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O Convite por La Rue

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Palavras: 6566
Acessos: 772   |  Postado em: 15/03/2021

Notas iniciais:

Olá pessoal, tudo bem com vocês? Queria pedir mil desculpas pela demora - pouco mais que dois meses - mas quem me acompanha, principalmente em Fios do Destino, sabe como anda a minha correria diária e como estou tentando me esforçar para deixar tudo atualizado.

Para compensar, como demorei dois meses estou trazendo para vocês um capítulo que equivaleria em tamanho por dois, então espero que compense a espera.

Ele é um capítulo com uma cadência parecida com o terceiro, como algumas pessoas gostaram um pouco eu tentei trazer partes esclarecedoras para vocês, mas de forma um pouco mais dinâmica então creio que será possível vocês notarem as passagens de tempo sem problemas.

No mais, boa leitura a todos que ainda estão firme e forma acompanhando o desenvolvimento.    

Família

 

 

 

Com o passar do tempo e a insistência do casal de amigos - e indiretamente da pequena Gigi - , Clarisse deixara de lado as sombras de um quarto escuro ao qual já havia se acostumado a meses e passou a se envolver um pouco mais nas atividades ligadas à pequena vila onde estava residindo. Lui e Frannie se mudaram para Borgonha assim que deixaram o restaurante onde trabalhavam com La Rue, por mais que fossem chefes de renome e não faltasse oportunidades e convites tentadores em Paris, queriam um pouco mais de quietude para a vida pessoal e assim dar a atenção necessária que a pequena Giovanna precisava.

 

Clarisse ainda estava afastada efetivamente da cozinha, o que era completamente estranho aos olhos dos dois ex-parceiros de trabalho, aquilo que virou com o tempo uma das suas maiores paixões também lhe deixara medos que dificilmente conseguiria esquecer; contudo ela jamais se condicionaria a viver como um parasita na vida de terceiros e mesmo que tivesse desenvolvidos barreiras para se relacionar, Clarisse faria o possível para ajudar os amigos... Afinal eles foram os únicos que estiveram ao seu lado quando tudo ruiu, mereciam serem compensados de alguma forma.

 

Enganava-se quem achava que o jovem casal havia trocado a alta gastronomia para viver uma completa mansidão no campo. Frannie tinha um invejável e vasto conhecimento sobre vinhos e ambos dedicavam-se com empenho e paixão a enoteca que montaram em conjunto, um projeto que agregaria ao desenvolvimento local e pequenos produtores da região, funcionavam como um modesto repositório de vinícolas, faziam degustações e mantinham os visitantes informados sobre os rótulos produzidos, vendiam em pequenas quantidades ou encaminhavam os compradores em potencial para as próprias vinícolas. Em sua maioria eram chefes ou proprietários de grandes restaurantes, o que acabava favorecendo também a venda dos queijos que eram especialmente fabricados pela família de Lui.

 

-Vamos Clarisse, por favor... - insistiu o italiano da forma enérgica de sempre. - você vai gostar, quero que esteja ao nosso lado nesse momento.

 

A amiga revirou os olhos, bem sabia o que aquele tom significava, Luigi dificilmente desistiria daquela ideia insistente, teria que ser um pouco mais eloquente em seus argumentos do que se valer de um simples "não".

 

-Acho uma péssima ideia, se é que a minha opinião importa... - resmungou baixando os olhos e fazendo um leve sinal negativo com a cabeça.

 

Lui comprimiu os lábios enquanto apertava levemente o encosto da cadeira onde havia se apoiado. Clarisse precisava sair daquela casca que criara, ela era genial demais para se reduzir aquela pessoa que se mostrava a sua frente. Ele sabia que era o medo... Medo de errar, de criar expectativas, de desapontá-los, mas ele confiava na amiga.

 

-Tem seguido todas as recomendações médicas. - ele baixou o tom um pouco mais, mesmo que estivessem sozinhos. - tem nos ajudado muito Clarisse, Frannie é maravilhosa, mas jamais daríamos conta de todas as responsabilidades da enoteca.

 

Clarisse deu um sorrisinho de lado, o típico desdenhoso que bem sabia que as pessoas tinham vontade de lhe socar, mas não se importou. Ela não estava fazendo nada de grandioso, ajudou com a catalogação dos vinhos e a negociação com alguns dos pequenos produtores que lhe conheciam desde a época em que trabalhava no restaurante; até mesmo o velhote rabugento, tio de Lui, havia simpatizado com ela - o que era um verdadeiro milagre - por vezes a ex-chef aparecia para lhe ajudar com o ofício, mas nada grandioso. 

 

-Você sabe que a Frannie também vai insistir nesse assunto, não sabe?! - Lui cruzou os braços, um sorriso convencido brincando nos lábios delicados. - ela é muito mais persuasiva... Quer mesmo ter essa conversa com ela?!

 

Clarisse ergueu uma das sobrancelhas, ela sabia bem o temperamento de Frannie Fabray, definitivamente era golpe baixo, convencer Luigi era bem mais fácil do que a loira "linha dura". Pensou em refutar, nem que fosse para irritar o seu querido amigo, mas o momento entre os dois foi interrompido por sons de risadas animadas.

 

Frannie rompeu a entrada abraçada a uma outra mulher igualmente loira, entretanto os cabelos eram mais curtos, os olhos tinham um tom castanho-esverdeado diferente dos azuis cinzentos de sua amiga, mas o sorriso era idêntico.

