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Meus pedaços por Bastiat

Ver comentários: 6

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Palavras: 6761
Acessos: 2791   |  Postado em: 06/01/2021

Your Song

 

Isabel

 

    Olhei mais uma vez para as duas joias dispostas a minha frente. Giovanna me olhava com expectativa, esperava pela minha resposta.

 

    - Acho que sua mãe vai gostar mais desse com a essa esmeralda delicada - disse apontando para o bracelete da direita.

 

    - Então, vai ser esse moça, pode embrulhar. Mamá sabe o gosto da mamãe, elas se conhecem há anos. Eu nem sonhava em nascer.

 

    Gi fechou a caixa de veludo azul e o empurrou pelo balcão até a vendedora.

 

    - Agora o seu, mamá.

 

    - O meu? Não precisa comprar nada para mim, meu aniversário já passou.

 

    - No, mamá. Tú tienes que comprar un regalo también.

 

    Olhei para a pequena, ajeitei sua franja crescida. A pequena não percebe nada, nem deixo. Helena também parece estar fazendo o mesmo. Um acordo silencioso para não deixar o nosso bem envolvida nos nossos problemas.

 

    - Gi, después eu compro. Precisamos fazer um embalagem bem bonita para esse bracelete, sí?! - tentei distrai-la.

 

    - Mas depois a gente vai para casa e o aniversário da mamãe é amanhã - insistiu. - Compra. Eu entrego se você não quiser ou está com vergonha.

 

    Sua última frase chamou me despertou a consciência. Será que eu estou enganada, Giovanna percebe?

 

    Os meus olhos procuraram os brincos de esmeralda que tinha sugerido assim que chegamos na loja para a minha filha. Giovanna preferiu um bracelete ou a correntinha.

 

    - Moça - chamei a vendedora. - Por favor, posso ver aqueles brincos?

 

    Sorrindo com gentileza, a atendente olhou na direção que apontei. Pegou a caixinha com os brincos e o entregou para mim.

 

    - São lindos, mamãe vai ficar mais linda ainda com eles.

 

    - Vai - sorri ao imaginar. - Acrescente mais esse, por favor, vou levar.

 

    - É uma ótima compra, dona Isabel. A atriz Helena é uma mulher de sorte, tenho certeza de que ela vai adorar. Diga a ela que sou sua fã.

 

    Apenas sorri com os lábios, peguei na mão da Giovanna e andei até o caixa.

 

    Na volta do pagamento, a mulher que me atendeu entregou-me uma sacolinha delicada de papel.

 

    - Deixei dois cartões bem bonitos para vocês escreverem algo bem bacana para a aniversariante.

 

    - Eba, eu já sei escrever ‘te amo' e ‘mamãe' muito bem. Vou colocar isso no meu - disse a pequena ostentando um belo sorriso.

 

    - Obrigada - agradeci a vendedora já andando com minha filha para fora da loja.

 

    Giovanna pediu colo na porta da loja e eu a acolhi em meus braços. Caminhei na direção do meu automóvel ainda sem acreditar que por um impulso comprei um presente de aniversário para a Helena.

    Com dificuldade, carregando minha pequena e as sacolas, consegui acionar o controle para destravar as portas e coloquei a Gi na cadeirinha que bocejou antes de eu fechar a porta.

 

    Entrei e sentei-me no banco de motorista, dei partida no carro e comecei a dirigir nas ruas da noite paulistana.

 

    - Nina já está em casa, acho que demoramos demais.

 

    Comentei pensando em escutar alguma resposta da minha filha. Preciso me distrair.

 

    - Gi? Hija?

 

    Olhei pelo retrovisor e ela já dormia. O relógio no painel do carro indica que já são quase dez horas da noite.

 

    Estava no Arte quando a Giovanna apareceu com a babá no meu escritório. A pequena desesperou-se quando caiu a ficha que ainda não tinha comprado o presente para a Helena. Tentei dizer que a Nina poderia a levar para comprar amanhã, mas, geniosa, não aceitou.

 

    Seu argumento de correria foi bom. E que eu tinha que ir junto para comprar foi melhor ainda. Nina vai iniciar a faculdade e foi fazer sua matrícula. Restou-me apenas encontrar alguma loja aberta tarde da noite.

 

    Suspirei cansada. É sexta-feira, mais uma semana encerrada. Que semana!

 

    "Coloquei os óculos escuros mesmo estando no corredor que dá acesso ao meu camarim na emissora. Meu coração palpita. Passado o final de semana, é hora de reencontrá-la.

 

    Não me preparei. Não tive a capacidade de imaginar a cena. Passei sábado na cama. Nada entrou no meu corpo, apenas as minhas lágrimas saíram.

 

    Procurei respostas, encontrei vergonha. Errei tanto. Helena não merecia escutar-me destilar minhas desconfianças inúmeras vezes. Minha mulher nunca me traiu.

 

    Caí na armadilha das minhas próprias inseguranças. Na verdade, eu não percebi a minha falta de confiança no nosso casamento. Foi um choque tão grande a possibilidade de ser traída que neguei até encontrar mais evidências. Por que tinham que aparecer aquelas besteiras? Cada vez que tentei me reerguer, algo acontecia.

 

    Errei como apenas um ser humano é capaz. As consequências são merecidas.

- Ma que cazzo!!! - Exclamei quando colidiu um pequeno corpo em mim quando acessei o corredor dos camarins.

 

    Retirei o meu óculos escuros para ter a certeza de que meu nariz não está enganado quanto ao perfume.


    - Mil desculpas... Is... Isabel.

