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Meus pedaços por Bastiat

Ver comentários: 6

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Palavras: 5385
Acessos: 2589   |  Postado em: 20/01/2021

Feliz...?

Isabel

 

    Reflexo de uma noite perfeita: o brilho nos olhos, o sorriso que não se desfaz, a pele que parece rejuvenescida e meu coração batendo calmo. Há quanto tempo eu me olhava no espelho e via apenas dor? Sentia apenas dor. Quantas vezes o único brilho eram as lágrimas que não me permitiam ver claramente? Recordo-me das perguntas que saiam pela minha boca, a procura inútil dos porquês que deixavam a minha pele dura pelos meus músculos contraídos. Mais de um ano e meio me torturando ao ver meu próprio reflexo.

 

    Hoje não. É tempo de recomeço, resgatar o amor adormecido, vibrar pela emoção de ter mais uma chance de ser feliz. Eu estou feliz. Contente com o bom dia que recebi do meu amor. Resplandecente por ter feito um belo 69 matinal. Radiante por ter a minha mulher de volta, ocupar o meu lugar ao seu lado e permitir que ela volte ao meu coração. Viva.

 

    Helena, minha doce amável paulistana. Atriz famosa e piadista que não sabe contar uma piada direito. Receptora dos meus melhores sorrisos. Mulher que passa boa parte do dia ocupando os meus pensamentos. Já me fez estar no inferno, mas que me trouxe de volta ao céu.

 

    Acordei sentindo-me a mulher mais sortuda do planeta. Depois de um dia tão incerto, vários momentos em que me questionei se seria certo ainda estar presente na vida dela. Cheguei a colocar o pé na rua imaginando que nunca mais eu a teria. Ainda bem que eu voltei. Foi a hora certa. Não gosto nem de pensar o que seria do meu dia hoje senão tivesse tomado a atitude de me declarar. Helena deu os sinais, eu enxerguei. Queria ter enxergado muito antes.

 

    Senti braços magros me abraçando por trás. Um beijo demorado nas minhas costas, um aperto maior no meu corpo e uma risada curta. Nossos olhos se cruzaram quando olhou para o lado e seu reflexo apareceu no espelho.

 

    - Acho que demoramos demais no banheiro, daqui a pouco a Gi bate na porta – disse.

 

    - Culpa sua, cariño.

 

    Helena fez um pouco de cócegas em mim e eu curvei meu corpo para frente.

 

    - Minha? Quem foi que ficou me provocando? Ficou falando safadezas em espanhol no meu ouvido...

 

    - Você ficou empinando sua bunda, Helena! Depués de rodillas... ¿Quién puede resistir?

 

    - A inocente Isabel que caiu na tentação da perigosa Heleninha – ironizou.

 

    Gargalhei junto com a minha mulher. A apresentadora e eu sempre tivemos esses momentos leves. Era parte da nossa rotina conversar bobagens, fazer provocações, mas também falar sério.

 

    Viajei em seus olhos enquanto meu rosto se tornava sério. Eu tenho que começar a lidar melhor com os momentos não tão legais que tivemos.

 

    - Hum... que mulher pensativa – Lena notou.

 

    Sorri para ela pensando quantas vezes sai da frente do espelho sozinha com meus questionamentos. Agora eu tenho o seu apoio, a sua companhia.

 

    - Pensando em como eu perdi tempo com um dos motivos da minha felicidade longe de mim por tanto tempo.

 

    Ganhei um olhar compreensivo da mais velha. Passei a fazer carinho nos seus cabelos, ainda nos olhando apenas pelo espelho.

 

    - Você se sente pronta para enfrentar o mundo lá fora?

 

    Engoli seco.

 

    - Por quê? – Perguntei receosa.

 

    - Por que o quê? Eu perguntei se está tudo bem de assumirmos que estamos juntas. A última vez você quis um tempo.

 

    Respirei aliviada. Só então eu notei a nossa insegurança. Precisamos realmente nos ajustar novamente e conversar.

 

    Dei a volta nos seus braços e fiquei de frente para ela.

 

    - Eu estou aqui, cariño. Quero voltar com você, quero uma chance. O que tivemos nessa cama foi lindo, mas para mim é muito mais do que isso.

