Olá meus queridos, Feliz Ano Novo! Como passaram a virada? Espero que bem. Sei que 2020 foi um ano muito pesado, mas tenhamos fé que 2021 será gentil e generoso conosco.
Temos novidades? Sim! Como disse no cap. de Fios do Destino
Todo mundo notou que a maluca da autora anda mais afastada que antes, os motivos de sempre como stress e cansaço, masssss dessa vez tem algo que requer minha atenção em especial, no caso estou pretendendo transformar "Fios do Destino" em uma original. Sempre foi um sonho conseguir publicar alguma coisa e mesmo sendo algo mais pessoal do que comercial vai tomar meu tempo, sanidade e os meus troquinhos de pão doce também kkkkk...
Vou continuar com a Fic? Com certeza! Mas isso também indica que praticamente terei que escrever tudo do zero para deixar a original menos parecida possível com o universo de Percy Jackson, o que vai ser pedreira. Mas já decidi que ainda esse ano vai sair à primeira parte... Claro que vai depender de algumas coisas como encontrar um revisor decente, cuidar do registro direitinho - como bibliotecária é minha obrigação kkkk - para quem tiver interesse vou mantendo vocês informados durante o ano, vai ser apenas uma versão e-book, mas farei o possível para trazer coisas novas e um conteúdo com mais qualidade, provavelmente vou ter que dividir em umas duas ou três partes, mas pensarei melhor e com calma quando concluir a spin-off e a partir daí escrever um roteiro só para ela.
Esse cap. de O Convite vai ser dividido então a primeira parte dele é no tempo atual e a segunda no passado da Clarisse, sei que você não gostam muito disso, mas é necessário... No caso essa parte do passado se passa mais ou menos um ano, um ano e meio antes da Clarisse retornar para New York.
É isso! Boa leitura a todos!
Tempo
"E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Não serei nem terás sido
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo"
~***~
Rachel deixou o palco após o espetáculo, o som dos aplausos lhe confortava de uma forma que não conseguiria classificar, mas poderia facilmente resumir como um momento mágico; era a primeira vez que retornava depois dos seus trabalhos paralelos e do infeliz ocorrido. Dirigiu-se pelos bastidores até o seu camarim em meio às felicitações e sorrisos animados, mas nada disso era o suficiente para superar a surpresa que tivera, estampada em seu sorriso inconfundível e verdadeiro ao adentrar o seu local de acolhida.
Quinn estava de pé, o sorriso de lado, os olhos dourados cheios de expectativas - como da primeira vez que se reencontraram após anos de distanciamento. Poderiam se conhecer desde a adolescência, sabiam bem os defeitos e qualidades uma da outra, os segredos e medos mais profundos, mesmo assim era praticamente impossível conter a pulsação desregular todas as vezes que mirava aqueles olhos belos e intensos.
Rachel e Quinn eram o caso clássico da líder de torcida popular e a garota sonhadora que sempre era alvo de piadas e brincadeiras de mau gosto; em meio às disputas escolares e entre garotos rasos e desinteressantes, mantiveram seus verdadeiros sentimentos cobertos pelo véu do medo e da insegurança, entretanto nem mesmo o tempo ou à distância foram o suficiente para mantê-las em destinos opostos.
-Senti sua falta... - comentou de forma baixa ao aproximar-se com cautela, pois Quinn carregava sua pequena sobrinha nos braços.
A loira acariciou o rosto de traços bem marcados e beijou delicadamente os lábios que tão bem se encaixavam aos seus. Quinn sempre fazia questão de comparecer nas apresentações importantes de sua esposa, ou de lhe buscar sempre que possível, contudo sabia que o tom utilizado pela Sra. Berry-Fabray apresentava certa fragilidade, mesmo que tentasse esconder.
-Sinto muito querida, tive um pequeno imprevisto. - comentou fazendo um gesto com as sobrancelhas indicando Gigi. - achei melhor esperarmos o fim da apresentação em um local menos agitado.
