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A sombra do tempo por brinamiranda

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Palavras: 4158
Acessos: 922   |  Postado em: 29/11/2020

Notas iniciais:

Olá meninas, nesse capítulo tem um pouco de crime - se for sensível pule a parte- a continuação da história de Nadine e Samantha e por fim o retorno de Isa e Jade. 

Capitulo 20 - Reconvexo

CONTINUAÇÃO...

        Com a equipe reunida, a caixa é aberta, Nadine olha o conteúdo totalmente previsível, na caixinha menor um dedo médio de criança, no envelope uma poesia.

.

Na Estrada da Graciosa,

Olho um corpo sem parar,

Deitado, roupas encharcadas

De longe pode avistar,

É a polícia que vem para festa,

Olhando na plantação,

Na boca um vômito cinza,

E nos olhos a emoção,

Quem percebe o menino caído,

Pendurado no corrimão

Não sabe como eu me sinto,

Um alguém sem coração,

#sqn...

.

       Nadine passou a mão na testa, enxugando o suor que descia da fronte, em seguida chamou a perícia, a equipe da homicídios e deslocaram-se para o local do crime.

       O corpo foi facilmente encontrado, as características eram as mesmas, não tinha sangue, e para diferenciar o menino estava pendurado em um arco fincado no meio das hortênsias. A perita observou o corpo em silêncio, no canto de sua boca dava para ver uma espuma já seca e cinza indicando que a vítima tinha ingerido uma espécie de veneno, os olhos haviam sido furados, o que evidenciava que o assassino estavam tentando aperfeiçoar o crime, trazendo outros elementos com certeza cheios de significados. Infelizmente da mesma forma, não havia nenhuma pista de quem estava por trás dos crimes.

       A apreensão tomou conta da polícia quando o tempo passou e a investigação não tinha avançado em nada, o nervosismo aumentou, tomando conta da equipe inteira quando a folha do calendário virou avisando que já era o próximo dia primeiro. Cientes da falta de resultados, a Polícia Civil passou a dividir o trabalho com a Polícia Federal e Militar, descobrir quem era o serial killer virou questão de honra.

       O assassino era uma total incógnita, de acordo com a análise do perfil do serial killer traçado pela antropóloga, psicóloga e perita, quem estava por trás dos crimes ficava cada dia mais audacioso e apesar de manter os mesmos detalhes dos assassinatos anteriores, aos poucos ia acrescentando algumas minucias, que percebiam ser uma espécie de assinatura. No entanto, algumas perguntas seguiam sem resposta: onde as crianças eram mortas?, qual a ligação entre os lugares onde seus corpos eram deixados?, porque sempre meninos na faixa de nove anos?, e por fim, qual a ligação entre o assassino, a antropóloga e a delegada da DPC?.

       Enquanto a polícia procurava o assassino, não podiam sequer imaginar que não tão longe da delegacia estava o que tanto procuravam, em um sobrado amarelo de dois andares, com um bonito gramado na parte da frente da casa, que em nada se destacava das demais residências do bairro Rebouças, lá residiam um discreto e simpático casal que interagiam educadamente com a vizinhança, no entanto, sem aprofundar vínculos de amizade, o que parecia absolutamente normal, já que não ficavam muito tempo em casa, ambos trabalhavam muito, ela médica, ele fisioterapeuta, era a única coisa que os vizinhos puderam dizer quando os crimes foram descobertos tempos depois, quem podia imaginar que no ático havia um pequeno frigorífico com uma espécie de guindaste onde os meninos ficavam pendurados.

       As conversas do café da manhã sempre eram decisivas quando se aproximava o dia de cometer os crimes ou mesmo quando era a hora de deixar os corpos nos locais combinados, tudo isso fazia parte da rotina. O marido estava terminando de pôr mel nos waffles que estavam quentinhos, enquanto a esposa terminava de arrumar a mesa, trazendo tudo que estava separado no balcão.

- Vida, será que o piá já morreu?.

- Acredito que já deve ter feito a massagem faz tempo, vá olhar, você não quis esperar para vê-lo morrer.

