Incertezas
Clara
Não sabia o que estava me deixando mais irritada, se era o fato de Jessica me deixar esperando no banheiro por mais de trinta minutos, ou se foi a pouca vergonha que presenciei. Como pode Jessica ficar com tamanha falta de vergonha assim. Meu celular começa a tocar, olho a tela do meu celular, “Tonny”.
— Aja paciência viu!
— Oi Tonny!
— OI? Oi Clara? Faz mais de uma hora que tento te ligar e você não atende!
— Deixa de drama, estava de serviço, fui fazer uma ronda à paisana.
— Não sabia que estava de plantão hoje, me desculpe.
— E não estou, é um extra. E da próxima, pega leve. Não gosto de ter que estar dando satisfação da minha vida a ninguém.
— Mas não sou ninguém Clara, sou seu namorado.
— Sei muito bem disso, você adora me lembrar disso.
— E você esquecer. Mas bom, não foi por isso que liguei, estava pensando em fazer um programa a dois, nos curtir um pouco, estamos precisando, faz tempo. Estou com saudades da minha namorada, Clara. — Nesse momento lembro de Jessica aos beijos com aquela garota, me sobe uma raiva, e um pensamento, como queria ser eu em seus braços, com meus lábios colado ao dela. Me recrimino, sei que não é certo, não posso permitir estes tipos de pensamentos, porém eles acontecem tão rápido que não consigo controlar — Clara, Clara estais ai?
— Oi, me desculpe, por um momento fiquei com os pensamentos longe.
— Espero que seja em mim, gatinha. E aí, tudo certo para noite?
— Não sei Tonny, tenho que ver, você sabe que estou me preparando para o concurso, quero ser delegada. Então tenho que estudar muito.
— Ok, caso mude de ideia eu estarei de folga.
— Tá bom, vou lá pois ainda tenho que passar na academia.
Estava com raiva, mas não podia descontar em ninguém, então nada melhor que ir a academia. Quando cheguei na academia não havia muita gente no lugar. Sendo uma academia policial, sempre tem algum colega de trabalho, e logo avistei Daniela, uma amiga do mesmo departamento a qual faço parte, ela estava tão concentrada no treinamento dela que não reparou na minha chegada. Fui ao vestiário, mudei de roupa pus o fone, e parti em direção ao saco. Comecei a distribuir socos, e a cada soco dado via a cena na minha cabeça, Jéssica aos beijos com aquela garota. “Ela nunca tinha me falado que tinha alguém. E agora isso?”. Sinto alguém tocando em meu ombro, e no instinto ergo meu braço em sinal de ataque.
— Ei calma aí! Que agitação é essa?
— Você chegando assim me assusta, Dani.
— Te chamei vai vezes e você não me ouviu. Mas e aí, vamos dar uma volta hoje? Ontem do nada tu quis ir embora.
— É, não estava muito legal. — Lembrei que assim que vi Jéssica, eu fiquei saber como agir e fui embora. — Não sei se vai dar para ir, Ronny quer fazer um programa comigo.
— Pensava que vocês tinham terminado, faz tempo que não vejo vocês juntos.
— Por isso mesmo que vamos ter um momento só nosso.
— Entendo, tá certo então. Marcamos outra coisa depois, agora vou nessa, meu treino foi pesado hoje, beijos.
— Dani!
— Oi.
— Você já fez alguma coisa que para a sociedade fosse errada?
— Do que estamos falando exatamente, Clara? — Vi a testa de Dani se enrugar de preocupação, e nesse momento me perguntei por ter entrado naquele assunto.
— Ah Dani, sei lá. Qualquer coisa, algo que a sociedade juga como uma mal conduta. Por exemplo, o homossexualismo.
Pude perceber um brilho nós olhos de Dani, logo em seguida um sorriso malicioso.
— Curiosidade Clara?
— Tá Louca, Daniela! Usei como exemplo!
— Nossa, só estava brincando, não precisa ficar arisca. Seja mais específica.
— Deixa para lá!
— Certo, não irei insistir. Mas caso mude de ideia, estou aqui para conversarmos!
— Certo, obrigada.
Treinei mais um pouco, porém não estava me ajudando muito, fui para o vestuário, peguei meus pertences e fui para casa, não gostava de tomar banho na academia. O caminho até em casa foi tranquilo, fui direto ao banho. Depois de relaxar, coloquei um babydoll, peguei um livro e abri uma garrafa de vinho. Porém não conseguia me concentrar, “Droga Jéssica”. Com raiva de não consegu me concentrar em nada, peguei meu celular. Depois de uns pouco toques, a chamada é atendida.
— Oi meu amor.
— Oi Tonny, você pode vim agora?
— Posso sim, estava só esperando sua ligação confirmando. Vou passar em algum restaurante e comprar algo para a gente comer, e chego aí. Beijos!
— Beijos.
Às 18:00 horas, meu interfone toca, anunciando a chegada de Tonny. Tonny é um bom homem, bonito, um parte alto, barba feita. Um homem que chama muita atenção. Abro a porta, e encontro Tonny com vinho, comida do meu restaurante preferido, e um lindo sorriso no rosto. Gostava da segurança que o relacionamento com Tonny me trazia, estabilidade e conforto.
— Meu amor, quanta saudade estava de você! — Diz ele me abraçando.
— Também estava com saudade. Entra!
— Onde coloco? — fala ele estendendo as sacolas.
— Deixa na mesa, vou colocar uma música, e vou organizar nossa janta!
O janta foi maravilhoso, a conversa fluiu muito bem, não parecia que fazíamos muito tempo que não se víamos ou conversamos. E dado momento estávamos aos beijos, o clima esquentou. Ele tirou nossas roupas, deitou sobre mim, e me beijou. Mas em dado momento meus pensamentos me traíram de novo. E estava eu ali, pensando em Jessica, desejando Jessica ali, em cima de mim, me beijando. Senti a barba de Tonny, e lembrei da minha realidade, não conseguia continuar, meu clima tinha se dessipado.
— Para, Tonny!— ele estava tão empolgado que não ouviu. — Tonny para!
— O que houve meu amor?
— Não estou com cabeça para isso.
— Mas estava indo tão bem, você me puxou, você começou.
— Sim, foi. Mas não estou mais com cabeça.
— Certo, não tem problema. A gente fica aqui deitados e conversando.
— Tonny, me desculpa mas hoje não rola.
— Clara, você tem que rever em pensar no que realmente você quer para sua a vida, além do concurso para delegada.
— Eu sei que quero, não é isso. Você não está entendendo.
— Não, não estou, e você também não. Além de tudo somos amigos. Quero seu bem, vou nessa, e pensa direitinho. — Ele se levantou, colocou suas roupas, e depositou um beijo na minha testa. — Boa noite, Clarinha!
Tonny foi embora, e meus pensamentos voltaram a me atormenta. Decidida a conversar com Jessica peguei a chave do meu carro.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Rosa Maria
Em: 27/01/2021
Débora...
Incertezas é o título do capítulo e também a nossa se a história terá de fato continuação...já tinha até perdido o "fio da meada" da história...kkkk. Seja bem vinda de volta.
Beijo
Rosa
Resposta do autor:
Rsrsrs...
Terá sim, Rosa ^^
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