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Meus pedaços por Bastiat

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Palavras: 7351
Acessos: 2651   |  Postado em: 13/01/2021

Expectativas nos definirá

 

Helena

 

    "Quem sabe tudo esteja diferente o ano que vem e que eu mesma possa te entregar o regalo que escolhi com tanto carinho. Quem sabe tudo volte a ser como antes ou pelo menos notamos que ainda há um caminho para continuar. Por hoje eu só posso desejar que seja feliz e que todo sentimento bom que sinto por você emane energias para que o novo ciclo que se inicia seja de mais momentos felizes e menos dor. Te extraño, cariño. Feliz aniversário, Helena."

 

    O papel grosso em meus dedos, a letra perfeitamente desenhada, embora não visualmente bonita para muitos, e a escrita cheia de palavras bonitas, daria um boa lembrança de aniversário.

 

    Quem sabe, desejo, mais felicidade, menos dor, saudade.

 

    Qual Isabel está escrevendo isso?

 

    A que concordou que destruímos o nosso casamento? A que afirmou que manchamos o nosso casamento? A que me acusou sem ao menos me dar uma chance de ser ouvida anos atrás? Ou será que é essa que trouxe a Gi? A que ficou me admirando na porta? A que se ofereceu para ajudar e cozinhou para mim sem realmente precisar?

 

    Com quem estou lidando? Essa que deixou nas entrelinhas uma mensagem para mexer com o meu coração, a que desistiu de conversar na primeira recusa que fiz por não me sentir preparada?

 

    Eu já estava desistindo dela, conformando-me com uma convivência amigável.

 

    Juntei o cartão com o papel de presente. Pensei em jogar fora. Escritas não me servem de nada.

 

    Não consigo fazer tal ato, assim como não achei ainda um jeito de acabar com o amor que há em mim. Entreguei a caixa do presente da Gi e o lindo par de brinco dado pela Isabel, juntamente com os papéis de presentes e o bilhete. Mais tarde decido o que farei com o cartão.

 

    - Gi, leva tudo lá para o meu quarto e coloca na minha cama.

 

    Assim que Giovanna virou as costas, olhei para a espanhola.

 

    - Não precisava se incomodar, Isabel.

 

    Com o olhar perdido pelo caminho que nossa filha tomou, respondeu sem me olhar:

 

    - Não foi um incomodo, você merece.

 

    Perguntei-me o que significava a sua atitude. Aposto que ela imaginou que eu abriria o presente quando eu estivesse sozinha. Assim, alimentaria o seu ego quando fosse agradecer o presente e ela perguntasse do cartão. Senti raiva.

 

    Corrigi-me no momento seguinte. Preciso parar de tirar conclusões precipitadas. Parece até que eu não aprendi nada com o que aconteceu.

 

    Continuei na mesa e como se nada tivesse acontecido. Maurício começou a falar sobre a filha para quebrar o silêncio. Depois Eduardo introduziu um assunto estranho sobre amor e o quanto ele estava feliz com o Rodrigo. Eu continuei observando a quietude da Isabel, até prestar a atenção no comentário da Elisa:

 

    - Vocês são tão lindos juntos, Edu e Rô. Eu daria tudo para receber uma declaração hoje.

 

    - Escutou isso, Nat? - Perguntei em tom de brincadeira.

 

    Minha sócia olhou espantada para mim e fez um ‘não' com a cabeça.

 

    - Não estou falando de declaração de amizade, Lena. Estou falando de amor como do Eduardo.

 

    - Ah... - disfarcei.

 

    Elisa, infelizmente, nunca vai perceber que a Natália gosta dela há anos se a minha sócia não contar. Acho que vou dar uma de cúpido hoje no Comer & Beber e tentar juntar de vez essas duas.

 

    - O importante é não desistir de encontrar o amor, Elisa - Rodrigo disse. - Em alguns casos, reencontrar.

 

    Senti a indireta para mim. Agora eu entendi o porquê de o Edu começar a falar sobre amor.

 

    - Alguns amores não são para ser - Natália divagou sobre o seu próprio caso bebendo o seu vinho.

 

    - Eu acredito no amor verdadeiro e em casais que ficam juntos pelo resto da vida - Rô disse olhando para a Isa e para mim.

 

    - Não caio mais nessa, amigo. Está aqui a Isabel que não me deixa mentir.

 

    Usei um certo tom de ironia com brincadeira, mas no fundo fui impulsiva ao me recordar do cartão.

 

    Eu não estava olhando na direção da atriz mais nova. Apenas percebi que ela não estava mais na mesa quando passou por trás do Eduardo. Todos os olhos se voltaram para mim. O do Rodrigo era o mais pesado.

 

    - Gi, vamos roubar uns doces de sobremesa - Natália disse já pegando na mão da minha filha e saindo com ela.

 

    - O que foi isso, Helena? Precisava? - Rô perguntou indignado.

 

    - Foi uma brincadeira. Todo mundo sabe que eu e ela não estamos juntas - respondi.

 

    Vi Elisa se levantar e discretamente sair.

 

    - Sei lá, Lena - Maurício começou a falar. - Isa já ficou toda para baixo quando você disse que não precisava e nem agradeceu direito o presente. Agora joga na cara dela isso. Você arrasou com ela e sem necessidade.

 

    - Sou culpado - Eduardo disse olhando para mim. - Isabel queria ficar até você dar aquela resposta que a desestabilizou, mas eu acabei convencendo-a de ficar. Se não queria a presença dela, deveria ter sido mais clara. Já está tudo muito complicado, Helena, não precisava complicar ainda mais.

 

    Deixei a mesa nervosa. Eu exagerei. A verdade é que se a Isabel um dia fugiu de uma conversa, hoje eu não fico atrás. Ela veio, ficou, sentou-se na mesa, trouxe um presente. Isabel pede uma trégua e eu estou me comportando como uma criança medrosa. No fundo eu tenho medo do que posso fazer com esses sentimentos que pendam mais para amá-la. Não sei o que está acontecendo comigo. Talvez eu tenha medo de perdê-la de vez.

 

    Antes de entrar em casa, respirei fundo para me acalmar. Pensei que encontraria a Isa na sala, mas não estava. Só pode estar na cozinha.

