Luz e Escuridão por Thaa
Capitulo 2
LUZ E ESCURIDÃO – CAPÍTULO 2
Samantha observava a irmã, Marcela, caminhar na sua direção. Um sorriso se desenhou em seus lábios ao ver aquela mulher que sempre estava ao seu lado e sempre lhe apoiava em tudo. Ela era um dos seus maiores pilares. Família. Família era isso, apoiar uns aos outros nos momentos fáceis ou difíceis, de tristeza ou de alegria.
— Sam!
Marcela abraçou a irmã fortemente.
— Oi, Marcela.
— Que saudade, maninha, que saudade.
— Eu também. E mamãe e a Melissa?
— Estão em casa, ansiosas por tua chegada.
Samantha sorriu e se abaixou para pegar sua mala. Com um olhar feliz deu uma última olhada para aquele presídio onde vivera dias não muito bons. Tivera experiências terríveis ali dentro. Tanto era que não gostava nem de lembrar.
— Estou morrendo de saudades dela. A Mel deve está enorme.
— Cinco anos de muita traquinagem, Samantha. Não tens ideia de como anda aquela menina.
As duas riram.
Marcela fitou a irmã de cima a baixo.
— Meu Deus, Samantha, estás mais magra do que imaginei.
Samantha apenas assentiu com a cabeça.
Caminharam para o carro de Marcela.
— E o pai, já decidiu por assumir a filha?
— Não... aquela mãe dele é só Jesus na causa.
— Úrsula De Lá O.
— A própria. Ela me odeia, tu bem sabes, Samantha.
— Sei sim...
— Mesmo com muito esforço estou criando a minha Mel, não quero nada que venha daquele povo. Mas me conta, estás feliz?
— Muito. Eu não suportava mais viver aí dentro.
— Eu entendo bem. Deve ter sido bem difícil...
— Ainda está sendo. Eu assassinei a esposa de uma mulher, Marcela. Ela estava grávida. Sinto um peso tão grande no coração... um remorso que vem da alma.
— Não foi culpa tua, Sam.
— Eu me sinto culpada de qualquer jeito, Marcela. — Falou de uma maneira doce. — Sabe quando a gente carrega um grande peso nos ombros? Pois é, é assim que me sinto. Minha vida é um verdadeiro desastre, digamos assim. — Samantha entrou no carro e Marcela também. — Estou tão cansada, nem sei o que farei da minha vida agora, Marcela. Meu registro foi literalmente cassado, ou seja, não posso mais trabalhar na minha área por um determinado tempo, em resumo, acho que estou ferrada.
— Vem trabalhar na floricultura comigo e com mamãe, Samantha.
Samantha fitou a irmã. Sabia que a floricultura não dava muito e sua mãe necessitava de remédios caros todo mês. Precisava de outro emprego, porém, sabia que não seria tão fácil.
— É...eu farei isso. E o John, tens visto?
— Aquele canalha te deixou.
— É...— suspirou. — Ele que seja feliz e siga com a vida dele como bem lhe apetece.
— Aquele cara é um canalha, nunca te mereceu. Sei lá...
— Acho que no quesito amor eu sempre fui um completo fracasso. Também agora quero descanso. E um descanso bem longe desse sentimento. Primeiro me enfiei em um casamento para lá de abusivo, segundo noivei com um cara que só me traía e a na primeira oportunidade me largou...eu não quero nem imaginar uma terceira pessoa em minha vida...
Samantha suspirou pesadamente. E desde quando alguma vez em sua vida tivera sorte no amor? O que tinha mesmo era azar. Quando achou que estava bem, veio o acidente e acabou com todas as suas esperanças e expectativas. Achava-se uma dessas pessoas azarentas que existem por aí. Fato era que já estava cansada há muito tempo. Era uma pessoa, completamente, frustrada com a própria vida e aquele acidente e aquela cadeia vieram para aprofundar isso.
— Que nada, Samantha, és muito devagar, só isso.
— Eu não me acho uma pessoa interessante, particularmente. Tu sempre fosse a descolada e eu a sem graça.
— És interessante sim, quem te disse o contrário mentiu.
Samantha sorriu e pôs uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha.
— Estás precisada de dar um corte moderno nesses teus cabelos. Estão cheios de pontas, Samantha.
— No presídio não se tem luxo, Marcela.
— Eu sei, Samantha.
— Praticamente isso.
