Meus pedaços por Bastiat
Lifeline
Isabel
"Para mim tanto faz, Isabel. Se você quiser ficar, fique."
A fala repete na minha cabeça enquanto nos encaramos. Choque, receio, negação, assimilação. Não sei o que pensar, não reajo. Foi mais que uma resposta para a minha pergunta. Helena pode ter respondido todos os meus questionamentos.
Nem o som estridente do interfone conseguiu arrancar alguma reação minha.
- Bem, deve ser algum convidado, eu preciso atender e recebê-lo. Com licença.
O fim do nosso contato visual foi o que me fez retomar o raciocínio. Seus olhos queriam me dizer alguma coisa. Seu toque não foi à toa. Ou será que estou tentando me enganar?
Senti alguém colocando algo em mim. Minha visão clareou e Eduardo sorria ajeitando o avental no meu pescoço. Deu a volta e começou a amarrá-lo em mim.
- Não se apegue ao que a Lena disse, é uma chateação natural pelo choque da sua presença no aniversário dela. Sinto muito se atrapalhei, mas é bom que você esteja aqui e disposta, não estou com cabeça para cozinhar. A cozinha é toda sua, já a conhece.
- Edu, eu no acho que devo cozinhar. Era só uma emergência porque Helena ficou desespera pensando que atrasaria o almoço. Só isso.
O colega jurado voltou-se para a minha frente, pegou o lenço que a minha ex trouxe e o colocou na minha mão.
- Cozinhe, Isabel. Faça a melhor paella da sua vida. Coloque seu tempero, seu amor na prato.
- É o aniversário dela, Edu. Não fui convidada, Helena pode achar uma afronta.
- Sim, é o aniversário dela, é uma data importante e é por isso que você deve ficar. Afronta é você fugir porque ela se assustou com o seu pedido para ficar. Helena só não quis dar o braço a torcer. Aposto que ela esperava que você cozinhasse para depois você ir ficando. Pensa, Isa.
Parei um sorriso no meio, faz sentido o que Eduardo disse, mas as palavras da paulistana ainda ecoam dentro de mim.
Cheirei o lenço que ela me entregou. Seu perfume me trouxe calma.
"Já disse que a ama? Como ela vai pesar os erros e o seu amor se não sabe o que você sente? O tempo cura, faz adormecer, coloca outras pessoas em nossas vidas. Não deixei o ‘se', o ‘talvez' e o ‘deveria' serem as palavras protagonistas da história de vocês. ‘Fiz', ‘tentei', ‘dialoguei', ‘lutei', essas são as palavras que devem sair da sua boca daqui uns anos, independente do que o destino reserva"
O contraponto veio no momento crucial da minha decisão. Na noite passada, demorei a dormir por refletir sobre a minha conversa com o Rodrigo. Durante o período em que eu e a Helena ficamos, eu não dizia que a amava sem que ela perguntasse. Há quanto tempo não digo que a amo? Helena não sabe que ainda a amo. Planejei lutar por ela aos poucos, durante as gravações. Por que não começar no aniversário?
- Já disse que i seu marido é maravilhoso, Eduardo?
- Sim, e eu sei o quanto ele é. Mas, por quê?
- Conversamos ontem e acabei me lembrar que devo lutar. Se eu no tentar, como vou olhar nos olhos da Gi e dizer que estraguei tudo porque fui covarde duas vezes? No puedo errar de novo. Vou fazer a paella da minha vida.
Meu amigo levantou as mãos aos céus.
- Até que fim! Agora, cozinhe!
- Sim, querido! - falei ajeitando o meu cabelo e colocando o lenço. - São quantos convidados?
- 30 confirmados mas a Helena disse que pode chegar a 40.
- Muito mais do que eu imaginei, mas está tudo certo.
- Vou ser seu assistente e cortar alguns ingredientes para te ajudar, você está atrasada.
Cerrei os olhos para o meu amigo pela sua afronta em dizer que eu estou atrasada, mas acabamos rindo da situação e começamos a cozinhar. Ele no corte e eu começando a limpar os camarões.
- Ô Helena, me responde uma coisa: como você e a Lena conseguiram ficar tanto tempo casadas?
- ¿Qué? Por quê? - Estranhei a pergunta.
- Eu entendi o porquê se separaram. Mas depois de anos casadas, como ficaram sem diálogo de repente? É o que fico me perguntando.
- No sé... na verdade, nunca pensé sobre isso. Eu e a Helena nunca tivemos problemas, criamos uma rotina gostosa no nosso casamento. Quando faltava tempo, sobrava amor. Mesmo se um dia a gente só se visse no boa noite da cama, olhávamos nos olhos e pensávamos em como compensar aquele dia perdido. Eu dizia que a amava todos os dias, ela também.
- Entendeu. Então, você ouviu a conversa e pronto? Essa rotina gostosa acabou?
- No, no sé... no me gusta... no gosto de achar culpados. No quero. Eu já pensei no impacto que o Atuando trouxe nas nossas vidas ou nas situações financeiras que tivemos. Mas são coisas triviais. Foi horrível escutar a Helena, sem saber que estava imitando o Maurício, falando dos seios de outra mulher e supostamente do meu corpo. Isso me causou um choque. Um problema não é algo que chega pronto, são as nossas ações que o traz.
