Luz e Escuridão por Thaa
Capitulo 1
LUZ E ESCURIDÃO — CAPÍTULO 1
Era um dia lindo!
O sol já quase se punha timidamente por trás das belas montanhas verdejantes...dos morros íngremes.
A vista era idílica.
Alessandra dirigia o veículo conversível, pela BR pouco movimentada daquela tarde. No som do carro tocava uma música romântica. Ela fitou o belo rosto da esposa. Mirou naqueles incríveis olhos azuis. Viu-a sorrir. Era aquele sorriso o motivo de sua felicidade. Mirou-lhe a linda barriga. Nove meses. Em breve nasceria a linda filha de ambas.
Alessandra segurou na mão da esposa e apertou-a.
— O nome dela será mesmo Sophia?
Marina sorriu e levou a mão de Alessandra aos lábios, beijando-a.
Alessandra sorriu ao sentir aqueles lábios aveludados na pele de sua mão.
— Sim, meu amor, será Sophia.
Alessandra balançou a cabeça positivamente.
— É um lindo nome.
— Eu também acho...por isso o escolhi. Você gostou?
Perguntou com os olhos brilhando de ansiedade.
— Sim, meu amor.
Marina pegou a mão dela e levou até sua barriga.
— Sentir os chutes dela em minha barriga é tão incrível, Alessandra. — Falava, numa euforia sem tamanho.
Alessandra sorriu.
— Eu imagino que sim, meu amor.
— Quando ela nascer vai alegrar ainda mais a nossa vida. Eu estou tão feliz e estou mais feliz ainda por ter uma mulher incrível ao meu lado.
— E quem é essa mulher?
Alessandra esboçou um sorriso, franzindo o cenho.
Marina também sorriu e a olhou com muito amor.
Haviam se conhecido há alguns anos, recordou-se. Apaixonara-se por Alessandra praticamente na primeira vez em que a vira. Como não amar aquela mulher?
— É você!
— Não sei se sou merecedora do seu amor...
— Você é merecedora de todo amor do mundo, Alessandra.
Marina notou o olhar distante, da esposa.
Viu-se obrigada a perguntar o que ela tinha.
— O que houve, Alessandra, que de repente ficou séria?
Alessandra suspirou.
— Não é nada com você.
— Mas me fala, por favor.
— Não confio na tia Úrsula tampouco no meu primo Henrique. Sinto que a empresa não vai bem na mão deles.
— Por que, meu amor? O que eles fizeram?
Alessandra passou uma das mãos pelos longos cabelos negros.
— Penso que estão a desviar dinheiro da empresa...
— Meu amor, não deveria desconfiar assim da sua tia e do seu primo.
— É... talvez não.
Alessandra segurou na mão dela e beijou no dorso.
— Te amo...
— Eu também te amo...— Alessandra a fitava com amor, mas de repente seus ouvidos foram invadidos pelo grito sôfrego e assustado da esposa. Não deu tempo de olhar para frente...de se mover...de desviar...a última coisa que viu foram os lindos e doces olhos azuis da esposa lhe dizendo um triste adeus...
Era uma linda tarde de novembro quando o fatídico acidente ceifou a vida de Marina Megalos, a bela e jovem esposa de Alessandra Katsaros. O casal regressava de um passeio, quando um veículo ultrapassou a contramão e bateu de frente com o carro Marina e Alessandra.
Marina estava grávida e morreu na hora...não resistiu aos ferimentos. As ferragens ultrapassaram a sua barriga, matando a ela e ao bebê que tinha no ventre.
Já Alessandra ficará gravemente ferida e acabou por sofrer uma forte pancada na cabeça, o que a fez perder a visão, além de ter o corpo também gravemente ferido.
Fora um terrível acidente.
Aquele fora um dia em que Alessandra jurou nunca mais esquecer!
Um ano e oito meses depois...
Alessandra respirou fundo!