 

-Ah vocês estão aqui! - seu tom de voz saiu tão animado e leve que La Rue não conseguia se recordar de quando fora a última vez que viu a amiga tão afetuosa, provavelmente quando Giovanna nasceu. - Clarisse, essa é a minha irmã...

 

-Quinn Fabray... - completou a morena ao se levantar, estendendo a mão para a recém chegada.

 

Frannie comprimiu os lábios tentando recordar de um possível contato entre as duas, mas pelo que lembrava Clarisse nunca se encontrou com sua irmã em suas atuais visitas, já a Fabray mais nova analisava La Rue com certo interesse, provavelmente aquela era a tal chef da qual escutara algumas conversas em sua última visita.

 

-Conheço uma de suas agenciadas, Annabeth Chase. - explicou-se rapidamente para que não se instalasse nenhum clima estranho entre os demais. - ela é minha prima.

 

Trocaram um aperto firme, Quinn sorriu com a informação e meneou a cabeça em concordância, a princípio pensou que poderia lhe conhecer de algum de seus trabalhos, afinal era uma escritora com singela relevância no mercado e sua imagem também estava associada aos escritores que colaboram com o selo da editora a qual trabalhava.

 

-É um prazer conhecer um familiar da Srta. Chase. - comentou amigavelmente apertando a mão que lhe foi oferecida. - aonde está a minha garotinha? - perguntou ansiosa para ver sua sobrinha, Gigi era o maior motivo para que ela viajasse com mais frequência que o normal.

 

-Ah ela deve estar brincando pelos arredores da casa, vou encontrá-la. - Lui se levantou e deu um forte abraço na cunhada. - fico feliz em lhe ver novamente Quinn.

 

-Igualmente... - correspondeu com a mesma intensidade, era realmente muito bom estar na presença do casal.

 

-Clarisse, pode me ajudar? - Lui voltou-se para a amiga em seguida. - sabe como Gigi é quando se esconde, ela só atende quando se trata de você.

 

Levantou-se prontamente para seguir com o italiano, bem sabia que as duas irmãs precisariam de alguma privacidade para conversar e era de sua preferência não se meter em assuntos pessoais. Bem sabia que a escritora e editora-chefe visitava a irmã com uma frequência maior após a briga entre Frannie e seu pai.

 

Lui e Clarisse seguiram para fora em busca da pequena Gigi enquanto Quinn e Frannie se ocupavam em colocar a conversa em dia, mesmo que a mais nova estivesse enfadada devido a viagem e os últimos acontecimentos em sua vida, mesmo assim ela aproveitaria ao máximo cada segundo ao lado de sua irmã. Desde que Russell Fabray rompera os laços devido às escolhas de sua primogênita, Quinn vinha fazendo algum esforço para ser um pouco mais presente... Frannie poderia por muitas vezes ter o temperamento frio do pai, mas a escritora bem sabia que era mais uma forma de autoproteção, da qual ela bem se valia.

 

-Como está a situação com a sua diva? - perguntou em tom ameno, acariciando a mão da mais nova que se encontrava sobre a mesa, próxima a xícara recém usada. - não que eu esteja reclamando, mas você passando o Natal longe da Berry não é exatamente algo de se esperar.

 

Quinn suspirou pesadamente e deixou-se relaxar um pouco mais sobre o assento rústico, comprimiu os lábios enquanto organizava suas ideias, talvez tivesse agido de forma um tanto precipitada, mas sabia que era melhor assim, lhe doía ficar distante daquela judia cabeça-dura, mas seria bom para as duas.

 

-Estamos falando de Rachel Berry e... Digamos que ela sabe ser bem enérgica quando quer. - o comentário arrancou um pequeno sorriso compreensivo de sua irmã, até mesmo um de seus próprios lábios. - o que mais me magoou foi ela ter desconfiado de mim,  mesmo que por um segundo.

 

-Quinnie... - a mais nova estreitou os olhos para o apelido que apenas seus pais utilizavam, mas não falou nada. - Rachel errou em lhe julgar, mas você bem sabe que por trás daquela casca de estrela da Broadway existe uma pessoa com marcas e inseguranças. - Quinn fez um leve movimento com a cabeça, ela bem sabia que possuía culpa naquele processo, mas que procurou amadurecer e  fazer o melhor possível para poder ser boa o suficiente. - você cultivou uma certa fama com as mulheres e bem, pelo que vi sua pupila é uma mulher muito bonita também e mais jovem... Rachel se viu balançada, como qualquer outra pessoa insegura se sentiria.

 

A escritora suspirou, desta vez para conter a raiva que lhe acometia de tempos em tempos, aquilo era ridículo... Rachel era a única pessoa em sua vida depois que se reencontraram, estavam pensando em morar juntas, em se casar, era absurdo demais ela pensar que se envolveria emocionalmente com outra pessoa às suas costas. Mas a maior culpada de tudo aquilo era Thalia Grace, ex-companheira de Annabeth, só de pensar naquela maldita seu sangue fervia; além de transformar a vida de sua pupila em um verdadeiro inferno, fez de tudo para envenenar seu relacionamento assim que a Fabray interviu em uma possível investida de Thalia, mas desta vez Chase não cedeu e não cederia... Quinn só não esperava que fosse às custas de seu relacionamento.  

 

-Ela ama você... - constatou Frannie de forma óbvia, lhe tirando de seus pensamentos profundos. - sei que ela vai lhe procurar quando estiver menos magoada com ela mesma e com o que aconteceu.