- Eu vi vocês conversando ontem, pareciam estar se entendo, seus olhos brilhavam.
Comecei a manusear os frutos do mar enquanto percebia o meu amigo quase terminando de cortar os pimentões, o último ingrediente para ele finalizar sua ajuda.
- Foi uma conversa casual. Acabamos caindo em um assunto sobre que a Helena gosta muito e sabe como ela é, quando começa a falar não para. Citou vários livros, relacionou com viagens... acho que foi por isso que me apaixonei por ela. Tão linda.
- Você ainda é apaixonada pela Helena e por sua conversa.
- Sou. Nunca deixei de ser.
- E nunca deixará de ser. Assim como ela é por você.
- Será, Edu?
- Não vai saber se não correr atrás, se não perguntar. Hoje é dia de festa, Helena está feliz, eu e o bebê estaremos aqui, Maurício também pode ajudar. Fica tranquila, vai dar tudo certo. Aproveite a chance que o destino está te dando.
- Gracias, Eduardo. Nunca deixe nada atrapalhar o seu amor pelo Rô.
- Pode deixar que eu nunca vou escutar uma conversa e sair pensando bobagens.
Quando escutei sua risada, relaxei. Eduardo e o seu admirável bom humor.
- É brincadeira, Isa. Qualquer um poderia fazer isso, ainda mais como tudo aconteceu, não se culpe tanto.
Beijei o seu rosto em agradecimento e voltei ao meu posto.
- Já terminei o meu serviço, agora vou ficar aqui quietinho te admirando cozinhar. Não se preocupe, não vou te atrapalhar.
- Ok, amigo. Prepare-se para comer bem porque estou colocando o meu coração nesta comida.
Eduardo pagou um tomate, colocou na boca e ajeitou-se na mesa pegando um pedaço de pão para comer.
Ficaram eu e minhas panelas. Concentrei-me em dar o meu melhor.
Poucas coisas mudaram na cozinha desde que morei aqui. Vejo que a Helena comprou pelo menos uma panela nova e essa escumadeira com certeza foi adquirida recentemente. Olhei para os detalhes dos móveis em madeira que escolhemos juntas. A bancada espaçosa encomendada. Cada objeto ainda está em seu devido lugar como sempre deixei.
Chega a ser engraçado como me sinto em casa. Embora a maior parte do nosso casamento ter se passado no apartamento que alugamos quando decidimos nos casar, esta casa foi pensada como o nosso lar. A casa que relutei a aceitar, acabou tornando-se uma das saudades que tive no último ano. Tenho a sensação de nunca ter deixado aqui. A sala, o nosso quarto, o da Gi, nossa horta, o escritório, a piscina, o cheiro, os retratos. Tudo tem um pouco de mim e dela. Não vou me perdoar se eu tiver perdido tudo isso para sempre.
Preciso reconquistá-la.
Pelo estômago pode ser um bom começo.
Fiz um bom caldo temperado, comecei a colocar os frutos do mar e cozinhei o polvo separado.
Enquanto esperava, refoguei o arroz e acrescentei ao poucos o caldo dos frutos do mar. De vez em quando eu olhava para o meu amigo que está distraído o celular. Eu sei que no fundo ele tem medo da minha fuga. O que não vai acontecer.
Pelo jeito, parte dos convidados já chegaram. Ouço risadas altas, movimentação e alguma conversa. Só de pensar que terei que encarar todos já me bate uma ansiedade.
A cozinha começou a ficar cheirosa, vibrei com os sabores iniciais. Não vejo a hora da Helena dar a sua primeira garfada. Cozinho sorrindo, acrescento os frutos do mar ao arroz, provo o polvo para saber se está macio e o coloco em seguida em pedaços. Verifico os pimentões assados no forno junto com a vargem, os retiro. Olho no relógio, 12:15. Consegui.
- Edu, já está pronto. Avisa a Helena, por favor. Verifique se já pode ser servido.
Eduardo levantou o polegar e saiu da cozinha. Fiquei separando os pratos enquanto aguardava o retorno dele que não tardou a acontecer.
- Helena disse que pode ser servido em quinze minutos e que pode deixar os pratos montados com aqueles três meninos - apontou para a porta - que vão servir.
Começo a montar os pratos depois de cumprimentar os rapazes contratados. Eduardo me ajudou com a finalização colocando o pimentão e a vargem.
- Estão lindos, Isa. Acabei de provar um pouco da panela e que belo trabalho. Eu não faria melhor, certeza.
- Gracias de novo, Edu. Eu nem estaria aqui se não fosse o seu apoio. Tomara que a aniversariante goste.
Os garçons começaram a pegar os pratos, Eduardo os acompanhou. Retirei o avental e em seguida o lenço. Ajeitei o meu cabelo com a mão e caminhei com um sorriso de orelha a orelha para fora da cozinha.
Na sala, Helena sorria ao celular.
- Queria tanto que você estivesse aqui - disse.
Sua fisionomia é leve. Pode ser considerado um bom sinal. Vou esperá-la terminar a ligação para tentar uma aproximação.
