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A sombra do tempo por brinamiranda

Ver comentários: 5

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Palavras: 5124
Acessos: 852   |  Postado em: 27/11/2020

Notas iniciais:

Gente, capítulo intenso com direito uma cena hot, seguido por crimes e as vivência do mundo espiritual, veja com carinho a história de Nadine e Samantha que por acaso entraram para o conto de hoje. Bom fim de semana meninas...

Capitulo 19 - Relevações

Guaratuba, 03 de agosto de 2018

Os gêmeos dormiam tranquilamente com suas babás, enquanto Isadora, na cadeira de balanço observava os filhos, o sorriso aberto indicava seu estado de felicidade, também  motivado pela surpresa que Jade estava preparando no quarto ao lado, estava ansiosa e ao mesmo tempo agradecida a sua amiga Ana Clara, arquiteta que projetara a casa de praia com a brilhante ideia de pôr isolamento acústico nos quartos, assim, poderiam escutar música em um volume um pouco mais alto e namorar sem a preocupação de baixar o tom dos sussurros, gemidos e barulhos que por acaso fizessem.

Estava perdida lembrando a razão principal de sua felicidade quando o celular vibrou no bolso, olhou no visor e o nome de Jade piscava animadamente avisando que podia ir.

- Meninas, só batam na porta em caso de incêndio, faz muito tempo que não curtimos uma noite só nossa.

- Pode deixar conosco Dona Isa, aproveite que estamos em casa e resolvemos ficar para dormir.

O quarto estava na penumbra quando Isadora entrou, uma pequena mesa de madeira estava encostada na parede e lindos castiçais com velas vermelhas ajudavam na pouca luminosidade do ambiente, peônias e rosas ao lado das velas davam o tom romântico, no ar um delicioso aromatizador, deixava no ambiente um cheiro suave enquanto no som tocavam as músicas que marcaram o relacionamento das duas, era um verdadeiro ambiente de sonhos.

 Sentada na poltrona, Jade estava deslumbrante, apenas com um quimono japonês com uma abertura até o umbigo, que indicava que nada mais existia para lhe cobrir a sedutora nudez, o olhar desejoso e sensual avisava que estava com muita saudade de Isadora, antes de deixar a namorada se aproximar, buscou um candelabro de cristal, que iluminou todo seu corpo, a pele estava brilhosa, com certeza tinha passado algum óleo para  realçar sua linda cor e seu cheiro que Isadora considerava inebriante, os olhos cor de mel faiscavam de desejo e os cabelos desciam em grandes e harmoniosos cachos que chegavam até depois dos ombros. Sem dizer nada, apenas sorrindo, olhou para Isadora e sem pensar passou a língua para umedecer os lábios ressecados de vontade, amava muito a namorada, e a paixão fora renovada com o passar dos muitos anos de convivência.

Isadora olhou a sedutora mulher e se constrangeu, vestia um pijama rosa, não sabia que a ocasião seria tão especial, mas, percebeu que nada importava, pois o olhar de ardor de Jade a fez esquecer de como estava vestida, ficaram muito tempo paradas, embevecidas uma com a outra. Jade ria de felicidade, por ainda despertar e sentir o mesmo desejo após tantos anos.

- Vem aqui amor...

Isadora se aproxima lentamente senta no colo de Jade e passa suavemente as pontas dos dedos em seus seios, sentindo que ficaram entumecidos.

- Eu te amo tanto, Jade...

- Também te amo muito, depois de tantos anos nos amamos com a mesma força e nos queremos do mesmo jeito, você me faz tão feliz Isa...

- E você a mim meu benzinho, agora vamos para cama...

- Você está muito apressadinha, não vai comer o que a sushi woman preparou para você?. Vamos jantar, depois tenho outras surpresas.

- Humm....

Isadora e Jade jantaram a pequena barca que enfeitava a mesa, tomando um pouco de saquê enquanto conversavam, quando terminaram, Jade levantou, chamando Isadora para instala-se no seu colo, sentando sobre suas coxas. De forma apressada, mas, suavemente, Isa com uma mão segurou o pescoço de Jade, e com a outra puxou a faixa do quimono para tirá-lo, revelando a desejada nudez. Após afagar o rosto delicado com todo o carinho, Isadora se aproxima, deixando sua língua deslizar em um beijo ardente, rapidamente o gosto e a vontade misturaram ao calor dos corpos que se queriam.