Marcela passou a mão no braço dela.
— Vai ficar tudo bem, agora.
— É...eu penso que sim, mas minha vida depois daquele acidente nunca mais foi a mesma.
— Não teria como ser, Samantha.
Solidão...
A esta já estava mais do que acostumada. Não havia nada de que sentisse falta, a não ser uma saudade sufocada no peito, de sua falecida esposa. Ela estava grávida. Iam ter uma filha. Era uma linda menina.
Alessandra entrou em um dos quartos da mansão. O cheiro de mofo já podia ser sentido por todo o lugar. Era um auge de cheiro forte. Mas ela não ligava, porque não queria mudar nada ali. Fora sua esposa quem escolhera e redecorara aquele quarto, então não queria mexer ou mudar nada. Era como se pudesse estar mais perto dela toda vez que entrava ali. Esperava que a maldita que matara a sua esposa morresse atrás das grades de uma prisão.
Semicerrou os lindos olhos e fechou o punho com toda força.
Havia um rancor em seu olhar e um ódio em sua alma solitária.
Nada mais lhe importava.
Gostaria de que o mundo se danasse!
Deveria ter morrido com elas...
Por que ficara viva?
Por quê?
Ariela dirigia pelo caminho íngreme e sinuoso. Ele estava indo falar com a chefe e amiga, afinal de contas, a briga entre os sócios: Alessandra, Úrsula e Henrique não estava fazendo bem à imagem da empresa. As ações estavam em dispêndio. A briga se tornara pública e estava trazendo muitos problemas para a empresa petrolífera e seus sócios com a desvalorização das ações.
Ariela meneou a cabeça e apertou o pé no acelerador.
Precisava de convencer Alessandra a regressar para a empresa.
Ariela diminuiu a velocidade do carro ao avistar a bela mansão branca de dois andares na encosta de uma montanha. O mar estava logo à frente, agitado, revolto.Parou diante da imponente casa e desceu do veículo ao desligá-lo. Com as chaves nas mãos caminhou na direção da propriedade paradisíaca. Não conseguia entender como Alessandra ousava morar ali sozinha, mesmo não podendo enxergar nada, mas não duvidava que aquela mulher era capaz de muitas coisas.
Ela tocou a campainha umas três vezes, antes de ser atendida pela bela mulher.
— O que você faz aqui? — Perguntou se afastando com a ajuda da bengala.
— Bom dia, Alessandra. — Ela sorriu. — Tenho um assunto para lhe falar.
— Não desejo falar mais nada contigo! Tudo que tinha para dizer já fora dito!
Raiou e respirou fundo.
Olhou na direção dela, mesmo sem poder vê-la, mais ainda se recordava das feições bonitas. Ela era uma importante executiva. Vestia-se sempre de maneira formal: saia e blusa social acetinada. Saltos altos moldavam seus delicados pés. Os cabelos negros viviam presos em um coque e os olhos azuis costumavam se assemelhar ao mar.
Era uma mulher muito bonita e atraente.
— Eu acho que não!
Ariela sempre a enfrentava.
Era uma das poucas pessoas que fazia isso.
— Seja breve. — Falou, aborrecida, e foi para um canto da enorme sala.
Ela fitou a bela mulher. Ela era linda. Parecia um dos mais belos anjos do reino dos céus. A expressão do rosto era forte, mas nos olhos havia uma imensa dor. Mas já sabia bem qual era o motivo.
— Só vim lhe informar que as ações da empresa estão em dispêndio. Eu não sei como, mas veio a público os desentendimentos que está havendo entre você, sua tia e seu primo.
Ela deu de ombros.
— E? — Trocou a bengala de mão.
— Aconselho-a a voltar para a empresa e assumir a presidência, já que você é a sócia majoritária e presidente.
— Não voltarei. Sabes que não tenho condições. Por isso pedi para que resolvas qualquer assunto por mim e que me passe apenas o essencial. Para isso te dei a procuração.
Ariela meneou a cabeça.
— Você sabe que sua tia e seu primo não me consideram ninguém dentro daquela empresa. Para eles eu sou um zero à esquerda.
— Ninguém são aqueles dois abutres! — Falou, por entre os dentes.
Ariela sabia que ela era cabeça dura.
Não ia lhe ouvir.
— O que eu posso fazer?
— Desmentir tudo. Diga a mídia que estamos melhor do que nunca! Entre nós apenas reina a paz! — Falou com extremo sarcasmo.