 

    Helena suspirou aliviada e seus olhos se fecharam pelo sorriso largo.

 

    - Que susto, Isa. Por um momento, pensei que você pediria para refletir sobre uma volta definitiva ou até que se arrependeu.

 

    - Yo sé, compreendo. Sei o quanto fugi, o quanto fui tonta por não ter nos dado uma boa conversar. Quando você perguntou se eu me sinto pronta, pensei que em seguida eu falaria que sim e você que não.

 

    - Estar com você é tudo o que eu mais quero, amor.

 

    - Eu também, cariño. Eu estava justamente pensando en eso me olhando no espelho. Relembrando a nossa noite, pensando no quanto sou sortuda por você ter me perdoado. É bom te ter nos meus braços novamente.

 

    - É bom recomeçar – disse colocando as mãos na minha cintura. – Quero dormir e acordar com você todos os dias, inclusive hoje, amanhã, depois e depois.

 

    - Só tenho essa roupa extra que deixei na última vez que dormi aqui. Nesse caso, vou ter que passar em casa para pegar algumas mais.

 

    - Traz todas – Helena disse séria. – Não se esqueça de trazer as da Giovanna também. Melhor, vamos buscar as coisas mais tarde.

 

    Meu coração se aqueceu ao imaginar a minhas duas preciosidades juntas ao meu lado. Voltar para casa. Porém, tudo muito rápido pode ser perigoso.

 

    - Não se ofenda, mas você não acha cedo demais? Ainda temos que conversar tantas cosas, cariño.

 

    - Isa, nós já passamos da fase de nos conhecermos. Já namoramos, noivamos praticamente morando juntas e nos casamos. Não tem por que retroceder, nem é legal ficar de namorinho, não é?! Não faz sentindo para a nossa filha ver as mães dela juntas e viver em casas diferentes. Nem quero ficar passando pelo sufoco de ser descoberta. Foi excitante, mas chega.

 

    - Gi sabia que estávamos juntas – disse segurando o riso.

 

    - O quê? Não tem como, Isabel. Eu chegava ou você vinha muito tarde e saíamos antes de ela acordar.

 

    - Aparentemente, a Gi nos ouviu conversando um dia e después fingia que ia dormir, mas ficava acordada até uma de nós chegarmos.

 

    - Amor... essa menina só tem 6 anos – deu risada.

 

    - Ela achou que estávamos namorando de novo. Bien, acho que não vamos conseguir fingir. Provavelmente ela já sabe que dormimos juntas.

 

    - Isso quer dizer que você vai trazer as suas coisas para cá?

 

    Ponderei a reiteração do seu pedido. É difícil resistir ao amor e à felicidade.

 

    - Hoje o essencial, depois eu faço a mudança. Não quero nunca mais me separar de você e da Giovanna.

 

    Beijei os lábios da baixinha que me correspondeu com carinho.

 

    - Ótima decisão, Casañas. Vai ser até melhor para ter as nossas conversas, seja lá o que ainda queira conversar. Tem alguma coisa que queira me perguntar agora?

 

    Preciso esclarecer a ligação que ainda não saiu da minha cabeça. Porém, batidas na porta me interrompeu:

 

    - Mamá, tengo hambre! – Giovanna disse do lado de fora.

 

    Em seguida, Nina disse algo sobre ela mesma fazer o café da manhã delas e a pequena bateu o pé dizendo que queria a vitamina que eu faço.

 

    - Eu disse que a nossa filha logo bateria na porta – Helena disse já se soltando de mim.

 

    - E ainda sabe que eu dormi aqui.

 

    - Só falta saber que vai voltar a morar – sorriu largo. - Ela vai ficar tão feliz.

 

    Dessa vez, eu a abracei por trás. Juntas saímos do quarto enquanto planejava uma conversa para mais tarde com a Giovanna.

 

    Quando chegamos na sala, Helena viu seu celular jogado no sofá e foi até o objeto.

 

    - Como imaginei, descarregou. Vou colocar para carregar no quarto rapidinho.

 

    - Depois você coloca, cariño. Vamos tomar o nosso desayuno.