 

    Andei até um dos seus cômodos favoritos. Vi ela e a Elisa abraçadas. Minha amiga deve ter ficado preocupada, provavelmente também reprovou a minha atitude.

 

    - Helena está nervosa, tenho certeza de que não disse por mal. Vai ficar tudo bem, Isabel. Você só precisa de cuidados - a ouvi dizer.

 

    Isabel separou-se dela como se não quisesse continuar o contato mesmo a loira ali com boa vontade.

 

    Ainda insistente, minha amiga passou a mão em seu rosto. É bom que, diferente da Natália, a Lisa goste da Isabel e tenha conseguido se tornar amiga dela. Com certeza, as fiz se aproximarem ainda mais quando pedia para a loira conversar na tentativa de descobrir o porquê da separação.

 

    - Amiga, - resolvi revelar a minha presença - deixei-me a sós com a Isabel, por favor.

 

    Elisa afastou-se, mas antes de fazer o que pedi, preocupou-se com a espanhola de novo:

 

    - Tudo bem, Isa?

 

    - Sí, obrigada - agradeceu com certa gentileza.

 

    Esperei a minha amiga sair e caminhei até a atriz. Parei na sua frente, Isabel continuou me evitando.

 

    - Me voy ahora, Helena. No te preocupes.

 

    Observei quando sua mão fez o gesto de pegar sua bolsa e minha atitude foi evitar que isso acontecesse. Não quero que ela vá, muito menos que a nossa situação piore.

 

    - Espera! - Pedi. - Desculpe-me pelo o que eu te disse. Tentei dar um tom de brincadeira, mas não saiu como eu esperava.

 

    - Está tudo bién. Yo no deveria ter ficado, é seu almoço de aniversário com seus amigos, estou aqui de intrometida. Tienes todo direito de falar o que quiser.

 

    - Não... Você, gentilmente, entrou porque eu praticamente de arrastei aqui para dentro. Depois ficou e cozinhou a melhor paella que já comi na minha vida. Não sei o que deu em mim.

 

    - Como já disse: está tudo bién.

 

    Suspirei cansada. Já basta todo imbróglio que nos cerca, não preciso piorar a situação.

 

    Seus ombros caídos e seu rosto triste são um sinal do mesmo abatimento que sinto. Aproximei-me dela sem que ela percebesse.

 

    - Não precisamos disso, Isabel...

 

    A abracei pela cintura e encostei o meu ouvido o seu peito. Senti a sua pele macia exposta pela blusinha de alça no meu rosto. Seu coração bate forte.

 

    - Eu estou cansada, Isabel. Não quero brigar, não quero mais esse clima ruim. Fiquei surpresa e confusa com a sua presença, eu não esperava. Passado o susto, vejo o quanto sua presença é importante.

 

    Sorri quando sua mão começou a acariciar os meus cabelos e me apertou contra o seu corpo abraçando-me. Seus dedos me tocaram com leveza. Encostei o meu nariz e senti o seu perfume. Foi quando caiu a muralha que construí para me defender durante o dia.

 

    Saí do abraço mais confusa do que entrei. É só eu chegar perto da Isabel que me rendo. Não devo atacá-la como fiz, mas também não posso deixar me levar por essa correnteza de amor que insiste em nos levar uma para a outra.

 

    - Fico feliz que a minha presença não te afete negativamente.

 

    Olhei para a espanhola. Minhas palavras saíram sem que eu tivesse tempo de raciocinar:

 

    - Temos uma ligação muito maior do que qualquer briga, discussão ou o passado.

 

     - Temos?

 

    Após sua pergunta, desviei o meu olhar. Falei demais, falei bobagem. A muralha caiu, mas não estou rendida.

 

    - Claro, Isabel. Temos um elo forte que é a Giovanna, nossa filha - tratei de esclarecer.

 

     A mais alta não se mexeu. Evitei encará-la, usei das palavras que desejei ter usado desde que ela chegou para disfarçar e quebrar o clima:

 

    - Venha, Isabel. Deixe sua bolsa e vamos voltar para o jardim. Daqui a pouco vou cortar o bolo e só então te deixarei voltar para sua casa.

 

    Lado a lado, seguimos juntas.

 

    "Quem sabe tudo volte a ser como antes ou pelo menos notamos que ainda há um caminho para continuar".

 

    Paramos ao mesmo tempo na mesa em que nossos amigos em comum estão reunidos. Giovanna correu para o nosso lado, a peguei no meu colo. Isa seguiu um caminho e eu outro, como nos últimos tempos.

 

[...]

 

    Cruzei as minhas pernas, ajeitei o meu decote e toquei no presente dado pela Gi em meu braço.

 

    Passei boa parte da tarde dando atenção aos meus convidados. Amigos próximos, de longa data e funcionários. Sempre gostei de celebrar o meu dia, mas este ano tinha pensando em algo mais vespertino, não me sentia no clima de dar uma festa à noite. Já tinha marcado o almoço antes da ideia do Maurício de comemorar no seu restaurante. Recusei em um primeiro momento, mas depois acabei aceitando se fosse para poucos amigos. Uma parte deles já foram empolgados se arrumar, restaram apenas o Eduardo e seu marido.

 

    Não sei por quantas horas estamos sentados conversando sobre bobagens. Para ser sincera, eu preferia mil vezes continuar nessa conversa do que ir ao Comer & Beber.

 

    Isabel esfregou os braços levemente arrepiados pelo frio que caiu na noite. Quando pensei em perguntar se ela queria uma blusa de frio, Eduardo me fez recuar:

 

    - Vamos, bebê? Assim nós teremos bastante tempo para nos arrumarmos ainda - Disse Eduardo se referindo a comemoração.

 

    - Vamos, amor - concordou com o marido.

 

   Rodrigo levantou-se primeiro, deu-me um beijo no rosto e depois foi até a Isabel.

 

    Edu se aproximou logo em seguida, deu-me um beijo também e sussurrou no meu ouvido:

 

    - Conversem.

 

    Afastando-se, foi na direção da outra amiga. Quando pensei que já estavam indo, fiz menção em me levantar, mas o ator pegou minha filha no colo e se dirigiu a mim:

 

    - Pode ficar aí que a Gi faz a gentileza de nos acompanhar até a porta.

