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Meus pedaços por Bastiat

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Palavras: 6556
Acessos: 2727   |  Postado em: 05/01/2021

Tão perdida em seu mar

 

Helena

 

    De olhos fechados, mas a mente trabalhando. Se eu estivesse em casa, com certeza recorreria a um medicamento que me fizesse apagar. Mas, Eduardo apareceu tão fofo no quarto, com toalha, roupão e roupas para dormir, que eu acabei aceitando a sua hospedagem. Parece até que eu estava adivinhando a tempestade que cairia na noite e na madrugada da capital paulista. Para a sorte do Chico, antes de ouvir a conversa, pedi por mensagem para a Nina ir buscá-lo para ficar com a Giovanna na casa da Isabel.

 

    Mudei de posição mais uma vez na enorme cama de casal dos meus amigos. Não entendi muito bem por que eles não me deixaram ir para o outro quarto. Porém, na hora eu não estava para questionamentos. Assim como agora, minha cabeça dá voltas e mais voltas. Pelo menos o círculo se fecha, antes sempre faltava a principal parte da história.

 

    Rolei pela cama mais uma vez. O relógio marca 5:15 da manhã, o dia já está amanhecendo. Juntei as minhas pálpebras com força, eu preciso dormir. Tentei esvaziar a mente, lembrar do sorriso da minha filha, recordei-me do meu pai, da minha infância com a minha mãe. No fim, cedi à conversa de horas atrás. Nada me fará dormir hoje.

 

    Coloquei a minha mão na barriga. Edu deve ter alguma coisa boa na geladeira. Quem sabe se eu comer, as horas passam?

 

    Levantei-me da cama. Esfreguei os meus olhos enquanto caminhava até a porta. Abri sem fazer barulho. Tomei cuidado com os meus passos. Caminhei praticamente na ponta dos dedos.

 

    -... eu agradeço mucho você e o Eduardo, mas eu prefiro ir antes que ela acorde.

 

    É a voz da Isabel e vem da sala. Me esgueirei pela parede do corredor e cheguei ao local que dava a visão do Rodrigo e da espanhola na porta principal.

 

    - Helena não vai acordar tão cedo. Eu preparo um café rápido, assim você não sai de estômago vazio.

 

    - Eu duvido que ela tenha conseguido dormir, porque eu não preguei mis ojos. Mas, mesmo assim, eu já dei trabalho demais e preciso mesmo ir. Não quero causar mais confusão. Gracias, Rô. Gracias por me ouvir, por ter me dado abrigo para que eu não saísse na chuva. Ah, e pelo chá.

 

    - Tudo bem, não vou insistir mais. Só, antes de você partir, posso te fazer uma pergunta que está martelando na minha cabeça até agora?

 

    - Claro. ¿Qué pasa?

 

    - Ontem, enquanto você me contava, notava que sua voz não era acusatória. Era como se você estivesse desabafando, procurando em suas próprias palavras algo de errado e que confrontasse o seu pensamento anterior. Conforme você relatava, eu me colocava no seu lugar. Apesar de culpar a falta de comunicação, não sei o que faria se acontecesse isso comigo. Onde eu quero chegar é: você estava duvidando das coisas que me contava, não é? Se não fosse interrompida pelo Edu, você contaria do vídeo e... - Rô hesitou.

 

    - Perguntaria a sua opinião - escutei a Isabel confirmando a frase que já estava na minha cabeça.

 

    - Por isso o seu desespero? - Rodrigo perguntou.

 

    - Sí. Eu estava no escritório do Arte e tinha acabado de ter uma conversa estranha com a Helena, cuando o vídeo chegou no meu e-mail. Assisti três veces para ter certeza do que tinha escutado. Tudo desmoronou, sabe? Eu evitei buscar uma prova e a que caiu nas minhas vistas não era exatamente o que parecia. Tenho certeza de que se estivéssemos bien, eu teria ficado no local ou depois a questionado. Mas já tinham tantas coisas acumuladas... identifiquei no beso con Gustavo o fim do nosso casamento. Depois de tanto tempo e com meu coração pedindo pela Helena, eu vejo uma confissão de que não aconteceu nada demais. Eu cheguei confusa, queria a sua opinião sobre tudo. Mas agora sei que já era tarde para isso.

 

    - Isabel, eu não tenho interesse nenhum de amenizar o que você está sentindo. Seu erro foi tão grave quanto o da Lena. Digo isso com profunda tristeza, pois acreditava no amor das duas. Do contrário, não teria ido a sua companhia de teatro. Porém, independe do vídeo, assim como você, eu acharia que a Helena tivesse traído. Claro que a dúvida ficaria, pois eu conheço a Heleninha, sei de seu caráter e seus sentimentos. Mas não me surpreenderia começar a duvidar. Então, eu só quero te dizer para não se culpar tanto. A conversa ainda não terminou.

 

    - Vamos esperar qual será a nossa reação nos próximos dias. Hoje eu estou confusa demais.

 

    - Certo, não vou mais te impedir de ir. Só fique bem, Isabel.

 

    Vi as duas se abraçarem. Dei as costas para sair.

 

    - Cuide bem da Helena...

 

    Balancei a cabeça em negação. Éramos para ter cuidado uma da outra.

 

    Dei de cara com o Eduardo parado na porta do banheiro. Passei por ele enquanto caminhava na direção do quarto. Silêncio.