- Nossa, não me faça ficar com vontade de dirigir até a sua casa para te escutar cantando para mim.
O sorriso que eu mantinha, sumiu. O frio na barriga foi pela inquietação. Não tenho direito, mas queria saber com quem conversa.
"Controla-se, não é nada demais. Não vá cometer o mesmo erro", pensava.
- Eu também amei o final de semana maravilhoso que passamos. Foi tão bom e importante te reencontrar. Como já disse, você mudou os meus dias.
Reencontrar? O meu coração errou a batida. Mesmo assim, continuei firme, aguardei a finalização da ligação.
Helena finalmente notou a minha. Sua postura largada no sofá e a forma derretida como falava mudou na hora.
- Eu também, querida... tá... aham, pode ser... ficamos combinadas... isso, no Comer & Beber... até mais tarde. Um beijo.
A ligação encerrada com a promessa de se encontrar seja lá com quem me jogou para baixo. Não tenho direito.
- Achei que não tivesse ficado.
A voz firme, sem emoção, fez tudo ficar pior.
- Eu já estou de saída, não se preocupe.
- Mãeeeeeee... mamá!
Olhei preocupada para a porta assim como a Helena. Elisa carrega a Giovanna toda molhada no colo.
- Hija, o que aconteceu?
A cineasta loira caminhou até mim e senti minha aproximar-se de nós.
- Oi, Isabel - Elisa disse surpresa e sorrindo timidamente - Não sabia que estaria aqui hoje.
- Hola, Lia - limitei-me a só cumprimentá-la. - Gi? ¿Qué pasó?
- Caí na piscina - sorriu sapeca.
- No colocou a capa, Helena? É perigoso! - Disse desesperada por imaginar que poderia ser pior.
- Giovanna sabe que não pode chegar perto da piscina sem a minha presença, Isabel. Eu só quis enfeitar com os balões.
- Gio tentou pegar uma bexiga e caiu - Lisa explicou. - Sorte que eu estava perto e vi. Fiquem tranquilas, ela não chegou a ficar muito tempo.
- Obrigada, amiga - Lena agradeceu. - Vem, Gi. Vamos subir, vou te dar um banho e trocar essa roupa molhada.
- Não... - disse minha filha olhando para mim.
- Giovanna, anda logo, meu amor - Helena tentou tirá-la do colo da madrinha.
- Eu quero a mamá.
Esticando os braços na minha direção, a minha filha pulou para os meus braços.
- Aproveite o seu almoço, Helena. Eu ajudo a Gi no banho.
- Tem certeza? - Questionou surpresa.
Revirei os olhos, saí com a minha pequena na direção das escadas. Subi tentando aquecer o seu corpo com minha mão enquanto ouvia Helena oferecer uma roupa seca para a amiga.
Cheguei no seu quarto, a levei até seu banheiro e a ajudei tirar as roupas molhadas.
- Mamá, você e a mamãe brigaram porque eu cheguei perto da piscina?
- Claro que no, mi amor.
- Mas você brigou porque ela não colocou a capa.
- No foi isso, hija. Só fiquei assustada e sua mamãe também, poderia ter acontecido algo ruim - beijei sua bochecha. - Mas o pior já passou. Entra no box e toma banho como te ensinei. Vou separar uma roupa bem bonita e já volto. Não use o shampoo sem mim, por favor.
Voltei para o seu quarto e escolhi um short jeans e uma blusinha amarela, quase a mesma que ela já usava.
Peguei sua toalha e tomei o caminho de volta para o banheiro. Minha filha terminava de tirar toda a espuma do corpo. Está crescendo tão rápido e ficando mais esperta.
- Mamá, o meu cabelo agora.
Abri o box e a ajudei como me pediu. Primeiro passei o shampoo, depois o condicionador. No final, Giovanna passou mais um pouco do sabonete e desligou o chuveiro.
A acolhi na toalha, enxuguei e a peguei no colo para trazê-la ao quarto.
- Vou pegar o secador da Helena para secar um pouco do seu cabelo. Vai ser mais rápido.
Andei até o quarto que um dia dividi com a paulistana. Entrei receosa, evitei olhar os detalhes. Seu perfume está por todo espaço.
Cheguei no closet e peguei o secador no local que sempre guardou.
Voltando para o quarto da pequena, lembrei-me da conversa da Helena ao telefone. Seu sorriso, seu olhar perdido, seu jeito de sentar-se relaxado. Algo não está me cheirando bem como o seu perfume.
- Gi, amor, você colocou sua camiseta do avesso - disse dando risada.
- Vi que tinha algo estranho mesmo. Está me enforcando.
A risada infantil acalmou o meu coração. Aproximei-me dela, sentei-me em sua cama, fiz cócegas para prolongar o som da sua gargalhada. Por fim, liguei o secador e comecei a passá-lo de longe em seus fios castanhos.
- Tá um soprinho quentinho - ela comentou.
Terminei se secar e penteei seu cabelo, ajeitando sua franja que precisa ser aparada.
Levantei-me e peguei seu perfume. Passei um pouco como ela gosta e o devolvi para o lugar.
- Pronto, agora a senhorita já pode voltar e almoçar.