 

    Esses dois não prestam. Querem me fazer conversar com a Isabel de todo jeito. Mas o que vou conversar se eu não sei o que se passa com a espanhola?

 

     Enfim, sós. Isabel olhou para o céu procurando as estrelas. Foi a primeira mania que descobri nela. Sempre que anoitecia, pensativa olhava para o céu à noite.

 

    Seu rosto sério foi o que me chamou atenção quando a vi pela primeira vez. Sempre tive uma queda por mulheres com cara de brava, mas que no fundo não são.

 

    Reparei o seu cabelo ondulado repartido ao meio. Desci pelo seus olhos, sempre gostei da forma que me olhavam. Permiti-me redesenhar com o olhar o canto interno dos olhos, puxados para baixo mais na direção do nariz, fazendo com que seus olhos ficassem lindamente mais juntos. E o seu nariz, levemente torto, combinando a proporção com o tamanho com seu rosto. Lindo. O queixo com uma linha divisória que só é vista se reparar bem em leves risadas e falando. Parei neles, os seus lábios. A boca pequena, delicadamente carnuda.

 

    Desejei que ela abrisse um sorriso para que ver o seu dente canino mais pontudo. Seu sorriso lindo, largo, aberto. Suspirei.

 

    Eu poderia ficar horas apenas admirando seus olhos castanhos claros olhar a lua. É estranho como a sua simples companhia preenche o meu vazio. Eu sinto sua falta.

 

    - Estava bom o bolo?

 

    Perguntei para ouvir sua voz.

 

    - Impecável - respondeu abrindo um meio sorriso.

 

    A imagem dela com esse sorriso não completo, fez-me recordar do meu aniversário de três anos atrás. Eu adoro provocá-la com essa história.

 

    - Sabe o que eu lembrei agora? Do bolo queimado - segurei-me para não começar a rir.

 

    - Vai começar com essa história? Eu não queimei nada.

 

    - Claro que queimou, Isabel. Você só tirou a parte queimada, por isso ficou tão pequeno. Confessa.

 

    Só de ver sua cara de brava eu já comecei a gargalhar.

 

    - Eu quis fazer pequeno para não sobrar, Helena. Tinha gosto de queimado?

 

    Eu sabia que ela iria perguntar isso.

 

    - Não vale, Isa. Você soube tirar e depois decorou.

 

    - Não queimei, Helena! - Irritou-se.

 

    - Queimou sim. Giovanna está de prova, quer que eu a chame e pergunte?

 

    Sorriu com os lábios ainda tímidos. Isabel entrou na brincadeira.

 

    - Gi vai falar o que você quiser. Ela só tinha 3 anos, não se lembra.

 

    - Confessa que queimou, Casañas! - Segurei o meu impulso de levantar a fazer cócegas nela como costumava a fazer.

 

    - Helena... Lena... olha que eu posso enumerar quantas receitas suas deram erradas. Quer?

 

    Isabel sempre apela, é típico dela.

 

    - Como é bom te irritar.

 

    - Não estou irritada porque eu sei que no queimei bolo nenhum.

 

    Nossa filha apareceu correndo com o Chico. Adoro a forma como a Gi cuida do amigo de quatro patas e ele também a protege. Me desfiz com a cena da minha filha se sentando na grama e o jeito que Chiquito se ajeitou em seu colo.

 

    - Cresce tão rápido, no?!

 

    Olhei para a Isabel e então percebi que ela também admirava a cena. Seus olhos brilham.

 

    - Parece que foi ontem que liguei no Arte e me deram a notícia que você estava no hospital.

 

    Ainda posso escutar o meu coração acelerado com as complicações que a médica havia acabado de me explicar ao chegar no hospital.

 

    - O meu desespero no corredor. Fiquei tão feliz quando te vi. Tive tanto medo dar alguma coisa errada.

 

    - Eu tentei ser forte para não te desesperar, mas no fundo eu também fiquei com medo. Na verdade, acho que acabamos dando força uma para outra sem perceber. Foi o momento mais lindo da minha vida.

 

    - Da minha também...

 

    Isabel deixou-se levar pelas lembranças, seus olhos me transmitem a mesma emoção do dia.

 

    - It's a little bit funny, this feelin' inside - cantarolou.

 

    - I'm not one of those who can easily hide - completei saudosa. - Cantei para a Gi esses dias.

 

     A espanhola ficou me olhando em silêncio. Perguntei-me se tinha algo de errado comigo ou se ela estava querendo dizer alguma coisa quando mordeu deu lábio inferior.

 

    - O que foi? - Questionei.

 

    - Nada. Só estava me lembrando que cantei para a Gi ontem, mas já estava dormindo - tentou disfarçar.

 

    Nos encaramos de forma sutil. Estávamos despidas de qualquer armadura.

 

    - Isa, quero te dizer uma coisa - assentiu receptiva. - Apesar de tudo o que aconteceu, eu te admiro muito como mãe da Gi. Não poderia ter escolhido outra pessoa melhor para compartilhar todos os mementos dela comigo.

 

    Nossos olhares se desconectaram quando escutamos a Giovanna dizer alto:

 

    - Tia Nina! Vem, Chiquito.

 

    Os dois saíram na direção da casa. Isabel fechou-se.

 

    - Nina veio ficar com a Gi? Ela estava doente pela manhã.

 

    Armei-me novamente. O clima descontraído pareceu nem existir.

 

    - Eu sei, pedi para Nina não vir, mas ela insistiu e disse que já estava bem melhor. Giovanna disse que elas combinaram de brincar de acampar no quarto, não entendi muito bem.

 

    - Cierto. Helena, gracias por tudo. Já está tarde e sei que tem um compromisso. Preciso ir.

 

    Senti o seu tom pesado quando disse compromisso. Eu nem estava me lembrando que tenho um.

 

    Nos levantamos juntas. Caminhamos até cruzarmos com a babá e a pequena no meio do caminho.

 

    - Hola, Nina. Está melhor? - a mais alta perguntou preocupada.

 

    - Sim, Isabel. Foi apenas um mal estar, tomei um bom chá e já estou pronta para outra. Obrigada.

 

    - Gi, ya me voy a casa. ¿Quieres ir conmigo? Pode, Helena? Eu esqueci que é a sua semana.

 

    De novo na defensiva. Impressionante como sempre voltamos a escala de pisar em ovos.