 

-Tempo ao tempo... Não é assim que falam?! - respondeu quase em um sussurro melancólico.

 

~***~

 

A noite de Natal foi mais animada do que esperavam, os poucos familiares de Lui que residiam na França e alguns dos produtores da redondeza se reuniram para uma grande comemoração. Muito vinho, pessoas altas cantando músicas com vozes embargadas ou desafinadas, crianças correndo sem se importar com os gritos de mães apreensivas ou sentadas escutando as mesmas histórias repetidas porém incansáveis dos mais velhos.

 

Clarisse tentou manter-se ocupada ajudando Lui, assim quem sabe ela pensaria menos em sua própria família, principalmente em seu irmão ou em Annabeth, parecia algo tão longínquo... Ela sempre odiou datas comemorativas, mas tal sentimento havia piorado consideravelmente ano após ano. 

 

-Isso ficou realmente bom... - comentou o amigo com a boca cheia e o rosto rosado de vinho.

 

-Eu não sei de onde você tirou essa tradição de fazer pizza no Natal, mas devo confessar que me fez gostar um pouco mais das festividades. - confessou Clarisse também se aproveitando de mais um pedaço de pizza.

 

Lui estava feliz, gostava de muitas pessoas transitando e comemorando, Clarisse estava melhorando com o passar dos dias e ainda lhe ajudou com os preparativos, há meses ela se recusava a tocar em qualquer utensílio relacionado a cozinha e agora parecia agir novamente dentro de seu "hábitat  natural".

 

Gigi veio correndo e agarrou-se as pernas de La Rue com força, o riso travesso de quem acabara de fugir dos braços protetores da mãe.

 

-Olá pequenina... - Clarisse pegou a menina em seus braços e limpou-lhe o rosto sujo. - acho que mais alguém gostou muito de comer pizza.

 

-Você seria uma ótima mãe, sabia?! - disparou Lui quase que automaticamente sem conter sua língua.

 

Por mais que a amiga se esquivasse de relacionamentos duradouros, a forma como ela e sua filha interagiam era quase como um afago em seu peito... Gigi vinha se desenvolvendo bem graças a Clarisse, já sua amiga aparentava consideráveis melhoras, tinha de agradecer todos os dias pelo bem que uma estava fazendo a outra, pelo menos um pouco de paz após meses de atribulações.

 

-Pela virgem que você acredita... O vinho deve ter tomado a sanidade que ainda lhe resta. - desdenhou La Rue como se isso fosse a coisa mais absurda do mundo, Gigi como sempre encontrava-se alheia às conversas ao seu redor, se distraindo com um simples detalhe em seu casaco. - eu não nasci para isso.

 

-Um dia... Um dia você vai encontrar a calmaria em seu coração. - Lui lhe deu tapinhas consideráveis no ombro, definitivamente o italiano feliz estava alto pelo álcool. - e encontrar a sua alma gêmea... Ou talvez reencontrar. - ele fez sinal positivo com a cabeça como se estivesse esbanjando sabedoria. - tua zia troverà una bella donna, vero? - apertou o nariz de Gigi que concordou prontamente.

 

Clarisse não iria discutir, não com o seu amigo embriagado e sua pequenina; estavam felizes como a muito tempo não os via e ela preferia ver eles sorrindo a ter alguma razão naquela conversa sem sentido.

 

Trocaram de assunto quase que instantâneamente, para algo mais ameno e aleatório, Quinn aproximou-se para compor o pequeno grupo e assim conversaram por mais algum tempo até que alguns convidados já retornavam para suas casas e Lui retirou-se para colocar a pequena Gigi para dormir.

 

-Sinto que você quer me dizer alguma coisa... - comentou Quinn de forma descontraída enquanto bebericava sua própria bebida.

 

Clarisse remexeu-se levemente incomodada, talvez ela tivesse agido de forma indiscreta ao acompanhar a escritora com o olhar por boa parte da noite.

 

-Desculpe, não quis constrangê-la. - continuou a Fabray rapidamente, não queria que a ex-chef achasse que aquilo fora algum tipo de insinuação. - mas estou certa?! - saiu mais como uma afirmação do que realmente uma pergunta.

 

-Sinto muito... - sorriu brevemente após comprimir os lábios, tomou um gole a mais de vinho para organizar os pensamentos e olhou ao seu redor. Todos estavam mais preocupados com suas próprias vidas. - eu só... Só queria ter certeza de que ela está bem, com tudo o que aconteceu.

 

Talvez fosse o vinho ingerido, mas Quinn demorou alguns segundos para assimilar que o "ela" enfático de Clarisse se tratava de alguém em específico, no caso, Annabeth Chase.

 

-Compreendo... - murmurou a loira com o olhar analítico, mas La Rue manteve-se firme. Por mais que fosse de poucas palavras conseguia evidenciar muito por meio do seu olhar. - ela está triste e magoada, tentou levar um relacionamento fadado ao fracasso e infelizmente tem sofrido as consequências... Mas vai melhorar, ela não está sozinha, não mais.

 

Clarisse suspirou, não sabia se por raiva ou aliviada, ou quem sabe um pouco de cada. Thalia havia prometido que cuidaria de Annabeth, que não lhe faria sofrer, tudo em vão... Em um ponto estava feliz, pelo menos o "escândalo" envolvendo ela e Quinn não era real.