 

    Aconteceu como nos conhecemos no teatro. A diferença é que a curiosidade pela outra não é a mesma sensação de amor à primeira vista. Longe disso, nos encaramos com pesar.

 

    - Seria hipocrisia perguntar se está tudo bien?

 

    - Não. Eu estou bem. Tudo o que mais quis aconteceu, provei o que sempre te disse. Então eu não poderia estar melhor.

 

    - Yo sé, você não sabe la vergüenza que...

 

    - Isabel, - interrompeu-me - está acabando a temporada, vamos ao menos preservar o que nos restou.

 

    - O que você acha que nos restou, Helena?

 

    A apresentadora olhou para trás e deu um passo de lado para verificar se alguém estava atrás de mim.

 

    - Não é o momento, nem o lugar.

 

    - Aparece na minha Companhia mais tarde. Precisamos conversar.

 

    - Não me espere porque eu não vou. Acredite, está tudo bem entre nós. Pelo menos da minha parte. Pensa que consegue continuar agindo com naturalidade diante das câmeras?"

 

    Assim se passaram as gravações da reta final do programa nesta semana: naturalidade diante da câmara e uma tristeza que me consumia cada vez que a olhava fora do estúdio. Helena sorria, dava risada, estava bem. Tínhamos conversas rápidas sobre a Gi e tivemos outra hoje. Aparentemente, a mais velha não precisa esclarecer mais nada. Pudera, deve ser um alívio perceber que tudo não passou de um engano. Eu comecei. Eu criei. Eu lido com as consequências.

 

    - Só quero que ela consiga ser feliz, já que não fui capaz de fazê-la para sempre como prometi - comentei em tom baixo.

 

    Dei a seta para entrar na garagem do prédio, em um minuto coloquei o veículo na minha vaga. Giovanna ainda dorme. Peguei os presentes e a minha bolsa antes de sair do carro.

 

    Tirei o cinto de proteção da minha filha. Ela acordou, mas ainda morrendo de sono. Peguei-a no colo, andei até o elevador.

 

    Entrando dentro do apartamento, coloquei as minhas coisas na mesinha de entrada, segurei a Giovanna  melhor com os dois braços.

 

    - Rô? Puta que parió, esqueci completamente do nosso jantar.

 

    - Relaxa, a Nina disse que você teve que levar a Gi para comprar um presente. Prioridades.

 

    - Desculpa mesmo, Rodrigo.

 

    Ao ouvir a conversa, Giovanna despertou-se no meu colo.

 

    - Tio Rô!

 

    Como se não estivesse morrendo de sono, a pequena saiu do meu colo e correu para abraçar o tio querido. Meu amigo que também a adora, abaixou-se para pegá-la no colo e a girou.

 

    Cumprimentei a Nina que apareceu da cozinha. Vi quando a minha filha voltou a esfregar os olhos com sono enquanto Rodrigo conversava com ela.

 

    - Acho melhor levar Gi para a Helena antes que ela caia de sono aqui em casa e eu não tenha coragem de acordá-la novamente - disse à Nina.

 

    - Está tarde, Isabel. Já pedi para a Helena que a pequena dormisse aqui, amanhã cedo eu a entregarei e já fico para o almoço de aniversário.

 

    - Obrigada - agradeci com um sorriso. - Então você pode ir, precisa comemorar a nova conquista. Mais uma vez, parabéns pela matrícula, tenho certeza de que a Pedagogia merece uma pessoa incrível como você.

 

    A babá despediu-se de nós. Posso sentir a sua felicidade de longe pelas minhas palavras.

 

    - Acho que tem uma mocinha querendo dormir, Isa - Ouvi Rodrigo dizer.

 

    - Não, tio. Eu e a mamá temos que embalar os presentes da mamãe ainda. Tem que ser um papel bem bonito.

 

    Quase fechando os olhos no colo do meu amigo, balancei a cabeça em negação.

 

    - Faremos isso amanhã cedo, hija.

 

    Rodrigo entregou-me a pequena que ainda tentava lutar contra o sono.

 

    - Eu preciso dar banho e colocá-la para dormir. Está com fome? Se ainda quiser um jantar, posso preparar algo rapidinho, uma massa talvez.

 

    - Está tudo bem, Isa. Eu não estou com fome, comi algumas bobagens antes de vir. Estou aqui mais para bater um bom papo com a minha amiga mesmo. Posso te esperar?

 

    - Você ainda pergunta?! Se não come, pelo menos bebe. Tem um bom vinho na pequena adega na cozinha e duas taças no mesmo local. Fique à vontade.

 

    Enquanto Rodrigo foi na direção indicada por mim, levei a minha pequena até o banheiro. Dei banho na Giovanna que encenava a reação da Helena ao ver os presentes. Eu apenas dava risada, cada dia mais o jeito da outra mãe está presente nela.

 

    Após colocar seu pijama, secar os seus cabelos, colocá-la na cama e cobri-la. Gi perguntou pela quinta vez na noite:

 

    - Por que você não vai no almoço de aniversário da mamãe amanhã?

 

    - Já disse, eu estou cheia de trabajo - respondi como das outras vezes.

 

    - Vocês brigaram de novo? Nunca mais eu vi a mamãe dormir aqui e nem você foi dormir com ela em casa.

 

    Assustei-me com a naturalidade que a Giovanna disse.

 

    - Hija? Como... como que...

 

    - Eu ouvi a voz de vocês uma vez, a mamãe chegou tarde aqui e você foi recebê-la. Depois desse dia eu fingia que estava dormindo, mas ficava esperando alguma aparecer. Pensei que vocês estavam namorando de novo e que iam se casar.