 

    - Claro, Isabel.

 

    - No, mamá - Giovanna foi para o seu colo e sussurrou algo no seu ouvido.

 

    Aparentemente, surtiu efeito. Foi a espanhola a abraçou e despediu-se da babá e da nossa menina.

 

    A acompanhei até a porta. Seus olhos percorreram o meu rosto.

 

    - Desculpa pelo o que escrevi no bilhete, vi o quanto ficou constrangida. No se que me passo.

 

    Surpreendi-me com suas palavras. Não esperava que ela pudesse introduzir um assunto que poderia nos render um passo para uma conversa mais longa.

 

    - Foram só palavras escritas, Isabel - falei com mágoa. - Escritas são superestimadas, pode-se pensar muito antes de escrever, rasgar o papel, escrever tudo de novo - desabafei. - Às vezes se escreve qualquer bobagem para ludibriar alguém. Difícil mesmo é falar, colocar o verdadeiro sentimento para fora.

 

    Não sei quanto tempo se passou do seu silêncio. Pedi internamente para ela falar, essa será sua última chance. Nada.

 

    Soquei a emoção triste dentro de mim, anestesiada declarei:

 

    - Fiquei feliz como terminou o dia de hoje, Isa. Acho que está mais do que provado que ainda podemos ser... - a palavra sumiu da minha boca -  ser... acima de tudo... - não conseguia - ser... - Puxei a palavra do fundo da minha dor - amigas.

 

    Isabel virou o seu rosto, não pude decifrar a sua feição como desejava.

 

    - Tenho que ir, Helena.

 

    Foi a sua resposta já esperada. É sempre assim.

 

    Abri a porta sabendo que deixar a atriz sair sem conversar será o começo do fim próximo.

 

    - O dia foi maravilhoso. Feliz aniversário, Helena. Aproveite la sua noite.

 

    Eu vou aproveitar. Pode ter certeza de que sim, Casañas.

 

    - Tchau, Isabel. Boa noite.

 

    Como já esperava, a espanhola deu-me as costas e seguiu o caminho que eu não estou.

 

    Fechei a porta de coração partido. Mais uma vez a mesma situação.

 

    - Foi a sua última chance, meu amor. Eu te dei todos os sinais com aquela palavras, mas você preferiu correr. O meu novo ciclo não terá você.

 

    Encostei a minha testa na porta. Eu estou realmente cansada desse jogo em que só perco. Sussurrei baixinho:

 

    - Volta, volta, volta, volta... Não seja tola, Helena, Isa não vai voltar. Você esperou e sabe, ela nunca volta.

 

    Lentamente, deslizei a minha mão pela porta. Desencostei a minha testa, apoiei-me com o braço. Quando me virei, a campainha tocou junto a um grito desesperado:

 

    - HELENA!

 

    Abri a porta imaginando ter acontecido alguma coisa. Senti medo ao ver seus olhos lacrimejando.

 

    - Isabel? O que você...?

 

    - Perdóname, Helena. Perdoa-me por tudo que te fiz. Eu te amo. Eu ainda te amo. Nunca deixei de te amar. Dei-me a chance que eu não te dei.

 

    Seus olhos transbordaram lágrimas grossas.

 

    A puxei de volta para dentro. Sim, ela voltou.

 

    Deixei que o portão batesse atrás de mim. Isabel assustou-se com o barulho, mas não deixou de olhar em meus olhos.

 

    - O que você disse?

 

    Preciso confirmar, meus ouvidos não podem ter me enganado.

 

    - Para me dar a chance que eu não te dei. Por favor, uma chance. Eu sei que no mereço, mas... - implorou desesperada.

 

    - O que você disse antes, Isabel. Antes.

 

    - Eu disse e repito quantas vezes for necessário: eu te amo, nunca deixei de te amar.

 

    - Errado. Você deixou de me amar quando permitiu que as coisas saíssem do controle e foi embora dessa casa. Deixou de me amar quando corri atrás de você. Foi por amor que entrou com os papéis do divórcio? Fez isso tudo isso por que me amava?

 

    - Fiz por achar que você não me amava. Por ter certeza de suas traições tamanha as evidências. Por me sentir machucada, enganada, ridicularizada por um homem que fazia questão de dar em cima de você sem disfarçar. Eu te juro, por mais que tudo indicasse para uma traição, eu sei que nunca deixei de te amar, nem quando peguei a caneta para assinar aquele maldito papel.

 

    - Sou consciente das minhas atitudes vexatórias para te provocar, mas eu jamais chegaria a esse ponto se você não começasse a agir de maneira estranha.

 

    - No disse nada ao contrário disso. Eu comecei todo esse pesadelo em nossas vidas. Nunca estivemos tão ocupadas. Deixamos espaço para questionamentos. As nossas conversas e o nosso boa noite acabaram, não soubemos lidar a falta da ansiedade de chegarmos em casa para nos reencontrar. No estudamos uma rotina para trabalharmos juntas. Confundimos a presença física com obrigação do trabalho. Quando te ouvi falando sobre o corpo, achei que fosse algum problema comigo. Eu no consegui lidar com a insegurança até então desconhecida para mim. Qual a alternativa que encontrei? Transar no trabalho. Tudo a nossa volta começou a depender do programa. Mas faltava o mais importante que perdemos: diálogo. Não duvide do meu amor. Eu sei a minha culpa.

 

    Nunca vi a Casañas falando de maneira tão clara. Seus receios foram expostos, eu posso perguntar qualquer coisa que saberei a resposta. Mas quem perguntou foi ela:

 

    - Por que você parou de falar comigo?

 

    - Tarefas, Isa. Perdi-me no prazer que era tocar a minha carreira independentemente de estar atuando. Uma coisa era conciliar a Escola de Roteiristas com uma novela ou filme. A minha rede para tocar a empresa era maior, eu deixava metade nas mãos de terceiros. Mas eu quis abraçar o mundo, o tempo que me sobraria foi para mais um projeto. Eu me sentia tão à vontade com o nosso casamento. Éramos felizes. Veio a Gi para alegrar ainda mais os meus dias. Lembra-se dos primeiros meses? Unidas e empresárias. Depois vieram as discussões bobas para mim, mas doídas para você... eu me irritava tanto quando chegava em casa e você ainda estava no Arte com a Giovanna.