 

-Sei que mal nos conhecemos e que você não deve nada a uma estranha que não significa nada para você, mas por favor, proteja-a... - pediu da forma mais sincera que conseguiu, não sabia como explicar, mas conseguia sentir que poderia confiar na escritora.

 

-Pode confiar em mim... - afirmou com um sorriso confortador, apertando de leve o ombro da morena de olhos verdes. Annabeth não era apenas seu "trabalho", se tornaram amigas com o tempo e Quinn sabia melhor do que ninguém como era se sentir sem qualquer apoio quando mais necessitava. - a propósito, Feliz Natal, Clarisse.

 

-Feliz Natal... - foi o que conseguiu dizer antes de ser surpreendida com um abraço quente e confortador.

 

Quinn se afastou assim que sentiu o celular vibrar em seu bolso, deu atenção a tela enquanto Clarisse parecia presa em seus próprios pensamentos. Suspirou pesado antes de olhar para a tela, ela rejeitara as últimas ligações de Rachel após alguns dias de total isolamento e começava a se arrepender disso. Seu coração palpitou em alívio ao ver a curta mensagem vinda da judia.

 

Rach:

"Volta pra casa, por favor.

Eu amo você"

 

~***~

 

Lui estava furioso, por mais que fosse uma pessoa doce, Frannie sabia reconhecer muito bem quando o seu marido ativava o modo "italianinho nervoso", mesmo que isso se resumisse apenas ao chef andando de um lado para o outro incansavelmente.

 

-Teremos que consertar o piso dessa forma, querido... - soltou levemente ácida enquanto lhe acompanhava pacientemente com o olhar.

 

-Não tem graça Frannie... - rebateu em tom comedido, parando por alguns instantes com os passos desgarrados, mas as sobrancelhas ainda estavam franzidas. - sabe que não devíamos sequer tê-la recebido aqui.

 

-Essa é uma decisão da Clarisse, não sua. - cruzou os braços sobre o peito e ergueu o queixo, como se o desafiasse a fazer algo contra a sua decisão. - esqueceu de quem custeou todos os gastos quando ela esteve internada?

 

-Não confio nela... Nunca confiei... - balançou a cabeça de forma negativa como se aquilo não fosse o suficiente. - era o mínimo que ela deveria ter feito pela Clarisse depois de ter afundado ela ainda mais.

 

-Luigi, sabemos muito bem que Clarisse tem sua parcela de culpa, não tente tratá-la como inocente apenas por amá-la. - utilizou um tom mais brando, mas ainda tinha aquele olhar irredutível, por mais dura que fosse sabia que tinha razão. - você gostando ou não ela está procurando ser uma pessoa melhor, se elas vão se aproximar novamente cabe apenas as duas e não a nós.

 

O italiano não respondeu, apenas saiu com a sua carranca mal humorada, contudo Frannie sabia que o marido não iria atrás da amiga, apenas não queria discutir sobre algo que obviamente eles possuíam opiniões contrárias e não chegariam a um consenso, ela só esperava que o baque não fosse tão grande para La Rue, afinal fora uma decisão dela deixar que as duas se encontrassem sem qualquer aviso prévio.

 

**

 

Clarisse havia ajudado o rabugento Giacomo por toda a manhã, em partes porque queria fugir um pouco dos insistentes convites de Frannie para ser mais participativa com os assuntos relacionados a enoteca, em partes porque o tio de Lui já estava cansado demais para os seus afazeres diários, mas não se dava por vencido e também gostava da companhia e das histórias de vida que o outro partilhava.

 

Checaram uma grande leva de queijos, aprendera como fazer os testes observando os dois algumas vezes e desde então se via ajudando-o quando precisavam separar peças para compradores recorrentes.

 

Trocaram algumas palavras após concluírem uma venda consideravelmente boa para o período, Clarisse realmente estava cansada após o minucioso processo, contudo estava feliz, fazia um bom tempo que não se sentia útil e viva. Demoraram até perceberem que não estavam completamente a sós... La Rue ficou estática no banco em que se encontrava, seu companheiro poderia já ser idoso, mas não era bobo, pigarreou limpando a garganta e levantou-se.

 

-Preciso inspecionar as vacas novamente... Lhe vejo mais tarde menina. - pode ver o terror nos olhos da mais nova ao entender sua intenção sorrateira. - boa tarde. - usou seu tom mais polido e ajeitou os poucos fios grisalhos no topo da cabeça. - minha ajudante poderá tirar todas as suas dúvidas, é de minha total confiança... Não me desaponte La Rue, trate bem a senhorita. - brincou com uma singela piscadela.

 

A desconhecida lhe sorriu e fez um pequeno gesto em agradecimento antes que saísse a passos pequenos, porém rápidos. Esperaram que a figura franzina desaparecesse de suas vistas para enfim trocarem um olhar significativo.

 

-Clarisse...

 

-Beauregard... - rebateu sem acreditar que a atriz estava ali  a sua frente mais uma vez. - o que você... - não conseguiu completar, estava presa aos olhos azuis intensos, o encontro inesperado lhe causara quase um choque.

 

-Não sabe o quanto estou feliz em ver você novamente. - o sorriso bonito ampliou-se, Clarisse estava bem, viva, era isso que importava. Aproximou-se a passos lentos, ainda com receio de qual seria a reação quando La Rue finalmente saísse de seu torpor. - precisava comprovar com meus próprios olhos que você estava bem.