Estava mais agoniada e irritada do que nunca.
Os dias pareciam sempre se repetir naquela triste solidão.
Passou uma das mãos pelos cabelos negros.
Não passava um só dia de sua vida sem que não se lembrasse daquele dia. Os olhos azuis de Marina fora a última coisa que vira. Fechou os olhos e os apertou com toda força. Desejava ter morrido no lugar delas. Não era para elas terem morrido.
Um suspiro triste escapou dos seus lábios.
Agoniada, levantou e começou a vagar pelos cômodos escuros da imponente mansão.
Aquele lugar obscuro e rebuscado parecia não ter vida, não ter luz.
O coração daquela mulher figurava mergulhado nas trevas. Na escuridão.
Há quase dois anos Alessandra se trancara ali.
Isolara-se do mundo...de tudo, de todos.
Nada mais parecia lhe interessar.
Ela perdera o prazer pela vida.
A moça que fazia a faxina na casa entrara pela porta dos fundos.
Ao chegar na sala fitou a figura vestida de preto.
Mesmo de costas o ar aristocrático, de nobreza, poderia ser notado, assim como a postura imponente, inflexível.
Ela estava de costas, com uma das mãos apoiadas em uma bengala, os cabelos negros e brilhantes caíam como uma cascata por suas costas eretas.
Ela era alta, bela, plácida.
Era uma mulher atraente, muito bonita.
Parecia uma deusa grega, não apenas por sua descendência, mas por sua beleza aterradora.
— Dona Alessandra?
A moça chamou baixinho.
A voz parecia relutante.
— Sim...?
O tom seco ecoou pelos cômodos escuros.
— Só para avisá-la que já cheguei e vou preparar o seu café da manhã.
Não sentia fome, mas apenas assentiu.
Desejava sempre ficar sozinha.
Detestava algum ser humano por perto.
— Com licença.
Alessandra não respondeu.
Manteve-se em silêncio absoluto. Não desejava a presença daquela moça ali.
Aliás, a presença de qualquer ser humano era mais do que indesejada naquela casa!
Apenas olhava aquela manhã de sol pela janela, sem nada enxergar.
Fechou os olhos por um momento...e toda vez que fechava os olhos eram os olhos azuis de Marina que conseguia enxergar... ao menos ali poderia encontrá-la...seu coração sangrou como uma mina se esvaindo. Uma forte e tenebrosa angústia lhe sufocou por dentro. Não conseguia prosseguir. Desejava todos os dias que tivesse morrido com elas. Não deveria ter sobrevivido. Não deveria!
Apertou a bengala com toda força, como se quisesse matar a sua grande dor.
Como se quisesse destruir tudo!
Tinha uma expressão de dor terrível em seu rosto.
Samantha estava sentada num banquinho de cimento, no pátio da penitenciária feminina federal, ao lado de outras duas presas: uma traficante de drogas e a outra uma assassina de aluguel. Observava despretensiosamente dona Noemia, cuja aparência lembrava muito sua mãe, os cabelos aloirados, ombros curvados, pele enrugada e um jeito simpático ao redor dos olhos caídos. Ela tinha uma expressão bondosa, mas todos sabiam que ela estava ali por um motivo tão ou mais cruel do que muitos daqueles casos. Ela estava ali, porque ajudara o filho a matar o assassino da sua filha. Dona Noemia contava com apenas 58 anos de idade, porém, os anos na cadeia haviam surrado a sua aparência, fazendo-a envelhecer rápido demais.
A vida ali dentro não era fácil.
Samantha sabia disso melhor do que ninguém, pois, afinal de contas, já passara ali um ano e oito meses.
Podia chamar aquilo ali de o inferno na terra.
Aquele lugar era escuro, encardido, superlotado. As camas de cimento eram um verdadeiro pesadelo.
O gosto de fel daquele lugar amargava em sua boca.