Jade segura as mão de Isadora, e olha sedutoramente nos olhos.

- Continua apressadinha, espera um pouco, hoje será diferente...eu avisei que as surpresas não terminaram, espera só um minutinho amor...

Jade vai ao banheiro e demora uns minutos que pareciam uma eternidade para Isadora. Volta com uma maquiagem mais forte e de batom vermelho, os cabelos estavam presos em um charmoso rabo de cavalo, uma boina preta terminava de compor o visual,  deixou apenas uma mecha solta dos enormes cabelos cacheados que enfeitavam seu rosto, pois sabia que a namorada adorava isso, no corpo um macacão justo de látex preto com detalhes em vermelho mostrava todas as suas curvas e um generoso decote também mostrava os seios arredondados, em uma mão trazia uma algema de pelúcia e na outras bolinhas que explodiam na entrada do sex*, dando a sensação de esquentar e esfriar. Estava se sentindo uma verdadeira dominatrix. E estava gostando do poder de seduzir que sentia estar em suas mãos, ver Isadora com os olhos faiscando em um grau elevado de desejo era muito mais do que uma fantasia.

Jade sentou na cama suavemente, seu olhar era intenso, tinha incorporado a personagem, e se sentia rainha da situação. Graciosamente e ainda vestida, subiu no corpo de Isadora, que havia tirado o pijama pouco antes de ter recebido as algemas, e Jade foi beijando todo o caminho do seu corpo nu até chegar a sua boca, terminando em um beijo quente, ardente e faminto, sua língua deslizou sem nenhuma resistência, a namorada ofegava e se movimentava, na ânsia de sentir um pouco o corpo de Jade, que no momento era dona do seu desejo, no entanto, a namorada continuava a deliciosa tortura, deixando sua boca e língua voltar a caminhar pelo pescoço, descendo até os seus seios, sentindo os mamilos ainda mais entumecidos de desejo, Jade marcava cada pedacinho do corpo de Isadora, que arquejava em movimentos, tentando encostar a todo instante o seu sex* em alguma parte do corpo de Jade.

- Ainda não Isa.. .- Falou Jade se afastando e sorrindo.

Isadora estava completamente entregue, e Jade aproveitou para se despir devagar, como a roupa era muito colada, tentou tira-la da forma mais sensual que conseguia, e a cena fez subir mais um tom no enorme desejo que Isadora já sentia com esse ato, já nua, Jade escalou novamente o corpo suado da namorada, deixando nas coxas de Isadora um rastro de umidade do seu sex* também muito desejoso.

Jade mergulhou a ponta dos dedos em um copo de vinho tinto que havia deixado embaixo da cama levando até os seios da namorada, que movimenta-se debaixo dela, um gota escorre do seios até o ventre e Jade com sua língua bebe tudo que poderia encontrar.

- Amor, eu vou...

Jade soltou as algemas da namorada, deixando-a livre para toca-la, Isadora estava apressada, puxou a mão de Jade falando "eu preciso...", a saiu quase em sussurro, com uma voz muito rouca.

- Vou fazer melhor Isa.

Os sex*s se uniram em rápido movimento, embalados em um desejo frenético e as duas explodiram em um forte orgasmo. Após namorarem algumas vezes adormeceram nuas e abraçadas. Quando acordou, Jade olhou os muitos apetrechos que comprou, não usou quase nenhum, e riu constatando que para amar não é preciso apetrecho maior que o amor e o desejo, mas, essa tinha sido uma noite especial, para entrar para a história.

Após um rápido banho seguiram ladeadas para o quarto dos bebês, que já haviam acordado, tomado o café da manhã, e no momento brincavam animadamente de cavalinho com as babás. Sim, elas formavam uma família completa e feliz.

.

Colônia Espiritual Nossa Casa,  12 de setembro de 2018.

 

Os dias corriam suaves, Roberta estava totalmente adaptada e fazia questão de ajudar no que pudesse, nas horas vagas passeava com Andréa pela colônia, às vezes sentia necessidade de sair sozinha, nesses momentos ia ao seu refúgio secreto, ia para rezar, meditar e para pensar na sua vida, era lá, nos campos de lavanda que encontrava a paz que tanto precisava. Sentada entre as lavandas lembrava de sua vida, queria buscar uma explicação que motivasse sua personalidade tão difícil, em que momento deixara a escuridão entrar?, nasceu em um lar estruturado, era filha única de pais carinhosos, sempre foi amada e desejada, teve sempre tudo o que sonhou, estudou nas melhores escolas, tinha um lar saudável, mas, parecia que nada era suficiente, e queria mais, sempre mais. Uma lágrima desceu e teve um insight, seus defeitos vinham de alguma encarnação passada, mas, intuiu que não era a hora de descobrir esses porquês, era o momento de passar a limpo sua vida, e nessa ocasião, as descobertas seriam leves.