 

Nenhuma palavra, mesmo que ela tivesse algo a falar, as condições em que se viram pela última vez ainda ligava um sinal de alerta, ao mesmo tempo em que sabia que devia agradecer Silena... Se ela estava ali era porque a atriz também tinha contribuído de alguma forma para a sua recuperação. 

 

-Como você está? - conseguiu finalmente falar algo mais articulado, porém desviou o olhar, sabia que não conseguiria sustentar o peso daqueles olhos, até mesmo a forma que era observada lhe causava reações.

 

Clarisse respirou de forma lenta, soltando o ar devagar, sentia a morena mais próxima, o perfume tão bem conhecido já lhe invadindo os sentidos, comprimiu os lábios, não conseguiria controlar aquela avalanche de sensações, dos bons momentos e daqueles que preferia afastar de sua mente.

 

-Eu segui seu conselho... Depois do que aconteceu. - fez uma breve pausa, não sabia o quanto aquilo mexeria com Clarisse, mesmo assim sentiu abertura para prosseguir. - não foi fácil, mas estou tentando. Voltei para Los Angeles, procurei ficar limpa antes de retomar qualquer trabalho.

 

Clarisse sorriu, mesmo que de forma contida, a atual situação de Silena era algo que lhe preocupava, mesmo estando longe, mesmo que tivessem perdido total contato uma com a outra.

 

-Você está linda... - sussurrou a atriz enquanto seus dedos tocaram levemente a cicatriz no queixo, subindo até o maxilar de forma muito delicada quase como se tocasse um cristal.

 

Fechou os olhos sentindo o peito palpitar, era receio, mas também saudade, seria estúpida se não confessasse pelo menos para si que sentira falta de Silena durante o afastamento; desde então ela recusara qualquer possibilidade de aproximação com outras mulheres.

 

Parecia piada Beauregard lhe dizer que estava "linda", quando na verdade tudo o que havia feito foi ganhar um pouco de peso e adotado uma aparência menos doentia. Com toda certeza tal elogio se aplicava muito melhor a Silena, ela sim nunca deixara de ser bela e encantadora.

 

Sentiu o toque dos lábios contra seu pescoço e aquilo lhe causou uma combustão quase que imediata, suas mãos deslizaram contra o tecido delicado do vestido que cobria a pele morena, seus dedos tremiam levemente com todas aquelas sensações provocadas, trouxe o corpo da atriz contra o seu... Era bom sentir o calor de outra pessoa novamente, Clarisse poderia não ser fã de relacionamentos, mas certamente a solidão não era das companheiras mais afáveis.

 

Procurou pelos lábios que tão bem conhecia, mesmo sabendo que tal atitude seria arriscada e precipitada, Silena segurou-lhe o rosto no intuito de não retroceder, mas mesmo que desejasse, não conseguiria, deixou que fosse conduzida e intoxicada de uma forma leve que necessitava.

 

-Senti sua falta... - confessou em tom baixo quando o ar se fez necessário, o som do riso de Silena se fez audível enquanto seus lábios desciam pelo pescoço e ombro da atriz.

 

~***~

 

Percy não reconheceu a ligação, até pensou em ignorar, estava exausto do trabalho, muitos problemas para resolver, mas algo lhe fez dar atenção ao aparelho.

 

"-Você costuma fazer esse charme toda vez que alguém lhe liga, Jackson?"

 

Ele demorou alguns segundos para assimilar quem estava do outro lado da linha, deixou as garrafas que estavam passando por inspeção assim que conseguiu reconhecer a voz do outro lado da linha.

 

-Silena?! - o nome saiu de sua boca de forma incerta, ele não lembrava de ter bebido ou de estar sob efeito de ressaca, tampouco remédios para ter alucinações desse tipo.

 

A risada do outro lado da linha foi o suficiente para a constatação... Sentiu-se zonzo e não era para menos, se a atriz estava lhe retornando, era sinal de que tinha notícias de Clarisse. Procurou sentar-se imediatamente em um dos degraus que dava acesso a adega, há anos ele não sabia nada de sua irmã mais nova, até que sem qualquer aviso prévio Silena Beauregard rompeu a entrada do restaurante com todo o seu porte altivo lhe procurando... Foi uma conversa longa, pesada, mas ao mesmo tempo esperançosa; até mesmo a pessoa mais otimista teria achado que Clarisse havia simplesmente morrido e saber que esteve errado por todos os anos que se passaram lhe aliviava o peito e a consciência.

 

Beauregard lhe dera muitos detalhes sobre o tempo que estiveram juntas, o trabalho de Clarisse, os problemas em que se envolveu; prometera que caso lhe encontrasse novamente Jackson saberia prontamente do ocorrido. Contudo passaram-se meses desde então, às vezes ele chegava a pensar que tivera um surto, que nada daquilo poderia ter sido real... Isso até o presente momento.

 

-Você... Você a encontrou?! - passou as mãos pelos fios bem alinhados, enquanto sua perna tremia involuntariamente, estava ansioso por uma notícia positiva, ganharia seu dia para variar um pouco o humor que estava em baixa.

 

"-Sim... Ela está bem Jackson, está muito bem. - sua voz denotava felicidade. - ela vai participar de uma importante degustação de vinhos, estão procurando por compradores em potencial, deveria aproveitar a chance".

 

-Porquê? - sequer notou que havia deixado escorrer algumas lágrimas, sua voz saiu tremida e ele se esforçou algumas vezes para poder manter a compostura. - porque está fazendo isso tudo?