 

    - Eu estava fazendo a mesma coisa que você, Helena. Conciliando o meu lado profissional com a nossa filha. Não me culpe pela minha ambição.

 

    - Não te culpo somente. Nós somos culpadas - respirei fundo assim como ela. - Eu tentei arrumar um jeito de aliviar a sua carga, mas não pensei na minha. Quando o Atuando disse que queria você, achei que tivesse encontrado a fórmula perfeita para retomarmos o nosso tempo juntas. Mas como você disse, presença física não é relacionamento. Eu também sou culpada por achar que estava tudo bem porque passei no seu camarim, deixei um beijo na sua boca e perguntei como estava.

 

    - Diálogo, cariño. Perdi a minha conexão com você quando coincidiu de escuchar bobagens. Eu caí nas fantasias de um mundo louco que é a mídia. Eu era apenas uma reconhecida atriz de teatro e estar no meio de celebridades era um mundo diferente. Mas eu precisava da grana. Precisava que me sentisse bem financeiramente, que você se orgulhasse de mim. Porém, o novo fez a minha confiança em você ficar abalada.

 

    - Que merd*, Isabel! Que merd*! Por que você não perguntou de uma vez se eu estava te traindo? Eu até entendo que as conversas foram estranhas, mas eu era a sua mulher. Eu, Helena, sua Helena, a cariño, a mesma que insistiu para sair com você há dezessete anos, que casou e declarou o amor diante da família e amigos.

 

    Meu peito apertou, meus músculos se contorceram em uma tensão acumulada. A espanhola se desesperava com as minhas últimas palavras em um choro silencioso. Não aguentei, escondi o meu rosto com minhas mãos para chorar.

 

    - Desculpa... - disse tocando as minhas mãos.

 

    Quando vi que ela continuaria me tocando, retirei com força e recusei sua tentativa de proximidade. Estourei:

 

    - COMO VOCÊ PERMITIA QUE EU TE ABRAÇASSE TODAS AS NOITES DEPOIS DE TER SUSPOSTAMENTE TE TRAÍDO? O QUE ACONTECEU COM VOCÊ, PORRA?

 

    - PORQUE EU TINHA MEDO DE TE PERDER!

 

    Nossos peitos subiam e desciam na mesma sintonia. Nos encarávamos respirando pela boca. Os nervos à flor da pele diante de um embate acalorado, com direito a gritos sem buscar ofensas. Uma queria ser escutada pela outra. Mas era um momento de analisar sua frase, para isso me acalmei para continuar:

 

    - Você nunca teve perto de me perder, Isabel. Nunca. O que se passou na sua cabeça? Por que não esclareceu tudo desde o início?

 

    - Por medo, Helena. Eu queria saber a verdade ao mesmo que tempo não me importava se você estava me chifrando ou não. O importante para mim era você estar comigo. Eu imaginava a minha vida sem você e era o pior dos cenários. Eu tinha medo de você acabar confessando que me traiu e depois ir embora.

 

    - Mas como viver na merd*, nos machucarmos tanto, poderia ser melhor do que encarar a verdade?

 

    - Já te disse, eu te amo. O amor faz a gente cometer essas bobagens. É lindo enquanto pulsa para o bem. Mas esquecemos que ele é sentimento. É doloroso e irracional quando misturado ao medo. Tinha esperança de ser apenas uma fase, de conseguir te perdoar sem precisar te perder por completo. Eu só fui embora porque cheguei no limite.

 

    Balancei a cabeça negativamente.

 

    - Não - bufei indignada. - Você foi embora porque eu, mesmo sem perceber, te expulsei ao ser irracional. Eu também tinha medo de te perder, Isa. Minha reação para te reconquistar foi te provocar. Era na cara dura. Quanto mais eu fazia, mais te afastava. Eu dei o tiro de misericórdia. Se você começou, eu terminei. Eu também sou culpada.

 

    - Nosotros ya... - parou, preferiu controlar-se primeiro para falar. - Nós já chegamos à conclusão de que nos destruímos naquela conversa, Helena.

 

    Por mais que o desabafo foi preciso, entendi o que a espanhola quis dizer com isso. Nada mudará o passado. Explicações feitas, cada uma com sua culpa, suas dores. É preciso seguir em frente.   

 

    - Eu fui à praia e disse ao mar que te perdoava. Eu te perdoei algumas horas assim como te procurei te entender no dia seguinte que você saiu de casa. Mesmo longe uma da outra, nós nos amamos e perdoamos uma à outra em silêncio. Você já se perdoou?

 

    - Como vou me perdoar se tudo o que fiz foi te ferir?

 

    - Não veio em busca de perdão, Isa? Quer uma chance apenas por medo de me perder de novo? Você já fez um caminho que não esperava, voltou e disse que me amava. Mas eu preciso de muito mais do que isso para ajeitar o meu coração na sua nova chegada.

 

    As mãos da Isabel tremiam. Eu peguei nelas, tentei transmitir calma. A mais alta deu um passo na minha direção, soltou-se de mim, colocou cada uma das mãos na minha cabeça e puxou o meu rosto para mais perto. Tão próximo que vi detalhes de suas íris.

 

    - Entiendo o que quer dizer quando pergunta se me perdoei, mas eu não consigo. Eu preciso do seu perdão.

 

    - Mas eu já disse que te perdoei.

 

    - Sem o meu pedido? No, Lena. No podemos hacer isso.

 

    - Quer pedir perdão pelo o quê?

 

    - Perdão por te me calado. Perdão por ter desconfiado. Perdão por ter inventado. Perdão por te ofender. Perdão por te chamar de puta. Perdão por te fazer sofrer. Perdão por fazer as pessoas duvidarem de você. Perdão por ter tentando afastar a nossa filha de você. Perdão por usar palavras rudes. Perdão por ir para cama com você e nas horas seguintes ainda me questionar sobre o seu caráter. Perdão por não entender a sua proteção comigo. Perdão por ser orgulhosa. Perdão se não demonstrei que te amava o suficiente. Perdão por falhar contigo, por duvidar do seu amor e por errar tanto, tanto, tanto, tanto. Acha que ainda consegue me perdoar?