Ariela balançou a cabeça negativamente ao fitar aquele belo rosto todo cheio de deboche.
— Então você não voltará para a empresa?
— Não! Tudo permanecerá exatamente como está. — Ordenou.
Ariela relanceou os olhos pela grande casa. Tudo ali parecia sem vida, sem cor, sem luz, igual a dona, que parecia mergulhada na tenebrosa escuridão.
— Não deveria passar o resto da sua vida nesta escuridão. O mundo...
— O mundo lá fora não me interessa. — Interrompeu-a, veementemente.
Ela apenas assentiu.
— Farei o que me pediu! Mas por que demitiu a moça? O que ela fez de errado? — Procurou por uma explicação concisa.
— Já lhe disse que não desejo a presença de ninguém nesta casa, sua inútil! — Falou por entre os dentes e apontou-lhe o dedo.
Ariela suspirou.
Perdendo a paciência, foi até a bela empresária e a segurou pelos braços.
— Você não deveria se sentenciar a morrer nesta escuridão, nas paredes frias desta casa!
Bruscamente, Alessandra a empurrou.
— Não me toque!
Ariela respirou fundo!
Passou uma das mãos pelos cabelos e ajeitou os óculos de aro dourado aos olhos.
Ariela olhou para um canto da sala e viu uma foto de Alessandra abraçada com a esposa grávida. Ela parecia muito feliz ali...
Não compreendia como ela conseguia viver ali sozinha, sem nada enxergar. A única pessoa que ia ali era uma diarista, por sorte aquela mansão era localizada em um condomínio de luxo de casas vigiadas vinte e quatro horas por dia.
— Você sabe que não conseguirá sobreviver sozinha dentro desta casa.
Relutava Ariela.
— Não estou lhe perguntando absolutamente nada.
— Vai precisar de alguém para te ajudar, Alessandra.
— Eu não preciso de ninguém! De ninguém!
— Meu Deus, Alessandra! Não sei se consigo lidar contigo!
— Não estou lhe pedindo para que lide comigo. Aliás, nem pedi para que você viesse aqui.
— Estou aqui, porque sou a tua amiga, Ale...
— Meu nome é Alessandra!
Alessandra caminhou para a escadaria. Subiu o primeiro degrau.
Ariela não disse mais nada.
Ainda pediu para que a moça ficasse o restante daquele dia e preparasse o jantar de Alessandra.
Ela entrou no carro e ligou para Roman.
— Sim, patroa?
— Você já arranjou a pessoa que te pedi?
— Vou falar com ela ainda hoje, patroa. Essa pessoa eu conheço muito bem. É uma pessoa íntegra.
— Faça como achar melhor.
Roman assentiu.
Preocupada com Alessandra, ligou para o celular dela e fora atendida.
— O que você quer?
— Esta noite terá um jantar, confraternização da empresa...você deveria comparecer.
— Nada disso me interessa, sabes muito bem.
Falou, em tom amargo.
— Tudo bem, Alessandra. Como quiser. Mas... você está bem?
— Sim!
E desligou.
Ela apenas assentiu e subiu escadaria acima, perdendo-se em meio à escuridão daqueles cômodos cheios de lembranças amargas.
Henrique segurou nas duas mãos da mãe e se sentou diante dela.
— Mamãe, a senhora sabe que a Melissa é minha filha e eu preciso dar um pouco de atenção a ela.
— A única coisa que você tem obrigação é de dar a pensão aquela fedelha, nada mais.
Úrsula odiava a própria neta e a mãe da menina mais ainda.
— Ela é sua neta.
— A filha daquela morta de fome não é nada minha!
Exclamou com orgulho.
Henrique desistiu de tentar.
— Está bem. A senhora nunca vai aceitar.
— Nunca.
Úrsula se levantou.
— Aonde a senhora vai, mamãe?
— Vou a casa da cega desgraçada, preciso de persuadi-la a vender suas ações para nós. Ela é uma inválida.
— Mamãe, a senhora conhece bem quem é Alessandra.
Ele já conhecia bem a prima e suas impetuosidades.
— Você acha que eu tenho medo dela?
— Não é isso, mamãe. Só acho que Alessandra não vai querer acordo algum conosco. Ela é a presidente da empresa. É a filha e herdeira única do tio Alessandro.