       Falou a mulher sorrindo, com os lábios vermelhos de onde se via os dentes pequenos e perfeitamente alinhados, sua pele era branca e muito bem cuidada, os cabelos castanhos e lisos, caiam em uma suave cascata, e tinha os olhos quase da mesma cor, talvez apenas um tom mais claro.

- Minha linda, acredita que com o tesão que estava por você ontem, acabei cortando o dedo errado do piá?.

- Você sempre fica com tesão depois de um crime, amor, o incrível é quem nem reparei, também estava com vontade, mas, o que fez depois?.

- Cortei o dedo certo, e tive que guardar o errado junto com os p*nis no congelador, talvez jogue fora, ainda não sei. E você já pensou onde deixaremos a caixa?.

- Bom, ontem passei na casa da Delegada Nadine, está cheia de candangos a paisano em suas viaturas, o pior que fizeram o mesmo na casa da antropóloga, e hoje é dia de corre, tenho plantão mais tarde.

- Podíamos pagar uma criança para deixar a caixa, não seria uma ironia?. Mas, a delegacia está muito visada, sei lá, que tal um entregador?.

- Eu tive uma ideia bem melhor, vou mandar pelos correios, você só vai ter que reescrever a poesia, porquê dessa vez o presente vai com uma surpresinha diferente, vou adoçar um pouco a vida da delegada e seus candangos.

- Hahahahah amor, você é demais, é libertador ter você como mulher.

- Vamos mudar um pouquinho esse jogo, vamos pensar uma maneira de movimentar as coisas. Meu adorável marido, está chegando perto do nosso Royal Straight Flush.

- Você sempre me surpreendendo meu amor, eu não poderia querer uma mulher melhor, se não fosse você, não sobreviveria a...

- Prometemos nunca mais falar nesse assunto, isso vai ser resolvido meu bem, a dor que carrega, também é minha, vamos mudar de assunto.

- Eu me divirto com elas pensando que é um assassino só e com nossas razões...

- Não tem como saber mesmo, devíamos ter assinado Dália e Negra.

- Que horrível amor...Hahahahah, bom, vou ao ático dispensar o sangue, limpar tudo e ajeitar o piá...

       Do portão da delegacia escutaram o grito do carteiro, avisando que era uma entrega dos correios, a caixa amarela e azul por fora chacoalhava, sendo levada rapidamente para dentro da delegacia. A caixa branca dessa vez com um laço amarelo guardava no seu interior um dedo anelar, dessa vez de chocolate branco com pedaços de morango, no envelope um outro poema.

.

Na cidade do silêncio,

Em lugar de brilho intenso,

Dorme pra sempre o menino,

De braços dados com um anjo,

Com um dedo em seu manto...

Já não pode mais me ver,

Um anjo aponta o caminho...

O menino não está sozinho, e com ele tem mais um...

Vejo Samantha chorando, sem o amado bichano...

Nadine sem querer ver...

[Ass. Dália Negra]

.

       Nadine passou as mãos por dentro dos longos cachos, e pensou por uns segundos...

- Cidade do silêncio e dorme para sempre o menino...tão óbvio que está falando do cemitério, foi muito fácil de decifrar esse poema de tão lugar comum. Samantha, você está com algum bichinho de estimação?.

- Não Nadine, eu tenho um gato de pelúcia que ga...

- Vamos - disse a delegada sorrindo, lembrando que ganharam o gatinho de pelúcia em uma máquina de brinquedos, durante uma volta no shopping, mas, a sala estava com outros policiais e não podiam comentar nada desse dia.

       No cemitério não foi difícil encontrar o grande Mausoléu da família Loureiro Borghetti, estava na primeira quadra, e de longe dava para ver os vitrais coloridos que iluminavam enfeitando a porta em forma de arco. Na entrada, um anjo apontava para dentro e no ambiente interno estava um segundo anjo sentado com as mãos em oração, em seu manto estava o dedo do menino, cujo o corpo estava amarrado como se estivesse deitado em seu colo dormindo, aos pés do mesmo anjo um segundo menino morto por esgorjamento parecia estar rezando aos seus pés, enquanto trazia em uma das mãos o gato de pelúcia de Samantha, a perita em rápida análise percebeu que essa última morte era bem recente, não tiveram tempo de escoar o sangue e talvez tivessem deixado alguma evidência no corpo.