- ¡Vamos mamá!
Minha filha pegou na minha mão e me levou com ela. Não deu tempo de pará-la. Nem ela me ouviria. Quando dei por mim, estava em uma das mesas no jardim. Neles vejo: Eduardo, Rô, Maurício e Luciana sua esposa, Elisa, Natália e mais três cadeiras vazias.
- Boa tarde, espanhola. Achei que não chegaria nunca, estou morrendo de fome.
- Boa tarde, Maurício, Luciana. Hola, Natália. Estavam esperando a Gi? Pronto, aí está ella - disse apontando para a minha filha.
- Não, Isa. Estávamos esperando as duas, é claro - Eduardo respondeu.
- Mas eu tenho que...
- Senta, mamá. Eu estou com muita fome.
Olhei para os olhos brilhantes da Giovanna que apontava para a cadeira ao seu lado.
- Lembre-se do que a gente conversou na cozinha - Eduardo mencionou.
Sem tanta coragem de antes, acabei me rendendo aos olhos castanhos pidões da minha menina iluminado pelo sol que faz hoje. Assim que me sentei, Gi me abraçou como se soubesse que eu preciso do seu carinho para ter coragem.
Os pratos foram servidos, inclusive no lugar ainda não ocupado. Estranhei.
- Pedi para segurarem e esquentaram para nós - Eduardo explicou o fato de todo mundo estar comendo e nossa mesa ser servida só agora.
Helena ocupou a cadeira vazia antes que eu pudesse dar a primeira garfada. Olhou-me, mas ignorou a minha presença.
- Ufa, até que fim me sentei! Eduardo, saí perguntando para os meus amigos e todos estão gostando bastante. Minha vez de comer.
Olhei em volta o jardim, a maioria que estão aqui são amigos dos trabalhos e alguns de longa data.
Peguei o garfo, espalhei a comida, enrolei e não comi. Minha cabeça vagava longe quando ouvi Elisa dizer:
- Nossa, mas essa paella está maravilhosa. É a melhor que já comi na vida. Sério.
- É, Edu, você se superou. Acho que está na profissão errada. Quer uma chance lá no meu restaurante? - Maurício brincou com o amigo.
- Mas não... - Helena olhou para mim. - Eu conheço bem esse tempero, Isabel cozinhou.
Sua afirmação me fez sorrir. A apresentadora esboçou um sorriso alegre, eu não consegui controlar a minha felicidade e me deixei os meus lábios abrirem o mais largo possível. Perdi-me em seus olhos felizes. Eu sei que Helena gostou e só isso me fez voltar a vontade de lutar, apesar da ligação.
- Como eu sei que paella é um pouco das coisas que Isa faz melhor do que eu, deixei. Gostou da surpresa, Lena?
Acompanhei o virar de seu rosto para o Edu.
- Claro, amigo. Está divina - mais uma vez voltou a me olhar. - Obrigada, Isabel.
Minha voz não saiu, mas ela me viu retribuir o agradecimento com um sussurro. O meu prazer foi vê-la saborear cada garfada. Eu não conseguia tirar os olhos dos seus gestos, pouco prestava atenção nas conversas paralelas que estão na mesa. Senti-me sortuda por estar aqui.
Rodrigo tentava me introduzir na conversa, eu falava pouco. Elisa também falava comigo, apenas me limitava a respondê-la para não criar problema. O clima ficava cada vez melhor por causa das expressões alegres da paulistana. Exceto quando lembro que à noite Helena vai continuar a comemoração do aniversário no Comer & Beber. Obviamente não fui convidada e nem serei. Na verdade, a única coisa que me incomoda é ainda não saber quem estava no telefonema e é pior ainda saber que estará lá com ela.
Reparei a Giovanna sair da mesa sem dizer nada. Queria não ter que dirigir para poder beber algumas taças do vinho que estão na mesa. Fiquei no suco natural de abacaxi com hortelã. Mais uma vez Eduardo fez a mesa inteira rir de algo que não me atentei.
- Mãe, o meu presente. Abre.
Giovanna apareceu entregando o seu presente à Helena. Ela estava tão animada, é tão lindo saber que estou criando uma pessoa amorosa.
- Obrigada, meu bem - disse rasgando o papel do embrulho.
- Eu escrevi no cartão e não deixei a mamá me ajudar.
A apresentadora sorriu quando pegou o cartão e deixou um beijo estalado na bochecha da nossa filha.
- Está certinho, Gi. Você é muito inteligente. Parabéns.
- Abre o presente agora - Pediu ansiosa.
Helena abriu a caixa azul de veludo, seu nariz franziu com o sorriso indicando a sua felicidade.
- É lindo, meu amor. Estava mesmo faltando algo em mim.
Para a alegria da Giovanna, a sua outra mãe colocou o bracelete e exibiu para todos os presentes na mesa.
- É lindo mesmo, Gi. Combinou muito bem com a sua mamãe - Natália comentou para a menina.
- Obrigada, tia Nat.
Para o meu total desespero, minha miniatura tirou outro embrulho das costas e entregou à Helena. Tinha me esquecido completamente ou não esperava que fosse dado agora.
- Esse é o presente da mamá.