 

Compreendera bem toda a história entre Silena e Clarisse, também confessara  um pouco do que aconteceu com a irmã antes que ela sumisse, mas não sabia que isso seria motivos o suficiente para uma atriz renomada atravessar o continente para reaver uma pessoa e ainda repassar informações a um até então completo desconhecido como ele.

 

"-Creio que ela já passou tempo demais se escondendo... - relatou de forma simples, mas cheia de significado para ambos. - e se realmente formos nos casar acho que o mínimo que posso fazer é reatar os laços entre vocês, afinal eu quero conhecer o lado que ela não deixa transparecer".

 

~***~

 

Por mais que estivesse uma pilha de nervos, Percy tentou manter-se o mais sóbrio possível, não queria pensar nos problemas, no trabalho, na desculpa que tivera se dar em sua breve ausência para poder viajar e assim encontrar-se com sua irmã mais nova.

 

Procurou entreter-se com a paisagem enquanto Silena estava focada em seu caminho. Seria algo muito breve, mesmo assim fazia notas mentais de retornar em um momento mais oportuno, Borgonha tinha uma típica paisagem de contos de fadas, arquitetura em estilo medieval e vinhedos que perdiam a vista... Ele não pensaria na irmã morando em algum local assim, afastado dos grandes centros e suas agitações, contudo não poderia negar que deveria ser um bom lugar para residir.

 

-Você parece muito com a versão fofa da Clarisse. - comentou Silena após um longo momento de silêncio entre os dois. - mesmo que ela tente esconder.

 

"Versão fofa" já se passara tanto tempo que ele sequer sabia o que isso significava, Clarisse era diferente em sua concepção, era forte, irritante, determinada, mas fofa não era algo que ele atribuiria a ela, tirando talvez raros momento entre ela e Annabeth.

 

-Não tem receio da reação dela? - comentou Jackson tentando relaxar um pouco mais. Seu maior receio era que tal encontro acabasse trazendo alguma consequência para Beauregard. - posso não conhecer a Clarisse de agora, mas certamente creio que ela não tenha mudado quando se trata de algum fator surpresa.

 

-Não se preocupe, sei lidar muito bem com a oscilação de humor da La Rue. - rebateu como se tal preocupação fosse algo desnecessário. - apenas se concentre no que precisa dizer, sei que terá a sua atenção.

 

Percy confirmou brevemente antes de voltar novamente aos seus pensamentos. Ele repassara tantas vezes em sua mente aquele momento, agora era completamente diferente, era real, ambos haviam mudado, mas ele ainda possuía receios e inseguranças, tinha receio de como ele e Clarisse reagiriam. Respirou fundo e soltou o ar devagar algumas vezes, não tinha o que temer, Silena estava ao seu lado, lhe passando a segurança que estava longe de possuir, não se conheciam o suficiente, mas sabia que poderia confiar nela após tudo que lhe foi confidenciado.

 

Conforme o plano Jackson seguiu acompanhado pela atriz, como a mesma lhe detalhara realmente haveria uma degustação de vinhos. Alinhou a postura imediatamente, verificou se não estava amarrotado ou com o cabelo desalinhado, era bom causar uma boa impressão.

 

-Você precisa se acalmar... - cantarolou Silena lhe afagando o braço ao qual estava se apoiando. - vai ficar tudo bem. - lhe afagou o queixo e deu uma breve piscadela, não sabia se isso iria funcionar, mas as bochechas vermelhas denunciavam que pelo menos o deixara envergonhado.

 

Ele se deixou conduzir por Beauregard, tinha de confessar que ela dominava com facilidade qualquer ambiente, era comunicativa, quase como um ímã, atraia as atenções para si naturalmente. Foi apresentado a algumas pessoas antes que o evento em si começasse, incluindo Frannie, a chef que Silena havia citado durante o seu relato.

 

-Onde ela está? - perguntou Beauregard enquanto ela e Percy aguardavam com a proprietária do local. Tinha de confessar que até mesmo ela estava ansiosa com o reencontro.

 

-La Rue está vindo com Lui... Não devem demorar, estão quase todos aqui. - informou a loira enquanto checava a temperatura dos vinhos que iriam utilizar para o pequeno evento.

 

Frannie estava animada, era a primeira vez que abriam a enoteca para possíveis compradores de outros países, seria importante para a divulgação dos rótulos locais e para a expansão dos negócios.

 

De fato, não demorou para que um homem de cabelos escuros e sorriso chamativo adentra-se o recinto acompanhado de uma mulher muito bonita... Percy nem conseguia acreditar que era sua irmã, não que Clarisse não fosse naturalmente bonita, mas era a primeira vez que ele via a versão "adulta" e não mais a "adolescente" que guardará em sua memoria.

 

Ambos cumprimentaram e conversaram com alguns homens mais velhos, provavelmente deveria ser alguns dos produtores ou conhecidos da redondeza que vieram prestigiar o trabalho ou ajudá-los com alguma informação mais específica.

 

-Acho que agora é com você... Boa sorte!

 

A voz de Silena saiu baixa, mas encorajadora o suficiente para que ele seguisse em frente, afinal ele estava ali para falar com a irmã, ele não poderia simplesmente ficar estático como uma pedra. Sorriu da melhor forma antes de deixar as duas mulheres e seguiu a passos decididos.

 

-Clarisse...

 

Os olhos verdes se voltaram para ele de imediato, porém sem qualquer alarde, como se já não mais esperasse por algo impossível como "ele estar ali". Contudo pode notar em primeira mão a leve mudança de expressão quando finalmente constatou que não era uma miragem, um fantasma ou alguém com a voz muito parecida.