 

    Entrei no quarto e me joguei na cama. Cobri a minha cabeça com o travesseiro e abafei o meu grito.

 

    Essa dor não vai passar?

 

[...]

 

    - Olá, bom dia - cumprimentei o casal de amigos que apreciavam o seu café da manhã.

 

    - Bom dia - Rô disse sem olhar e antes de colocar a xícara na boca.

 

    - Bom dia, Heleninha. Sente-se, fiz questão de assar croissant. Conseguiu dormir um pouco?

 

    - Cochilei algumas vezes - respondi.

 

    Juntei-me a eles na mesa. Agradeci quando o ator começou a me servir.

 

    A cada mastigada, a comida descia com um pouco de dificuldade. Não estava muito animada para comer, mas precisava me alimentar para começar a colocar o plano que fiz para o final de semana em prática. Alimentei-me com o croissant e bebi café.

 

    - Estava tudo uma delícia, obrigada - sorri para os dois.

 

    - Helena, podemos falar sobre ontem? - Edu perguntou.

 

    - Podemos - o respondi.

 

    - Então é o seguinte: Isabel ouviu sua conversa, você ouviu as conversas da Isabel e eu e a bebê ouvimos a de vocês ontem. Depois o Rô me atualizou de tudo porque demorei a entender.

 

    Eu consegui dar risada do jeito espontâneo do meu amigo.

 

    - Ótimo, assim vocês me poupam de contar a história toda.

 

    - No ficou brava? - Perguntou confuso.

 

    - Não. Vocês são meus amigos, sabem de tudo, acompanham a história de perto desde a separação. De verdade, não me importei.

 

     Rodrigo permanecia em silêncio. Evitava me olhar, mas não parece me julgar.

 

    - Eu vou dar a minha opinião depois de te escutar. Mas que merd* que fizeram, não?! Como você está se sentindo?

 

    - Aliviada - soltei o ar preso em meu pulmão. - Sempre quis uma explicação. Achei que reconquistando-a como eu estava fazendo, era uma alternativa de saber mais rápido. Mas tudo é tão surreal que duvido que nos acertaríamos depois de uma conversa. Helena tinha certeza das traições, esperava que eu confessasse e pedisse perdão. Eu achava que ela estava magoada apenas com o beijo. Fomos pegas de surpresa. Sinto-me aliviada e ao mesmo tempo com raiva. Mas também estou com medo do que virá depois que passar. Eu sei, tenho consciência de que uma hora essa raiva vai passar. Eu... eu estou... eu tenho medo de não sentir nada.

 

    - Você acha que vai deixar de amar a Helena? - Eduardo perguntou receoso.

 

    Olhei para a janela, vi o céu claro com o sol tímido. Depois da tempestade, o dia seguinte pode ser melhor, mas o clima de medo ainda permanece na cabeça. Não sei quando o sol voltará a brilhar.

 

    - É uma pergunta que não me atrevo a te responder hoje. Daqui uns dias talvez. Aqui dentro - aprontei para o meu coração - existe um sentimento eterno por ela. Nunca vou me esquecer dos nossos  momentos felizes e do quanto a sua simples companhia me fazia bem. Porém, também vamos carregar as piores e vergonhosas atitudes que nos levaram ao que somos hoje. Sinto raiva desde que terminamos a conversa. Fico ainda mais confusa quando penso no vínculo que temos por causa da Gi. A última coisa que quero é prejudicar a pessoa que mais amo na minha vida, a minha filha, mas não imagino a minha reação amanhã, nem daqui um mês, muito menos em um ano. Preciso de tempo, mesmo sabendo que ele nunca será capaz de apagar o que aconteceu.

 

    Eduardo me olhou compreensível, mesmo com uma certa nuvem confusa pairando no ar. Rodrigo preferiu a neutralidade.

 

    - Eu estou triste, Helena. Mas estou triste de verdade mesmo. Rodrigo me aconselhou a não falar nada... não consigo. Sei que as duas são muito cabeças duras, então eu acho que vocês não devem deixar esfriar o assunto, vão cometer o mesmo erro ao ignorar o problema...

 

    - Edu, não! - Rô o interrompeu. - Helena acabou de dizer que precisa de um tempo, amor. É muito mais profundo, muito mais complexo do que elas conversaram. Só ela sabe o que está sentindo, é impossível tentar arrancar algo dela agora. Está na hora de só ouvir.

 

    Rodrigo seguiu olhando só para o marido. Travaram uma batalha pessoal de quem tem razão.

 

    - Para a Isabel você fez pergunta e deu a entender que precisávamos conversar ainda - disse.

 

    Meu amigo, pela primeira vez, me olhou.

 

    - É diferente. Isabel me procurou para eu dar uma opinião, como você fez inúmeras vezes e eu sempre me posicionei. Ela sente-se culpada, muito mais do que...

 

    - Eu? Acha que eu não me sinto culpada só por que eu não a traí? Eu sei o que fiz, Rodrigo. É triste saber que eu poderia ter evitado, assim como a Isabel. Eu poderia ter corrido atrás dela quando pensei que tinha a visto depois que beijei o Gustavo. Passei parte da noite imaginando que se eu tivesse explicado na hora, talvez ela explodiria me contando tudo. Se eu não tivesse mentido...