 

    - Eu já volto, amor. É o tempo de colocar no carregador e já apareço na cozinha -  falou já saindo.

 

    Sem olhar para trás, a paulistana subiu as escadas.

 

    “Eu também amei o final de semana maravilhoso que passamos. Foi tão bom e importante te reencontrar. Como já disse, você mudou os meus dias.”

 

    Caminhei até a cozinha com suas palavras em meus ouvidos. Não me preocupo porque sei que a Lena jamais dormiria comigo se estivesse com alguém, muito menos faria planos. Mas subir sozinha com a desculpa de fazer a ligação não me desce.

 

    - Buenos días, hija. Buenos días, Nina – entrei sorrindo.

 

    Deixei de lado a questão que surgiu e voltei a me concentrar na felicidade que estou sentindo.

 

    - Bom dia, Isabel – Nina me cumprimentou de volta.

 

    - Buenos días, mamá. Donde estas mamãe?

 

    - Está viniendo, mi amor – falei deixando o beijo na sua bochecha. - ¿Quién quiere panqueques?

 

    - Eu, eu, eu, eu!!! – Giovanna se empolgou.

 

    A mesma organização de antes me facilitou para achar os ingredientes. Preparo primeiro a vitamina, sirvo as duas e começo a preparar a massa panquecas. Quando pronta, comecei a calda de chocolate que a Gi adora. Enquanto isso, não pude deixar de notar a demora da minha mulher.

 

    Dispersei os pensamentos colocando a massa na frigideira e começando as primeiras. Foi o tempo de terminar e o meu amor aparecer na cozinha.

 

    Feliz, a vi beijar a nossa filha e cumprimentar a Nina.

 

    Sorri para ela quando os nossos olhos se cruzaram na mesa e servi Giovanna que já foi colocando uma quantidade exagerada de chocolate.

 

    - Gi, mi amor, no! Não pode colocar tudo isso. Já te expliquei que tudo demais faz mal. Sí?!

 

    - A mamãe deixa – respondeu dando de ombros.

 

    - Helena? – Indignei-me.

 

    - Giovanna? – Ela bronqueou com a filha.

 

    O silêncio foi quebrado pela risada da Nina. Nem eu e nem a apresentadora nos seguramos e acabamos a acompanhando no riso.

 

    - Depués conversamos sobre isso, viu Helena Carvalho?

 

    - Muito bem, Giovanna. Vou tomar bronca porque fui uma mãe legal – brincou Heleninha.

 

    Para tentar me dobrar, minha mulher me abraçou e beijou-me quando voltei para a bancada.

 

    - Tem ricota, cariño? No achei.

 

    - Não, mas foi bom ter lembrado, preciso mesmo comprar.

 

    Ainda abraçada à Helena, dirigi-me à baba:

 

    - Vou ficar te devendo o meu pão tostado com ricota hoje.

 

    - Não tem problema, Isabel. Eu como as panquecas com a Gi.

 

    - Eu vi que tem morangos, vou preparar uma calda para você, sei que não gosta tanto de chocolate – sugeri à Nina.

 

    - Não precisa, tem mel, eu gosto também.

 

    Sorrindo, a menina-mulher agradeceu e se serviu das panquecas.

 

    - Você ainda lembra de como eu gosto do meu café da manhã ou só o da Nina? Costuma ficar preparando o café da manhã para ela?

 

    O tom duro, as sobrancelhas franzidas e o aperto na minha cintura, só podem ter um nome: ciúme.

 

    Disfarçando, falei em seu ouvido:

 

    - Não seja boba, Helena. Sentir ciúmes da Nina é incompreensível. Ela é praticamente uma criança.

 

    - Ovos mexidos cremoso, Isabel – disse ignorando a minha fala. – Pode deixar que eu mesma preparo, estou morrendo de fome.

 

    A mais velha tentou sair do abraço, mas insisti e continuei com ela em meus braços:

 

    - Nina precisou dormir algumas vezes como hoje. Além disso, acabou se tornando a minha amiga como tenho certeza de que é sua.

 

    Deixei um beijo nos seus cabelos e sussurrei ‘eu te amo’ olhando em seus olhos.

 

    - Saindo ovos mexidos cremoso para a mulher mais linda, incrível e inteligente que já vi na minha vida.