A primeira imagem que veio à mente foi de uma menininha loirinha no pátio da escola, nesse tempo ainda era chamada de Beta, era chamada assim porque quando criança Roberta era igualzinha ao peixe beta,  peixe que não pode ter um igual no aquário que dá briga, assim era Beta, só que no seu caso, além da sua valentia, tinha um séquito de crianças que manipulava com a maior facilidade e todas sempre estavam prontas a obedecer suas ordens.

Era um dia tedioso, Beta olhou ao redor e de longe viu Lana, uma menina gordinha e sardenta, que assustada abraçava a sua enorme lancheira como algo sagrado, sozinha sentada no pátio, seria a terceira vez na semana que teria o seu lanche roubado. Beta também estava com a sua lancheira, preparada por sua mãe com muito carinho, mas, queria o lanche da menina a qualquer custo, e para tal, enviou três amigos para busca-lo, não queria fazer o trabalho sujo, e se algum inspetor visse a cena, não estaria envolvida na confusão. Lana já nem respondia ou oferecia resistência, apenas entregava tudo o que estava na lancheira e ficava apenas com a garrafinha de Nescau, estirando o beicinho magoado. De longe, Beta ria e comia tudo, entregando sua própria lancheira aos meninos do grupo.

Na adolescência se percebeu bonita, tinha uma beleza que seduzia homens e mulheres, e resolveu usar desse poder atrativo para conseguir tudo o que quisesse. No primeiro ano teve seu primeiro contato sexual com uma professora, que no final das contas acabou por perder o emprego quando o caso foi descoberto, mas, a verdade é que Roberta a seduziu, e despois a descartou, só queria mesmo uma relação puramente sexual, e para tal,  acabou se aproveitando da boa vontade de Flora em ensina-la redação. Em seu túnel do tempo, Roberta lembrou da antiga professora de Literatura e Redação, Dona Fátima, que entrou de licença após romper os ligamentos do pé, depois de uma queda nas escadas da escola, deixando os antiquados óculos de tartaruga rolarem pelos degraus. Para substitui-la veio Flora, uma professora bem mais jovem, que depois viria a descobrir que tinha vinte e seis anos e tinha acabado de voltar de um mestrado em Literatura Francesa em Lyon.

Logo que  Flora voltou ao Brasil, surgiu a oportunidade de dar aula na conceituada escola, e apesar de toda desenvoltura, estava ansiosa, esperava uma sala de aula exigente, já que Dona Fátima era uma excelente professora, conhecida em toda a cidade, queria ser uma substituta agradável, quebrando dentro dos limites a educação tradicional que havia vivenciado quando fora sua aluna anos atrás.

O primeiro dia de aula de Flora seria de Redação Criativa, era bem interessante deixar o aluno sonhar, transferir sua imaginação para o papel e lia muitas coisas que a deixava esperançosa em relação ao seu método de lecionar, passava bastante tempo pensando em como fazer para incentivar a prática da escrita e da leitura nos seus jovens alunos. Assim que entrou em sala foi bem recebida, todos estavam tão ansiosos quanto ela, queriam conhecer a nova professora, esperando aulas mais interessantes do que a análise dos livros clássicos e "fale de seus planos para o futuro" de Dona Fátima.

A primeira vista Flora percebeu que entre muitos olhos que admiravam, uma aluna específica lhe olhava de uma maneira mais intensa, não se sentia muito bem de ver os olhos desejosos e tão jovens de sua aluna, mas, não conseguia disfarçar que gostava, principalmente pelo rubor causado desde o primeiro instante com o seu olhar insistente.