 

    Eu não sabia que precisava escutá-la pedir perdão. Tinha a perdoa e entendido as suas atitudes. Mas é diferente ouvir e olhar em seus olhos. É o que me preenche neste momento.

 

    Tomei a mesma atitude que a atriz, mas puxei ainda mais o seu rosto com as minhas mãos. Encostei as nossas testas.

 

    - Consigo. Eu consigo te perdoar... mas e você? Pode me perdoar pelos meus erros? Perdão por ter mentido. Perdão por não ter prestado atenção em você. Perdão por ouvir outras pessoas ao invés de você. Perdão por duvidar do seu amor. Perdão por invadir a sua privacidade. Perdão por te ferir. Perdão por não cuidar de ti. Perdão por ter te colocado em situações constrangedoras. Perdão por te fazer ficar comigo e não ter tido a sensibilidade de chegar ao seu coração primeiro. Perdão, perdão, perdão, perdão.

 

    - Sí. Tudo o que fez está perdoado.

 

    Fechei os meus olhos, deixei que os nossos narizes se encostassem. Isabel jogou sua cabeça de um lado para o outro. Beijo de esquimó.

 

    - O que você está sentido? - Perguntei.

 

    - Alívio. Felicidade. Leveza. Apenas sentimentos bons.

 

    - Eu estou tão feliz por você ter conseguido colocar o seus sentimentos para fora.

 

    - Não mais que eu por finalmente conseguir esclarecer os meus sentimentos para você. Guardei tanto para nada.

 

    Abri os meus olhos e só então notei que ela também tinha fechado os seus.

 

    - Isa - a chamei, ela abriu seus olhos. - Se eu te der uma chance, o que vai mudar?

 

    - Eu ainda vou falhar, Helena. Uma hora você ainda poderá olhar para mim e sentir raiva. Em uma discussão por bobagem, pode jogar tudo na minha cara. Nada vai voltar a ser como antes. Isso tudo pode ser evitado se estivermos dispostas ao compromisso de evoluir. Eu sei que posso te fazer feliz. Eu quero te fazer feliz. Quero lutar por você até o fim. Eu te amo tanto. Admiro-te.

 

    - É bom te ouvir falando isso. Não esperava uma promessa de futuro feliz. Isso mostra o que já evoluímos. E se a gente se prometer nunca jogar essa história uma na cara da outra? Nos perdoamos.

 

    - Mas nunca esqueceremos. Vamos carregar isso pelo resto de nossas vidas. Tomara que isso nunca aconteça, mas se acontecer, devemos compreender e conversar, conversar, conversar. Con-ver-sar.

 

    Acariciei a pele do seu rosto com o meu polegar.

 

    - E colocar o que se sente para fora, sempre.

 

    - Siempre. Prometo.

 

    Sorrimos uma para outra. Não vi a sua boca, apenas sabemos, pois, nossos olhos emocionados faziam o gesto.

 

    - Te quiero, Helena. Te quiero mucho, cariño. Te amo e te amarei até que a morte nos separe.

 

   - Talvez seja isso o que temos de bom. Separadas, mas ligadas. Perdidas, mas com o coração entrelaçados. Temos tudo para seguirmos o mesmo caminho e nos dar uma chance, porque no fundo nos recusamos a desistir uma da outra. Eu também te amo, Isabel.

 

    Procuramos juntas pela boca uma da outra. Entregues ao doce saber uma da outra. Lábios conhecidos que ainda se encaixam de maneira única, como uma peça de quebra-cabeças que tem o seu lugar e só se completa ali.

 

    A diferença dos últimos beijos que trocamos, é que agora, ao diminuir o ritmo, ao desencostarmos nossas línguas, separarmos os lábios e nos olharmos, eu sei o que vai acontecer. Acabou o medo de vê-la fugir. Acabou o receio do que pode acontecer. Acabaram-se as dúvidas. Não me perguntei se ela me ama. Ela vai ficar, ela é minha.

 

    - Não chora, Isa - pedi tentando controlar as minhas lágrimas.

 

    - Eu estou chorando de felicidade, cariño.

 

    Nos abraçamos emocionadas. Permitimos transbordar.

 

    - Eu te amo, Helena. Te amo desde a primeira vez que esbarrei no seu corpo, senti o seu perfume e olhei em seus olhos - disse no meu ouvido.

 

    - Eu também te amo, meu amor. Você é o amor da minha vida.

 

    Nos apertamos tanto que posso jurar que vamos entrar uma na outra e nossos corpos vão virar um só.

 

    - Se o mundo acabasse ahora, eu poderia dizer que sou a mulher mais feliz do planeta.

 

    - Não diga isso, o mundo não pode acabar antes de ser amada por você.

 

    Beijei os seus lábios com delicadeza.

 

    - Eu preciso de você, Isabel, na nossa cama - dei um selinho.

 

    A espanhola tomou os meus lábios com urgência e juntou os nossos corpos puxando-me pela cintura. Suas mãos apertaram os meus quadris. Eu comecei a andar para trás na direção da casa enquanto explorava a sua boca. Próximo, separei-me dela, virei de frente para a porta e peguei os seus braços os passando pela minha barriga.

 

    Isabel me abraçou por trás e beijou o meu pescoço enquanto me acompanhava abrir a porta e entrar.

 

    A luz está apagada, sinal de que Giovanna e Nina já foram para o quarto.

 

    Continuei o caminho, parei no primeiro degrau. Gemi e institivamente fechei os olhos com um beijo mais intenso no pescoço.

 

    - Se você continuar, não vou conseguir subir as escadas.

 

    - Você está cheirosa, cariño - disse dando um beijo no meu rosto com carinho.

 

    Abri os olhos e virei o meu rosto para beijá-la. Acompanhei a sua pupila dilatada e sua respiração pesada. Amor.

 

    Subimos as escadas com sorrisos nos rostos. Explosão de felicidade até chegar na porta do meu... nosso quarto. O quarto que foi nosso e que em breve voltará a ser de novo.

 

    Entramos ainda abraçadas. Virei para a Isabel apenas para fechar a porta atrás de si. Joguei o seu corpo contra a porta e tranquei com chave. Coloquei a minha mão direita na sua nuca e dessa vez ela que começou a caminhar me levando até a cama.