— Deixe que com ela eu sei bem lidar.
Alessandra deixou a bengala perto da porta do banheiro e entrou neste. Do lado de dentro se despiu. Ficou nua. Ligou a água na banheira e entrou nela. Fechou os olhos, enquanto sentia a água morna lhe banhar a pele bronzeada.
Alessandra fechou os olhos. Sua mente fora invadida por dolorosas lembranças. Fazia um dia lindo, o sol brilhava tão intensamente, tão lindamente, ainda se recordava do sorriso lindo dela, da voz calma, ela era tão amável, tão passiva. Era difícil não se lembrar de como ela era. Mas um maldito lhe tirara a vida. Roubara-lhe a vida de uma maneira cruel. Tirara de si os seus bens mais preciosos. Dois anos já haviam se passado desde aquele fatídico dia em que perdera uma parte de si. Nunca soube quem era o assassino de sua amada esposa, não suportou vê-lo ou seria capaz de matá-lo com as suas próprias mãos.
Suspirou...
Respirou fundo.
Mergulhou por completo naquela água e ficou debaixo dela durante alguns segundos.
Queria dar um fim àquela dor.
Queria dar um fim à sua existência.
Tudo parecia tão vazio e sem sentido.
A vida não valia mais a pena.
Samantha nem queria acreditar que estava mesmo em sua casa. Ao entrar na casa da mãe e avistar a sobrinha e a mãe correu até elas e as abraçou forte.
— Tia Sam! Tia!
A menininha era pura excitação.
— Oi, meu amorzinho.
Com os olhos cheios de lágrimas abraçou a pequena loirinha.
— Como você está, tia?
— Estou bem, minha princesa.
— Eu estava com tantas saudades tua, tia.
— Eu também, meu amorzinho.
— Filha...
— Mamãe...
Samantha deu um forte abraço na mãe.
— Como você está?
Samantha suspirou.
— Tirando o fato de que sou uma ex-presidiaria e que carrego duas mortes mas costas, está tudo bem.
— Ora, filha, deixa de tuas besteiras que não tiveste culpa de nada.
— Mesmo assim me sinto culpada, mamãe.
— Minha filha, deixe de besteira e vá tomar um banho para nós comermos.
— O que queres aqui? — Questionou de uma maneira arrogante.
Úrsula a olhou desdenhosamente.
Nem mesmo cega aquela desgraçada deixava o orgulho de lado, pensou.
— Vim lhe falar.
Úrsula era uma mulher fria, ambiciosa e sem consciência.
— O que tinha para dizer já fora dito. Não quero mais falar sobre o mesmo assunto. — Pontuou.
— Você sabe que está cega e não tem mais condições de permanecer como presidente da empresa. Há mais de um ano você não aparece por lá!
Alessandra deu de ombros, orgulhosamente.
— E quem é você para dizer o que devo fazer ou não? Ninguém manda em mim. — Empinou o queixo.
— Sou a sua tia.
— Para mim não passa de um nada.
— Você deveria me respeitar, sua impertinente.
Alessandra deu uma risada irônica.
— Não me diga, “titia”, eu sei muito bem qual é o seu joguinho e o do meu primo, mas comigo não. Já disse que não venderei minhas ações a vocês, tampouco abdicarei do meu cargo de presidente da Petroll.
— Você não está presidindo a empresa como deveria. As ações estão em dispêndio.
Alessandra estreitou os olhos ameaçadoramente.
Apertou a mão na bengala com toda força.
Os punhos doeram.
— Por sua culpa! — Falou, irritada. Já estava perdendo a paciência com aquela inútil.
— Por minha culpa não, por sua culpa. Seu pai deve estar se revirando no túmulo por causa desse seu descaso para com a empresa que ele e os ancestrais deram o sangue para fundar.
Alessandra apenas deu de ombros.
— Se já terminou, a porta da rua é a serventia da casa.
— Você continua tão miserável como sempre.
— Obrigada, “titia”. — Falou em tom debochado e deu-lhe as costas.
— Você ainda vai se arrepender amargamente.
Alessandra não lhe deu ouvidos.
Úrsula saiu e bateu a porta com força.
Entrou no carro e saiu dali arrastando pneu.
Samantha sentou à mesa junto com a família. Sorriu. Estava morrendo de saudades delas.