Reforçou, pois sabia que Rachel sempre se utilizara de sua máscara forte e determinada quando se sentia fragilizada, contudo a Fabray lhe conhecia bem o suficiente para enxergar entre as pequenas brechas de sua atriz. Quando a judia sentira a necessidade de ser mãe, de construir uma família ao lado da sua amada escritora o casal não poderia se sentir mais completo, mas infelizmente Rachel perdera o bebê e desde então Quinn tentava ser forte pelas duas.
-E o que aconteceu para esta pequena garotinha estar tão mal humorada? - questionou a morena com a voz melodiosa e um sorriso delicado nos lábios.
Gigi estava com a expressão fechada, não negava em nada que era uma Fabray, fingia não estar ali abraçada ao pescoço de sua tia e olhava distraidamente para o lado contrário, mesmo assim não conseguia ignorar Rachel... A voz bonita, o toque gentil, a risada alegre eram qualidades que a pequena apreciava, a atriz tinha uma facilidade incrível de lidar com Giovanna, principalmente em seus momentos mais complicados.
-Rach... - disse baixinho em meio aos risos enquanto a mais velha distribuía múltiplos beijos pelo rostinho sapeca.
Segundos depois a menininha já estava nos braços da atriz como se nada tivesse lhe chateado anteriormente. Quinn sorriu, Rachel se tornara uma pessoa tão maravilhosa que ela tinha certeza que seria uma mãe incrível quando chegasse o tempo certo.
-Digamos que ela adormeceu antes de chegarmos e não ficou nada satisfeita em saber que não estava mais com a sua "titia". - informou a escritora fazendo orações mudas para que sua sobrinha não se sentisse novamente chateada com aquilo.
Rachel se colocou a pensar por alguns instantes, sua sobrancelha se ergueu aos poucos ao juntar as peças e Quinn conteve o sorriso ao identificar um traço tão característico seu impresso em sua esposa - ela assim como os mais próximos sabia que Gigi chamava apenas uma pessoa fora Quinn de "titia".
-Clarisse está trabalhando como chef do restaurante onde fizemos a reunião de hoje. - completou vendo a expressão surpresa se expandir. - na verdade o estabelecimento é familiar, você precisa conhecer.
Rachel compreendeu de imediato o mau humor de Gigi e a atitude de Quinn em lhe aguardar no camarim para não lhe forçar a acompanhar o espetáculo, mesmo que a menininha adorasse lhe ver no palco.
-Quero saber todos os detalhes depois... - disse animada, queria poder ter participado do momento, mas tanto ela como Quinn possuía compromissos distintos.
-Tudo bem... - deu-lhe mais um beijo delicado e demorado nos lábios antes de Gigi retornar aos seus braços sem objeções. - te aguardo no carro.
-Amo você... - sussurrou contra os lábios de sua esposa antes que ela e a pequenina se retirassem.
Quinn passou um curto período conversando e brincando com a sobrinha dentro do carro, ela conhecia bem o esquema pós-apresentação, fotos e autógrafos, principalmente agora que Rachel estava novamente sobre a mira dos holofotes... Preferia se resguardar e assim não expor Giovanna, mantê-la afastada de muitas pessoas, principalmente dos fotógrafos era a sua prioridade. Odiava aqueles abutres, sabia que fariam perguntas maldosas apenas para se regozijarem, mas por Rachel ela aprendera como lidar com eles.
Esperou sua diva pacientemente e checou se Gigi estava segura na cadeirinha antes de partirem. Em outros tempos elas teriam saído com seus amigos ou até mesmo com os companheiros de palco de Rachel, mas o retorno precipitado das férias, a súbita vontade da judia de retomar o trabalho e toda a bagunça pessoal às convidava para um momento mais íntimo, apenas elas e a pequenina.
O caminho até a residência fora curto, mas o suficiente para que Quinn relatasse à sua companheira o quão especial fora o seu reencontro com Clarisse, como estava feliz por ela ter retornado ao que amava fazer e a emoção de ver a interação entre Gigi e La Rue. Rachel conhecia muito bem aquela história e apesar de não conhecer Clarisse há tanto tempo como Quinn, lhe fazia bem saber que a jovem chef retomara seu caminho e estava ao lado de sua família... Morar sozinho poderia ser algo libertador, afinal ela mesma passara por esse processo quando deixou Lima em Ohio para viver o seu grande sonho, foram anos felizes, mas de muita luta e provações, só conseguira suportar tudo aquilo com a ajuda de Kurt e Santana; Clarisse tinha amigos fiéis e que se preocupavam verdadeiramente com ela, Lui e Frannie eram ótimas pessoas, mas lá no fundo ela sabia que existia algum vazio que dificilmente seria preenchido.