 

    - Mi amor - busquei palavras. - Eu e a sua mãe decidimos não continuarmos juntas...

 

    - Mas isso não significa que não vamos sempre estar do seu lado - repetiu tediosa o meu discurso. - Eu sei, mamá.

 

    Deitei-me dando um abraço leve nela. Escondi o meu rosto no seu travesseiro. Evitei que minhas lágrimas caíssem. Giovanna, talvez sem perceber o meu desespero, mas sentindo, fez carinho nos meus cabelos.

 

    Ficamos bons minutos assim. Minha parou o gesto que fazia, foi quando senti que ela caiu no sono. Esperei até que me sentisse bem para levantar-me. Beijei a sua testa.

 

    - Desculpa, Gi. Espero que um dia você me perdoe por ter estragado tudo.

 

    Apaguei a luz do quarto e saí de lá sentindo-me mais culpada. Deixar a Giovanna saber da  nossa tentativa de volta não estava nos nossos planos. Meu medo de criar expectativa na pequena tornou-se real. Está claro que ela se encheu de esperança. Os próximos dias serão difíceis. Hoje eu consegui com que ela caísse no sono, mas, do jeito que as coisas andam, uma hora eu precisarei dizer que eu e a sua outra mãe nunca estaremos juntas novamente.

 

    Rodrigo me recebeu na sala com um sorriso. Eu não consegui corresponder.

 

    Sentei-me no sofá próxima a ele que me estendeu uma taça e serviu o vinho escolhido.

 

    - O que foi, Isa?

 

    Molhei a minha garganta com o líquido vermelho. O olhar decepcionado da Giovanna ainda está presente.

 

    - Acabei de descobrir que a minha filha sabia daqueles meus encontros com a Helena. Ela pensou que voltaríamos a ser um casal.

 

    - Não se culpe tanto, minha querida. Você não poderia imaginar que as coisas chegariam a este ponto.

 

    - Poderia sim, Rô. Pelo menos, deveria. Uma hora ou outra a verdade apareceria. O que eu pensava?! Achei que seria capaz de passar por cima de tudo, viver eternamente na dúvida, mas com ela do meu lado?! Eu fui tão burra.

 

    - Ainda se culpando desse jeito, Isabel? Você não refletiu nada do que conversamos quarta-feira?

 

    - Rô, não adianta. Gracias por tentar me consolar, tirar um pouco da minha culpa. Porém, eu sei o que fiz. Ainda tento assimilar toda a nossa conversa. Uma semana se passou e eu ainda escuto a voz dolorida da Helena como uma inocente desesperada em um tribunal buscando apenas a verdade.

 

    - Heleninha também errou.

 

    - Pouco. Perto de mim que escutei uma conversa e tirei conclusões precipitadas, bem pouco.

 

    - Você mesma já disse que entrou em choque, tentou conversar e depois as coisas saíram do controle. Helena também sabe disso. Nem ela culpa-te tanto, Isabel. Eu já te disse que cada uma tem sua parcela e que a Lena é consciente disso. Não percebe que colocar tudo na sua conta não vai resolver nada? Você já fez isso uma vez e deu errado.

 

    Parei com a taça que estava levando à boca. A última frase do Rodrigo acionou o meu raciocínio. O meu silêncio pediu mais explicação a ele:

 

    - Está assustada por quê? Descobriu agora que está errando de novo? Achei que fosse mais inteligente. Se bem que, pensando agora, o seu coração é burro. Em nome do amor que você sente, prefere sacrificar-se ao invés de perder ou ganhar lutando. A maneira estúpida como vocês duas lidaram é a forma errada de se fazer, mas a sorte é que ambas erram sim e podem consertar também. A conversa deveria ser uma luz. Jogar-se nas trevas, evitar, fingir que está tudo bem foi o caminho que vocês já escolheram no passado. Se destruíram. Não à essa conclusão que chegaram? Quer continuar vendo os olhos decepcionados da Gi por saber que vocês não estão juntas?

 

    - No... - fiquei sem palavras.

 

    Não é justo ter escolhas e cometer o mesmo erro, de certo.

 

    Servi-me um pouco mais de vinho. Ficamos em silêncio apreciando a bebida. Eu não olhava diretamente para o meu amigo, apenas absorvia cada palavra que saiu da sua boca cheia de razão.

 

    - Hoje na gravação conversamos sobre uma notícia que saiu sobre o ministério da cultura. Foi a primeira vez que papeamos. Ficamos quase uma hora nisso, Helena é tão inteligente. Tudo fluía de maneira natural até no final que nos olhamos com mais profundidade. Pensé em dizer alguma coisa, mas ela pediu licença e simplesmente saiu.

 

    - Helena quer mostrar que está tudo bem. É um sinal.

 

    - É... sinal de que ela pode conviver com os erros. Ou pelo menos tentar.

 

    - Amiga, eu sei que você está respeitando o tempo dela. Mas, o seu tempo, como está? É preciso que esteja bem para que cada uma decida o que fazer.

 

    Com carinho, Rodrigo puxou o meu rosto para encarar-me. Estudou os meus olhos, entregou-me um sorriso afetuoso.

 

    - Seus olhos me dizem que você tem medo da escolha dela. Está na cara que você ainda a ama.

 

    - Nunca deixei de amá-la. Nem nos piores momentos consegui arrancá-la de mim - deixei a minha taça na mesa de centro e segurei a sua mão entre as minhas. - Tenho medo de que esse tempo nos dê a resposta de que o peso dos erros foi fatal. Medo também desse tempo fazer tão bem a ela que ao completar meses, Helena perceba que não me ama mais.