A aniversariante não escondeu a sua surpresa ao pegar o pacote. Diferente da maneira empolgada que abriu o da filha, este foi desembrulhado com certo receio. O cartão que escrevi acabou caindo. Eu não deveria colocado no papel as palavras que ali estão. Torci para ela deixar no chão ou não se importar. Aparentemente, Helena também preferiu ou não notou o cartão. Abriu a pequena caixa com os brincos e apenas esboçou um leve sorriso.
Para o meu desespero, após fechar o presente, Giovanna entregou o cartão em sua mão. Vi seus olhos se movimentando para ler. Relembrei de cada palavra:
"Quem sabe tudo esteja diferente o ano que vem e que eu mesma possa te entregar o regalo que escolhi com tanto carinho. Quem sabe tudo volte a ser como antes ou pelo menos notamos que ainda há um caminho para continuar. Por hoje eu só posso desejar que seja feliz e que todo sentimento bom que sinto por você emane energias para que o novo ciclo que se inicia seja de mais momentos felizes e menos dor. Te extraño, cariño. Feliz aniversário, Helena."
Eu abriria um buraco aqui mesmo com as próprias mãos e nunca mais sairia. É claro que ela não gostou, deu para notar quando colocou no meio dos papeis de presente. A paulistana jogará fora.
- Gi, leva tudo lá para o meu quarto e coloca na minha cama - disse entregando os presentes e os papéis.
A pequena prontamente a obedeceu, acompanhei o andar apressado da menina na direção da casa.
- Não precisava se incomodar, Isabel.
- Não foi um incomodo, você merece - respondi sem olhá-la.
Talvez percebendo o clima pesado que ficou, Maurício mudou de assunto falando da sua filha. Eu só me afundei na cadeira praguejando a minha burrice por ter sido apressada em demasia com minhas palavras.
Não prestei atenção em nada, ansiava apenas por uma brecha para sair dali. Quando fiz menção de abrir a boca para me despedir quase dez minutos depois, Rodrigo disse:
- Eu acredito no amor verdadeiro e em casais que ficam juntos pelo resto da vida.
Completamente perdida, tentei entender o assunto.
- Não caio mais nessa, amigo. Está aqui a própria Isabel que não me deixa mentir.
Eu não precisei de mais nada para entender o recado. Éstá mais claro que uma nascente de água. No mesmo segundo, levantei-me. No minuto seguinte já adentrava a cozinha em busca das minhas coisas.
Segurei as lágrimas.
- Isabel?
Elisa aproximou-se de mim e tocou o meu braço com carinho. Dei dois passos para o lado, afastei-me, procurei a chave do carro na minha bolsa para disfarçar.
- Ei, Isa, olhe para mim - pediu em tom suave. - Você está bem?
- Eu... estou bem, não se preocupe. Já estou de saída, com licen...
A loira abraçou-me. Por impulso, acabei correspondendo o seu aperto.
- Helena está nervosa, tenho certeza de que não disse por mal. Vai ficar tudo bem, Isabel. Você só precisa de cuidados.
Separei-me sem parecer rude, Elisa sorria e passou a mão por meu rosto.
- Amiga, - ouvi a voz da Helena na cozinha - deixei-me a sós com a Isabel, por favor.
Desacreditei de sua presença, Lisa apenas afastou-se um pouco, mas continuou ao meu lado.
- Tudo bem, Isa? - A loira perguntou olhando em meus olhos.
- Sí, obrigada - agradeci o seu apoio com um tímido sorriso.
Apesar de tudo o que aconteceu, não posso ser covarde de culpar apenas a Lisa. Quando a cineasta de olhos claros saiu da cozinha, a minha ex ficou de frente para mim.
- Me voy ahora, Helena. No te preocupes.
Fiz menção de pegar a minha bolsa, mas a paulistana impediu com um toque na minha mão.
- Espera! Desculpe-me pelo o que eu te disse. Tentei dar um tom de brincadeira, mas não saiu como eu esperava.
- Está tudo bién. Yo no deveria ter ficado, é seu almoço de aniversário com seus amigos, estou aqui de intrometida. Tienes todo direito de falar o que quiser.
- Não... - disse com pesar. - Você, gentilmente, entrou porque eu praticamente a arrastei para dentro. Depois ficou e cozinhou a melhor paella que já comi na minha vida. Eu... não sei o que deu em mim.
- Como já disse: está tudo bién.
Helena tem todo o direito de dizer, jogar indiretas e não me querer por perto. O fato de ela ser gentil nos bastidores, não significa que ignora as feriadas que fiz.
- Não precisamos disso, Isabel...
O cabelo macio encostou o meu peito. A pequena abraçou-me de leve.
- Eu estou cansada, Isabel - desabafou. - Não quero brigar, não quero mais esse clima ruim. Fiquei surpresa e confusa com a sua presença, eu não esperava. Passado o susto, vejo o quanto sua presença é importante.
Minha mão direita tocou seus fios castanhos, freei a minha vontade de deixar um beijo carinhoso e apenas a abracei de volta. Colocamos força, toquei cada pinta das suas costas.
A falta do seu calor em mim despertou-me. O abraço foi finalizado sem que eu me desse conta do que aconteceu no momento.