No primeiro dia e para sempre, nunca esqueceria o nome de Roberta, e principalmente, como fora seduzida de uma maneira tão vil. A aluna parecia dedicada, inteligente, divertida, e aproveitava as aulas de redação para criar contos, especialmente se a escrita era livre, sem temas escolhidos, na última aula escrevera a história de uma moça de família rica de lindos cabelos negros que enfeitavam a pele branca e de lindos olhos azuis, a moça de sua história se chamava Fauna e estava apaixonada por uma moça de cabelos loiros e cacheados chamada Rafaela, o conto falava de um amor proibido, uma espécie de Romeu e Julieta lésbico. Flora riu, achou criativo a maneira da aluna se declarar, mas, era comum a paixão por professores e resolveu não se importar, seus textos eram interessantes e resolveu inscreve-la no I concurso de redação criativa de Curitiba, quando comunicou, Roberta fingiu timidez e insegurança, sentimentos que em nenhum momento sentiu na vida, tinha resolvido demonstrar leveza, comum em qualquer adolescente de quinze anos.

- Professora Flora, eu agradeço muito sua oferta, mas, não posso aceitar, muita gente aqui escreve bem melhor do que eu, não sou boa suficiente para representar a senhora e minha turma.

- Ah, primeiro, não me sinto e nem me reconheço como uma senhora, me chame de Flora mesmo, depois não fique assim, confio no seu potencial, mas, posso te dar aulas particulares para melhorar ainda mais, aceita?.

- Claro, pode ser amanhã, Flora?.

- Sim, te espero às 19h neste endereço...- Falou anotando em um pedaço de papel.

As 19h caia uma chuva torrencial em Curitiba, seu pai a deixara na portaria do prédio da professora, prometendo busca-la as 22h. Depois que o pai sai, tem uma ideia melhor, olha a chuva e sai em sua direção, se deixando molhar inteira, voltando para tocar na porta da casa de Flora encharcada e tremendo de frio.

- Flora, me desculpe, vim de ônibus e ele parou muito longe, me molhei toda, não quero encharcar a sua casa.

- Roberta, entre, antes que fique doente, venha querida, vou te emprestar uma roupa, mas, antes, precisa se esquentar.

Parada na porta, Roberta vê a professora se aproximando com uma toalha, enxuga seu rosto e vê Roberta com os olhos vidrados nos seus lábios.

- Você não devia me olhar assim Roberta, é uma menina ainda...

- Está com medo de se apaixonar por uma menina, Flora?.

- Não é isso, é...

Flora nem teve tempo de responder, sentiu a boca de Roberta colada na sua e a língua forçando a entrada, as mãos de Roberta acariciavam seu corpo inteiro, e não teve como evitar, estava há tanto tempo sozinha, desde que a namorada fora embora com outra, que seu o corpo doía de desejo, estava sentindo falta de tudo, até de beijo, e nesse tempo já estava se encantando com Roberta. Mas, essa é uma outra história.

Roberta deixou uma lágrima cair, estava absorta, lembrando de como tinha errado com Flora e rezou, pedindo que ela estivesse bem, mesmo após ter virado sua vida ao avesso. Estava tão presa no passado que não percebeu a chegada de Andréa.

- Oi amor, parece que encontrei seu esconderijo secreto, desculpa, eu precisava te encontrar, temos uma missão, Liriel e Davi nos incumbiram de cuidar de duas pessoas na Terra, tuteladas de dois amigos deles...

- Não tem problema Déa, eu estava só tentando me compreender e relembrando o passado, eu errei tanto, com tanta gente amor...mas, me diz, quem vamos ajudar?. - Fala Roberta sorrindo com a possibilidade de ser mais uma vez útil.

- Ah, duas amigas de Isadora pelo que entendi, elas se chamam Nadine e Samantha, vamos saber melhor mais tarde, e não se julgue tanto meu bem, eu também errei muito nessa vida, e você me salvou de mim, o amor por você me fez melhor. Bom, vamos agora?, temos uma missão para amanhã.

.

Curitiba, 05 de agosto de 2018

 

Na sala do hospital os modernos aparelhos apitavam de modo cadenciado, a vida de Samantha estava literalmente ligada a fios, os pulmões artificiais enchiam e secavam a todo instante, levando o oxigênio ao seu corpo que parecia não responder a nenhum estímulo, nada mais funcionava sem a ajuda de aparelhos.