 

    Helena sentou-se na mesa e em seu rosto já estava estampado o quanto estava arrependida da cena que fez.

 

A babá pareceu não ter dado importância, Giovanna ficou alheia ao que aconteceu. Comecei a preparar os ovos com a praticidade de anos de cozinha e em cinco minutos já os colocava em frente à atriz.

 

    - Prontinho, esfomeada. Fiz com todo amor e carinho.

 

    - Obrigada, meu amor – disse dando a primeira garfada. – Hum... estão deliciosos. Como é bom ter você cozinhando de volta nesta casa.

 

    - É bom estar de volta, cariño.

 

    - É bom ver as duas felizes – Nina comentou.

 

    - Boa mesmo está essa panqueca. Mamá, faz mais? Estou em fase de crescimento.

 

    - Mais duas apenas, hija. E termine com sua vitamina, sim?

 

    Voltei para a frigideira e coloquei o resto da massa que tinha sobrado para fazer as panquecas pedidas.

 

    - Bem, eu tenho que ir. Vou aproveitar a minha folga. Tenham um bom dia.

 

    Nina se despediu de nós três e agradeci por cuidar da Gi para que eu e a Heleninha nos acertássemos. A babá ficou feliz por nós duas. No final, ela acabou sendo uma das pessoas que nos ajudaram.

 

    - Mamá agora vai fazer café da manhã para nós todos os dias, mamãe?

 

    Escutei Giovanna perguntar, então olhei para elas depois de desligar o fogo.

 

    - Não... – Helena começou e Gi fez uma carinha triste. – Às vezes eu também vou preparar, sua mamá também merece descansar e ser mimada. Mas, você como uma menina inteligente, já deve ter percebido que eu e a Isa conversamos e resolvemos ficar juntas de novo.

 

    - Ficar juntas tipo casar de novo? – Perguntou olhando para mim.

 

    - Sí, mi amor. Mais tarde nós vamos buscar parte das nossas coisas no apartamento e durante a semana trazemos o resto – expliquei.

 

    - Então eu não vou precisar mais ficar uma semana com a mamá e uma semana com você? – Dessa vez se dirigiu à Helena.

 

    - Agora seremos nós três de novo, juntas. Nada de casas separadas ou mães.

 

    O sorriso largo da Giovanna foi um dos melhores que eu já a vi dar. A menina levantou-se e foi para o colo da sua mamãe. As duas se abraçaram e Helena me chamou com a mão.

 

    Juntei-me a elas em um abraço apertado. Minha família unida novamente.

 

[...]

 

    Respirei fundo quando alcancei o último degrau que dá acesso aos quartos da casa. Já subi duas malas da Giovanna e agora estou levando a minha última.

 

    Cansada, mas não chego a sentir por estar tão feliz. Quem sabe mais tarde eu ganhe uma bela massagem das mãos de fada da Helena.

 

    - Pronto! A última mala – disse ao entrar no quarto.

 

    - Demorou, amor. Pensei que eu mesma teria que ir buscá-la – disse dando sua típica risadinha.

 

    Cerrei os olhos para ela e andei na sua direção.

 

    - Piensas que é fácil subir uma mala pesada, Helena Carvalho? Sorte sua que não terá uma próxima vez, senão eu faria você trazer sozinha mesmo.

 

    Nossos sorrimos aumentaram e eu a puxei para um beijo pela nuca.

 

    “MÃE” ouvimos um chamado alto do quarto da nossa filha. Nos separamos com a Lena prometendo voltar logo.

 

    Peguei a mala já aberta por ela e vi que a maioria já estava no cabide. Caminhei até o closet, algumas peças já ocupavam o meu espaço. Meus sapatos já ajeitados. Não aguentei e deixei que algumas lágrimas caíssem quando meus olhos bateram em uma gaveta.

 

    “Eu gritava de dor. Olhei para o meu frasco de perfume e joguei na parede.

 

    - Por quê? Eu só te amei, carajo! SÓ TE AMEI!

 

    O beijo trocado entre a Helena e Gustavo girava na minha cabeça. Cega de ódio, a primeira coisa que fiz foi arrumar as coisas da Giovanna.