Samantha sentia um peso no coração. Achava que merecia estar ali, afinal de contas, cometera um crime atroz, cruel e precisava pagar por ele.
Só assim se sentiria em paz.
Mesmo sabendo que sairia dali na manhã seguinte, não era paz que reinava em seu coração.
Marcela olhava as contas altas.
A floricultura não dava muito lucro ultimamente.
Depois que Samantha fora presa tudo só havia piorado para si e para sua família. Sua mãe era doente e precisava todos os meses de remédios caríssimos para seu tratamento. Desde que seu pai as abandonara que Samantha se tornara a cabeça da família. Ela era quem ficava à frente de tudo. Estudara muito para passar em um vestibular de medicina e conseguira. Sempre fora uma mulher disciplinada e batalhadora. Formou-se e tornou-se uma das melhores cirurgiãs da área. Porém, o destino ou mesmo a vida foram muito cruéis com a sua irmã. Por causa de um maldito acidente ela fora presa e isso fora motivo para desestruturar a família.
As coisas somente vinham se complicando mais a cada dia.
E agora, com a saída de Samantha da prisão, as coisas não melhorariam, pois não se podia esquecer o fato de que Samantha era uma ex-presidiaria e por ali o preconceito era muito grande com isso.
Afinal de contas, ninguém queria contratar um ex-presidiário para trabalhar para si.
Marcela suspirou.
A floricultura não daria sequer para pagar metade das contas de sua família.
Mas Samantha precisava trabalhar em algum lugar...
Não havia outro jeito.
Ela tinha de ficar na floricultura.
Já era noite.
Alessandra se deitou em sua cama.
Porém, não conseguia dormir. Todas as noites sonhava com ela...e todas as noites experimentava a mesma dor no coração.
Morria de saudades dela, do cheiro dela, do abraço dela.
Aquela voz...
Aquele sorriso.
Um dia tinham lhe feito tão feliz...
Mas alguém a tirara de si!
Tirara as duas de si!
Uma lágrima rolou por sua face e ela secou com toda força, como se quisesse rasgar a pele delicada do próprio rosto.
Samantha estava curvada sobre a cama de cimento arrumando suas coisas em uma pequena mochila. Aquela seria a última noite que passaria por ali, graças a Deus. Os dias ali dentro haviam sido extremamente sofridos e dolorosos para si. Ainda se lembrava com nitidez e veemência das três vezes que fora espancada quase até a morte, por um grupo de três presas. Até pelos seus ouvidos saíra sangue, também pelo nariz, não queria lembrar, não gostava de lembrar, porque era como se revivesse tudo novamente.
Samantha suspirou e ao acabar de arrumar sua mala a colocou perto da cama.
Então se deitou e se cobriu com fino lençol.
Ficou olhando para o teto de cimento...os olhos verdes estavam perdidos ali.
Sentia uma forte angústia no coração...uma dor que parecia vir da alma. Não se perdoaria jamais pelo que fizera.
Fechou os olhos para tentar dormir, porém, sabia que não conseguiria.
Na manhã seguinte...
Úrsula De Lá O conversava com o filho único, na multinacional petrolífera, que pertencia aos poderosos multimilionários gregos, os Katsaros.
O comércio era uma selva de pedras do mundo moderno e as rixas entre empresas concorrentes eram mais do que comuns e corriqueiras no meio daquele mundo de feras.
Henrique era filho único de Úrsula e era ele sobrinho de Alessandro Katsaros, o falecido multimilionário que perdera a vida muito precocemente em um fatídico acidente de cavalo.
Úrsula e o filho almejavam mais do que tudo a morte da jovem milionária Alessandra De Lá O, para que assim pudessem se apossar de toda a riqueza deixada por Alessandro, para sua única e rebelde filha.
— Aquela desgraçada arrogante da tua prima não vai aceitar se unir a nós. Se continuarmos assim, com esse descaso, a empresa vai acabar falindo e estaremos todos perdidos! Na lama! Em ruínas!