 

    - Já disse que a ama? Como ela vai pesar os erros e o seu amor se não sabe o que sente? O tempo cura, faz adormecer, coloca outras pessoas em nossas vidas. Não deixei o ‘se', o ‘talvez' e o ‘deveria' serem as palavras protagonistas da história de vocês. ‘Fiz', ‘tentei', ‘dialoguei', ‘lutei', essas são as palavras que devem sair da sua boca daqui uns anos, independente do q- que o destino reserva às duas.

 

    Meus olhos se encheram de lágrimas. No começo, não foi eu que conquistei a Helena. Acho que não sei fazer isso. Pensei em dizer isso, mas me recriminei pelo medo do Rô pensar que estou pedindo ajuda.

 

    - Você está certa, não vou nem discutir.

 

    Rodrigo terminou o vinho e levantou-se do sofá. É sinal de que precisa ir.

 

    - Está tarde, daqui a pouco o Eduardo começa a ficar preocupado.

 

    Sorri ao imaginar a cena. Os dois combinam tanto, são um casal de verdade. Tenho sorte de tê-los comigo nesse momento. Nunca deveria ter brigado com a Rodrigo. Assim como não deveria ter feito tanta besteira. Levantei-me do sofá e o abracei já em despedida.

 

    - Por mais que te agradeça, nunca será o suficiente para mostrar o quão grata realmente sou por você ser tan  maravilhoso.

 

    - Cuide-se, Isa. Dessa vez, procure pensar mais na nossa conversa. Eduardo disse uma coisa importante para a Lena e quero repetir para você: se perdoe primeiro para depois perdoá-la. Se perdoe.

 

    Perdoar-me. Nos separamos e eu a levei até a porta.

 

    Perdão.

 

    Após a saída do meu amigo, caminhei até o quarto da Giovanna, precisava vê-la.

 

    Entrei sem fazer barulho, a luz da lua que entrava sorrateira pela brecha da cortina na janela iluminava um pouco o local. Seu rosto angelical é enfeitado por um sorriso.

 

    Sentei-me em sua cama, passei a velar o seu sono como fazia quando nasceu.

 

    "Desde que me levantei, senti a minha barriga mais pesada que o normal. Agora terminando de lavar a última xícara, tenho uma sensação estranha. Algo está diferente dos outros dias.

 

    Passei a mão no local, tentei acalmar o meu bebê.

 

    - Amor? Você está bem? - Perguntou Helena aproximando-se de mim já arrumada para o trabalho.

 

    - Sí. A nossa Gi acordou um pouco mais agitada hoje, só isso.

 

    Levantando a minha camiseta larga, a mais velha beijou a minha barriga com carinho.

 

    - It's a little bit funny this feeling inside (É um pouquinho engraçado este sentimento aqui dentro)

I'm not one of those who can easily hide (Eu não sou do tipo que consegue disfarçar sentimentos)

I don't have much money, but, boy, if I did (Não tenho muito dinheiro, mas, cara, se eu tivesse)

I'd buy a big house where we both could live (Eu compraria uma casa bem grande pra a gente morar)

 

    Cantarolou essa música como fez a gravidez inteira.

 

    - Giovanna adora quando você canta.

 

    - Só ela, Isabel? - Perguntou sorrindo e deixando mais um beijo na minha barriga de quase 9 meses antes de descer a camiseta.

 

    - Eu também. Já nem consigo ouvir essa música de maneira romântica como antes.

 

    - Desde que começou a tocar no carro, após a gente ter ouvido o coração dela batendo na primeira consulta, eu só consigo relacionar essa música com a nossa filha. Eu olhava para você, agradecia. Pensava no bebê e em como será maravilhoso tê-la em nossos braços...

 

    - Ai... - reclamei colocando a mão na tentativa de acalmar Giovanna.

 

    - Ei, amor, está sentindo alguma coisa? Você não é de reclamar assim. O que está sentindo?

 

    - Não, nada, Gi se mexeu rápido demais. Está tudo bem.

 

    - Isa, por favor, não vá para o Arte. Você acordou cansada, está com a carinha abatida... Mais uma vez, peço por favor, fique em casa.

 

    - No, cariño... Estoy bién.

 

    Beijei os seus lábios para acalmá-la. Sinto-me bem, é apenas um agito incomum. Talvez seja pelo estágio final da gravidez.

 

    - Eu tenho uma reunião importante agora, mas posso cancelar a agenda do resto do dia se quiser. Eu fico com você.

 

    - Helena, Cariño, eu preciso e vou trabalhar. Confia em mim, está tudo bién.

 

    Vi a minha mulher suspirar e olhar para a minha barriga. Coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, busquei os seus olhos.

 

    - Vá tranquila para a sua reunião, mi amor.

 

    - Qualquer coisa me liga, teimosa.

 

    Nos despedimos com um selinho. Helena ainda fez uma cara de preocupada antes de partir.

[...]

 

    Uma dor leve no meu ventre começou a me acompanhar durante toda manhã e o começo da tarde. Quase ao final do dia, aumentou. Comecei a ficar preocupada, mas permaneci quieta.

 

    O suor correu frio, minha respiração de repente ficou ofegante. As dores começaram a aumentar. Fiz carinho na minha barriga na tentativa de acalmá-la, cantarolei a música que ela ama baixinho:

 

    - If I was a sculptor, but then again, no (Se eu fosse um escultor, mas de novo, eu não sou)

Or a man who makes potions in a travelling show (Ou um homem que faz poções num show itinerante)

I know it's not much, but it's the best I can do (Eu sei que não é muito, mas é o melhor que posso fazer)

My gift is my song and this one's for you (Meu presente é minha canção e essa aqui é para você)

 

    A resposta foi uma dor maior. Deixei que um grito maior fosse dado por mim e isso chamou a atenção de um dos meus funcionários que logo dois entraram no meu escritório.