Ao seu lado Nadine estava hipnotizada, não conseguia reagir, estava em choque, só quando respirou profundamente conseguiu destravar a sua dor, passou a mão no rosto e disse para si "juro que vou descobrir quem fez isso", para logo depois deixar correr grossas lágrimas que caiam no rosto da antropóloga, "por favor, meu amor, não se vá", era só o que repetia como um mantra, sua mão deslizou nos cabelos castanhos cacheados, finos como cabelos de criança, e na outra mão fechada estavam o piercing do nariz, os anéis, inclusive o que deu de presente no aniversário de Samantha e um cordão de prata com um coração de quartzo rosa e outro de ametista entregues por uma enfermeira. Nadine levou a mão com os objetos até o coração, beijou um pedaço dos lábios de Samantha que escapavam do respirador e pensou se ela voltaria, tinha tanto a dizer e a escutar, palavras que estavam presas por anos de opressão e de receios, era muito difícil para ela romper com uma estrutura tão fortemente enraizada, firme como uma árvore de carvalho.

- Dra.?

- Oi Isadora, aqui não tem espaço para convenções, me chame Nadine, só Nadine mesmo...

Isadora estava muito triste por sua amiga, mas, ver Nadine tão frágil doía seu coração. Sem pensar puxou Nadine em um abraço, enquanto transmitia esperanças e boas energias.

- Você não faz ideia do tanto que é amada Nadine, mas, tenha fé, você sempre foi uma pessoa de tanta fé, ela vai voltar, e espero que tenham mais coragem.

- Você está dizendo isso para me alentar, eu...eu...perdi muito tempo, eu...

- Ainda está em tempo Nadine, dizem que as pessoas em coma podem escutar, diga o que sente.

- E o que adianta?, ela não está aqui para escutar...eu...eu tenho é que pegar quem fez isso e trancafiar para sempre, quer dizer não existe um para sempre no Brasil, bom, você entendeu.

Com uma mão Nadine enxugou o resto das lágrimas que caiam, voltou até Samantha, deu um suave beijo em sua testa, passou as mãos por seus cabelos e falou "vou descobrir e prender quem fez isso meu amor, confie em mim, e por favor, volta pra mim".

 Nadine tinha dois objetivos, além de trazer Samantha de volta, queria prender quem estava por trás dos tiros que deixaram Samantha naquela situação, precisava descobrir quem era a assassina que assinava com o nome de "Dália Negra".

 Antes de se despedir de Isadora, guardou os objetos em sua bolsa e seguiu até o carro, a tristeza somada a uma raiva visceral dava o tom exato a sua revolta, não apenas Samantha saiu ferida do confronto, ela também estava, e sua ferida partia toda a alma.

Já em casa, Nadine beija os filhos gêmeos que brincavam de vídeo game e entra no banho, deixando a água escorrer pelo corpo levando as lágrimas que caiam insistentes no seu rosto, ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido, e foi durante o banho que tentou reconstituir o que culminou com os tiros em Samantha.

No primeiro crime, a delegacia estava muito tranquila, era uma dessas tardes que não se escutavam vozes, só os pássaros com suas melodias lá fora, que mais pareciam querer dar vida  e trazer um pouco de beleza aquele ambiente. Após uma diligencia, todos estavam em suas salas cuidando de suas demandas. Nadine e Melissa conversavam baixinho, quase em sussurros sobre o último desaparecimento. A delegada anotava os detalhes de tudo que tinha acontecido até o momento, buscando uma conexão entre tudo que havia sido descoberto. Estava absorta quando sente os olhos de Samantha queimando seu rosto, o olhar era terno e ao mesmo tempo muito intenso, a delegada tirou os óculos escuros da cabeça, subiu os olhos que acompanhavam seus rabiscos para observar a antropóloga, soltou sua caneta, sentindo que cada detalhe do seu rosto estava sendo analisado com tanto amor e paixão, que não teve mais nada a fazer, a não ser sorrir, ainda tentou buscar em si uma seriedade que não conseguiu encontrar totalmente.

- Você não devia me olhar assim na delegacia, minha flor, estamos trabalhando em um caso muito sério, e você está me desconcentrando assim, me olhando desse jeito tão intenso...

- Te incomoda?.

- O seu olhar?, não é isso...é que...

- Não estava falando do meu olhar, e sim do meu amor...

Nadine se emocionou com as palavras sinceras que ouviu, foi a primeira vez que Samantha falava claramente do amor que sentia.

- Eu amo você Nadine, mais do que tudo, como nunca amei ninguém na vida...

- Sam, nós podemos...

A batida na porta foi quase consecutiva com a entrada da investigadora, mas, a tempo da delegada tirar sua mão que repousava firme e carinhosamente na de Samantha.