 

    Engoli as minhas recordações. Menti. Mentiras sem necessidade. Quem eu quero poupar? Isabel era minha mulher, se eu não me apoiasse nela, em quem eu iria fazê-lo? Respirei fundo e continuei:

 

    - Se ela não se tornasse uma pessoa insegura como nunca pensei que poderia vir a ser. Se eu não tivesse deixado para lá quando ela apresentou os primeiros afastamentos. Sim, sinto-me culpada porque eu estava muito acomodada com o meu casamento. Isabel me fazia perguntas e eu não dava atenção. Fiquei a noite toda tentando lembrar quando foi que eu parei de elogiá-la e dizer que a amava. Eu não dava atenção para a minha própria mulher...

 

    Apertei o canto da mesa de tão nervosa. Eu poderia ter evitado.

 

    - Tudo aconteceu em uma fase tão complicada, eu tinha a Gi e meu trabalho exigindo muito mais de mim, a última coisa que me importava era tentar entender o silêncio dela. Achei que fosse coisas dos anos de casamento, uma hora tinha que esfriar. Uma fase? Sei lá. Acordei tão tarde para a minha negligência. É horrível, eu sei. Vocês me escutaram dizer que enlouqueci achando que ela estava me traindo, o que não sabem é que eu cheguei ao ponto de mexer nas suas coisas, no seu celular. Um absurdo...

 

    Ainda não acredito nas palavras que saem pela minha boca, no que fiz e do peso que isso teve.

 

    - Diferente dela que tinha pelo menos alguma prova ridícula, eu não encontrei nada. Depois, eu piorei tudo com a infeliz ideia de provocá-la. Repararam? Muito ‘se', ‘talvez'... como é horrível a sensação de impotência perante situações simples. Isso tudo tira a culpa da Isabel? Não! Tira a minha? Não! Complicamos o que não era para ser complicado. Fizemos escolhas incoerentes em nome do amor. Fomos displicentes, jogamo-nos em um labirinto. Mentiras, verdades, amor, mágoa. Eu sei a minha parcela de culpa.

 

    Olhei nos olhos do meu amigo, vi arrependimento.

 

    - Desculpa, Helena. Eu... acho que no fundo, eu estou me sentindo culpado, por isso não consigo te olhar. Te julguei ontem, te julgo hoje. Bem, não te julguei, mas duvidei. O que esperava depois da pergunta que você me fez ontem? Lembra-se? "Nesses anos todos em que você está com o Eduardo, ninguém nunca te olhou com mais desejo que o próprio"

 

    - Epa, que história é essa? - Edu irritou-se.

 

    - Foi só uma pergunta, amigo. Eu estava falando de mim, queria me justificar por causa do Gustavo. Rô estava me colocando contra a parede. Eu ia contar que dei corda para me enforcar quando provoquei a Isabel. Eu estava prestes a falar, mas sinto tanta vergonha. Somente a Elisa sabe e ela nunca seria louca de mencionar nada.

 

    Voltei a minha atenção ao Rodrigo que balançava a cabeça com indignação.

 

    - Eu sei, escondi coisas de você. Dei sempre a entender que a Isabel havia falhado. Desculpe-me.

 

    - Mas a Isabel falhou, Helena. Eu nunca vou isentá-la da culpa. Aliás, não sou eu ou o Edu que vamos nos dizer se alguém tem culpa. Mas já que insiste na minha opinião com esse olhar, eu falo: as duas erraram e as duas tem que resolver. Concordo com o bebê. Porém, eu juro que te entendo profundamente. Sei que precisa de um tempo. Mas, infelizmente, nenhum conselho do mundo te fará saber a reposta que só você mesma pode buscar. Está aí dentro - apontou para o meu coração.

 

    - Perdoe a Isabel... - o ator tentou dizer.

 

    - EDUARDO! - o marido o interrompeu chamando a atenção dele novamente.

 

    - Não, agora eu vou falar. Deixa! Heleninha é minha amiga, sabe que eu quero o melhor para ela - disse se voltando para mim. - As duas erraram. Chega desse negócio de culpa. Isso só significa que cada uma tem que se perdoar primeiro e depois perdoar uma à outra. Um amor tão bonito merece uma outra chance. Nâo digo apenas de chance amorosa, mas uma que vocês se livrem das mágoas. Tome seu tempo, mas não esqueça que foi o tempo do ‘deixa para depois' que acabou com o relacionamento de vocês. Não se permite mais erros.

 

    Eduardo sempre foi mais de ouvir do que opinar. Seu jeito brincalhão sempre me animou com alguma piada no final de algum desabafo. Mas hoje foi diferente. Suas palavras são me atingiram em cheio.

 

    Não houve nenhuma pedido de desculpa, muito menos perdão. Quando eu e a Isabel tivemos uma conversa importante, os pedidos foram feitos. Doce ilusão de conversa. Hoje sei que não estávamos preparadas. O nosso desejo uma pela outra estava presente demais para raciocinar sobre o nosso passado. Isabel estava disposta a me ter, eu também estava ansiosa para reconquistá-la. Agora entendo os seus devaneios e receios de se entregar. Por mais que quisesse, a espanhola não conseguia esquecer do que supostamente fiz. Mais uma vez ela não conseguia falar e eu fingia estar tudo bem para não ter confronto.