 

-Eu imaginei uma recepção um pouco mais calorosa, mas talvez eu tenha criado muitas expectativas... - comentou talvez de forma mais ácida do que realmente gostaria. Arriscou mais alguns passos, diminuindo a distância, não queria atrair a atenção de terceiros.

 

-Perseu... Como?O que você... - Clarisse ainda estava aérea em ver o irmão mais velho ali, era ele, tinha certeza que era, mas ao mesmo tempo aquela imagem a sua frente não condizia com jovem com quem dividiu a infância e a adolescência. - não precisa explicar... Isso cheira aos joguinhos ardilosos da Silena.

 

La Rue apertou brevemente a ponte do nariz, tentou organizar as ideias, mas tudo se resumia apenas a uma avalanche de sentimentos.  Era Percy, seu irmão, ela deveria estar feliz e estava, afinal sentiu sua falta por todo os anos de distância... Mas ao mesmo tempo estava chateada com Silena por ter armado tudo aquilo sem ter lhe consultado. Era sua vida, suas marcas, sabia bem o que podia e não podia lidar e ser forçada a isso não lhe agradava.

 

-O que eu estou fazendo aqui? - ele repetiu no tom mais comedido possível, mas não teve o efeito desejado, sabia que saíra levemente exaltado. - eu realmente preciso responder isso?! - rebateu de forma levemente irônica. - talvez seja porque a minha irmã sumiu sem sequer se despedir...

 

-Clarisse... Tudo bem?

 

O homem que chegou ao recinto com La Rue aproximou-se, contudo o sorriso chamativo deu lugar a uma expressão não muito amigável, como se indicasse que seria repreendido por qualquer falta de sua parte. Percy sustentou o olhar, mostrando que não sairia daquele posto, nem que ele precisasse partir para uma medida menos amistosa.

 

-Luigi, tudo bem... - tentou conter os ânimos antes de qualquer desentendimento desnecessário, conhecia muito bem ambos e mesmo que Lui não fosse de brigar não duvidava que ele o faria se fosse para lhe defender. - ele é meu irmão.

 

O italiano lhe olhou com as sobrancelhas franzidas, esperando que aquela fosse apenas uma desculpa esfarrapada, mas tinha sinceridade em seu olhar, Lui olhou da amiga para o homem à sua frente ele lhe encarava com a sobrancelha erguida e os braços cruzados sobre o peito... Definitivamente era irmão de Clarisse.

 

-Podemos começar sem você... - informou ainda incerto do seu posicionamento, mas sabia que o melhor era deixar a amiga livre, não tinha dúvidas de que os dois necessitavam de um momento a sós para conversar.

 

Clarisse apenas fez um sinal positivo, ela não teria cabeça para fazer a degustação, provavelmente estragaria qualquer possibilidade de negociação no estado em que se encontrava. Os dois irmãos se dirigiram para fora da enoteca, esperava que Lui e Frannie realmente pudessem se virar sozinhos, mas confiava nos dois.

 

Caminharam em silêncio pela propriedade, a vista bonita amenizava as inquietações veladas de ambos, Clarisse guiou o irmão até a residência, lá teriam um pouco mais de privacidade.

 

-Então é verdade? Você vai se casar com ela... - as palavras saíram assim que a aliança discreta foi avistada por seus olhos.

 

-É o que parece... - foi a melhor resposta que conseguiu elaborar enquanto seus olhos se desviavam do irmão para o singelo item em seu dedo, indicando o compromisso entre ela e Silena.

 

-Por quanto tempo mais pretendia se esconder? - era inacreditável pensar que Clarisse seguiria com sua vida sem sequer se preocupar com quem deixara para trás. -você não sabe o quanto eu sofri sem notícias suas... - a voz de Jackson saiu baixa e quebrantada. - eu apenas queria ter a certeza de que você estava viva... Pelo menos uma ligação.

 

-As coisas são bem mais complicadas do que aparenta... Eu nunca quis que você sofresse Percy. - Clarisse comprimiu os lábios, sentiu um nó na garganta, odiava ver o irmão daquela forma, bem sabia que sua decisão deveria ter lhe  deixado devastado. - mas era algo que precisava ser feito... No fundo você sabe disso, mesmo que não concorde com a forma que aconteceu.

 

-Eu procurei por você em cada beco imundo que você chegou a frequentar por dias... Aliviado por não te encontrar em nenhum deles, mas sem ter a certeza de que você não morreu como uma indigente em um lugar qualquer.

 

Sentiu-se devastada ao constatar com os próprios olhos o rastro de lágrimas que corriam pelo rosto agora levemente marcado pelos traços mais maduros. Extinguiu a pouca distância que ainda havia entre os dois e o acolheu em seus braços como a muito tempo não fazia, deixou fluir seus próprios sentimentos em forma de lágrimas contidas por tempo demais... Era bom poder abraçá-lo mais uma vez, certificasse que o tempo lhe fizera mais bem do que mal.

 

-Não teve um só dia em que eu não esperasse para fazer isso novamente... - confessou enquanto segurava o rosto de Clarisse entre suas mãos e limpava as lágrimas com os polegares. - eu amo tanto você sua idiota. - lhe deu um beijo na fronte e lhe abraçou novamente como se temesse que no segundo seguinte sua irmã evaporasse de sua vista.