- Dra. Nadine, desculpe atrapalhar sua reunião, mas, chegou uma caixa bem estranha endereçada a senhora, o remetente é uma tal de Dália...

- Não tem problema Elizabeth, traga a caixa aqui para ser analisada...ah, ela foi deixada pelos Correios?.

- Não, estava justamente no ponto cego, onde a câmera não captura imagens.

- Muito estranho...

Aparentemente, a caixa branca com um grande laço vermelho não tinha nada de diferente, além de ter sido deixada sem remetente, somente com destinatário em um ponto cego da delegacia. Samantha se antecipou, abrindo com cuidado, dentro havia uma caixinha menor e um cartão escrito um poema de rimas pobres, com letras de uma antiga máquina de escrever.

Vejo duas cobras corais,

Que ilegalmente foram vendidas,

Pendurado em um cordão, um corpo jaz vencido,

No relógio das flores, ele foi escondido,

Quem passa pode ver, com o susto, o acontecido...

Um pequeno gordo suado, totalmente abatido,

Deixando a delegada e a antropóloga distantes do acontecido...

[Ass. Dália Negra].

.

- Nunca vi uma rima tão pobre na vida - falou Samantha.

Assim que abriu a caixa, um dedo mindinho de criança estava embalado em plástico pvc.

Samantha dá um salto para trás, mas, logo se recupera ao ouvir a voz de Nadine.

- Tudo bem Sam?. - Após ver a cabeça de Samantha balançando em um sim sem muita convicção, a delegada continua sua fala.

- Samantha, você pode por favor chamar a perícia e a Delegacia de homicídios?, esse caso não é mais nosso, caso a criança seja encontrada sem vida, como estou intuindo.

A cena parecia um cenário de terror, no meio do Relógio das Flores, um corpo de um menino ruivo de mais ou menos nove anos, jazia sem o dedo mindinho, no pescoço duas cobras corais estavam enroladas e mortas, a coloração do corpo era completamente branca, como se fosse um papel, e os tornozelos estavam bastante machucados.

A perita criminal ladeada por Samantha e Nadine baixou o tom de voz para falar.

- Pelo poema percebe-se, além do evidente mau gosto, que o assassino de alguma maneira quer deixar um recado para vocês, aconselho um cuidado redobrado. - Novamente aumentando o tom da voz, continua a análise, com a aproximação de outros policiais civis.

- Como podem perceber quem fez isso foge muito dos padrões de "normalidade", o jovem, foi pendurado pelos tornozelos, por isso os seus machucados, já adianto que ele foi pendurado de ponta cabeça, e vejam a incisão da carótida, ela foi cortada para que ele sangrasse até a morte, por isso o corpo está sem sangue algum, sua boca estava amordaçada e a vítima também foi emasculada, enfim, estamos lidando com um assassino que sabia muito bem o que e como fazer, a ferida foi cortada de um jeito a escoar o sangue bem mais rápido, sua boca com certeza foi amordaçada pelos machucados que vejo ao redor do seu rosto...vamos trabalhar em conjunto, logo pegaremos esse assassino. Como podem ver, não há nenhum vestígio de sangue e nem o órgão sexual foi encontrado, provavelmente o assassino levou como uma espécie de troféu.

O corpo foi levado pelo IML, enquanto Samantha e Nadine seguiram na viatura para a delegacia.

- O que achou Sam?.

- Nadine, pra mim foi só o primeiro de muitos outros crimes, tem toda as características de um serial killer, agora, porque esse recadinho para nós?, será que foi alguém que prendemos?, não conseguimos uma conexão entre o poema e a morte do ruivo, talvez um ritual?.

- Minha flor, anota ai na agenda a data de hoje, dia 28, se for um serial killer, ele deve atacar no próximo dia 28, bom, não necessariamente... - Nadine repara que estava sendo novamente observada por Samantha, como estavam sozinhas, ri abertamente e fala.

- Para de me secar guria, e anota o que falei...

A delegada da homicídios junto a Nadine e Samantha trabalhavam com afinco para desvendar o assassinato do ruivo, sequestrado a caminho da escola, no entanto, não havia nenhuma pista concreta, não havia indícios algum, nem digitais, nenhuma pista que levasse ao assassino além do bilhete.