 

    - Foi melhor assim - falei interrompendo os meus pensando. - Digo, foi melhor o Eduardo dar a sua opinião. Obrigada, amigo.

 

    Disfarcei o impacto de suas palavras levantando-me e o abraçando em seguida.

 

    - Mesmo sentado, eu ainda fico quase do seu tamanho, Helena - Edu brincou.

 

    Bati de leve em seu braço e escutei uma risada contida do Rodrigo. Nossa conversa ainda não acabou.

 

    - Bem, eu tenho que ir - deixei um beijo no rosto do ator e ele retribuiu fazendo carinho no meu rosto. - Me acompanha até a porta, Rô?

 

    - Claro, faço questão.

 

    Caminhamos em silêncio até a porta. Rodrigo não permitiu que eu colocasse a minha mão na maçaneta.

 

    - Desculpa - pediu olhando em meus olhos.

 

    - Você sabe que já te desculpei. Não precisa nem se explicar muito, eu sei exatamente como se sente. Não é errado cair nas tentações de versões incompletas. Você me apoiou esse tempo todo sem nunca ter questionado nada. É natural a sua dúvida com o que aconteceu nos últimos dias. Primeiro eu minto no restaurante e depois fiz aquela insinuação. Da nossa amizade, nada mudou para mim - insinuei um sorriso.

 

    - Obrigado. Eu quero que saiba que eu sempre te apoiarei em qualquer decisão. Sempre estaria aqui para te escutar - sorriu com sinceridade.

 

    - Te amo como meu irmão.

 

    O abracei com força. Os braços acolhedores do mais alto é o que preciso no momento.

 

    - Não quer passar o dia aqui? Prefere ficar sozinha? - Perguntou passando as mãos nas minhas costas.

 

    - Eu vou em busca de respostas no lugar que mais amo estar.

 

    - Areia e mar?

 

    Nos separamos com um sorriso no rosto de cada um.

 

    - Sim. Aluguei uma casa para o final de semana pelo celular mais cedo.

 

    - Mas tudo bem ficar tão longe e sozinha? - Preocupou-se.

 

    - Com certeza estarei com o Chico. Se a Isabel deixar, pretendo levar a Giovanna comigo.

 

    Senti que a Rodrigo iria falar mais alguma coisa, mas desistiu. Deixei quieto.

 

    - Tudo bem, qualquer coisa é só gritar que eu desço a serra correndo.

 

    Nos despedimos com mais um abraço. Saí da casa dos meus amigos carregando o peso dos acontecimentos comigo.

 

[...]

 

    Acompanhei com o olhar os cabelos castanhos esvoaçantes da minha pequena. Mal estacionei o carro e Giovanna já correu para o lado oposto da casa. Sua paixão pelo mar vem de mim. Sorte que a rua é tranquila.

 

    - Pode deixar que eu a pego, Helena - disse Nina já correndo na direção da minha pequena.

 

    Pensei que a Isabel não deixaria a Giovanna vir comigo. Liguei para a babá pedindo para falar com a minha filha já sabendo que a menina ficaria empolgada de vir comigo. Depois pedi para a menina-mulher pedir a autorização à atriz. Ainda posso ouvir a voz dela de fundo:

 

    "- Pode deixar a Gi ir".

 

    Nina ainda tentou argumentar que era o final de semana da outra patroa. Mas a espanhola não voltou atrás:

 

    "- Helena não faria esse convite para a Giovanna se não estivesse precisando muito da companhia da filha. Arrume as coisas dela, por favor".

 

    Ouvi mais algumas frases que não prestei muita atenção. Isabel sempre gostou de fazer malas, sempre fez tanta questão, dizia que nunca esquecia nada. Estranhei.

 

    - Está aqui a fujona - Nina me fez sair das minhas divagações mostrando uma Gi sorridente no colo.

 

    - Filha, não corra, é perigoso. Depois a gente vai ver o mar.

 

    Ajeitei a minha bolsa no ombro, tirei o Chico de dentro do lar provisório e o peguei no colo.

 

    - Depois quando? - Gi perguntou esticando o braço para fazer carinho no cachorro.

 

    - Você sabe que mais tarde, amor. O sol está muito quente.

 

    - Mas a mamá pediu para a Nina colocar o meu protetor na bolsinha... - tentou argumentar.

 

    - E eu vou usá-lo, princesa. Mas agora precisamos almoçar e mar só mais tarde.

 

    - Desiste, Gi. Essa batalha você já perdeu, melhor obedecer a sua mãe.

 

    - Vamos levar esses dois bebês para dentro, depois a gente volta para pegaras coisas, Nina.

 

    Andei junto com as duas para dentro de casa. Giovanna acabou se distraindo com o empolgado Chico que começou a latir pela sala.

 

    Voltei com a babá para o carro. Desde os nossos primeiros olhares, Nina fazia perguntas que eu não posso responder. Eu acabei a convidando, não como babá, mas sim amiga, para que, se em algum momento a tristeza batesse, a Gi tivesse uma companhia feliz.

 

    - Isabel...

 

    - Nina - a interrompi. - Por favor, não quero falar sobre a Isabel. Se puder, não mencione o nome dela durante o final de semana.

 

    - Como quiser, Helena.

 

    Abri o porta-malas, entreguei a sua mala. Peguei a minha e a da Gi em seguida.