 

    - Dona Isabel? Está tudo bem? - Perguntou a recepcionista.

 

    - Dor, muita dor...

 

    - Vai nascer, essas são as primeiras contrações.

 

    Só caiu a minha ficha quando escutei a palavra "contrações". Sim, são contrações. Minha filha quer vir ao mundo. Sorri emocionada.

 

    - Gi quer ouvir ao vivo a sua música... Pegue o meu celular, por favor, eu preciso falar com a Helena.

 

    Enquanto a via trazer o meu aparelho, as dores se tornaram constantes. O outro funcionário, ator da companhia, chegou mais perto e pediu-me para respirar. Tentei, mas a dor é intensa a cada segundo.

 

    Fiz a primeira tentativa na ligação, minha mulher não atendeu.

 

    Tentei por mais quatro vezes, só chamava. As lágrimas passaram da emoção para a dor aumentada.

 

    - Dona Isabel, você tem que ir para o hospital urgentemente senão o bebê vai nascer aqui.

 

    Ela tem razão. Por que Helena não atende?

 

    - Leve ela no seu carro, Matias. Eu fico aqui tentando entrar em contato com a dona Helena. Giovanna não pode mais esperar.

 

    Não tive poder para conta argumentar ou raciocinar para mais além de chegar no hospital. No fundo, eu estava desesperada, nervosa pela parto.

 

    Para a minha sorte, o hospital não fica tão longe do meu trabalho. Em poucos quarteirões, entrei na maternidade que fiz todas as consultas pela emergência.

 

    Doutora Lívia estava assinando um papel no balcão e sorriu ao me ver carregada pelo Matias.

 

    - Vai nascer - foi a única coisa que consegui dizer.

 

    - Sente a Isabel nessa cadeira - o meu funcionário obedeceu. - Acalme-se, Isa. Lembra-se dos exercício de respiração? Você precisa fazê-lo agora.

 

    - No recuerdo... No... ah... dor... No consigo - a dor aumentava.

 

    - Peça para trazerem uma maca, por favor - ouvi doutora Lívia dizer em um tom de preocupação.

 

    Tentei começar a respiração profunda, ela me ajudava.

 

    - Já entrou em contato com a Helena?

 

    - Ela no atende... No estou aguentando, dout... O que está acontec... - não consegui completar a palavra.

 

    Fui colocada na maca e levada às pressas para trocarem a minha roupa.

 

[...]

 

    Enquanto era levada para a sala de cirurgia, olhei para o teto e como se fosse a última tentativa de chamar pela Helena, cantei mentalmente:

 

    "And you can tell everybody this is your song (E você pode contar para todo mundo que esta é sua canção)

It may be quite simple, but now that it's done (Pode ser bem simples, mas agora que está pronta)

I hope you don't mind (Eu espero que você não se importe)

I hope you don't mind that I put down in words (Espero que você não se importe que eu expresse em palavras)

How wonderful life is while you're in the world (Como a vida é maravilhosa com você nesse mundo)"

 

    - Amor...

 

    - Helena, meu amor! - Sorri no meio de tanta dor.

 

    A baixinha correu até onde eu estava, pegou na minha mão e deixou um beijo.

 

    - Achei que você no chegaria, cariño.

 

    - Eu consegui, te retornei assim que vi as chamadas e depois liguei no Arte.

 

    - Helena, você precisa trocar de roupa para acompanhar o parto. Agora!

 

    Agarrei a sua mão e ela olhou em meus olhos. Eu estou com medo de ter a nossa filha sem a sua presença. Ou pior, de algo dar errado.

 

    - Eu estou com medo, no vou conseguir... No será parto normal como queríamos. Perdón, cariño.

 

    - Preciso que você aguente firme e espere mais alguns minutinhos até eu trocar de roupa. Te encontro na sala para te ver trazer ao mundo o pessoa que mais desejamos e idealizamos. Não importa a forma que será, é o nosso amor.

 

    Sorri de maneira larga. Helena estará comigo.

 

    O tempo todo fiquei de olhos fechados, preferia não ver a movimentação dos médicos, cantei baixinho:

 

    - I sat on the roof and kicked off the moss (Eu me sentei no telhado e arranquei os musgos)

Well, a few of the verses, well, they've got me quite cross (Bem, alguns dos versos, bem, eles me deixaram bastante confuso)

 

    A voz que eu ansiava ouvir, completou no meu ouvido:

 

    - But the sun's been quite kind while I wrote this song (Mas o Sol foi tão gentil enquanto eu escrevia esta canção)

It's for people like you that keep it turned on (É por pessoas como você que ele continua a brilhar)

 

    Abri os olhos para encontrar uma Helena tão emocionada quanto eu. A explosão da nossa ansiedade e felicidade transbordou em lágrimas. O meu medo foi embora, nada de ruim pode acontecer com o meu amor ao meu lado.

 

    - Eles vão começar, seja a mulher forte que é. Você está tão linda nos tornando mãe, estou tão feliz. Eu te amo tanto, Isabel.

 

    - Eu também te amo, Helena.

 

    Ouvi o choro alto e forte.