Os dias passaram sem que nada pudesse ser descoberto, no começo do outro mês, o primeiro de muitos outros que viriam, as horas seguiam arrastadas. Nadine foi a primeira a ouvir o interfone que tocava insistente, abriu a porta e não avistou ninguém, esbarrando em uma segunda caixa branca, dessa vez com uma enorme fita laranja para enfeitar, da porta mesmo interfonou para a delegacia, chamando os policiais para ajudá-la. Um investigador entrou com a caixa nas mãos, quando destamparam lá estava as mesmas coisas, um dedo, dessa vez um anelar, de um jovem e uma outra poesia de rimas pobres em letras de máquina de escrever.

Eu vou contar uma história e ela é mesmo de amargar,

Mas não se iluda guria, que eu estou a debochar,

Falo de um menino magro,

que nasceu para chorar,

Era um pobre vagabundo,

que morreu a soluçar.

Ele jaz no Jardim Botânico e é feio pra danar,

De longe eu já posso ver, Nadine se aproximar

Com seu cão de guarda Samantha, que vive mesmo a chorar.

[ Ass. Dália Negra]

.

- Outra poesia de péssimas rimas, bom, fazer o que?, vamos ao Jardim Botânico - disse Nadine com muita irritação.

Não demoraram nada para encontrar o segundo corpo, dessa vez era de um menino bem magro, conhecido por trabalhar como aviãozinho para o tráfico, tinha cerca de dez anos e o crime tinha sido cometido com o mesmo requinte de crueldade e com idênticas características, da mesma forma que o anterior, o menino estava sem sangue algum, com os tornozelos machucados e igualmente emasculado.

Uma semana após a segunda morte, a pressão da comunidade e dos jornalistas só aumentavam, deixando todos da delegacia preocupados e em alerta. Em entrevista, a delegada da homicídios explicou a real situação.

- O trabalho continua inconclusivo, temos algumas pistas, que são segredos de justiça e é muito cedo para expor ao público, peço que confiem no trabalho da polícia e logo o assassino será descoberto.

Nadine ao lado de Samantha assistiu a entrevista, estavam de mãos dadas, esquecendo que estavam no ambiente de trabalho.

- Samantha, anota na agenda, o primeiro crime aconteceu no dia 28, o outro no dia 01...- Sendo assim, é provável que o assassino cometa outro crime. - dia 28 -  responderam juntas.

- Nadine, meu Deus do céu, pensa amor, o assassino seguiu nossos dias de nascimento, percebe?, dia 01/03 e 28/07. E percebe as cores?, meu Deus, são as cores do arco íris, vermelho, laranja...a próxima cor tem que ser amarela, e o dedos?...mindinho, anelar...o próximo deve ser o dedo médio...

- Samantha, é alguém que sabe de nós, e por alguma razão quer chegar até nós ou nos assustar, será que não é uma das suas ex namoradas, pensa bem, deve ter alguma psicopata no seu vasto currículo.

- Hahahahah, que linda!, está com ciúmes Nadine?.

- Não seja criança, estou apenas tentando juntar as peças...

No próximo dia 28, todos aguardavam algum sinal do terceiro crime, que com certeza aconteceria de fato nesta data. Nadine e alguns policiais ficaram de prontidão esperando uma caixa que não viria.

Samantha estava em casa, terminando um relatório sobre o caso "Dália Negra", cercada de fotos tanto das vítimas quanto dos objetos e dos locais onde foram achados os corpos, quando o porteiro interfonou.

- Dona Samantha, tem um presente aqui embaixo para você.

- Estou descendo Douglas...

Samantha sorriu e desceu animadíssima pensando ser alguma surpresa de Nadine, foi quando avistou na portaria a mesma caixa branca, dessa vez com um enorme laço amarelo, a antropóloga sentiu todo o seu corpo tremer, respirou e sorriu para o porteiro.

- Obrigada Douglas...

Preferiu subir pelas escadas, sentindo a adrenalina circular no seu corpo, nem trocou de roupa, ainda estava com o legging que havia ido a academia, mas sabia que todos estavam esperando que o assassino deixasse uma caixa na delegacia como das últimas vezes.

Não demorou para chegar a delegacia, e entrou rapidamente com a caixa na mão, deu bom dia a atendente e se dirigiu a sala de Nadine.

- Bom dia amor, recebi essa caixa hoje de manhã, quer reunir a equipe ou vamos abrir sozinhas?.

- Samantha, você poderia ter trocado de roupa antes, não?, é o nosso local de trabalho, por favor...

- Hahahahah, quando vai assumir que sente ciúmes?.