 

    - Vou pedir comida por delivery. Eu sei que você gosta de frutos do mar, pode ser? - Perguntei para quebrar o clima pesado.

 

    - Pode, claro. Vou adorar.

 

    Voltamos para a casa em silêncio. Este foi quebrado pela risada divertida da minha menina.

 

    Giovanna deitada no chão da sala e o Chico dando lambidas em seu rosto. Ainda bem que a trouxe comigo.

 

    Sentamo-nos no sofá na espera do almoço que pedimos. Enquanto minha filha brincava, eu tentava manter algum papo com a Nina para me entreter e não pensar no que aconteceu na noite passada.

 

    A menina-mulher me conta que prestou vestibular para pedagogia. Empolguei-me toda com a sua fala sobre as crianças e o que espera do curso. Nina é muito inteligente e esforçada, quero tê-la como amiga. Aliás, já a considero minha amiga por tanto que já me ajudou e a intimidade de criamos.

 

    O almoço chegou uma hora depois. Os frutos do mar foram colocados em pratos por mim. Giovanna se deliciava e elogiava a comida. Eu comi pouco, não estava com fome. Nina continuava a mais falante das três.

 

    Depois de toda comilança, não pude mais adiar a ida à praia. Gi já estava quase indo sozinha. Achei graça da sua empolgação. Devo trazê-la mais vezes.

 

    Subi até o quarto para trocar de roupa. Coloquei um biquíni azul turquesa e por cima coloquei uma saída de praia da mesma cor.

 

    Peguei a minha bolsa, busquei por algum dos meus documentos para colocá-los na bolsa de praia. Um brilho de ouro chamou a minha atenção. O peguei e pelo formato já sabia o que era.

 

    "Isabel soltou-se dos meus braços, colocou a mão no peito e eu vi o coração que dei a ela de presente com as nossas iniciais unidas pelo símbolo do infinito.

 

    Quando pensei em falar algo, a espanhola arrebentou a correntinha e me estendeu o delicado colar.

 

    (...) Isabel abriu a mão e mais um dos nossos objetos de amor foi jogado no chão. Meus olhos fixaram no coração na grama."

 

    Tirei a joia da bolsa, a coloquei na palma da minha mão direita e deslizei os meus dedos da esquerda nas nossas iniciais. Meus olhos arderam, fechei a minha mão e coloquei o objeto no meu coração que batia acelerado. Isabel se livrou de tudo o que dei a ela. Provavelmente até do amor.

 

    - Mamãe? Vamos? Já coloquei o maiô.

 

    Olhei para a Giovanna parada na porta com a roupa combinando com a minha. Dois maiôs azul turquesa.

 

    - Vamos, meu amor.

 

    Coloquei o colar na bolsa de praia e dei a mão para a pequena para descermos juntas.

 

    Encontrei a Nina com trajes de banho e o Chico na coleira.

 

    Giovanna andava pulando, tive que segurá-la para não sair correndo de encontro ao mar. Andamos até mais rápido do que o costume tamanho era a empolgação da minha filha.

 

    Chegamos na areia e com a ajuda da babá começamos a ajeitar as nossas coisas.

 

    - Posso ir? - Ouvi a voz infantil perguntar.

 

    - Não sem antes passar o protetor. Vem.

 

    Sentei-me, peguei o líquido o comecei a passar a proteção na minha filha. Tive que fazer o mais depressa que consegui ao mesmo tempo que tomei cuidado.

 

    - Vai logo, mamãe. Por fabor - imitou o sotaque a espanhola.

 

    Achei graça e tive o meu sorriso correspondido por ela. A janelinha de mais um dente apareceu.

 

    - Precisamos conversar sobre a sua impaciência depois, não pode ser assim, meu amor. Tudo na vida tem de ter-se paciência - disse trocando de protetor. - Agora esse para o seu rosto.

 

    Contornei o rosto que lembra muito a Isabel. Giovanna vai ficar muito parecida com a outra mãe.

 

    - Pronto, Gi, já está protegida. Agora falta eu.

 

    Minha filha sentou-se na cadeira de praia e revirou os olhos enquanto eu passava o produto pelo meu corpo. Pedi ajuda à Nina para as minhas costas e sem seguida ajudei da mesma forma.

 

    - Viu isso, Helena? A Gi não reclamou em nenhum momento - a menina-mulher piscou para a pequena.

 

    - Sou paciente - disse apertando os olhos ao sorrir largo. - Mereço de prêmio uma pizza no jantar.

 

    - Também acho - Nina concordou.

 

    - Vocês duas, hein?! - Bronqueei. - Só porque é sábado.

 

    Giovanna comemorou e saiu correndo na direção do mar. Chico correu atrás dela. Não restou outra alternativa do que correr atrás deles junto na companhia da Nina.

 

    Molhando apenas os pés, Gi aguardou que eu chegasse e a pegasse no colo. Entramos juntas na água. Beijei o seu rosto quando ela se apoiou no meu pescoço com a onda batendo de leve nela.

 

    - It's a little bit funny this feeling inside... - comecei a cantar em seu ouvido. - I'm not one of those who can easily hide.

 

    - É a música que você cantava para mim desde a barriga, mamãe.

 

    - Sim... - minha voz embargou. - Eu te amo tanto, Gi.

 

    - Eu também te amo, mamãe. Você e a mamá são as melhores mães do mundo.