 

    Caímos juntas, nossos corpos não conseguem se separar. Nos encaramos em silêncio, aproveitamos a nossa pele se tocando. Isabel com os seus dedos contornou o meu rosto.

 

    - Te amo tanto, Helena.

 

    Eu sabia, eu sinto, eu também a amo.

 

    Mais um beijo cheio de significado. Sem pressa, mas com desejo. A mais nova levantou-se um pouco e começou a distribuir beijos pelo meu pescoço, descendo para o meu colo e deixando um mais demorado na direção no meu coração.

 

    Saiu de cima de mim, reclamei a falta do seu calor. Esperei por sua próxima atitude. Isa levantou um dos meus pés e beijou retirando o meu salto em seguida. Fez a mesma coisa com o outro, sem retirar os seus olhos do meu.

 

    Levantei-me quando ela retirou os seus sapatos. De frente para a mais alta, ergui a sua blusinha de alcinha e a fiz retirar junto com o top. Colei as nossas bocas enquanto removia o seu cinto. Em seguida, abri a sua calça jeans e ela ajudou a deixar cair aos seus pés.

 

    Isabel desamarrou o laço que prendia o meu vestido no pescoço. Deixei que o vestido um pouco solto deslizasse sobre o meu corpo e revelasse a minha nudez para ela. Entregues não pela última vez, não com dúvidas, não apenas pelo desejo.

 

    A única peça que ainda restava era a calcinha. Ao nos depararmos com isso, tratamos logo de nós mesmas retirá-las.

 

    Voltei a deitar-me na cama, a espanhola me acompanhou. Parou para me olhar por completa. Seu peito subia e descia, o seu desejo saía pelos poros de sua pele quente. Tremendo, suas mãos percorreram os meus seios e barriga.

 

    - O que foi? Está tudo bem? - Perguntei preocupada.

 

    - ¿Pensarás que soy una idiota si te digo que estoy nerviosa?

 

    - Mas por que você está nerviosa, meu amor? - Passei a mão no seu rosto para tranquilizada.

 

    - Porque estou me sentindo aquela Isabel que te amou pela primeira vez. Talvez seja a primeira vez, depois de tudo que nos aconteceu, que te amarei sem mágoa, sem dúvida e com amor acima do desejo.

 

    - Então, nesse caso, somos duas idiotas. Meu coração não se acelerou assim das outras vezes. Estou ansiosa pelos seus toques, para te amar e me sentindo também a mesma Helena de antes. Estamos nos reconectando.

 

    - Estamos - concordou.

 

    Isabel me beijou, nossos corações ficaram um batendo forte para o outro. No mesmo ritmo, na mesma sintonia de nossas línguas.

 

    Seus lábios quentes deixaram a minha boca e desceram até os meus seios. Beijando um e apertando o outro. Na troca, gemi seu nome quando tocou com a língua a auréola.

 

    - Amor...

 

    Ela entendeu que outro local a queria. Em uma quase tortura, beijou-me até o umbigo.

 

    - Já disse que amo as suas pintas, cariño?

 

    Não consegui responder. Isa continuou descendo e não consegui raciocinar quando seus lábios tocaram a minha virilha. Minha excitação pulsante aumentou quando sua língua tocou minha intimidade após ch*par o local.

 

    Empenhada no meu prazer, meu amor passou a fazer movimentos ágeis. Rápidos, carinhosos, prazerosos. Para o meu delírio, introduziu-me dois dedos. Pedi por mais prazer. Ela atendeu fazendo um ritmo perfeito em suas estocadas e ch*padas.

 

    - Puta... que... pariu... eu vou... vou... ahhhh...

 

    A intensidade do gozo veio do amor. Sim, o desejo, a excitação, a busca pelo prazer foram importantes. Mas o carinho, a entrega e o momento fizeram com que a chegada do meu orgasmo fosse um dos melhores que tive na vida.

 

    Olhei para a Isabel que chegava ao meu lado. Sorrimos, ela sabia o que estávamos sentindo.

 

    Ansiosa pelo seu gosto, não me dei o direito de recuperação. Minha mão encaixou-se em seu seio farto. Mordi o seu bico de leve, beijei o local. Deixava me guiar pelo gemidos.

 

    Intensifiquei os ch*pões quando a atriz pediu por mais na atitude de levar a minha cabeça ao encontro do seu seio esquerdo.

 

    Sua respiração pesada me indicou a hora de buscar seu prazer. Entendi o seu nervosismo quando ia descendo pela sua barriga. É uma ansiedade gostosa, um reconhecimento, a redescoberta do nosso amor.

 

    Coloquei os meus dedos em sua intimidade, Isabel gem*u e seu corpo trepidou de leve. Olhei em seus olhos, passei a língua pelos lábios e mordi meu lábio inferior. Pronta para mim.

 

    Beijei sua intimidade, deixei minha língua deslizar por toda sua intimidade. Explorei cada canto. Apertei a sua bunda, trazendo para mim. Senti ela rebol*r os quadris dando o ritmo mais rápido.

 

    Meus dedos entraram com facilidade. Senti a sua excitação aumentar conforme entrava e saía. Seu orgasmos aproximou-se quando parou de rebol*r. Apenas segui com o ritmo acelerado até escutar seu gemido alto e suas paredes apertarem os seus dedos.

 

    Beijei suas coxas grossas. Subi até sua boca deixando os meus lábios ficarem encostando em sua pele macia. Beijei seus lábios e fui correspondida com carinho.

 

    Faltaram palavras, sobraram sorrisos e emoção. Eu me perdia em seus olhos castanhos claros.

 

    - Diferente, não?!

 

    - Intenso, Helena. Hacer el amor contigo es llegar al cielo sin morir.

 

    Sorri largo, beijei seu queixo.

 

    - Te amo, minha espanhola deliciosa.

 

    - E essa espanhola deliciosa ama a deusa Helena Carvalho.

 

    Achei graça da sua fala e gargalhamos juntas como duas bobas.

 

    - Acho que esse é o melhor aniversário da minha vida.

 

    - Puta mierda, cariño... e a sua festa no restaurante do Maurício? Todos devem estar te esperando.

 

    Isabel fez menção de se levantar, mas a impedi.

 

    - Depois me explicarei com o pessoal. Essa noite é nossa, dessa cama eu não saio. Não te largo.