- Nunca, porque não é verdade. - Nadine falou sorrindo, tentando passar, mas, Samantha estava bem na sua frente impedindo sua passagem.

- Bom, vou chamar a equipe, com licença. Sam, guria, você não vai me deixar passar? - Pergunta Nadine continuando a sorrir.

- Depois do meu beijo de bom dia, quem sabe?.

-  E você, sabia que porta está apenas encostada?.

Antes de convocar os policiais para reunião, Nadine encosta os lábios em Samantha e sorri, sendo puxada pela cintura.

- Samantha, esqueceu que o assassino pode ser alguém daqui da delegacia?, mais tarde eu passo em sua casa e conversamos, agora me solta, vai...

- Chame como você quiser,  até de conversa, desde que vá...

Nadine ri, envolvendo Samantha em um abraço, para logo depois sentir seu beijo descer pelo pescoço, junto com hálito morno que esquentava a pele de sua nuca, percebendo que o tom da voz e a respiração de Samantha haviam mudado, mesmo com uma enorme vontade de permanecer, resolveu sair de forma delicada daquele abraço tão aconchegante.

- Minha flor, você é terrível, agora vou lá chamar a equipe, tá?, e vê se disfarça esse olhar derretido.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 19 - Capitulo 19 - Relevações:
Rain
Rain

Em: 16/12/2020

Boa tarde!

Isa e Jade são lindas! É maravilhoso ver que elas valorizam tanto o amor entre si mesmo depois de anos... Hoje em dia é bem difícil encontrar casais que depois de anos e casamento ainda continuam eternos apaixonados.

Roberta sempre foi um menina malvada. Coitada da pequena Lana e da professora Flora. Roberta e Andréa fazem um belo casal, pena que foram ser boas depois de mortas.

Eu nunca tive aula de Literatura até ontem... E gostei muito. Antropologia pode ser seguido em duas áreas, professora e policial? Não entendo muito sobre isso. 

Que crueldade dessa assasina aí, tinha que ser logo crianças! O que ela faz com os órgãos sexual das crianças? ... Não, deixa não quero sabe.

Vai ter spin off de Sam e Nadi!? Já estou aguardando.

Bye


Resposta do autor:

Boa tade Rain,

Isa e Jade são lindas, não é?, um casal bem especial, curiosidade...Jade na verdade se chamava Stella, quando fui publicar não tinha sentdo deixar o nome de outra personagem tão forte, e Gabi deu a ideia de ser Jade, e ficou rsrsrsrs

Roberta e Andréa eram bem ruins, mas, eu queria deixar a ideia que todos podem mudar.

Então, Sam tem muito de mim, fiz Antropologia e pesquisei na Policia Civil...

A assassina era cruel...ela guardava os órgãos como troféus, é bem comum.

Vai ter spin off delas, mas, se quiser acompanhe o  O primeiro clarim...

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Andreia
Andreia

Em: 13/12/2020

Eu acho muito fofo esta delegada e Sam mais porque ela então dura com relação dela a Nadi ama Sam mais não fala não assume para todos o que tanto ela tem medo.

A Nadi sobre algum trauma por isso e tão fechada assim com quem ama ela?

Quem está querendo fazer mal para as duas deste jeito? Alguem que trabalha com elas? Não mata Sam?

Bjs


Resposta do autor:

Ah, elas são lindas, em breve vou fazer a Spin Off delas, espero que acompanhe, Nadine é cheia de preconceitos, para ela é muito difícil seguir um relacionamento lésbico...bjs

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brinamiranda
brinamiranda Autora da história

Em: 29/11/2020

Quanto ao spin off das duas, estou pensando com carinho nessa história, sabia?.

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brinamiranda
brinamiranda Autora da história

Em: 29/11/2020

Oi Flora, obrigada por sempre comentar, dá um ânimo para continuar, sabe?. eu fico semore pensativa, será que estão gostando...será que não, quando alguém dá um feedback é bom, aliás, é ótimo.

Bom, eu também acho muito bonito quando um casal consegue manter a relação aquecida e cheia de amor e de paixão pelo passar dos anos.

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florakferraro
florakferraro

Em: 29/11/2020

Adorei a cena hot de Guaratuba, acho lindo esses casais que conseguem manter o fogo mesmo tantos anos depois de casados.

Adorei a Samantha e a Nadine, faz um spin off só das duas, elas são lindas e espero que fiquem juntas no final, sempre há maneiras de vencer os medos.

 

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