       Após observarem a cena, a perita criminal continuou no mausoléu junto com uma investigadora que anotava detalhes do crime e tirava fotos, enquanto Nadine e Samantha saíram para especular sobre o caso. Samantha estava em pé, de frente a Nadine e quando virou lentamente em direção aos túmulos, avistou a uma distância razoável um par de olhos castanhos e o cano de uma arma apontada em direção da delegada, foram apenas segundos, mas, teve tempo de agarrar-se a Nadine, conseguindo salvá-la, no entanto, os tiros acertaram suas costas, dos seus olhos desceram lágrimas entristecidas de dor.

- Nadine, você não?...

- Estou bem, não fala amor. Júlia, Júuuuuulia, chama a ambulância, atiraram na Samantha - Gritou Nadine, sentindo o corpo tremer.

       Samantha não conseguiu segurar o peso de seu corpo por muito tempo e caiu, Nadine a acompanhou, sentando ao seu lado para ajeitar sua cabeça em seu colo, enquanto enxugava suas lágrimas, algumas caíram no rosto de Samantha, que buscava forças para falar.

- Nadine?, se eu morrer quero que saiba que você é...

- Psiu, você vai se recuperar e vai ter tempo todo o tempo do mundo para me dizer isso, meu anjinho, você não vai morrer, só quando estivermos bem velhinhas, temos muita coisa para viver minhas flor, eu amo você, desculpa nunca ter dito..

       Mas, Samantha já não tinha ouvido a última frase.

       Quando a polícia deu uma busca no cemitério, os assassinos já estavam longe, eles também não conversavam mais entre si, a tensão entre os dois era enorme, mas, mesmo irritado, o marido resolveu quebrar o silêncio.

- Sua louca, quem mandou tentar matar Nadine?, não havíamos combinado de matá-la junto com a namorada no mesmo dia?, elas eram nossas, não era?, nem sabia que estava armada.

- Desculpa, desculpa...eu não resisti, depois não atirei para matar lindo, só queria machucar, a culpa não foi minha, quem mandou a outra ficar na frente de Nadine?.

       Os dias passaram sem que Samantha desse nenhum sinal de retorno, por dentro, o corpo se recuperava, os médicos afirmaram que não ia ficar com sequelas pois a antropóloga era forte como um touro, só estranhavam bastante o fato dela não retornar do coma e brincavam tentando quebrar o clima triste dizendo que Samantha queria dormir mais um pouquinho.

      A delegada tentou seguir com uma rotina normal, estava sendo tratada como uma segunda filha pelos pais da antropóloga que havia hospedado em sua casa, os dois iam permanecer por mais um tempo em Curitiba e Nadine tentava ser forte para que não sofressem ainda mais, no entanto, estava muito difícil sustentar essa máscara, mesmo voltando a trabalhar era impossível não se deixar abater, estar no seu ambiente de trabalho sem lembrar de Samantha era impossível e sentia falta de suas brincadeiras e dos beijos escondidos em sua sala.

       Que saudade sinto da minha maluquinha, sem ela esse lugar não perdeu só a graça, perdeu a vida, não estou conseguindo seguir, mas, ao menos em casa tenho o apoio da mãe de Samantha, ouvi-la dizer "tudo bem chorar e sofrer Nadine", isso pode parecer uma bobagem, mas, ajudou a organizar tudo o que sinto e chorar as minhas dores.