 

    Giovanna nasceu e foi entregue à Helena. Esforçando-me para me manter acordada, minha mulher me apresentou a nossa filha. Eu consegui, coloquei o nosso bem mais precioso nos nossos braços. Alguém que vai mudar a nossa vida para sempre e para melhor.

 

    - Diz ‘hola' a sua mamá, Gi. Ela é linda, amor.

 

    - Sí, cariño.

 

    Uma enfermeira disse algo para a Helena que acenou positivamente.

 

    - Agora diz ‘hasta luego', filha. Nos encontramos daqui a pouco no quarto, vida.

 

    Vi os meus dois amores saírem juntas, sorri. Quero estar com elas o mais depressa possível.

 

[...]

 

    - Cariño, tire foto apenas da Gi. Eu devo estar horrible - reclamei, mas sorrindo.

 

    - Você está linda e fica mais linda ainda amamentando a nossa filha pela primeira vez. Como é?

 

    - Giovanna vai amar comer porque se com o leite materno já está assim, imagina depois - brinquei. - Incomoda porque é a primeira vez, ainda estou me acostumando, mas é fantástico.

 

    - Gi, não se preocupe porque sua mamá cozinha muito bem, comidas gostosas não vão te faltar - Helena conversou com nossa pequena.

 

    - Sua mamãe também cozinha muito bem, hija. Ela acha que não, mas eu amo sua comida e tenho certeza de que você também vai amar.

 

    Nossa filha parou de mamar e fez alguns pequenos movimentos.

 

    - Míra, cariño, ela está tentando abrir os ojos.

 

    Fazendo carinho na pequena mão de Giovanna, Helena cantarolou:

 

    - So excuse me forgetting, but these things I do (Então me desculpe por esquecer, mas eu faço essas coisas)

You see, I've forgotten if they're green or they're blue (Veja só, eu esqueci se eles são verdes ou se são azuis)

Anyway the thing is what I really mean (De qualquer forma, o que eu realmente quero dizer é)

Yours are the sweetest eyes I've ever seen (Seus olhos são os mais doces que eu já vi)

 

    A reação da pequena Giovanna foi uma tentativa de segurar o dedo da Helena e se mexer.

 

    Cantamos juntas:

 

    - And you can tell everybody this is your song (E você pode contar para todo mundo que esta é sua canção)

It may be quite simple, but now that it's done (Pode ser bem simples, mas agora que está pronta)

I hope you don't mind (Eu espero que você não se importe)

I hope you don't mind that I put down in words (Espero que você não se importe que eu expresse em palavras)

How wonderful life is while you're in the world (Como a vida é maravilhosa com você nesse mundo

 

    Giovanna começou a dormir de maneira tranquila. A entreguei à Helena para que ela pudesse colocá-la no bercinho.

 

    - Essa música ficou o dia inteiro na minha cabeça. Te chamei cantando ela enquanto estava indo para a sala de cirurgia.

 

    - Fiquei com medo de não conseguir chegar. Desesperei-me quando me disseram que você já estava a caminho do hospital.

 

    - Desculpa não ter te escutado, eu deveria ficar em casa mesmo.

 

    - Tudo aconteceu como tinha que ser e foi lindo. Te amo ainda mais, se é possível.

 

    Helena sentou-se na cama e beijou os meus lábios.

 

    - É aqui que está a afilhada mais linda do mundo? - Elisa disse quando abriu a porta do quarto.

 

    A apresentadora interrompeu o beijo, sorriu e sussurrou um ‘eu te amo' para mim antes de levantar-se da cama.

 

    Natália apareceu logo atrás da loira carregando um vaso de flores.

 

    - Não façam barulho, Gi acabou de dormir - disse às amigas.

 

    As duas se aproximaram do bercinho com Helena. Começaram a conversar baixinho, uma mais babona que a outra.

 

    Fechei os olhos para descansar. As últimas horas mexeram não somente com o meu corpo, mas minha mente também.

 

    - Parabéns, Gi é linda, se parece muito com você - ouvi Elisa dizer próxima a mim. - Como você está?

 

    Abri os meus olhos para olhá-la. Elisa é sempre muito gentil.

 

    - Bien, gracias. Estou tão feliz.

 

    Natália aproximou-se abraçando a amiga loira de lado.

 

    - Vocês estão com fome? Precisam de alguma coisa? Helena?

 

    - Não, amiga. Obrigada - Helena respondeu colocando-se ao meu lado e juntando as nossas mãos.

 

    - Acho que chegamos na hora do descanso, Nat. Isabel precisa dormir um pouco. Vamos e depois voltamos - disse Lisa.

 

    - No, por favor. Sentem-se no sofá, Helena precisa de companhia. Se eu dormir, apenas me ignorem.

 

    As três voltaram par admirar a Giovanna e depois acataram a minha sugestão começando a tagarelar planos sentadas no sofá com a empolgada Helena."

 

    - I hope you don't mind (Eu espero que você não se importe)

I hope you don't mind that I put down in words(Espero que não se importe que eu expresse em palavras)

How wonderful life is while you're in the world (Como a vida é maravilhosa com você nesse mundo)

 

    Contornei o rosto da Giovanna e levantei-me da sua cama. Independente de tudo, minha filha é a melhor coisa que nasceu do nosso amor. Pode ser a única que sobreviva no meio de tantos erros.

 

[...]

 

    O dia amanheceu quente e bonito, como Helena gosta. É o seu aniversário, nada como um dia assim para presenteá-la, aposto que ela sorriu quando abriu a cortina.

 

    Munida pela esperança de agradá-la, terminei de fazer um laço no meu presente para ela. Giovanna segurava animada do seu já feito. O meu embrulho vermelho, o dela rosa.