A mulher de cinquenta e tantos anos se sentou em uma cadeira, diante do filho.
O homem de terno, que já beirava aos 30 anos, encarou-a.
— Preciso persuadi-la a aceitar vender suas ações para nós, mamãe. Alessandra está cega.
— É uma maldita inválida!
Gritou Úrsula.
— Mamãe...
— Que aquela infeliz nunca mais volte a enxergar! — Vociferou arrogantemente.
Úrsula nunca gostara da sobrinha. Desde que Alessandra era somente uma criança que ela sempre a odiou. Culpava a garota pela morte precoce de sua irmã Patrícia, após o parto.
— Alessandra não mais voltará para a empresa, mamãe. Ela não pode enxergar e embora sua cegueira seja reversível as chances são mínimas para ela.
— Do jeito que aquela infeliz tem sorte eu duvido de que algum dia ela não volte a enxergar.
Falou a mulher, em tom de ódio.
Ela apertou o telefone nas mãos.
Semicerrou os olhos de maneira ameaçadora, apesar de nada poder ver. Sua expressão era fechada e os traços do seu belo rosto de anjo eram delicados, mas fortes. Os olhos negros pareciam reluzir o brilho do oceano, mas os olhos eram tristes.
— Faça como te mandei. Eu não peço ordens de empregados, eu dou as ordens. E também não preciso de vender minhas ações para aqueles dois abutres.
A voz baixa, rouca e sedutora já era muito bem conhecida pela mulher, a “faz tudo” da poderosa milionária.
— Eles disseram que vendendo suas ações a empresa estará mais encaminhada, Alessandra. E o preço é dos melhores. — Tentava persuadi-la. — Como conselheira, aconselho-a ou vender ou regressar para a empresa.
Ela deu ombros.
Não dava a mínima para aquilo tudo.
— Não me interessa. — Pontuou. — Já disse que não venderei e ponto final. — Levantou bruscamente.
— Você deveria regressar à empresa. — Sugeriu outra vez.
— Não o farei. Sou uma inválida como eles dizem. — Falou com orgulho. Porém, havia certa amargura na voz dela, Ariela notou. Mas já conhecia bem a fúria daquela bela mulher.
— Você vai voltar a enxergar sim.
Tinha muito respeito, admiração e compaixão por aquela mulher.
Era sua grande amiga, ainda que alguns dissessem que ela era um anjo que se tornou um demônio.
— Besteira! Não fale besteiras!
Falou, aborrecida, e sacudiu uma das mãos.
Ela já até estava se acostumando à escuridão.
— Alessandra, se você não sair da inércia vai acabar falindo a empresa de seu pai. Tenho certeza de que meu padrinho sabia que você seria uma mulher predestinada ao sucesso, por isso te digo que essa aparência não condiz com a sua personalidade, muito menos com a mulher que padrinho Alessandro criou para ser.
Alessandra respirou fundo, muito irritada com aquelas besteiras da amiga.
— Detesto suas conversas inúteis e sem fundamentos!
Ariela suspirou.
Não reconhecia mais a doce Alessandra que ela fora um dia.
Quem era aquela mulher?
Por que tanta escuridão?
— No fundo você sabe que estou certa.
— Você nunca está certa!
— Por que mandou a moça embora?
— Porque já lhe disse que não desejo a presença de ninguém nesta casa. Eu sou Alessandra Katsaros e não preciso de ninguém! — Gritou. — Por que você insiste em me subestimar? — Questionou, furiosa.
— Não estou te subestimando. Só quero o seu bem. E estou preocupada contigo.
Alessandra torceu o nariz em sinal de autoridade.
— Não preciso de suas penas, tampouco de suas preocupações. — Debochou.
Ariela ia falar mais alguma coisa, porém teve o telefone desligado na sua cara.