       No fim mesma semana, vendo que não poderia continuar, Nadine entrou de licença, não estava em condições de investigar, algo em si havia mudado muito, começando com o exterior, estava usando os adereços de Samantha até ela voltar do coma, em suas mãos e pescoço podia se ver seus anéis e o colar de cristais, também havia ido a um body piercing e perfurara o nariz, por isso trazia a argola na aba esquerda. e quando não estava no hospital, ficava em casa assistindo séries, cozinhando, lendo, rezando e fazendo tudo o que poderia para ocupar sua mente com os gêmeos e com os pais de Samantha, tirando a saudade e a preocupação, podia dizer que os dias seguiam felizes, se é que isso poderia ser dito, mas, sempre que o seu telefone tocava, corria receosa para atender. Nesta tarde quando viu no visor o nome da investigadora Júlia, não estava confiante de anteder a ligação, mas, percebendo o olhar da mãe de Samantha, resolveu seguir.

- Dra. Nadine, é a Júlia, aqui da DPC, desculpa ligar, sei que a senhora está muito triste com o que aconteceu com sua amiga, mas, chegou na delegacia uma nova caixa branca com um laço verde, talvez a senhora queira ver...

- Samantha não é minha amiga, é minha namorada, e sinceramente não estou nenhum pouco disposta a investigar o caso, tem uma delegada substituta para isso mesmo.

- Dra, acontece que saiu a análise do outro menino, a senhora não vai querer saber quem tentou matar sua namorada?.

- Quer saber Júlia?, já estou indo, pode juntar toda a equipe que estou chego daqui a pouco...

.

Colônia Espiritual Nossa Casa, 07 de agosto de 2018.

.

       Samantha abriu os olhos devagar, sentindo um suave aroma de alecrim e alfazema que vinha do lençol azul que cobria seu corpo, olhou uma mesinha do lado esquerdo com uma jarra de água com um copo e junto estava um delicado porta-retratos com uma foto sua com Nadine sorrindo abraçadas.

- Gostou? - perguntou uma jovem sentada em uma cadeira do outro lado.

- Muito...

- Eu plasmei para você. Prazer, sou Roberta, eu e minha namorada Andréa somos responsáveis por sua estadia.

- Plasmou, sim, claro, e como faz isso?.

- Tem um curso na colônia, eu fiz a foto a partir da imagem que vi em sua aura, a moça dos cabelos cacheados, Nadine, né?, ela é muito importante pra você, então, quis retratar um momento feliz de vocês duas.

       Valha, quem deve ser essa maluca?, devo estar em algum hospital e junto  a enfermaria deve ter uma ala psiquiátrica, a moça deve ter fugido dela, ou muito pior, posso estar entre vários atores contratados pela tal Dália Negra para me enlouquecer. Mas, se for de fato um hospital, onde será que fica?, tão diferente...

- Então querida, você pode chamar Nadine, ou pedir o meu celular para que possa ligar?, ela deve estar bem preocupada...

- Aqui não tem celular que possa ligar para as pessoas de lá, não fica nervosa para o ferimento das costas não voltar a sangrar.

       Falou Roberta apontando para suas costas.

- Você está querendo dizer que eu morri?.

- Não, não, só está em coma, mas, seu mentor resolveu traze-la para cá. Ai meu Deus, eu sou tão sem jeito, me desculpe, sou novata e é a primeira vez que estou sozinha ajudando.

- Meu mentor?, o que é isso, uma espécie de anjo da guarda?.

- Parecido - Respondeu Ângelo se aproximando, seus cabelos eram longos e loiros e desciam até as costas, os olhos eram verdes e parecia um elfo dos livros de Tolkien que Samantha tanto gostava.

- Você é o meu mentor?.

- Sim, esperava um senhor de cabelos e barbas grisalhas?. - Falou sorrindo.

- Eu não esperava nada, no momento, só quero ir para casa, se é meu mentor sabe que sofro longe de Nadine...

- Eu sei, mas, é como Roberta te contou, seu corpo precisa se recuperar para voltar sem sequela alguma, vai dar tudo certo, enquanto isso, vai ficar mais um tempinho conosco. Nadine pode esperar querida, você não vai demorar por aqui, veja o seu fio de prata, está ligada ao seu corpo. Depois tem algumas pessoas que querem te ver, vieram de outra colônia só para isso.

       Quando olhou para porta viu seus avós e sua tia que haviam falecido há muitos anos, estavam todos ali para matar a grande saudade, foi abraçada pelos três e o avô foi o primeiro a falar.