 

    Coloquei mais força no abraço. Eu e a Isabel podemos ter nos perdido, mas nosso acerto foi ter a nossa filha.

 

    - Vai me esmagar, mamãe - Gi reclamou.

 

    - Desculpa, filha. Eu só queria demonstrar o quanto te amo.

 

    A menina sorriu e me abraçou com toda a sua força.

 

    - Queria que a mamá estivesse aqui. Dava para ir mais fundo... Mãe, tem certeza de que não vou ficar do seu tamanho?

 

    - Sim - dei risada. - Eu tenho certeza de que você será alta como sua mamá. Não quer ser baixinha?

 

    - Não sei... - hesitou. - Só sei que quero ser bonita e inteligente que nem vocês duas. Quero cozinhar bem que nem a mamá e trabalhar na tv que nem você nos vídeos antigos...

 

    - Você vai poder ser o que você quiser.

 

    Ficamos mais um tempo conversando. Depois voltamos para um lugar mais raso e brincamos de pular as ondas.

 

    No finalzinho da tarde, joguei-me na areia depois de correr com os três. Chico sentou-se no meu colo cansado. Nina e Gi se juntaram ofegantes.

 

    - Daqui a pouco vai anoitecer. Já nos divertimos muito, está na hora de voltarmos.

 

    - Ah... - minha filha pensou em reclamar.

 

    - Temos amanhã o dia inteiro, meu anjo.

 

    Voltamos para o local onde se encontram as nossas coisas e comecei a ajeitar tudo.

 

    Ao final, prontas para retornar à casa, olhei para o mar. Isabel povoou os meus pensamentos. Tivemos tantos momentos felizes em paisagens iguais.

 

    - Pode deixar que eu a levo junto com o Chico, Helena. - Nina chamou a minha atenção. - Eu dou banho na Gi enquanto você aproveita um pouco do pôr do sol.

 

    Agradeci a menina-mulher com um sorriso. Eu estou realmente precisando ficar um pouco sozinha.

 

    - Obedeça a Nina, Giovanna - disse beijando o seu rosto.

 

    Vi as duas saírem com o Chico e algumas coisas que trouxemos. Esperei as duas sumirem da minha vista. Sentei-me na cadeira de praia e voltei a minha atenção para o mar. Lembrei-me da joia.

 

    Procurei na minha bolsa e o encontrei com facilidade. Encarei o coração com o pôr do sol no fundo.

 

    "- O que fizemos de nós, Helena?

 

    Encarei a Isabel. Pela primeira vez não senti vontade de beijá-la, não a desejei, meu coração não se sentia apaixonado, nem o vazio que me acompanhava se fez presente.

 

    - Nos destruímos.

 

    - Nos destruímos - concordou com as minhas palavras - e nos machucamos como jamais pensamos que poderia acontecer. Essa confusões de diálogos... nos perdemos em uma Babilônia. A única verdade no meio de tantas mentiras é que tanto eu, quanto você, tivemos nossas verdades. Acreditei no que ouvi, você acreditou que me fazia bem de verdade ao mentir.

 

    - Disso tudo, o que mais dói é saber que a culpa foi nossa. Nós chegamos ao fundo do poço sozinhas. Sem ninguém para culpar, fica difícil - minha voz embargou.

 

    - Eu comecei... - Isabel também não conseguiu falar.

 

    - Nos estranhamos, mudamos. Depois da separação, acabamos nos envolvendo com outras pessoas. As consequências pesam.

 

    - Outras pessoas?

 

    - Sim. Você se envolveu com a Philipa, não me iludo que tenha sido apenas um beijo. Eu fui para cama com outra, mesmo já te dizendo que foi pensando em você.

 

    - Manchamos o nosso casamento..."

                                                                                             

    Abaixei a minha cabeça, chorei. Segurei o coração com força, como se segurasse o dela para que não fosse embora.

 

    Senti raiva. Isabel me fez sofrer tanto. Poderia ter resolvido a situação de forma simples. Como eu vou esquecer as merd*s que escutei sendo inocente? Acusações, insinuações, Gi longe de mim. Eu só queria que não tivesse nenhuma mancha no nosso amor.

 

    Andei até chegar no mar. Senti o cheiro de praia, fechei os olhos beijando o coração.

 

    - Por que dói tanto? Eu só que nada disso tivesse acontecido com a gente.

 

    "As duas erraram. Chega desse negócio de culpa. Isso significa que cada uma tem que se perdoar primeiro e depois perdoar uma à outra."

 

    As palavras do Eduardo... me perdoar para perdoá-la.

 

    - É óbvio que já te perdoei, Isabel. Perdoei porque acredito no ser humano falho e imperfeito. Erramos, mas meu amor por você sempre foi genuíno. Entretanto, eu estou aqui sozinha, ainda sentindo-me vazia. Cadê você, vida? Não voltará, acabou.

 

    Abri os olhos e olhei pela última vez o objeto como uma despedida e então eu joguei o colar com nossas iniciais no mar.

 

    Enxuguei as últimas lágrimas.

 

    Olhei para o céu e pedi uma resposta. Algo tocou o meu pé esquerdo. As ondas trouxeram o objeto de volta para mim.

 

    - Não é essa a resposta... - reclamei pegando o colar de volta.

 

    Coloquei no bolso do meu short branco, fiquei com medo de acontecer de novo.