 

    - Pronto, agora vamos colocá-los de volta na sacola.

 

    - Ficou lindo, mamá. Gracias.

 

    - De nada, mi amor - disse ao sentir o seu beijo na minha bochecha.

 

    Meu celular tocou. O nome da Nina apareceu na tela.

 

    - Hola, Nina. Bom dia.

 

    "- Bom dia, Isabel. Eu estou ligando para avisar que não acordei muito bem hoje, acho que não vou conseguir buscar a Gi para levá-la."

 

    - No se preocupe. Você está bien? Necessita de um hospital? Posso ir até sua casa e te levar, passar na farmácia.

 

    " - Não precisa, eu estou bem. É só alguma coisa que comi e me fez mal. Preciso descansar e beber bastante água."

 

    - Tudo bem, qualquer coisa você me liga, Nina.

 

    "- Pode deixar, Isabel. Obrigada."

 

    Me despedi da babá e olhei para a Giovanna já arrumada.

 

    - Nina no pondrá llevarte, hija.

 

    - Não? Por quê? Como eu vou? - Perguntou nervosa.

 

    - Calma... vou ligar para o tio Rô e ver se ele pode passar aqui.

 

    - No, mamá! ¿Por qué no me llevas? Tío Rô solo va a almorzar y quiero pasar todo el día con mi mamãe. Por favor, llévame.

 

    Logicamente não iria recusar o pedido da minha filha. No meu aniversário, não era o meu dia de ficar com ela, mas Helena fez questão de trazê-la para ficar comigo o dia inteiro. É necessário retribuir.

 

    Disse que sim para a Giovanna, fui até o meu quarto tirar o pijama do corpo e me arrumar.

 

[...]

 

    - Gracias, mamá.

 

    Giovanna saiu do carro sem me dar um beijo e correu para a porta da casa.

 

    Olhei para o banco do carona e cá estão os presentes.

 

    - GIIII! - Tentei chamá-la ao descer a janela do automóvel.

 

    A pequena não me ouviu. Peguei os dois embrulhos, retirei-me do veículo e caminhei rápido ao encontro da minha filha.

 

    Quando cheguei perto, Helena abriu a porta e pegou a Gi no colo.

 

    Fiquei parada, contemplei a cena. Nossa filha desejava feliz aniversário e os olhos da minha ex brilham olhando-a. É a nossa maior alegria.

 

    Quando Giovanna desceu do seu colo, olhou para mim.

 

    - Você esqueceu os presentes, hija - disse sem graça. Não esperava ver a aniversariante.

 

    Giovanna arregalou os seus belos olhos castanhos para o meu lado.

 

    - Não pode entregar agora, mamá.

 

    A menina pegou os embrulhos e entrou correndo na casa a fim de escondê-los da outra mãe. Ficamos sozinhas.

 

    Helena discou algum número no celular e o colocou na orelha. Seu vestido solto verde-água ficou lindo nela. Meus olhos passaram pelo seu penteado com parte do cabelo preso, sorri aos ver a maquiagem leve, deixando-a quase natural, admirei seu decote generoso. Passeei por sua beleza.

 

    Passei tempo demais admirando-a. Foi inevitável que os nossos olhos se encontrassem. Magnetismo.

 

    - Feliz cumpleaños, Helena.

 

    Sem nenhuma expressão, a apresentadora apenas continuou com o celular. Seu suspiro um tanto irritado me desanimou.

 

    - Desculpa... é... Obrigada, Isabel.

 

    Seu semblante perturbado não pela minha presença, mas por algo saindo fora do seu plano, preocupou-me.

 

    - ¿Qué pasá, Helena?

 

    - O prato principal do meu almoço é paella espanhola e Eduardo que ficou de fazer, mas não atende o celular. Marquei com todo mundo meio-dia e já são quase onze horas. Daqui a pouco começam a chegar. Odeio atrasos.

 

    - Calma... tentou o Rô?

 

    - O dele está desligado. Será que aconteceu alguma coisa?

 

    - No, eu falei com o Eduardo mais cedo e estava todo bién. Será que o Edu não se esqueceu?

 

    - É bem a cara daquele irresponsável! Eu não deveria ter confiado. Vai atrasar tudo... - Helena irritou-se.

 

    - Eu posso cozinhar - falei por impulso o que desejei no fundo.

 

    Helena de primeira demonstrou surpresa, mas seu sorriso me animou.

 

   - Faria isso mesmo? Não quero te dar trabalho.

 

    - Será um placer, Helena. Eu vou adorar.

 

    Sem hesitar, Lena pagou na minha mão e me levou com ela até a cozinha de casa.

 

    O seu toque macio fez meu coração disparar.

 

    A cada passo dado na direção da cozinha o meu sorriso aumentava. Foi cozinhando que a conquistei ainda mais.

 

    Quando soltou para me mostrar os ingredientes dispostos, coloquei minha mão na direção do meu coração.

 

    - Acho que ainda tem um lenço lá no quarto, vou buscá-lo para você não sujar o cabelo.

 

    Fiquei com o seu perfume no ar. Um sorriso involuntário ficou no meu rosto. Vou cozinhar o almoço de aniversário do amor da minha vida. Já fiz isso, mas hoje é tão diferente. Farei a melhor paella da minha vida.

 

    - Ei, Isabel! Que surpresa você por aqui.

 

    Eduardo entrou na cozinha. Rodrigo apareceu em seguida com a Gi no colo. Nunca pensei ficar triste ao ver meu amigo. Não vou precisar cozinhar mais.