- Samantinha, como está?.

- Vovô Liberato, como senti saudade de você.

- Eu também minha neta, mas, trago boas notícias, tudo está caminhando na Terra, em breve vou retornar como o filho do seu primo Danilo,  e vou saber usar a internet desde pequeno. - Falou rindo do seu comentário.

- Vovô, me desculpe nunca ter deixado você ler meus diários, era tudo tão íntimo, eu tinha vergonha. Mas, o que eu queria dizer é que...bom, quando morreu não tive tempo de contar, que namoro meninas.

- Quando morri, realmente não sabia disso, soube aqui, depois de morto, para mim foi surpresa, mas, eu não saberia o que dizer a você se soubesse naquela época, eu acompanhei a sua separação e seu amor tão grande e sincero por Nadine, gostaria de tê-la conhecido, eu vejo que sonha com a concretização desse amor...ah, não chore, não pode se emocionar, estamos aqui torcendo.

- Vovô, lutei nada, eu fui uma covarde, nunca nem disse o quanto a amo, até disse, uns dias antes de morrer, sua neta é muito medrosa, sempre tive medo de ser rejeitada novamente por ela...

- Samantha, você não morreu e ela não te rejeitou, apenas não souberam conduzir as coisas, e as coisas foram acontecendo, mas, vocês vão ter o tempo de vocês, tenho certeza.

       A avó pediu licença e também se aproximou.

- Minha querida, eu torci tanto para você se ajeitar com Nadine desde o começo, como vocês passam um fim de semana sozinhas em uma casa de praia, e não acontece nem um beijo?, e o pior, você ainda negou que ainda era apaixonada quando ela perguntou.

- Ai vovó, ela quase implorou que eu dissesse não, Nadine estava tão ruim, estava nervosa, preocupada, meio triste, eu jamais me aproveitaria dela, eu a amo, mas, teria que partir dela, entende?.

- Claro, isso se chama amor verdadeiro.

- E você Tia Bárbara, como está?.

- Como vê minha querida, totalmente recuperada, eu vi uma conversa que teve com minha filha caçula, sim, você tem razão, quem você ama, para mim não faz diferença alguma, desde que te faça feliz.

- Obrigada tia, e você, também torce por Nadine como meus avós?.

- Se ela te completa, espero que sejam felizes...mas, eu sei em breve ela descobrirá quem é a Dália Negra...

.

Guaratuba, 11 de novembro de 2018.

.

       Samantha não sabia precisar a quanto tempo estava deitada na espreguiçadeira em frente à enorme piscina cheia de balões vermelhos, pretos e brancos com o rosto dos personagens tema da festa: Mickey e Minnie. Perdida em uma miríade de sentimentos fortes e contraditórios, tentou contabilizar mentalmente os balões a partir das suas cores, começou pela escada que dava acesso as águas, e terminou por desistir do seu intuito, queria apenas fugir das suas memórias, por fora sorria, fingindo que estava tudo normal, mas, por dentro sua alma estava quebrada, como se milhões de cacos de vidro estivessem estilhaçados em pedaços tão pequenos que parecia mesmo impossível de colar.

      Enxugou com o dorso da mão as lágrimas que escorriam pelo rosto, olhou o relógio, 19h, exato momento em que Nadine estaria embarcando com os filhos, seu destino estava traçado, com data, hora e lugar definido, iam para Madri, agora a volta era incerta, um ano, dois, sete?, Nem a própria Nadine sabia informar. Samantha preferiu não fugir e mergulhou na dolorida última lembrança de quem amava, as lágrimas desciam incessantes e dessa vez permitiu lembrar de tudo...

       Três dias após acordar do coma, sentiu que estava exausta, mas, totalmente consciente do corpo e de sua mente, talvez por ter passado muito tempo deitada, ocasionou dores nas articulações e tinha perdido a noção de tempo, nesse instante não sabia precisar o dia, muito menos a hora. Tudo parecia voltar em um turbilhão, sentia que as memórias se misturavam, lembrou de ouvir as vozes dos amigos que a visitavam com palavras de incentivo, recordou os pedidos de Nadine para que voltasse, e por fim, sorriu ao recordar vários sonhos diferentes, no momento fragmentados, mas, lembrou que sonhou com seus avós e uma tia que haviam desencarnado há muitos anos junto a pessoas desconhecidas, eram sonhos lúcidos e absurdamente coerentes.