 

    - Helena?

 

    Meus olhos buscaram a voz que há anos não escuto. Não pode ser quem estou pensando.

 

    - Kátia! Nossa, quanto tempo.

 

    Abracei a minha amiga de juventude. Um pouco mais que amiga, Kátia foi a primeira mulher que senti atração e que beijei. A conheci cantando em um barzinho perto da faculdade. Ela acabou me defendendo de um rapaz que tentou me beijar à força e ficamos amigas. Tivemos alguns encontros, mas nada além de amassos.

 

    - Tem o quê? 30 anos? - Perguntou ao nos separarmos.

 

    - Não faça as contas, meu aniversário está chegando e já me sinto velha o suficiente.

 

    - Velha? Longe disso, Heleninha. O tempo só te fez bem.

 

    - O mesmo acontece com você, continua linda.

 

    Seus olhos brilharam assim como o seu sorriso.

 

    - Mudou-se para cá? - Perguntou tocando o meu braço.

 

    - Quem me dera. Vim passar o final de semana, relaxar um pouco.

 

    - Está sozinha?

 

    - Não, minha filha e a babá dela vieram comigo.

 

    - Ok... bela informação, parabéns pela filha. Mas eu quero saber mesmo é se você está solteira.

 

    Cruzei os braços. Eu nunca disse para outras pessoas que não fosse casada. Nunca tive coragem, sempre sorri amarelo e não respondia. Na minha cabeça eu nunca me separei da Isabel.

 

    - Solteríssima - respondi.

 

    - Está com frio? Minha casa é aqui perto, posso te emprestar um casaco.

 

    Kátia sempre foi sedutora e direta.

 

    - Adoraria conhecer a sua casa, Ká, mas tenho uma pequena me esperando para jantar.

 

    - E depois do jantar? Topa um barzinho para relembrar os velhos tempos?

 

    Ganhei um minuto para pensar. Isabel jamais vai me perdoar. Se ela já fez um escarcéu pelas conversas ouvidas sem a certeza, imagina com tudo que eu confessei que fiz? A espanhola deve estar me odiando mais do que nunca. Minha raiva pode passar, mas a dela não sei.

 

    - Anota o meu número e me passa o endereço depois - respondi a sua pergunta. - Nos encontramos lá às 23:00, pode ser?

 

    - Como quiser, Helena Carvalho - disse estendo o celular para que me colocasse em sua agenda.

 

    - Pronto - devolvi o aparelho sorrindo. - Tenho que ir, foi muito bom te reencontrar.

 

    - Pode apostar que será melhor ainda mais tarde.

 

    Nos despedimos, Kátia deixou um beijo demorado na minha bochecha.

 

[...]

 

    Entrei no local indicado pela minha amiga das antigas. Senti-me com 20 anos de idade novamente.

 

    A vi acenar com felicidade para mim, aproximei-me dela animada, pode ser uma bela noite. Um rapaz cantava e tocava violão deixando o ambiente mais aconchegante.

 

    - Você está linda, Helena. Linda.

 

    Nos abraçamos rapidamente. Sentamos lado a lado. Kátia me olhava como uma caçadora.

 

    Pedimos vinho. Enquanto não chegava, comentamos sobre o cantor e músicas. Descobri que ela ainda canta e que passou um bom tempo na Europa. Chegou a criar uma pequena carreira, mas nada que pudesse levá-la à fama. Agora voltou a tocar no país de origem, inclusiva no litoral.

 

    Chegaram as bebidas e a conversa continuou pedindo mais uma rodada de vinho.

 

    - Me atualize da sua vida, Heleninha. Fiz uma pesquisa na internet antes de vir, mas quero saber mais, muito mais.

 

    Contei sobre a minha carreira, dos meus dois casamentos, da separação conturbada com a Isabel, mas sem tantos detalhes, e depois engatei uma conversa sobre a Gi. Kátia me encantava ao me escutar com tanta atenção.

 

    -... e você? Não quis casar? - Perguntei a ela.

 

    - É difícil esquecer Helena Carvalho.

 

    - Kátia! - Dei risada. - Eu estou falando sério.

 

    - Ok, eu namorei muito, morei com duas. Mas casamento para valer mesmo, não tive.

 

    Aproximando-se de mim, olhou para os meus olhos e desceu pela minha boca.

 

    - Sabe que desde a hora em que nos encontramos na praia, me surpreendi como ainda lembro do seu beijo, é inesquecível.

 

    Nossas bocas se uniram em um beijo quente. Beijo bom, carinhoso, acalentador. Aprofundei-me nela. Minha mão a puxou, acarinhou a sua nuca. Minha empolgação foi passando conforme a lentidão foi chegando. Buscamos ar no fim.

 

    - Inesquecível - disse abrindo os olhos e me encarando.

 

    Fiz carinho em seu rosto. Evitei os seus olhos, encarei a minha taça de vinho.

 

    - Aposto que a maioria aqui sabe cantar a próxima música - escutei o cantor dizer no microfone. - Fiquem à vontade para me acompanhar.

 

    Senti a mão da Kátia na minha cintura, voltei a olhá-la.

 

    - I could stay awake, just to hear you breathin' - o cantor começou a cantar com a voz rouca.

 

    Arrepiei-me com a canção.

 

    - Watch you smile while you are sleepin'. While you're far away and dreamin'...