Pôs o celular sobre sua mesa, onde estava na empresa, e ficou a observar o grande centro, os enormes prédios. Pensava na amiga. Alessandra estava mais irascível do que nunca. Deus, como estava sendo difícil de lidar com aquela mulher.
Ariela sacudiu a cabeça negativamente.
Pegou um telefone e ligou para o seu empregado de confiança.
— Roman?
— Sim, dona Ariela?
O homem falou prestativamente.
— Desejo que arranje para mim uma pessoa de sua confiança, Roman. Quero que ela tenha pulso firme para estar ao lado de Alessandra. Quero que ela seja os olhos de Alessandra. Pois ela não pretende voltar para a empresa mais e muito menos sair daquela escuridão.
Houve uma época em que para aquela mulher não havia tempo ruim, pensou Ariela.
Há pouco mais de um ano e dois meses viera para o país. Deixara a Grécia. Pois fora informada de que Alessandra estava impossibilitada de ver. Acabara se tornando a representante de Alessandra dentro da empresa e, consequentemente, o braço direito de Alessandra, todavia, fazia muitas viagens e nem sempre podia estar presente nas reuniões da empresa. Alguém tinha de estar à frente de Úrsula e de Henrique. Eles não eram confiáveis. E agora os dois exigiam a presença da presidente dentro da empresa.
— Farei isso. Pode ser qualquer pessoa?
— De tua confiança e responsável, não “qualquer pessoa”. Quero que essa pessoa tenha pulso firme para lidar com o “bom humor” de minha amiga. Quero que ela “seja os olhos” de Alessandra. Diga que pagarei muito bem a ela.
— Eu farei isso, senhora.
Jazia de pé, em um cômodo escuro, diante de um antigo janelão que pertencia à imponente mansão dos seus ancestrais gregos. Vestia preto, um pijama de pura seda. Era difícil distinguir sua silhueta esguia e impecável, em meio àquela escuridão.
As más línguas desconfiavam de que em seu íntimo havia apenas trevas e escuridão.
Não havia luz ou esperança.
Muito menos amor.
Em sua mão delicada jazia uma bengala trabalhada em mogno preto e ouro.
Ela andou até perto do grande janelão adornado por pesadas cortinas de seda na cor púrpura.
Ficou em seu silêncio.
Era filha única, herdeira dos poderosos multimilionários gregos, os Katsaros De Lá O.
Uma de suas mãos delicadas e bonitas tocavam o vidro do grande janelão como se estivessem a tocar na mais delicada pétala de rosa de um jardim primaveril...a outra se apoiava fortemente na bengala.
Com o coração angustiado, soltou um suspiro prolongado.
Furiosa, bateu a bengala no chão com toda força.
Ela não podia observar o lindo dia de primavera, lá fora, através das pesadas cortinas de seu aposento mergulhado na escuridão profunda, assim como também estava mergulhado o seu coração e sua alma consumida por uma infindável dor.
Sua visão lhe fora roubada no grave acidente...e ela não acreditava nas palavras do médico que fazia seu tratamento, sempre lhe dizendo que a sua cegueira era reversível...
Uma esperança inútil!
Tão inútil que chegava a lhe dar nojo!
Inútil igual aquele médico imbecil!
Alessandra ficara conhecida não apenas por ser uma empresária de grande sucesso, Alessandra ficara conhecida por todos que a rodeavam, como uma mulher poderosa, arrogante e fria.
Havia quem ousasse dizer que em seu coração jamais haveria amor e que ela era o próprio anjo caído.
Alguns até mesmo diziam que a sua alma havia sido tragada pela escuridão, pelo rancor e pelo ódio em que vivia mergulhada dia após dia dentro das paredes obscuras daquela gloriosa mansão.
Houve um tempo...em um certo passado não muito distante, que Alessandra era uma mulher feliz e realizada.
Porém, há quase dois anos a grande perda a fizera se tornar um ser frio e cruel.