 

    Foram tantos avisos, tantas conversas ouvidas. O que eu precisava mais para deixar essa casa? Cheguei ao meu limite.

 

    - Mas agora acabou. Acabou, Isabel. Aceita que é o fim. No tem mais Helena, no tem mais amor. Acabou.

 

    Peguei mais uma camiseta e coloquei de qualquer de qualquer jeito na mala.

 

    Abri as gavetas, a tirei por completo do local. Joguei minhas roupas íntimas e joguei longe. Notei que rachou no canto...”

 

    Passei a mão na mesma rachadura que ainda continua.

 

    - Depois eu vou trocar a gaveta. Eu só deixei porque quase não abria o seu lado e acabou ficando.

 

    Enxuguei algumas lágrimas que insistiam em cair. Helena passou os braços ao meu redor.

 

    - É uma dolorosa recordação, mas necessária. Foi bom ver e saber que posso conviver com isso. Um pouco do meu choro é de felicidade, não apenas por me lembrar de coisas tristes. É como nós duas, vamos ter cicatrizes, mas tudo está fechado.

 

    - Curado. Tudo isso porque te tenho em meus braços novamente. Isso é o mais importante.

 

    Cheirei os seus cabelos e de mãos dadas voltamos para as malas. Enquanto a Helena colocava as roupas no cabide dispostos na nossa cama, eu levava até o closet para ajeitá-las ao meu gosto.

 

    Demoramos menos tempo do que o esperado. Pendurei um último vestido. Espreguiçando-me, voltei para o quarto.

 

    - Vamos fazer um jantar romântico aqui em casa hoje? – a mais velha perguntou assim que me viu.

 

    - Estou morta, cariño. Não estou a fim de cozinhar. Pode ser você?

 

    - Maurício acabou de me mandar uma mensagem falando que vai mandar comida para gente em comemoração à nossa reconciliação.

 

    Balancei a cabeça em negação, mas segurando a gargalhada.

 

    - Mas você já contou, Helena? Eu pensé em fazer uma surpresa para a gravação da final amanhã. Chegar de mãos dadas com você.

 

    - Ah, desculpa, amor. Eu não sabia. Tive que falar para o Rô porque me perguntaram porque eu não apareci no Comer & Beber ontem. Acabei falando no grupo.

 

    - Nem você acredita nisso, cariño. Contou para quem mais?

 

    - Minhas amigas. Contei também no grupo com elas para todas saberem de uma vez. Natália disse que já só estava esperando a notícia porque eu não apareci ontem e sabia que você estava aqui. Todo mundo já desconfiava.

 

    Sentei-me na cama e Helena se ajeitou no meu colo passando as mãos pelos meus ombros enquanto pousei minha mãos esquerda na sua coxa, acariciei.

 

    - Falei com a Natália ontem, acho que nos acertamos. Pelo menos ela se mostrou arrependida.

 

    - Eu vi de longe, confesso que esperava uma briga, mas respirei aliviada quando ouvi suas risadas.

 

    - Estávamos rindo justamente do fato de você adorar uma fofoca. Natália deu a entender que você contava coisas íntimas.

 

    - Não... isso não. Assim, – ponderou – algumas bobagens, tipo surpresas. Mas nada grave.

 

    - No tem problema, Helena.

 

    Amenizei o clima beijando o seu ombro.

 

    - Você ficou muito chateada por eu ter contado as coisas, não é?

 

    - No vou mentir. Doeu muito, ainda mais por toda circunstância. Entendo a sua necessidade de conversar, mas espero que no aconteça mais isso.

 

    - Não vai, amor. Eu te prometo que tudo o que me pedir segredo, será só entre nós.

 

    - Eu sei, acredito em você.

 

    A baixinha distribuiu vários beijos pelo meu rosto. Fechei os olhos recebendo o seu carinho.

 

    - Isa... desculpa também ter feito a cena com a Nina. Exagerei, não é?!

 

    - Tinha me esquecido como você é ciumenta – disse dando uma risada curta.

 

    - Mas você precisa ser tão atenciosa com todo mundo? – revirou os olhos.