- Fico feliz que a minha presença não te afete negativamente - confessei.
- Temos uma ligação muito maior do que qualquer briga, discussão ou o passado.
Peguei-me com um frio na barriga inexplicável.
- Temos? - Perguntei esperançosa.
A baixinha olhou para o lado pensativa. Aguardei com paciência pela sua resposta.
- Claro, Isa. Temos um elo forte que é a Giovanna, nossa filha.
Eu nem precisei chegar perto de um iceberg para saber o que é ficar próximo do gelo. Para piorar, eu não posso nem ao menos ficar triste.
O que eu pensei? A aniversariante deixou bem claro durante a semana que tem um limite para a nossa interação. Eu que me recusei a notar. Deixei-me levar pelas palavras do Rô e pelo apoio do Eduardo.
- Venha, Isabel. Deixe sua bolsa na bancada e vamos voltar para o jardim. Daqui a pouco vou cortar o bolo e só então te deixarei voltar para sua casa.
Apaguei rapidamente qualquer resquício de tristeza. Segui com a Helena para o local da reunião de amigos. Forcei-me a sorrir quando todos os olhos se voltaram para nós duas. Indicamos que estava tudo bem, o nosso único eterno elo correu para os braços da apresentadora.
Como se nada tivesse acontecido, os grupinhos foram se formando enquanto os garçons serviam algumas bebidas e petiscos. Juntei-me ao Maurício e sua mulher na mesa que ocupei antes. Sendo abandonada uma hora depois que Eduardo arrastou o seu colega de profissão com a Luciana para contar alguma bobagem.
Fiquei somente com os meus pensamentos. Esses que fazem refletir as atitudes de outra pessoa. Mais especificamente, a pessoa Helena Carvalho. A perdi. Enganei-me pelo amor eterno, mas tudo tem limite. Optei por um caminho sem volta, quebrei o que construímos. Fechei os olhos e busquei ar.
- Olá, Isabel.
Assustei-me ao reconhecer a voz.
- Natália - disse abrindo os olhos e encarando-a.
- Calma, vim em busca de paz - disse ocupando uma cadeira.
- Espero que sim porque no creo que seja um bom lugar para termos um estacionamento da emissora 2.0.
O riso da Nat foi o caminho para uma trégua.
- Até hoje não consegui te encontrar, confesso que não fiz muito esforço. Porém, não quero deixar a oportunidade passar. Acha que consegue me perdoar pela forma como te tratei aquele dia?
- Se eu te dissesse que suas palabras no machucaram, estaria mentindo. Você sabe o que fez, onde me atingiu e teve suas razões. Incompreensíveis, mas suas.
- Eu achei que estivesse defendendo a Helena.
- Ou finalmente dando a sua opinião sobre mim.
Natália balançou a cabeça em negação.
- Errei, Isabel. Você nunca me deu motivos para te tratá-la daquela forma. Só depois que minha ficha caiu percebi a dimensão do que fiz.
- Se nunca te dei motivos, por que me odeia tanto?
- Não te odeio - desconversou. - Talvez seja porque eu vi o quanto a Helena sofreu com a separação e tive medo de você fazê-la mal de novo. Sempre soube que ela jamais te traiu, só queria te provocar. Pode me chamar de infantil, mas também sou a melhor amiga dela e só queria defendê-la.
A sócia da Lena não me convenceu nem um pouco com sua explicação. Mas, não me importo. Se uma coisa me parece sincera é sua amizade pela apresentadora. É fato que Nat não teve tanta culpa por apenas ouvir os desabafos da amiga. Se ela usou isso para me atingir, foi uma arma para defender a amiga.
- Isso já está no passado, Natália. Tudo já foi esclarecido. Podemos seguir como sempre fizemos, sendo corteses uma com a outra. Tanta coisa aconteceu depois da confusão.
- Eu já estou sabendo o que aconteceu.
Soltei uma risada fraca.
- Claro que já. Eu sei bem que a Helena te conta tudo.
- Calma que tudo, tudo... não. Também não procuro saber - maliciou.
Se me contasse isso há semanas eu jamais acreditaria, mas eu e a Leite caímos em uma gargalhada gostosa.
- Ainda bem, já estava preocupada. Acho que, bem, se você soubesse de algumas coisas, nunca mais conseguiria olhar na sua cara.
- O pouco que sei te faria cair durinha nesse chão.
Natália bebeu da sua champagne e fingiu esconder o rosto. Apavorei-me.
- Eu estou brincando, Isabel. Você precisava olhar a sua cara - mais um riso.
Revirei os olhos para a sua brincadeira. Para a minha surpresa, seguimos conversando algumas bobagens e ri com alguns comentários sobre seus colegas que estão presentes. Quando os assuntos ficaram escassos, aproveitei para tentar saber o que ainda martela na minha cabeça.
- Nat, a Helena tem alguém? Sabe se ela reencontrou alguma pessoa?
- Que eu saiba não, Isabel. Para a sua alegria, se ela tivesse, me contaria. Então é óbvio que ela não tem ninguém.
- Eu só perguntei... porque...