Era primavera de 02 de Novembro de 2012, quando um fatídico acidente automobilístico tirou a vida de Marina Megalos, a amada esposa de Alessandra.
Marina estava grávida de nove meses...Prestes a dar a luz a uma linda menina, quando o trágico acidente que ceifou sua vida e a vida da criança que ela carregava dentro de si, lamentavelmente, ocorreu...
Contudo, naquela primavera de 02 de Novembro não morreram apenas duas vidas...mas sim, três... pois a poderosa empresária parecia ter morrido junto com a esposa e a criança tão esperada pelo feliz casal...
E daquela triste e dolorosa perda Alessandra jurava que jamais se recuperaria algum dia.
Após aquele dia ela passou a viver isolada, sozinha, sem ninguém, na mansão que se situava na encosta de uma montanha em uma linda ilha.
Quase dois anos já haviam se passado...desde o fatídico acidente.
Aquela seria o início de uma nova vida.
Após um ano e oito meses de prisão...vivendo em meio a todo aquele inferno, finalmente, estava livre.
Livre!
Liberdade!
Mas mesmo livre ainda se sentia presa ao seu doído passado.
Havia assassinado a esposa grávida de uma mulher!
A vítima do acidente fora a esposa da empresária Alessandra Katsaros De Lá O.
Doía-lhe na alma toda vez que sua mente relembrava daquele fatídico dia em que acordara no hospital público da cidade.
Sua mente ainda trazia o trauma de ter saído daquele hospital diretamente no carro de uma viatura policial.
Ainda se recordava dolorosamente das duras e rígidas palavras do juiz designando para dar o seu veredicto!
“HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR”.
Esse fora o seu crime!
Seu noivo, que era policial na época, contratou um grande advogado especializado na ceara penal e tentou, junto com o profissional jurídico, de todas as maneiras, apelar por sua ABSOLVIÇÃO, ainda que não sumária, todavia, somente seria impositiva a absolvição e lhe eximiria de qualquer culpa, caso ficasse demonstrado, pelo conjunto probatório, que o ocorrido acidente que resultou na morte das duas vítimas foi causado por culpa exclusiva das vítimas e não da apelante.
Entretanto, apesar de tantos recursos, dentre eles, o de apelação, do cansativo processo penal, fora condenada, pelo trágico delito de trânsito, à pena de 01 ano e oito meses de reclusão, pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça daquela capital.
O nobre e meritíssimo acabara por entender, com embasamento no conjunto probatório dos autos do processo em epígrafe, que havia sido ela a causadora do fatídico acidente automobilístico.
E assim decretou o seu veredicto.
Sentenciou-a a 01 ano e oito meses de inferno!
Mas não fora só isso que Samantha perdera...
Ela também tivera seu registro cassado no Conselho Federal de Medicina — CFM.
A sanção para infração gravíssima fora a cassação do registro profissional, ou seja, perdera o seu registro e não poderia mais exercer a medicina por tempo mínimo de dois anos.
Antes daquele acidente que acabara com a sua vida era uma grande e exemplar cirurgiã oftalmologista.
Tinha uma carreira médica espetacular!
Fora a primeira cirurgiã dentro do país, a realizar uma cirurgia que devolveu a visão a uma pessoa cega. Como cirurgiã chefe do Departamento de Retina da Universidade implantou um chip na retina de uma mulher de 63 anos. O mecanismo recebeu imagens de uma câmera instalada nos óculos da paciente e as enviou ao cérebro.
Mas tudo fora impiedosamente destruído após aquele cataclísmico acidente.
Sem mais poder exercer sua profissão como médica... pensara durante dias sobre o que faria de sua vida quando deixasse aquele lugar infernal.
Afinal de contas!
Era uma ex-presidiaria.
Havia cometido um crime e ainda que tivesse pagado por ele, isso jamais lhe eximiria da culpa e da dor de ter ceifado, ainda que culposamente e não dolosamente, duas vidas inocentes.