 

Clarisse apenas afundou o rosto contra o seu pescoço e tentou conter os soluços causados pela enxurrada de tudo que havia prendido dentro de si. Jackson não precisava de palavras, sabia muito bem que a mais nova sentia-se da mesma forma, que também lhe amava e que talvez afastar-se fosse muito mais doloroso para ela do que poderia imaginar.

 

-Preciso de você, a mamãe precisa de você... - confessou de forma baixa enquanto lhe acariciava as costas nuas devido o vestido.

 

Clarisse respirou algumas vezes seguidas até restabelecer novamente a sua respiração, ela levantou o rosto mais uma vez para encará-lo, havia preocupação estampada nos olhos verdes intensos. Por mais que seu irmão lhe amasse imensamente, bem sabia que aquele não deveria ser o único motivo para tê-lo ali.

 

-Aconteceu alguma coisa com a Sally? - sua preocupação se mostrou presente em palavras. Sally era sua madrasta, uma mulher doce, maravilhosa e que lhe amou até quando achou que não seria mais possível.

 

-O restaurante está decaindo, você sabe o quanto aquele lugar representa para a nossa família, mas principalmente para a minha mãe. - ele tentou falar aquilo da forma mais rápida possível, bem sabia que as chances de ter um retorno positivo eram escassas. - eu procurei ajudar no que podia, me tornei o sommelier do Jackson's, mas você sabe que sem um bom chef apenas um "nome" não consegue sustentar o restaurante.

 

Clarisse acompanhou o relato com toda a atenção possível, não lhe interrompeu de imediato como normalmente faria em assuntos que lhe desagradavam, mesmo tendo noção em qual ponto chegaria aquela conversa.

 

-Estamos perdendo público, a parte financeira tem operado em baixa, fizemos o possível para pelo menos resistir, mas precisamos reverter a situação o quanto antes... - segurou nas mãos de Clarisse enquanto as palavras fluíram com mais facilidade do que esperava, estava desesperado e cansado de suportar aquele fardo sozinho. - sei que tem sua vida, seus próprios problemas e eu não quero novamente ser um fardo para você depois de tantos anos, mas não posso simplesmente ignorar o fato de que você se tornou uma chef incrível.

 

-Percy eu não... - as palavras engasgaram, ao mesmo tempo em que ela não conseguia simplesmente ignorar o pedido do irmão, aquilo mexia diretamente com questões que ela desejava lidar. - é mais complicado do que você pensa...

 

-Clarisse, por favor... - implorou como jamais havia feito na sua vida, Silena lhe deixara a par do que acontecera com a irmã, sabia que aquele era um terreno a se pisar com extrema cautela. - eu não estaria lhe pedindo isso se realmente não estivesse precisando, se não for por mim que seja pela minha mãe... O Jackson's é a vida dela, eu jamais conseguiria suportar vê-la perder a única coisa que a mantém feliz e sã.

 

Passou as mãos pelo rosto tentando absorver tudo aquilo com calma, Lui já havia tentando ter aquele tipo de conversa com ela, assim como Frannie e Silena, mas La Rue se mostrara irredutível em todos os embates. Mas agora... Agora envolvia três pilares importantes em sua vida, três coisas que amava, Percy, Sally e o Jackson's.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

E então meus queridos, o que acharam?


Não falei nada antes pq sei que muita gente fica chateada com esse lance de cap. Que se passa no passado, mas confiem em mim, eles são necessários... Mas aí vocês dizem "poxa, estou com saudades do tempo atual" e eu vos digo para acalmar o vossos corações que voltaremos a nossa programação normal a partir do próximo!

Vejo vocês nos comentários e muito obrigada mais uma vez.    


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Comentários para 27 - Família:
Irinha
Irinha

Em: 01/04/2021

História maravilhosa autora.bjs


Resposta do autor:

Muito obrigada querida, espero lhe ver nos próximos! Até breve!

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Eufabis
Eufabis

Em: 15/03/2021

Olá!!!!  Confesso que por mais ansiosa que eu seja,  a cada capítulo postado  fico na esperança de um  capítulo dos tempos atuais, mas me pego lendo e vejo o quão importante é  conhecermos o passado.  Eita que não me aguento para o próximo capítulo.   Até logo


Resposta do autor:

Olá querida! Eu super entendo a ansiedade de vocês! Imagina a coitada da autora como não fica?! Sabendo se todas as coisas que vão acontecer, todos os caminhos, mas tendo que manter o foco para não atropelar o desenvolvimento. 

Garanto que cada doce espera valerá a pena e fica aqui o meu agradecimento por vocês estarem comentando e interagindo, isso realmente me deixa muito feliz e motivada. 

Ate breve e mais uma vez obrigada! 

Responder

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Crislax
Crislax

Em: 15/03/2021

Olá, autora!

 

Não vou negar, a ansiedade para ver Chase e Clarisse juntas no presente é imensa, mas falar do passado, de como Silena e Clarisse se envolveram é muito bacana. Esse contexto é importante pra entender o que vai acontecer no futuro. 

Abraços! 


Resposta do autor:

Olá querida, tudo bem com você? 

 

Ah minha amiga, pode ter certeza que até eu estou incrivelmente ansiosa por conta disso, acredita?! Mas sei que um bom enredo também deve ter paciência, então tento me conter. 

Simmmm... Pode ter certeza de que vai ser importante no futuro todas essas informações que eu vou disponibilizando para vocês mesmo que aos poucos. 

Abraços e espero ver vocês mais cedo. 

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