 

    Deitei a minha cabeça entre seus seios nus. Isabel começou a fazer carinho em meus cabelos. Tranquilidade, paz, felicidade nos braços de quem amo.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 30 - Expectativas nos definirá:
patty-321
patty-321

Em: 25/02/2021

Muito linda a reconciliação.

Responder

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Lujan
Lujan

Em: 22/02/2021

Que bom que elas se entenderam, admirando seu trabalho minha querida

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Luciana Sousa
Luciana Sousa

Em: 19/01/2021

Muito maravilhoso!!!

Quanta riqueza de emoções!

Parabéns!


Resposta do autor:

Obrigada! Fico feliz por gostar :).

 

abs.

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Rain
Rain

Em: 18/01/2021

Eu amei o outro capítulo, mas esse.... Ah, esse foi o ápice de amor! Finalmente, finalmente merda! Eu chorei mas, dessa vez foi de emoção e felicidade. Que momento lindo delas colocando tudo para fora com lágrimas e berros, que momento lindo delas se perdoando, que momento...que momento maravilhoso dessa entrega de amor... Ai eu me emocionei muito! Kkk obrigada, autora.

Mas acho que  a Nat deveria se declarar logo para Elisa para ver se a loira esquece a Isabel e perceber que provavelmente o amor dela sempre esteve ali dando bola... Seria tão bom. 

Quando li "as fiz se aproximarem ainda mais quando pedia para a loira conversar na tentativa de descobrir o porquê da separação." Só pensei " Ooo Helena por quê? Se tu não tivesse aproximado as duas aquilo não teria acontecido...... Provavelmente. " kkkkk

Ooo, autora prolonga esses momentos de felicidade por favor. Não me traga mais uma guira ( Kátia) para atrapalhar essa felicidade não. Eu vou desejar de coração que na hora que a Isa conta sobre a Elisa não seja mais um momento doloroso.... Bem, isso vai ser kkkk mas, que não separe elas novamente... Tomará.

Se não fosse o caso da Elisa não iriamos ver o arco de recuperação do casamento delas.... Ooo, dó.

Bye!

 


Resposta do autor:

Senti a sua emoção daqui! Eu que te agradeço hahahaha. Tão bom saber que finalmente o choro é de felicidade.

Olha, esse negócio aí da Nat é uma boa sugestão, mas... infelizmente não é isso. Tem uma já guardada para ela ser feliz. Nem a Natália engoliria fácil a Elisa ter ido para a cama com a Isabel.

Pensou certinho hahahahahaha. Maldade.

Querem muito essas felicidades, depende delas né... Porém, Kátia não vai atrapalhar em nada.

 

Abs!

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GabiVasco
GabiVasco

Em: 17/01/2021

Autora, vou me apegar nesse aqui porque a Isa ainda não contou sobre a Elisa, pelo menos sei que elas ainda se amam de verdade. Prolonga a felicidade delas por favor.


Resposta do autor:

Que trauma é esse, Gabi? Hehehehe.

Vou pensar, a estória precisa andar, sabe?!

 

Abs.

Responder

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Mille
Mille

Em: 16/01/2021

Ufa

Depois de tantos sofrimento da Helena dando patada na Isa, e espanhola não desistiu do amor da vida dela. Espero que o futuro o diálogo maior.

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Finalmente, não é?! Hahahaha

Vão dialogando e se ajustando aos poucos.

 

Beijos! Inté.

Responder

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EliandraFortes
EliandraFortes

Em: 15/01/2021

Amei. Finalmente as duas se entregaram ao amor que sentem....


Resposta do autor:

Sim, finalmente se permitiram.

 

Abs.

Responder

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 15/01/2021

Mas geeente, ate que enfim essas duas realmente conversaram de forma honesta. Queria matar a Helena pocotó depois da patada final no outro capítulo, mas ainda bem que Isabel pensou pelas duas, ouviu os meninos e depois voltou da porta. Agora acho que vai...em frente, não sem antes algum stress quando Helena souber da amiga da onça que tem (sim, impliquei de forma irreversível rsrs). Vamos ver se  reagem a esssa crise de forma mais madura. 

Ah, gostei tanto, tanto do capítulo Your Song! Amo essa musica e a maneira como você descreveu a gravidez e o parto foi de uma sensibilidade e beleza...parabéns! Fiquei tão emocionada que deixei para comentar depois e me passei, mas antes tarde do que nunca ;)

Otimo final de semana, bj!


Resposta do autor:

Ah, a Helena só estava assustada e receosa hehehehe.

Não tem como não implicarz Leticia hahahaha. Pois sim, vamos ver a reação, não posso adiantar nada :(.

 

Obrigada pelas palavras, fico muito feliz que tenha gostado :D.

 

Ótimo restinho de semana e fds para você! Beijo.

Responder

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bicaf
bicaf

Em: 15/01/2021

Finalmente. Estava a ver que essa hora não chegava nunca mais. 

Beijo????


Resposta do autor:

Ufa, chegou! Hahahaha

 

Beijo!

Responder

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EliandraFortes
EliandraFortes

Em: 14/01/2021

Uhu!!! Soltei fogos aqui. Amei a conversa tensa, após a volta emocionante da Isabel à porta. Diálogo franco, carregado de tensão,  ansiedade e amor. Obrigada autora 


Resposta do autor:

Aeeee! Fico contente por ter ficado feliz por elas :).

Por nada! Obrigada você por ler.

 

Abs.

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Baiana
Baiana

Em: 13/01/2021

Confesso que odiei a Helena no capítulo anterior,mas ela com essa bipolaridade também!

O importante é que elas se resolveram,colocaram tudo em pratos limpos,sem meias palavras,sem deixar para depois.

Todo amor é infinito,se acabou,não era amor. E o delas,apesar de todos os desencontros,estava ali,escondido no meio das mágoas,mas vivo.

Tudo está maravilhoso,mas e quando a Isabel vai falar da noite que passou com a Elisa? Seria esse mais um desgaste na recente reconciliação?


Resposta do autor:

Bipolaridade não... defesa hahahahaha.

Sim! Concordo. Apesar de tudo, sempre houve amor.

 

Pois é, talvez seja sim um desgaste. Depende de como tudo ocorrerá.

 

Abs!!!

Responder

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