 

    - Exato, corazón – disse séria tomando a sua atenção. - Eu sou assim com todo mundo. Se fosse só com uma mulher, eu até te dava razão, mas você sabe que nunca é o que parece e que me conheceu assim. Eu nunca dei a devida importância, mas sempre me incomodou. Acho que podemos nos ajustar, trabalhar nisso juntas.

 

    - Você é maravilhosa, sabia? Eu vou controlar o meu ciúme. Juntas vamos consertando tudo o que nos fez seguir o caminho da separação.

 

    Concordei olhando em seus olhos. Helena foi tão sincera, eu preciso contar o que me incomoda.

 

    Escondi o meu rosto, toquei o seu braço com a minha testa.

 

    - Já que estamos resolvendo algumas coisas, preciso confessar uma coisa.

 

    - O quê, meu amor? – Perguntou em tom carinhoso.

 

    Respirei fundo e disse:

 

    - Estoy un poco... celosa – falei a última palavra mais baixo que o normal.

 

    - O quê? Não escutei o final, Isa.

 

    - Celosa, cariño.

 

    Ouvi uma risada baixa, Helena passou a mão pelos meus cabelos.

 

    - Meu espanhol é fluente, mas algumas palavras eu esqueço. Celosa? Você é colecionadora de selos?

 

    - Ai, Helena... No ria de mim!

 

    - Fala, Isa. Vai te fazer bem – a atriz aconselhou continuando o cafuné.

 

     - Eu estou com... ciúme. Satisfeita? Eu estou morrendo de ciúme de você.

 

    Levantei a cabeça para encará-la. Lena sorria como se achasse graça de algo. Seu dedo indicador tocou o meu nariz e em seguida seu polegar fez carinho na minha bochecha.

 

    - O que aconteceu? Por que você está com ciúmes?

 

    - Quando estávamos pegando as coisas da Gi, seu celular tocou e vi escrito Kátia. Juro-te que não queria olhar, mas foi sem querer. – Puxei o ar para continuar. – Ontem você estava toda carinhosa com alguém e marcando de se encontrar no bar do Mau. Era essa Kátia? – Nos encaramos, procurei seus olhos uma segurança - Quem é Kátia?

 

    Helena saiu do meu colo, sentou-se ao me lado e abriu a boca para responder, porém outra pessoa respondeu.

 

    - Tia Kátia, mamá. Amiga de anos da mamãe. Ela é muito legal e passou o final de semana com a gente. Ah, e ela mora na praia, disse que eu posso ir à casa dela quando quiser.

 

    Puxei pela memória, mas não veio nenhuma amiga do meu amor com esse nome. Parei de olhá-la quando a Giovanna colocou o Chico no meu colo.

 

    - Mamãe, estou com sono.

 

    - Você ainda não jantou, Gi. Eu vou te preparar um lanche e depois dar banho. Vem.

 

    A paulistana deu a mão para a nossa filha e antes de sair disse para mim:

 

    - Eu já volto, amor. Me espera.

 

    Assenti positivamente para a Helena e mandei um beijo para Giovanna.

 

    - Péssimo sinal, Chico.

 

    Ganhei um beijo do cachorro e passei a fazer carinho em seus pelos macios.

 

[...]

 

    Helena pareceu no alto da escada de banho tomado e com um vestido vermelho bem modelado no seu corpo. Até maquiagem ela fez e está usando os brincos que dei a ela de aniversário.

 

    Não estava com cabeça para colocar a Gi na cama, então dei apenas boa noite, deixando para a apresentadora a tarefa.

 

    Enquanto isso, arrumei a mesa para o jantar que o Maurício mandou. Não fiz feliz, a falta de resposta ainda martela a minha cabeça. Porém, também me arrumei para o jantar com um vestido mais solto preto e coloquei as velas como manda o protocolo.

 

    Tirei a minha mão do Chico que dormia ao meu lado quando ele levantou e olhou para a Helena que descia.

 

    - Pode subir, Chico. A Gi já está dormindo e te esperando.

 

    O cachorro subiu passando pela baixinha que tentava manter um sorriso no rosto.

 

    Chegando perto de mim, não pude deixar de admirá-la.

 

    - Está muy guapa, cariño.

 

    - Você também, amor.

 

    Helena sentou-se ao meu lado e me deu um selinho.