-Soube que elas vão se casar? - questionou Quinn enquanto corria gentilmente os dedos pelos cabelos escuros e molhados.
Rachel fechou brevemente os olhos com o toque e relaxou um pouco mais o seu corpo contra o de Quinn; Gigi já estava dormindo devido o dia agitado e as duas aproveitaram para relaxar um pouco na banheira.
-Soube bem por cima... Creio que ela tenha comentado muito discretamente sobre o assunto. - informou Rachel deitando a cabeça no ombro da mais alta e suspirando ao sentir o toque leve contra a sua cintura.
-E não me contou nada... - resmungou a escritora contra a têmpora da sua diva, abraçando um pouco mais o corpo pequeno contra o seu, em troca sentiu as unhas da morena levemente em sua coxa.
-Estamos falando de Silena Beauregard, minha querida. - continuou em um tom descrente bem conhecido por sua companheira, aquele mesmo tom que se usava quando se sabia certos detalhes peculiares. - não que eu duvide que ela sinta algo pela Clarisse, pois isso é perceptível, mas conheci o suficiente dela para saber que casamento não é exatamente algo que se espera dela.
Quinn não era do tipo de fazer muitas perguntas ou se interessar pela vida de terceiros, o máximo que sabia sobre a jovem atriz era praticamente o que a maioria já sabia, com alguns detalhes que Rachel lhe passara... Era de uma família muito rica, os pais influentes, mas não poderia negar que de fato era talentosa, sua vida pessoal era sigilosa, mesmo que não fosse das pessoas mais recatadas, muito pelo contrário, o dinheiro costumava encobrir as farras e notas mais tendenciosas sobre a francesa. Silena e Clarisse formavam um belo casal e aparentemente se entendiam bem, entretanto a Fabray sabia muito bem que um casamento de verdade não funcionaria dentro daqueles moldes não convencionais, ou talvez sua pequena diva tivesse lhe transformado em uma pessoa careta demais para se permitir a um relacionamento tão aberto a esse ponto.
-Como foi à reunião com a sua pupila favorita? - a falsa alfinetada fez a loira desprender-se momentaneamente de seus pensamentos, Rachel sentiu novamente os dedos da loira fazendo movimentos aleatórios na lateral do seu corpo e se enroscou na amada como um gato manhoso.
-Chase está reticente quanto à continuação... Mas acho que hoje eu consegui entender de fato o motivo. - comentou Quinn com a feição pensativa, Rachel depositou um beijo demorado contra o maxilar, um incentivo para que ela continuasse a formulação de suas ideias. - ela e Clarisse tiveram alguma coisa...
-O que?! - Rachel levantou as sobrancelhas como se Quinn acabasse de lhe confessar um segredo de estado ou a fofoca do ano.
A Fabray abriu um sorriso largo... Certas coisas nunca mudariam, ela trouxe novamente a morena para a segurança dos seus braços, gostava da paz e o calor que o corpo da pequena judia transmitia para o seu, Rachel era o seu porto seguro. Pigarreou prolongando as expectativas de sua esposa, para logo em seguida compartilhar sua linha de raciocínio:
-Quando conheci Clarisse ela me pediu para proteger Annabeth... Foi assim que descobri que elas eram primas, mas... A forma que La Rue me pediu me deixou intrigada. - a loira novamente estava presa em seus pensamentos, como se repassasse a cena novamente. - algum tempo depois disso Annabeth me apresentou o original de "Perfídia". - os olhos castanhos de Rachel estavam presos aos seus como uma criança que não queria perder qualquer detalhe da sua história favorita. - a princípio eu achava que era uma forma dela falar sobre ela e Thalia, de expressar tudo aquilo que passou... Mas agora eu entendo que nunca foi sobre elas, mas um pedido de desculpas.