 

    "Quando o concerto acabou, Isabel me abraçou. Eu senti que ela ainda estava emocionada. Ficamos longos minutos apenas nos apreciando os nossos corações batendo em sintonia.

 

    Quando nos separamos, Isa não parava de me olhar.

 

    - Que foi? - Perguntei.

 

    - Estaba agradeciendo por tenerte na minha vida. Você mais do que ninguém sabes tudo que passei. Los últimos años foram... tristes. Mi mamá y mi papá se fueron, yo pensé que nunca mais conseguiria ser feliz. No sabia explicar por que algo me puxava para o Brasil, mas quando te vi pela primeira vez, entendi tudo. Você me trouxe alegria, cariño. Você iluminou a minha escuridão. Eu só quero agradecer a paciência comigo, por no desistir de mim quando yo fugi, por me amar, por esta surpresa para marcar nosso primeiro ano juntas. Te amo, Helena. Te amo como eu nunca pensé que seria capaz de amar alguém.

 

    Eu sorria, explodia de alegria. Beijei os seus lábios.

 

    - Eu também te amo".

 

    - Kátia! Me tir... vamos sair daqui?

 

    A música ainda rolava e o meu desespero só aumentava.

 

    - O que foi? Para onde vamos? Está se sentindo bem, Helena?

 

    - Sua casa, algum lugar escondido na praia, motel, não sei, onde você achar melhor.

 

    Olhou-me um tanto assustada, mas sorriu.

 

    - Eu vou pagar a conta e já volto.

 

    - Vou te esperar lá fora - disse já saindo.

 

    Praticamente corri para longe do bar. Andei rápido até não conseguir ouvir a música. Busquei ar enquanto a esperava.

 

    - Helena? Está tudo bem? - Kátia perguntou.

 

    - Sim. Vamos, por favor - peguei em sua mão.

 

    - Espera, Helena. Eu vi que a música mexeu com você. Pareceu-me... importante. Tem certeza que deseja ir para a minha casa? É isso mesmo que você quer?

 

    A única certeza é do que sinto, não do futuro.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 27 - Tão perdida em seu mar:
GabiVasco
GabiVasco

Em: 08/01/2021

Autora, como você faz o mar trazer de volta a correntinha como um sinal de que a Helena tem que voltar para a Isa e me coloca uma ex?????? Quer me ver chorar até o fim da história? Amei o Eduardo tentando fazer a Helena acordar, adoro ele e o marido.


Resposta do autor:

Hahahahaha a ex vai ser um tempero a mais, calma.

Não chore!!!! Edu e Rô são lindos :).

 

Abs.

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Rain
Rain

Em: 06/01/2021

Eu concordo com o Edu e a Baiana, as duas precisam conversar e se perdoarem e não deixa para depois, o amor delas é lindo e genuíno merece ter uma chance. 

Exatamente Helena, você não sabe como a Isabel está se sentindo, se ela pode querer tentar de novo ou não, Afinal, vocês não conversaram direito querida. Oh povo complicada viu. 

Eu achei que ela queria tempo para pensar, não para se envolver com alguem e tacar mais fogo no parquinho. Tomará que nesse final ai, ela resolva ir embora para a casa dela e sozinha! Até o mar acha que elas devem se dar outra chance,  Helena devia escutar ele muitos, muitos anos de vida e sabedoria. O mar sabe o que diz.

Eu já disse o quanto amo a Gi? Ela é muito fofo. Amo a Nina também, menina sabia. Eu imaginei a Isabel morena rsrsrs Mas, se a Gi é loira isso significa que a Isabel também? Ou é a Helena que é loira?

Essa história é incrível, mas me faz chorar muito. Eu sou sensível e me ligo muito as personagens. Eu sinto a dor deles e choro também. Tô chorando agora inclusive.... Triste.


Resposta do autor:

São todas morenas, eu que estava escrevendo outra história e troquei as personagens hahahahaha erro meu, desculpe-me. E obrigada pela atenção e correção!

 

E sim, concordo com tudo o que as duas disse.

 

Chora não hahahaha. Eu sei, é muito drama, mas quem sabe acaba tudo bem!

 

Abs!

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Baiana
Baiana

Em: 06/01/2021

Faço das palavras de Eduardo,as minhas. As duas precisam conversar e se perdoar,mas não deixar isso para depois,não deixar o assunto esfriar,foi esse "depois falo" que fez com que chegassem nesse desgaste todo.

A Helena assume que errou,e ao mesmo tempo tira conclusões precipitadas sobre o que Isabel sente ou deixa de  sentir,se faz de vítima,por ter ouvido acusações infundadas da parte da Isabel,mas foi ela que deu munição para isso,ela que armou o cenário. E ao invés de procurar a ex,o que faz? Novamente vai para a cama com a primeira que aparece,como se isso fosse a solução para todos os seus problemas.

Eu ainda espero que as duas re conciliem,mesmo a Helena sendo essa grandíssima bipolar. Não seria o caso de uma terapia de casal? Pois se for depender só delas duas...


Resposta do autor:

Calma, não se sabe se ela foi para a Kátia com o antigo amor. Mas concordo com su visão.

Terapia não é o intuito da estória porque não tenho conhecimento o suficiente para passar a vocês sobre o assunto. Terá que ser pelas duas.

 

Abs!

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