 

    - Kátia foi uma espécie de primeira namoradinha. Não chegamos a ter nada sério, foi a primeira mulher que me interessei ainda na faculdade. Eu já te falei dela.

 

    - Sí, pero no me lembrava do nome dela e também no me disse que vocês mantiveram contato.

 

    - Não mantive, Isa. Encontrei-me com ela por acaso no final de semana passado. Ela sumiu no mapa, foi morar na Europa e nos esbarramos na praia.

 

    - Cierto... e só se reencontraram na amizade?

 

    O rosto já condenava a minha mulher. Mordi o lábio inferior de nervoso.

 

    - Tivemos uma noite sim, não vou te esconder isso. No domingo eu a convidei para almoçar e foi assim que Gi a conheceu.

 

    Engoli à seco a informação. Busquei a calma para continuar a conversa. A verdade é sempre o melhor caminho.

 

    - Mas vocês se envolveram ou só foi uma noite? Para ela ter combinado algo com você...

 

    - Não estou me justificando, Isabel... eu não tinha certeza de nada. Não fazia ideia de que voltaríamos e nem sobre os seus sentimentos. Então, foi sim só uma noite, mas durante a semana trocamos conversas dando a entender que poderíamos sair mais vezes.

 

    - Claro, você estava solteira... – doeu. – Não tenho direito de te cobrar nada. Pero...

 

    - Mas nada. Eu quero ficar com você – disse sorrindo. – Ainda não conversei com a Kátia, mas ela já deve saber por que encontrou com as meninas ontem no bar do Maurício. Porém, eu vou conversar com ela, explicar que não vai acontecer mais nada. Ela vai saber que estou feliz com a mulher que eu amo de verdade.

 

    Não pude deixar de me emocionar. Beijei os seus lábios e desci pelo seu pescoço. Senti o seu perfume que me acalma.

 

    - Está tudo bien, cariño. Eu acredito e confio em você.

 

    - Te amo, Isa. Te amo muito. Você não precisa sentir ciúme da Kátia e nem de ninguém.

 

    - Também te amo, pequeña. Te quiero para siempre.

 

    Pensei na sinceridade que Helena teve agora e pensei em como contar que estive com a Lisa. Não é o momento e preciso conversar com a loira antes.

 

    – Vamos para a nuestra cena? – disse me levantando.

 

    Minha mulher me acompanhou. Olhei para o meu amor, seus olhos brilharam ao notar a mesa toda arrumada.

 

    - E essa rosa? – disse apontando para o lado seu prato.

 

    - Roubei da sua roseira. Tudo bien?

 

    - Tudo ótimo. Eu adorei.

 

    - Prometo que compro um buquê bem grande para você depois.

 

    - Casañas mandando flores? Isso é novidade.

 

    - Precisamos de mudanças. O que foi bom a gente continua e o que faltou a gente melhora. No é isso, Helena?

 

    - É isso, amor da minha vida – respondeu colocando uma mecha do meu cabelo solto atrás da minha orelha. – Precisamos viajar, uma lua de mel. Amanhã vai ser a final e nosso compromisso com a emissora só volta aqui dois meses. Posso usar a semana para deixar tudo pronto para minha ausência dos compromissos e você pode deixar um pouco o Arte. Vamos na segunda que vem? Acha que consegue?

 

    - Com certeza. É o que eu mais desejo.

 

    A atriz me abraçou e beijou-me. Um beijo quente, gostoso, único.

 

    - Dança comigo? – Perguntou deixando os meus lábios e pegando seu celular.

 

    - Como? O quê? – Achei graça.

 

    A música soou no seu celular. Eu já reconheci de cara. Nossa música.

 

    Helena passou os braços pelos meus ombros, juntou os nossos rostos e começou a dançar. Eu coloquei minhas mãos na sua cintura incentivando o seu rebol*do.

 

    Ouvi as primeiras palavras da sai voz:

 

    - I could stay awake just to hear you breathing... Watch you smile while you are sleeping, while you're far away dreaming.

(Eu poderia ficar acordado só para te ouvir respirar... Te ver sorrir enquanto dorme, enquanto estás longe e sonhando)

 

    Acompanhei sorrindo:

 

    - I could spend my life in this sweet surrender. I could stay lost in this moment...