-Escrever uma continuação seria o mesmo que remexer em sentimentos do passado... - completou a diva da Broadway ainda sem acreditar em todas as voltas daquela história. - Clarisse está de volta e vai se casar...
-Correto! Acho que chegamos ao ponto chave. - reforçou a loira segurando em seu queixo para poder depositar um beijo demorado.
~***~
-Lui, querido... - a voz da loira saíra um tanto incerta de suas palavras, com receio do peso que elas trariam.
O italiano de bondosos olhos verdes deixou a xícara de café intocada de lado e direcionou o olhar cansado para sua esposa.
-... Estou apreensiva quanto à situação em que ela se encontra. - comentou baixando um pouco mais o tom, quem a visse daquela forma jamais diria que aquela era a filha mais velha de Russell Fabray, no entanto Frannie demonstrava uma fragilidade que nem mesmo seu companheiro havia compartilhado.
Lui levantou-se do assento rústico de imediato e extinguiu a distância entre os dois, acolhendo a loira em seus braços. Ele sabia o significado daquelas palavras, mesmo que sua esposa estivesse se esforçando ao máximo para não expressar diretamente o pesado significado delas.
-Nós vamos conseguir Frannie, não podemos desistir, somos tudo o que sobrou para ela. - reforçou acariciando as maçãs do rosto levemente coradas pelo frio, os olhos azuis cinzentos focaram os seus tentando esconder a descrença que se apoderara dela nos últimos meses.
-Giovanna também necessita da nossa atenção, não sei se consigo lidar com isso tudo... - comentou abatida e impotente. Lui uniu sua fronte a dele e capturou seus lábios com carinho e devoção. Somente ele conseguia lhe transmitir alguma paz em meio aquela turbulência.
Ele não poderia julgá-la por se sentir daquela forma, seu pai cortara qualquer tipo de ligação com a sua primogênita por ela ter deixado a carreira temporariamente de lado para se dedicar a sua família e projetos pessoais e mesmo que Quinn quisesse esconder também sabiam que a relação entre seus pais não estava das melhores com tal atitude; Giovanna precisava de atenção especial desde que apresentara sinais de autismo e aquilo era algo completamente novo para o casal; por último, mas não menos importante havia Clarisse... Frannie estava incerta da decisão que tomaram há alguns meses, de certa forma ele se sentia culpado pelo atual estado de sua esposa, mas ele não poderia simplesmente abandonar Clarisse, ele a amava, amava como se fosse sua irmã, sua família.
Desde o incidente que acontecera com Clarisse, Lui e Frannie se tornaram responsáveis pela companheira de trabalho; Silena havia custeado o tratamento hospitalar antes de voltar para Los Angeles, o choque do que acontecera lhe fizera abrir os olhos e assim procuraria cuidar de si, mas a parte mais complicada com certeza ficou sobre os ombros do jovem casal que ainda estavam tentando se adaptar à nova realidade.
Eles foram alertados de todos os sinais, tudo o que poderia acontecer, mesmo assim acolheram a amiga quando finalmente foi liberada. A princípio deixaram que Clarisse tivesse o seu tempo e espaço, eram muitas mudanças e a jovem chef tinha um temperamento difícil de lidar em certas situações; mas os atritos começaram quando cansado de ver a amiga em um estado deplorável, Lui tentou fazer algo... Afinal, quem em sã consciência conseguiria ver quem ama imersa em uma depressão profunda?
-Lui... Ela machucou você. - comentou em voz baixa acariciando a marca levemente arroxeada na têmpora do seu amado.
Ele sabia melhor do que qualquer outra pessoa que La Rue não era agressiva, o médico lhe advertiu que a abstinência poderia deixá-la em um estado fora do habitual, lidar com Clarisse era difícil e ela facilmente metia medo em qualquer um, entretanto ele se valia do seu estado de cansaço e sonolência para poder induzi-la a se alimentar de forma adequada e tomar os remédios sob sua supervisão.
-Isso?! - ele aprontou para o próprio rosto com um sorriso convencido. - isso não foi nada! - brincou o italiano de forma orgulhosa. - Luke já levou um soco, Mark já levou um soco, agora eu sou oficialmente o melhor amigo daquela turrona... E o mais bonito também.