- Gosta dela, eu sei. Seus olhos procuram por ela a todo momento. Totalmente entregue - ergueu a taça vazia para mim e levantou-se. - Vou circular e pegar mais uma bebida. Obrigada, Isabel. Boa sorte.
Fiquei pensando no que ela quis dizer com o ‘boa sorte' quando vi Eduardo, Rodrigo e Gi ocuparem as cadeiras vazias.
- Mamá, mamãe vai cortar o bolo.
- Vai lá, hija. Traz um pedaço depois que pegar o seu.
Giovanna andou até a mesa do bolo e de longe eu cantei a tradicional música de aniversários para Helena junto com os meus dois amigos.
[...]
O anoitecer trouxe a queda da temperatura e o sinal de que passei mais tempo do que o planejado. Quase todos as pessoas já foram embora, inclusive Maurício e sua esposa, Natália e Elisa. Restaram eu, Eduardo, Rodrigo, Gi e Helena.
Para a minha surpresa, a paulistana juntou-se a nós na mesa e conversou normalmente. Mais um sinal de que poderemos seguir mantendo um clima amigável.
- Vamos, bebê? Assim nós teremos bastante tempo nos arrumarmos ainda - Disse Eduardo se referindo a comemoração no Comer & Beber.
- Vamos, amor - concordou Rô.
Os dois levantaram-se ao mesmo tempo e deram um beijo em mim e na aniversariante.
O colega de profissão pegou minha filha no colo e se dirigiu à Helena:
- Pode ficar aí que a Gi faz a gentileza de nos acompanhar até a porta.
Sem dizer mais nada, Rô acenou de longe e saiu de mãos dadas com o marido.
Olhei para o céu com poucas estrelas e a lua crescente. As luzes do pequeno jardim acesas clareavam o local.
- Estava bom o bolo?
Surpreendi-me mais uma vez. Helena não só ficou como puxou algum assunto.
"Não seja boba, Isabel. Ela só está sendo gentil", disse a mim mesma.
- Impecável - brinquei.
- Sabe o que eu lembrei agora? Do bolo queimado.
Encarei a pequena que segurava sua risada.
- Vai começar com essa história? Eu não queimei nada.
- Claro que queimou, Isabel. Você só tirou a parte queimada, por isso ficou tão pequeno. Confessa - seus olhos quase se fecharam na sua gargalhada gostosa.
- Eu quis fazer pequeno para não sobrar, Helena. Tinha gosto de queimado? - Perguntei pela centésima vez desde o ocorrido.
- Não vale, Isa. Você soube tirar e depois decorou.
- Não queimei, Helena!
- Queimou sim. Giovanna está de prova, quer que eu a chame e pergunte?
Sei que a apresentadora só faz isso para me ver irritada. Entrei na sua brincadeira.
- Gi vai falar o que você quiser. Ela só tinha 3 anos, não se lembra.
- Confessa que queimou, Casañas!
- Helena... Lena... olha que eu posso enumerar quantas receitas suas deram erradas. Quer?
- Como é bom te irritar - mudou de assunto para não me escutar dizer suas atrapalhadas.
Como é bom ser irritada por ela de maneira tão leve e descontraída.
- Não estou irritada porque eu sei que no queimei bolo nenhum.
Giovanna apareceu correndo com o Chico. Nós duas ficamos como mães corujas olhando ela sentar-se na grama e fazer carinho nos pelos grandes e macios do amigo de quatro patas.
- Cresce tão rápido, no?! - Comentei.
A atriz mais velha concordou tirando os seus olhos da cena e os repousando sobre os meus.
- Parece que foi ontem que liguei no Arte e me deram a notícia que você estava no hospital.
- O meu desespero no corredor - recordei. - Fiquei tão feliz quando te vi. Tive tanto medo dar alguma coisa errada.
- Eu tentei ser forte para não te desesperar, mas no fundo eu também fiquei com medo. Na verdade, acho que acabamos dando força uma para outra sem perceber. Foi o momento mais lindo da minha vida.
- Da minha também - concordei. - It's a little bit funny, this feelin' inside - cantarolei para ela.
- I'm not one of those who can easily hide - completou. - Cantei para a Gi esses dias.
Meus olhos percorreram pelos seus traços. Seu rosto fino, seu nariz perfeitamente desenhado, seus olhos grandes e expressivos e seus lábios finos que escondem seus pequenos dentes lindos ao sorrir. Mordi o meu lábio inferior.
- O que foi? - Helena perguntou.
Dei-me conta que fiquei tempo demais a admirando. Disfarcei.
- Nada. Só estava me lembrando que cantei para a Gi ontem, mas já estava dormindo.
Como um imã, trocamos olhares. Por mais que eu tentasse, não conseguia evitar me levar por eles.
- Isa, quero te dizer uma coisa - assenti e ansiei pelas suas próximas palavras. - Apesar de tudo o que aconteceu, eu te admiro muito como mãe da Gi. Não poderia ter escolhido outra pessoa melhor para compartilhar todos os mementos dela comigo.
Não deu tempo de refletir suas palavras, escutei Giovanna dizer alto:
- Tia Nina! Vem, Chiquito.
Os dois correram na direção da casa.
- Nina veio ficar com a Gi? Ela estava doente pela manhã.