Fora naquele dia que também havia tirado a visão da poderosa milionária De Lá O.
Cegara-a!
Samantha soltou um suspiro de tristeza e pesar.
Se aquela mulher um dia lhe conhecesse, certamente, lhe odiaria.
O vento das quatro da tarde soprou e desalinhou seus cabelos dourados, cortados virtuosamente na altura dos ombros, curtos o suficiente para deixá-la profissional e na medida certa para deixá-la interessante.
O sol já nascia por trás das idílicas montanhas verdejantes que circundavam o presídio federal feminino da cidade.
Samantha fixou os lindos olhos verdes nos próprios pés calçados por uma delicada sapatilha florada...a calça jeans e a blusa rosé eram estilo anos 80. O traje era retrô, mas sensual o suficiente para deixá-la atraente.
Suspirou tristemente, enquanto esperava por sua família. Eles viriam lhe buscar e em breve lhe levariam para bem longe daquele inferno.
Cumprira sua pena!
Aos 36 anos de idade nunca imaginou que algum dia sua vida viesse a se tornar a tragédia que se tornou.
Fora do céu ao inferno!
Então decidiu que trabalharia na floricultura de sua mãe e de sua irmã.
Sobreviveria vendendo flores.
As brancas eram as suas preferidas, pois adorava a luz.
Mas parece que a escuridão sempre insistiria em destruir sua vida.
Fim do capítulo
Minhas lindas, espero que gostem da nova história.
Grande abraço e um ótimo sábado a todas.
Beijo!
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jakerj2709
Em: 16/02/2022
Oiê linda autora estou aqui a espera de novas emoções....já chegou chegando com uma estória q vai ser mto envolvente.... Obrigada por está de volta...

Karla Medeiros
Em: 30/06/2021
Vida longa cara thaa
Que alegria saber de sua breve recuperação, nós dá um ânimo em saber que nossa autora favorita vai poder seguir nos trazendo belas e surpreendentes histórias ..
Amamos seu trabalho
Amamos sua escrita. ..
Bjsss karla M
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Guiga Novaes
Em: 01/06/2021
Já estou ansiosa para o próximo caítulo.... Essa Ursula é perigosa, mas mal sabe ela que quem corre perigo é ela....
OBS: Estava lendo Cicatrizes e ela foi retirada do ar, só por curiodiadade, pois quero terminá-la.... Há previsão dela entrar no catálogo da Amazon?
=* Doces, Guiga
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Anny Grazielly
Em: 22/05/2021
Essa história promete... como sempre...
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TatuZinha
Em: 17/03/2021
Oiiieee... Tudo bem moça?!
Olha, a última vez que participei simultaneamente de um mural no qual a história estava sendo escrita foi há uns 4 ou 5 anos na história "Sevem days". Era muito legal e divertido, mas minha ansiedade gritava! Kkkkkkkkk.
Mas como prometido, estou aqui pra te apoiar e comentar e seja o que a Deusa quiser!!
Adorei esse 1o capítulo! Já está estou aqui imaginando que o acidente foi causado pq a Samantha dormiu no volante qdo voltava de um plantão. Será? Muito comum acontecer acidentes assim com médicos. Já perdi uma amiga assim ????.
Alessandra está muito amargurada e ainda vivendo um luto que parece interminável, mas tadinha, é completamente compreensível!
Imagino que Samantha será a "cuidadora" de Alessandra. E vai sofrer e ser humilhada nas mãos dela mais do que na cadeia.
Aiiiiiinmm, situação difícil!!!
Mas sou uma mulher que acredita que o amor pode tudo! Que o amor é tudo! Logo, o amor sempre vence. Mas não sem antes trazer muito sofrimento para as personagens e principalmente para as leitoras (????), que como eu, além de mergulhar na história ainda sofre de ansiedade!!