Frannie sorriu, não tinha como manter qualquer postura preocupada depois disso, amava aquele bobo de uma forma que nunca achou que seria possível; Lui era o seu contraponto, doce, educado, atrapalhado, conseguia ver o lado bom em tudo, até mesmo em momentos complicados como o que estavam vivendo.
~***~
Há quanto tempo estava ali? Não sabia. Antes seus medos e pesadelos lhe faziam tremer dos pés à cabeça, mas agora havia perdido completamente a noção de tempo e espaço naquele quarto escuro, não sabia mais se era dia ou noite e quando tinha alguma noção era porque Lui ainda insistia em lhe trazer as refeições, lhe dar os remédios sempre nos horários ou tentava conversar amenidades - seja para lhe informar algo ou para manter algum nível de sanidade. Seria melhor se ele desistisse de vez, lhe deixasse ali para apodrecer dia após dia, era uma total perda de tempo dedicar-se a alguém que já havia desistido de viver, ela só queria um pouco de paz uma vez na vida e nem isso conseguira.
Sentia-se como um caco humano, culpada, cansada, mas em frangalhos o suficiente para machucar quem tentava se aproximar. Brigou com o seu melhor amigo, a única pessoa que ainda estava disposta a lhe estender a mão sem desejar qualquer coisa em troca. Não tinha coragem ou forças para sair e encarrar o mundo novamente lá fora, tinha medo de olhar-se em um espelho outra vez, sequer conseguia recordar-se do próprio rosto... Encolheu-se o máximo que conseguia no canto da parede, ela devia se desculpar com Lui, mas não tinha forças. Escutou um barulho vindo de fora, fechou a expressão no mesmo instante, não queria conversar com ninguém, só esperava apagar novamente.
-Agora não é um bom momento... - resmungou mais para si do que para quem quer que fosse.
Não escutou mais nada, talvez a pessoa tenha se apiedado da sua situação e tivesse desistido de lhe importunar com frases motivacionais fajutas ou olhares de julgamento ou pena. Fechou os olhos no intuito de render-se ao sono, tinha de aproveitar quando ele vinha de bom grado, com sorte teria um bônus e assim dormiria sem pesadelos.
Tentou relaxar, mas continuou incomodada com algo, será que ela surtada de vez?! Quem sabe assim Lui finalmente se livraria dela. Esfregou os olhos e piscou algumas vezes na tentativa manter-se acordada; ao olhar na direção do som ela demorou a reconhecer a forma pequenina que se aproximava a passinhos em falso, mas decididos. Era Gigi?! Franziu as sobrancelhas... Não podia ser a filha de Lui, não passara tanto tempo assim desde que segurou aquele pequeno embrulho nos braços... Quantas vezes o amigo ou até mesmo Frannie trouxera a menina para passar um tempo ao seu lado para lhe distrair?! Sua cabeça latejou ao tentar reunir todas aquelas informações, estava tendo mais dificuldades para se concentrar em coisas simples.
A menininha parou por alguns instantes, lhe analisando com os olhinhos curiosos e bonitos, os cabelos escuros trançados cuidadosamente, mas o vestido indicava que conseguira fugir novamente para brincar no terreno, continuou com os seus passinhos miúdos até que Clarisse precipitou-se para poder lhe amparar.
-Titia... - disse a menininha com um sorrisinho amplo ao ser abraçada pela mais velha.
-Olá pequenina... - sussurrou ainda confusa, Giovanna já estava andando e falando com alguma propriedade, sentiu-se zonza novamente por tentar ligar as informações. - o que você tem aí? - perguntou ao ver que a criança trazia algo nas mãozinhas salpicadas de terra ainda úmida.
-Titia... - repetiu animada ao entregar a seu mais novo achado.
Clarisse sentiu um nó na garganta e um peso no peito que quase chegava a lhe sufocar, era a foto que guardava em sua carteira a sabe-se lá quantos anos, foto que mais parecia outra vida e de fato era. Seus dedos correram o rosto feliz e jovial de Annabeth, sentia falta do som da sua gargalhada, o cheiro, o olhar, como ela estaria? Pensou em seu irmão... Há quantos anos eles não trocavam uma só palavra? Às vezes se perguntava se algum dia Percy lhe perdoaria por ir embora sem qualquer palavra trocada.