Recordou-se de seus amargos dias na prisão. Fora espancada e quase fora obrigada a dormir com uma mulher. Coisa que jamais lhe passara alguma vez pela cabeça. Suspirou e sorveu um gole de café.
A mãe notou o olhar distante, de Samantha. Sabia que a filha estava muito triste com todos os acontecimentos que tivera na vida. Para acabar de completar o noivo a largara dois meses depois de ela ter ido parar na prisão.
— O que foi, filha?
— Só estou pensando em como proceder com essa minha vida daqui em diante, mamãe. Não posso mais trabalhar em minha área.
Dona Mercedes esticou as mãos por cima da mesa e segurou nas mãos dela.
— Vais trabalhar comigo e com tua irmã lá na floricultura.
— Eu sei, mamãe. Até porque ninguém iria querer contratar uma ex-presidiaria. A senhora sabe como é o preconceito das pessoas.
— Sei, mas nem tudo está perdido. Quando soube que ia sair da prisão Marcela foi logo em teu apartamento e o deixou todo impecável. Sabes bem como tua irmã é caprichosa.
Samantha sorriu, toda cheia de gratidão.
— Três cirurgias. Uma a cada três meses. Na última você já poderá voltar a ver o mundo.
Disse o profissional, bastante confiante.
— Já estou cheia de tuas promessas, Fagundes. — Levantou-se, irritada.
O médico ficou desconfiando diante da imponência da bela mulher.
— Não são promessas, Alessandra, entenda. É a ciência.
— A ciência vem se demonstrando uma verdadeira porcaria não últimos anos.
— Eu sou o seu médico e preciso de que você confie em mim, Alessandra.
Ela respirou fundo.
Passou uma das mãos pelos cabelos negros.
E mesmo sem poder vê-lo, encarou-o.
— Está bem, mas te adianto que esta será a última vez que tentarei fazer esta porcaria de cirurgia.
Ele sorriu, assentindo.
— Garanto a você que voltará a ver o mundo.
Ela apenas deu de ombros.
Não tinha o menor interesse, definitivamente.
Ele se levantou, pegou a maleta, despediu-se dela e se foi.
Alessandra travou as portas da casa. Mesmo sabendo que a segurança por ali era reforçada, nunca confiava em ninguém. Depois de se certificar de que estava tudo fechado, fora para a cozinha preparar algo para comer.
Samantha se levantou da cadeira e retirou os pratos da mesa. Fora para a pia lavar.
— E a floricultura, mamãe? Tudo bem por lá? — Perguntou, enquanto lavava a louça.
— Sim, minha filha. Graças a Deus estamos vendendo bem. Há sempre pessoas querendo presentear com flores.
Samantha sorriu.
— Ainda bem que existe romantismo por aí.
Roman parou o carro na floricultura da senhora Holland.
Desceu do veículo e entrou no estabelecimento.
— Marcela, oi, bom dia.
Marcela encarou o homem de terno.
Já lhe era um velho conhecido.
Eram vizinhos há muito tempo e sabia que Roman era apaixonado por si.
— Bom dia, Roman.
— Tudo bem?
Ele riu.
— Tudo e você?
— Bem.
— Eu soube que a Samantha saiu hoje da prisão e também soube de tudo o que aconteceu com ela.
Marcela comprimiu os lábios.
— Sim, infelizmente é tudo verdade.
— Eu sei...ela perdeu o registro no conselho de medicina.
— Está desempregada e a gente sabe como é difícil um ex-presidiario arranjar um emprego por aqui. A floricultura não dá muito...
Roman assentiu.
— Eu queria falar com a Samantha. Tenho uma proposta de trabalho para ela e acho que será muito boa.
Os olhos de Marcela se iluminaram.
— Sério?
— Sim. Ah, já ia me esquecendo, o Henrique mandou isso aqui pra ti.
— Obrigada, Roman.
— Por nada, Marcela. A Mel está bem?
— Sim, está.
— A Samantha está no apartamento dela ou na casa de dona Mercedes?
— Está lá na casa de mamãe.
Ele assentiu.
— Preciso ir lá falar com ela.
Roman deixou a floricultura.
Gostava muito da família Holland e era apaixonado por Marcela, mas ela nunca lhe dera chances. Conhecia-as há apenas um ano, mas era como se já as conhecesse há muito mais que isso.