 

   - Achei, Isabel... Eduardo! Está atrasado!

 

    - Culpa do meu marido que acordou tarde e demoró para se arrumar - o amigo deu a desculpa. - Calma que vai dar tempo.

 

    Rô cumprimentou-me com um beijo no rosto. Tentei sorrir, mas a frustração já ocupava o meu lugar. Meu amigo com a Gi no colo foi cumprimentar a Helena e saiu em seguida, não sem antes me lançar um olhar pedindo calma.

 

    Edu começou a ver os ingredientes. Eu fiquei sem reação em um canto.

 

    Aproximei-me receosa da Helena. Hesitante, toquei o seu braço para chamar a sua atenção para a minha presença.

 

    - Acho que você não precisa mais da minha ajuda - quase travei, mas foi o tempo de ser tomada pela coragem que preciso. - Mas... eu ainda posso ficar?

 

    Helena tocou o meu pulso, aprofundei-me em seus olhos, pedi que sim.

 

    - Para mim tanto faz, Isabel. Se você quiser ficar, fique.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 28 - Your Song:
EliandraFortes
EliandraFortes

Em: 08/01/2021

Por que Helena está assim? Ela está com Kátia? Ou descobriu sobre Elisa? Bom...aguardarei ansiosamente os próximos  acontecimentos. 

Bjs


Resposta do autor:

Não descobriu sobre a Elisa. Não é isso rsrsrsrs.

 

Beijos!

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Mille
Mille

Em: 08/01/2021

Oi autora 

Rapaz a Helena quer levar um puxão do orelha é, as leitoras está de olho nessa baixinha. 

A Isabel querendo ajudar e ela fazendo pouco caso dela ficar ou não na festa dela. Gostei não dessa fala dela 

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Olá, Mille.

Hahahaha talvez esteja merecendo esse puxão!

 

Beijo! Inté.

Responder

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GabiVasco
GabiVasco

Em: 08/01/2021

Primeiro me acabei com o nascimento da Gi, foi lindo demais, depois já estava empolgada com a reconciliação das duas com a Isa comprando o presente...

Mas por que a Helena fez isso? Puta merda. Eu até entendo que foi um baque as descobertas mas as duas erraram e a Helena não precisava fazer isso. Meu amor por ela diminuiu um pouco


Resposta do autor:

Calma, Helena pode estar... assustada. Como você disse, foi um baque. Tadinha da Helena, volta a amá-la :D.

 

Abs.

Responder

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Rain
Rain

Em: 07/01/2021

Poxa...magoou. Esse "tanto faz" saiu do mesmo jeito que " eu não me importo"... Não precisava ser tão grossa Helena... Doeu.

Eu espero muito que ela não tenha ficado com aquela Kátia, que ele nem me apareca mais, não importa em qual sentido. Eu errei feio que a calmaria dessas duas chegaria, pelo visto calmaria só no final mesmo e olhe lá, né? Ainda tem a bomba da Elisa, que essa sim vai ser um mar de sofrimento e choro.... Aí, meu eu vou chorar!

Mas, eu não acho que a Isabel tenha dormido com a Elisa sá. Eu acho que ela estava bêbada. Porque eu penso assim.... Isabel não ia ser tola o suficiente para dormir com a madrinha da filha e a melhor amiga da ex esposa, né? Por mais que colocar a culpa na bebida seja uma atitude idiota, acho que foi isso. Espero que esteja certa. 

Essas duas tem que se acertar nem que fosse um pouquinho de novo para acalmar os corações das leitoras. Poxa, elas são tão lindas juntas porque tiveram que estegar tudo. Eu fiquei sorrindo bobo na parte do flashback do nascimento da Gi.... Foi muito lindo!

Você deu a entender que está escrevendo outra história, está?

Autora, você também chorar escrevendo? Porque meu.... Tem que chorar é muito triste! ????????????

Bye! Até semana que vem.


Resposta do autor:

Calma, pode ser que tenha uma calmaria pelos próximos capítulos.

Pois é... a Elisa. Essa está bem guardada aqui. Talvez tenha choro mesmo, não sei.

Depende da circunstância de como foi "fisgada" pela madrinha da filha dela.

Vão se acertar um poquinho sim :).

 

Sim, sempre estou escrevendo. Dependendo de como evoluir essa, posto um mês depois que acabar essa ;).

 

Choro não, leitora rsrsrsrs. Dói as vezes pelo sofrimento das duas, pelas palavras que tenho que escrever. Mas sou firme hahahahahahahaha.

 

Abs! Até.

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lidi
lidi

Em: 06/01/2021

Helena escrota pra caralho e ainda quer dar uma de vítima. Se fosse minha namorada tentando me fazer ciúmes igual a Helena fez com a Isabel, eu jamais iria perdoar, foi muito baixo e cruel. E agora vem tentando ser o cristal da inocência, uma vaca. Ainda bem que ela vai tomar um baque quando souber que a melhor amiga trepou com a Isa rsrs 

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Baiana
Baiana

Em: 06/01/2021

Essa resposta da Helena... não precisava ser tão grossa,ainda mais depois que a Isabel se prontificou a fazer o almoço. Mas como a Isa não quer fugir mais e sim enfrentar logo o problema,acho que ela vai relevar as palavras, afinal, é não revidando que fará com que a Helena caia em si.

E a tal da ex,que surgiu das profundezas, dará o ar da graça?


Resposta do autor:

Isabel vai relevar sim hahahaha, com a ajuda do amigo, claro.

Não, a ex não vai aparecer. Pelo menos não a presença física no aniversário.

 

Abs!

Responder

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