Gigi tocou o seu rosto, os olhos confusos quanto à reação de Clarisse, a morena suspirou fundo e tentou jogar novamente todas aquelas sensações e sentimentos em um local profundo, mesmo que até mesmo esse "lugar" estivesse transbordando perigosamente.
-Tudo bem... Vai ficar tudo bem... - a menina deixou ser envolvida pelos braços da chef, e descansou a cabecinha contra o seu pescoço. - acho que alguém está com sono. - comentou com um sorriso mínimo nos lábios, seus dedos acariciando com cuidado o topo da cabeça da menina.
Clarisse guardou a foto no bolso traseiro de sua calça, não sabia quando ou como ela estava fora da sua carteira, mas tonaria o seu lugar de destino. Ajeitou Gigi em seus braços e com algum esforço colocou-se de pé, respirou de forma lenta e profunda por algumas vezes antes de direcionar-se até a porta... Encarou a madeira bem trabalhada por algum tempo, sequer lembrava-se de quando havia cruzado pela primeira vez, tornou-se reclusa em seus próprios medos e angústia.
A luz amena lhe agrediu os olhos desacostumados com algo que não fosse a penumbra, colocou sua mente para trabalhar mais algumas vezes até ter consciência de onde estava e para onde seus passos lhe levariam, agradeceu por não encontrar mais nenhuma alma curiosa.
-Acho que alguém fugiu novamente... - falou em tom baixo, não sabia se por vergonha do que havia acontecido ou apenas não queria assustar o casal que trabalhava em conjunto na cozinha.
Frannie e Lui direcionaram o olhar para a entrada do cômodo como se estivessem vendo um fantasma... Bem, Clarisse não deveria estar com a aparência mais agradável e não poderia reclamar muito das expressões confusas, passaram-se meses desde que sairá do hospital e se isolara por completo naquele cubículo.
A Fabray se aproximou com um sorriso quase que esperançoso em seus lábios ao receber a pequena arteira adormecida.
-Acho que alguém precisa se limpar... - sussurrou antes de se retirar para deixar os dois sozinhos precisavam daquele espaço.
Lui deixou as ervas que estava mexendo de lado, ele abriu a boca algumas vezes na tentativa de começar algum diálogo, mas definitivamente era atrapalhado demais para isso. Clarisse comprimiu os lábios, também não era das pessoas mais comunicativas. O amigo reuniu toda a coragem que possuía naquele momento e abraçou La Rue antes que ela mesma desistisse de retornar ao mundo dos vivos.
-Eu sinto muito... - foi tudo o que conseguiu falar antes de desabar em novas lágrimas contra o ombro de seu fiel parceiro.
Lui apenas lhe confortou um pouco mais, não importava o que havia acontecido até então, ele faria o possível para que Clarisse se reerguesse, era apenas uma questão de tempo.
Fim do capítulo
E então o que acharam? Estou muito feliz em ver que mais pessoas estão acompanhando a história, fiquem à vontade para deixar a opinião de vocês. É muito importante o retorno que vocês me dão e quem sabe eu não faça planos futuros para O Convite também.
Ótimo final de semana e um grande abraço!
Comentar este capítulo:
Silvia juliana
Em: 09/02/2021
Por favor ???????? volta a postar????
Resposta do autor:
Olá, muito em breve estarei postando mais um capítulo.
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HelOliveira
Em: 10/01/2021
Eu até gosto dessa parte do passado pois ajuda na compreensão...
Nada e fácil para Clarisse, mas ela chega lá.
Bjos até o proximo
Resposta do autor:
Eu também gosto e gosto dessa ordem de escrita, pelo menos aqui em O Convite ela se encaixa bem na proposta que venho desenvolvendo e no roteiro.
Clarisse já sofreu muito, mesmo que em partes ela tenha certa "culpa" ela merece ser feliz.
Muito obrigada por comentar e estar sempre por aqui apoiando. Um forte abraço!
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