Marcela havia lhe contado que tinha uma irmã na prisão, mas nunca lhe falara por qual motivo ela fora presa. Ela sempre dizia que a irmã não gostava de falar sobre algo tão pessoal. Sabia que era muito difícil para ex-presidiários arranjar um serviço por ali. Gostava muito de Marcela e da família dela. Confiava nelas e sabia que eram pessoas humildes e que Samantha precisaria muito de apoio agora nessa saída recente dela da cadeia. Não havia ninguém melhor que ela para ser os olhos de Alessandra dentro da escuridão daquela casa.
Fim do capítulo
Minhas lindas, na quarta-feira agora retirarei do Lettera Uma Linda Mulher, O Rancho e Santa Diaba. Essas histórias passarão por um processo de revisão para serem vendidas como ebook, inicialmente, na Amazon. O Refúgio, Os Herdeiros Del Monte, Pérola Negra e todas as outras que foram retiradas também serão vendidas como ebook na AmAZON. é ISSO..RSRS.
BEIJOS!
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Anny Grazielly
Em: 22/05/2021
Acho que Sam e talvez a pequena Mel vai fazer com que o coração de Ale volte a bater com mais paixão...
Val Maria
Em: 23/02/2021
Olá Thaa! Você não faz ideia do tamanho da minha alegria em ver que estas de volta.Duas mulheres fortes, porem sofrida cada uma a seu jeito, mas com suas dores.Esse acidente tem haver com essa tia megera da Alê,a veia não presta e nós sabemos.A Sam que se cuide porque trabalhar para essa mulher vai ser seu pior castigo, pior que a prisão.
Gostaria de ter um livro físico de "A DONA" essa historia é muito top, mas se vai para o amazon está bom.Espero que você nunca nos abandone, certo!!!!
Um grande beijão para você garota.
Resposta do autor:
Olá, querida Val. :)
Cá estou de volta. Não demorei. A história pedia para ser publicada logo. Kkkk
Teremos aí duas grandes personalidades conflitantes...cada uma com suas perdas e dores. É de se dimensionar quem perdeu mais, mas não quem sofreu mais. Acho que o sofrimento foi para as duas. Mas quem sabe elas se encontram.
Alessandra é arrogante, tem uma personalidade difícil de lidar, mas creio que a Sam tem muita paciência.
Quem sabe mais adiante poderemos sim ter o livro físico de A Dona. <3
Beijão grande e cuide-se.
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Xone
Em: 23/02/2021
Parabéns pelo o caminho que as suas histórias estão fazendo, é fruto do seu trabalho e talento.
E pronto, cá estou eu para acompanhar Luz e Escuridão.
Coragem Samantha a Alessandra vai ser uma prova mais difícil que a prisão... ou não!?!
Bj
Resposta do autor:
Olá, meu bem, muito obrigada. :)
Pretendo publicar todos os meus romances sim, na Amazon. Por que não? Depois de cinco anos escrevendo aqui no Lettera finalmente a coragem veio. rsrs.
Muito feliz que esteja aqui novamente a acompanhar Luz e Escuridão. É mais uma aventura. Rsrs
Essa convivência promete.
Grande abraço e fique bem.
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Mille
Em: 23/02/2021
Oi querida Thaa
Mais você é danada viu, e merece sim ter ebook ou livro impresso. Parabéns
Aí aí Roman vai colocar a Sam e Ale juntas. E essa Úrsula é uma mala sem alça já não gostei dela
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá, querida Mille.
Muito obrigada! :)
Kkkkk, pois, o Roman vai juntar as duas. Será que essa junção dá certo? Bom, vamos ver.
A Úrsula é aquele tipo de mulher ambiciosa e maquiavélica.
Beijo e se cuide.
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HelOliveira
Em: 23/02/2021
Thaa minha querida, começo pedindo desculpas por seu nome ter saído errado no comentário anterior....esse corretor me mata de vergonha.
Tô sentindo que vamos sofrer com a Samantha mais do que sofremos em Santa Diaba.
Estou até com medo de imaginar o que vai acontecer com elas convivendo. Tenho muita curiosidade em saber o que levou a Samantha a provocar esse acidente.
Bjos e boa semana.
Resposta do autor:
Meu nome é Taís, mesmo, Thaa é um pseudônimo de que gosto. :)
Kkkk, ah esses corretores. O meu vivi a trocar o "mais" por "mãos". Complicado.
Será que a Samantha vai sofrer? rsrsrs
Há muito para ser revelado ainda.
Beijo e se cuide.
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