou ligar. Estou muito feliz. Beijo.
--Beijo.
Joy olhou para o lado e viu Zayco olhando para ela com as orelhas caídas. Sorriu e teve vontade de chorar. Seu cão a entendia melhor que qualquer humano...
Fim do capítulo
Olá people,
Sigo sem qualquer resquicio de inspiração e com a vida me dando alguns sacodes. Mas, aprendi algures que nao devemos escrever apenas quando estamos inpirados. Gosto de me desafiar e com algum esforço, o 24 está no ar. Quem sabe eu ganhe mais animo daqui para a frente. Quem sabe...
Relevem qualquer erro que possa existir na escrita. Minha cabeça nao anda muito boa.
Obrigada a todas que comentaram. Ainda nao respondi, mas vou fazê-lo brevemente. Muito obrigada mesmo.
Boa semana.
N Helgenberger
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Marta Andrade dos Santos
Em: 02/03/2021
Eita Joy fica tranquila Elana está na sua .
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Xone
Em: 01/03/2021
Olá N!
Adorei este capitulo desinspirado, o que posso fazer se gostei?!?
Está a ficar cada vez mais quente... mas este 'medo' de falarem do que.sentem ainda as vai magoar!
Volra sempre e quando quiser, mesmo desinspirada!
Bjs
Resposta do autor:
Rsrsrsrs, se gostaste, está tudo bem :)
Voltarei.
Obrigada. Bj
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HelOliveira
Em: 01/03/2021
Está tudo tão maravilhoso entre as duas que já estou com medo de alguma tempestade chegando para tirar a paz.....esse final com a surpresa da Joy frustada...esse detalhe da mãe, o inglês e para acabar de atrapalhar esse escritor..
Até o próximo
Resposta do autor:
Rsrsrsrs, muitos ingredientes para testar nossas mulheres e essa paixão avassaldora. Veremos o que a autora nos reserva...ah, essa sou eu kkkkkk, mas não digo nada, jamais.
Muito obrigada. Bj
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Lorena Braga
Em: 01/03/2021
Estou amando conhecer as duas, queria conhecer uma grega dessa kkk.
A Joy me parece ótima fotógrafa, mas eu prefiro a Marília. Tuas histórias me encantam.
Resposta do autor:
Rsrsrss, meu bem, e quem nao queria?
Muito obrigada.
Bjs
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brunafinzicontini
Em: 28/02/2021
Momentos mágicos das duas, consolidando uma relação deliciosa! Cada vez mais Elena e Joy se encantam mutuamente, reforçando os laços entre elas, a ligação magnética que sentiram desde o primeiro encontro.
Está tudo tão bom que dá até medo de imaginar que algo aconteça para perturbar a linda história que as duas estão construindo entre si. O que acontecerá quando o inglês resolver aparecer?
O finalzinho do capitulo também já nos deixou com algum receio... A nossa querida inglesa viu frustrada sua intenção de fazer uma surpresa para Elena. Esperemos que esse dano possa ser bem reparado pela grega.
Boa semana, querida autora!
Beijos,
Bruna
Resposta do autor:
Rarsrs, romance sem entraves nao existe e essa pessoa aqui ADORA um drama rsrsrs
Ah se Joy pirar com a primeira frustração então ela nao está preparada para a vida kkkkkk, bichinha, eu querendo mandar nos sentimentos da mulher...e o pior é que sou a dona da vida dela kkkk ( nao liga, hoje minha cabeça está vaga)
Muito obrigada.
Bj
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NovaAqui
Em: 28/02/2021
Tadinha da Joy! A surpresa já era
Elas estão muito apaixonadas. Isso é ótimo para que não desistam delas quando algo diferente acontecer. Lógico que o namorado vai aparecer para perturbar
Boa semana
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Rsrsrs, coisas que acontecem...
Algumas coisinhas para testar a força dessa coisa toda...vamos ver :)
Abraços linda
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patty-321
Em: 28/02/2021
Tá ótimo, Nadi. A inglesa tá com ciúmes e a grega nem se toca. A interação delas tá perfeita e dos filhotes tb. Queria não tá inspirada e escrever maravilhosamente bem Como vc. Adorei. Bjs
Resposta do autor:
Olá :)
Elena percebeu o ciúme de Joy. As duas estão com ciúmes velados, ou nem tanto rsrsrs
Bjs e muito obrigada.
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