(Eu poderia passar a minha vida nesta doce rendição. Eu poderia ficar perdido neste momento...)

 

    Cantamos juntas:

 

    - forever.

 

    A música continuou, mas Helena separou-se de mim. Eu a acompanhei encantada. Linda. É a mulher mais linda do mundo. De dentro do decote do seu vestido, retirou uma coisa de lá.

 

    Abri a boca surpresa quando vi as nossas duas de ouro.

 

    - O que significa...?

 

    - Você quer voltar a se casar comigo, Isabel Casañas?

 

    Estendi a minha mão esquerda para ela.

 

   - Sí, eu aceito.

 

    Helena deslizou a aliança no meu dedo. Nunca deveria ter tirado. Eu nunca mais vou tirar.

 

    Senti o beijo do meu amor na minha mão. Beijou a minha aliança.

 

    Peguei a dela da sua mão e fiz o mesmo pedido:

 

    - E você, Helena Carvalho? Aceita-me de novo como a tua mulher?

 

    - Nunca deixou de ser – disse estendendo sua mão esquerda para mim.

 

    Coloquei a aliança e repeti o seu gesto beijando seu dedo.

 

    A nossa música deu o fundo ao nosso primeiro beijo de recasamento.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 31 - Feliz...?:
patty-321
patty-321

Em: 25/02/2021

Aí que lindo,ainda há essa estoria da Elisa.ai ai.

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Lujan
Lujan

Em: 22/02/2021

O amor é lindo

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Rain
Rain

Em: 19/02/2021

Oi!

Esse capítulo foi todo lindo com certeza, até a parte dos ciúmes da Helena com Nina foi lindo também. Por mais, que eu tenha gostado e entendido a Isabel, tô acho que ela deveria contar logo de uma vez sobre a Elisa. Elas tão se acertando, deixa para contar depois pode estragar tudo desse recomeço. Conte logo Isa.

Não foi que a Helena dormiu com a Kátia mesmo... T...T

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Donaria
Donaria

Em: 16/02/2021

Ola autora!!! to aqui maratonando sua historia e claro me deliciando!!!A Helena me encantou desde o principio, sempre achei ela mais humana, mais falha....e fofoqueira...kkkkk...conta tudo que acontece no casamento pras amigas...kkkk...será outra geminiana. Eu que sou casada com uma escorpiana que mal abre a boca pra dar tchau ..kkkk...e quase infarta com a esposa geminiana que adora a casa cheia e fofoca tudo. Ainda bem que Isabel resolveu ter mais paciência. Confesso que estou com um pouco de medo de quando Isabelita resolver que teve uma noite com a Elisa, amiga do casal....prevejo trovões e maremotos...ainda bem que ja fizeram a mudança de volta...pra dificultar a fuga..rrsrsr

 


Resposta do autor:

Amo quando maratonam! Fico feliz que esteja gostando ;).

Gosta de uma fofoca, né?! Mas é de sagitário.

Parace que fofoqueira e cala se atraem, olha só a vida imitando a arte. Bom, pelo menos só nisso.

Bota trovões nisso!

 

Beijo!

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GabiVasco
GabiVasco

Em: 22/01/2021

Já te falei isso mas falo de novo porque acho tão lindo a forma como você descreve romanticamente os gestos entre elas. Uma simples rotina de um dia virou um capítulo cheio de diálogos desenvolvidos para a volta do relacionamento, dá para ver que elas querem se acertar. Parabéns!!! Admiro demais sua escrita!!!

É uma pena que a Isabel ainda não tenha contado sobre a Elisa ainda mais depois que a Helena contou sobre a Katia.


Resposta do autor:

Se você soubesse o quanto fico sem graça lendo isso rsrs. Obrigada pela gentileza :D. Fico realmente feliz que goste :).

 

Uma pena mesmo... sabe-se lá né.

 

Abs!

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Baiana
Baiana

Em: 21/01/2021

Hum... tá tudo muito bom, tá tudo muito bem,mas a Isa ainda tem um assunto pendente para fechar de vez esse ciclo de meias verdades e segredos. 

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