- Eu sei, pedi para Nina não vir, mas ela insistiu e disse que já estava bem melhor. Giovanna disse que elas combinaram de brincar de acampar no quarto, não entendi muito bem.
- Cierto. Helena, gracias por tudo. Já está tarde e sei que tem um compromisso. Preciso ir.
Nos levantamos juntas. Caminhamos juntas e cruzamos com a babá e a pequena no meio do caminho.
- Hola, Nina. Está melhor?
- Sim, Isabel. Foi apenas um mal estar, tomei um bom chá e já estou pronta para outra. Obrigada.
- Gi, ya me voy a casa. ¿Quieres ir conmigo? Pode, Helena? Eu esqueci que é a sua semana.
- Claro, Isabel - respondeu-me.
- No, mamá - Giovanna me fez pegá-la no colo e sussurrou no meu ouvido - Voy a preparar el desayuno da mamãe para su cumpleaños. Sorpresa.
Achei graça da empolgação da Gi. Aproveitei para abraçá-la e me despedir dela e da Nina.
Helena me acompanhou até a porta. Mais uma vez caí na tentação de admirá-la. Ainda falta uma pendência para fechar o dia.
- Desculpa pelo o que escrevi no bilhete, vi o quanto ficou constrangida. No se que me passo.
- Foram só palavras escritas, Isabel. Escritas são superestimadas, pode-se pensar muito antes de escrever, rasgar o papel, escrever tudo de novo. Às vezes se escreve qualquer bobagem para ludibriar alguém. Difícil mesmo é falar, colocar o verdadeiro sentimento para fora.
Senti minha garganta queimar. Escolhi as palavras certas, mas calei-me. Manteve-se o silêncio.
- Fiquei feliz como terminou o dia de hoje, Isa. Acho que está mais do que provado que ainda podemos ser... ser... acima de tudo... ser... amigas.
Amigas.
Antes que ela pudesse ver os meus olhos, virei o meu rosto.
- Tenho que ir, Helena.
A atriz abriu a porta e antes de seguir o caminho do meu carro, despedi-me:
- O dia foi maravilhoso. Feliz aniversário, Lena. Aproveite - minha voz embargou - la sua noite.
- Tchau, Isabel. Boa noite.
Dei as costas e não olhei para trás. Meu coração sufocado batia dolorido dentro do meu peito. Cheguei na porta do automóvel. Não o abri.
"Foram só palavras escritas, Isabel. Escritas são superestimadas, pode-se pensar muito antes de escrever, rasgar o papel, escrever tudo de novo. Às vezes se escreve qualquer bobagem para ludibriar alguém. Difícil mesmo é falar, colocar o verdadeiro sentimento para fora."
Rô pareceu ter se materializado na minha frente falando:
"Já disse que a ama? Como ela vai pesar os erros e o seu amor se não sabe o que sente? O tempo cura, faz adormecer, coloca outras pessoas em nossas vidas. Não deixei o ‘se', o ‘talvez' e o ‘deveria' serem as palavras protagonistas da história de vocês. ‘Fiz', ‘tentei', ‘dialoguei', ‘lutei', essas são as palavras que devem sair da sua boca daqui uns anos, independente do que o destino reserva."
"...seu coração é burro. Em nome do amor que você sente, prefere sacrificar-se ao invés de perder ou ganhar lutando."
Preciso lutar. Preciso falar. Nem que seja a última vez.
Corri de volta para a porta. Gritei apertando a campainha:
- HELENA!
A porta se abriu mais rápido do que imaginei.
- Isabel? O que você...?
- Perdóname, Helena. Perdoa-me por tudo que te fiz. Eu te amo. Eu ainda te amo. Nunca deixei de te amar. Dei-me a chance que eu não te dei
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Rain
Em: 18/01/2021
Eu amei esse capítulo! Tirando a ligação - que sinceramente eu espero que não tenha acontecido nada com essa tal de Kátia -, algumas palavras estupida da Helena na parte da brincadeira e Elisa insistindo na Isabel - pelos menso foi o que eu pensei -.... Eu amei todo o resto. Principalmente, elas interagindo e esse final. Amei!
Bye!
Ps: pode confirmar a próxima história, autora. Eu vou ler com certeza.
Resposta do autor:
Aeeeeee!
Sobre a Elisa, pensou certo. Sempre que ela se aproxima, tenta algo.
Que bom que gostou :D.
Ps: calma rsrsrsrs.
Abs!
Baiana
Em: 13/01/2021
Hum...a Helena reconheceu o tempero da Isabel,bom sinal,ou não!
Só acho que a Natália sabe que a Elisa é apaixonada pela Isabel,e por isso não a trata bem,me lembrei do poema de Drummond. Natália que gosta da Elisa,que é apaixonada pela Isabel,que ama a Helena kkkk
Helena como sempre sendo grossa com as palavras,mas a Isabel resolveu focar na reconquista e não está dando muita bola para as grosserias dela, só espero que ganhe o prêmio no final,e não morra na praia.
Resposta do autor:
Reconhecer o tempero é sempre um bom sinal hahaha.
Sim, Natália sabe. Adorei a referência ;).
Abs!
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