Thaa, Please, não demora muito a atualizar tá!!
Que nossa senhora da inspiração sapatão esteja sempre contigo!
Beijos :)
Carla
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lusilenesetubal
Em: 28/02/2021
Estava a procura de uma historia e quando entro no site eu vejo que tinha historia nova sua que felicidade,..
Ja estou adorando essa historia... vai ter muita emoção
um abroço
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Val Maria
Em: 22/02/2021
Ola Thaa,que coisa maravilhosa é ter la de volta. Você é maravilhosa, e suas historias é algo que não posso viver.
A Samanta é INOCENTE,disso não tenho duvidas. A Ale perdeu muito,mais ai tem coisas que só a autora vai nos revelar com o tempo.
Ainda tem uma tia horrenda e um prima cheio de maldades.
Já vi que temos mais um sucesso por aqui como tudo que você escreve.
Xero autora que amo.
Val Castro
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Thaa querida! Cofesso que não teesperava tão cedo rsrsrs. Tudo bem, seja bem vinda. E Como sempre arrasando na história.
Fica bem!
Resposta do autor:
Darque, meu bem.
Que bom te "ver" por aqui novamente. Pois, voltei muito cedo kkkkk. Mas quando terminar esta talvez volte muito tarde. rsrs.
Beijo grande e cuide-se.
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HelOliveira
Em: 21/02/2021
Thais minha querida que surpresa gostosa, já estava com saudades....fiquei feliz que voltou tão rápido e com um primeiro capítulo com fortes emoções.
Parece que a vida dessas duas mulheres não vai ser nada fácil, e tudo indica que uma vai ajudar a outra a superar essa tragédia.
Bjos
Resposta do autor:
Hel, meu anjo.
Que bom ver você aqui. Voltei bem rápido hahaha. Eis que estamos aqui comaos essa aventura.
Alessandra e Samantha terão muito o que viver nessa história.
Beijo grande e cuide-se.
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lis
Em: 20/02/2021
uau já chegou chegnado hein Thaa, pelo que vemos ela não teve a intenção desse acidente, mais infelizmente aconteceu, poxa e acabou com a vida dela tb ta certo que as perdas a Alessandra foram bem mais graves, mais Samantha perdeu a liberdade e o direito de exercer a profissão que por sinal era uma excelente profissional, pelo jeito vai ter muitos conflitos mais tb muita superação, mais uma vez parabéns pela estória , e como é bom ver que vc já nos presenteou com mais uma, bjs e tenha uma semana abençoada.
Resposta do autor:
Oi, Lis.
Foi um homicídio culposo. Mais para frente saberemos mais como ocorreu esse fatídico acidente. Há muitos segredos envoltos nessa redoma de história. Eu acho que no fundo tanto a Alessandra quanto a Samantha saíram perdendo muito. Não sei se dar para dimensionar a dor de ambas. rsrs
Beijo grande e cuide-se.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 20/02/2021
Gostei!
Resposta do autor:
Muito obrigada!
Beijão e fique bem.
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Mille
Em: 20/02/2021
Oi querida Thaa
Já estava com saudades.
Ale vai se apaixonar por aquela que tirou sua felicidade e que será agora e será sua redenção ao caminho da luz. Prevejo uma longa caminhada para ambas.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá, querida Mille.
Que bom tê-la por aqui novamente.
A Ale e a Sam terão uma longa caminhada pela frente.
Beijão grande e cuide-se.
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wandicleide
Em: 20/02/2021
Que maravilha! Excelente notícia ter aqui mais um romance da Thaa para nos agraciar e inspirar, porque a semana sem atualização de suas incríveis histórias é bem triste! Com certeza será mais um sucesso! Obrigada autora maravilhosa! Beijos.........
Resposta do autor:
Oi, meu bem.
Obrigada eu por acompanhar. E vamos para mais uma viagem. Rsrs
Beijo grande e cuide-se.
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