       Estava perdida em suas lembranças, quando a enfermeira anunciou a visita. Pela fresta da porta avistou Nadine, com o coração aos pulos, seu sorriso abriu farto, e sentiu um calor esquentar todo o peito quando Nadine sentou pertinho, seu olhar era uma mistura de amor, tristeza e alívio.

- Que susto você me deu guria, pensei que nunca mais veria você assim.

      Nadine puxou a mão de Samantha e entregou o piercing, os anéis e os colares de cristal em formato de coração, depois assou a mão no rosto da antropóloga e pousou o dedo indicador na aba do seu nariz.

- Sua perfuração fechou Sam, tentei usar por um tempo, mas, acredito que não combinou muito comigo, vai ficar bem melhor com a dona.

- Obrigada amor...

      A delegada se aproximou, beijando delicadamente para não machucar Samantha, no começo foi apenas um leve roçar de lábios, mas, apesar da delicadeza, o beijo era quente e urgente, cheio de tristeza, quando se intensificou Samantha estranhou, pois muito embora estivesse gostoso, tinha um sabor dolorido, e foi assim que sentiu uma lágrima de Nadine cair em cima de boca, dando fim ao beijo.

- Samantha, eu...eu vou me mudar.

- E vai para onde?.

- Madri, vou morar com os meninos, sinto muito...não sei dizer quando volto.

       Nadine tinha um olhar aflito, quase implorava que Samantha não a pedisse para ficar, e até respirou fundo quando ouviu.

- Tudo bem Nadine...

- Eu preciso ir, os meninos estão crescendo, Mathias está me dando muito trabalho, com umas amizades estranhas, quem sabe longe do Brasil eu retome as rédeas de tudo. Bom, eu preciso ir, vou ainda comprar as malas e entregar a casa que já está alugada.

- Quando eu ia saber, talvez no dia que embarcasse?.

- Não pensei direito nisso, mas, assim que você saísse do coma eu viria de Madri para conversarmos. Sam, eu te amo, me perdoa, queria pedir que viesse comigo, mas, não tenho esse direito...

       Após um leve roçar de lábios, Samantha sentiu o corpo inteiro retesar,  disse um eu te amo pela última vez e ouviu o idem que as vezes Nadine respondia, não tentou impedir, e nem falou mais nada, quando a viu sair rapidamente pela porta, quase atropelando Vivian e Marcela que esperavam a hora de entrar.

       Samantha tinha certeza que tinha esquecido alguns detalhes, revisou a cena várias vezes na tentativa de tentar esquecer esse amor que carregava no peito há tanto tempo. Em algum momento lembrou que estava na festa dos gêmeos de Isadora e Jade para trabalhar, ia cantar com uma banda para animar os pais das crianças que se distraiam com as animações infantis. Estava tão absorta que deu um pulo ao sentir a mão de Jade no seu ombro.

- Sam, desculpe, não quis te assustar, se quiser podemos cancelar a apresentação, e tudo bem, dou um jeito do DJ se apresentar logo, invento uma desculpa, enfim...

- Jade, o palco está montado, o show sempre tem que continuar, vou apenas refazer a maquiagem.

- Amiga, esquece a Nadine...eu tenho certeza que vai aparecer uma pessoa.

- Ai Jade, não fala dela não, um dia eu supero, mas, nem fale em outras, eu não quero, só ficaria com alguém se fosse um clone de Nadine, acho que só assim eu ia superar essa dor que sinto...

- Samantha, sei que eu não deveria falar isso, se Isa me escuta, ela me mata mas, algo me diz que você e Nadine ainda vão se reencontrar.

- Prefiro não alimentar nenhuma esperança. Bom, vamos ao show?, preciso reunir os músicos da banda antes de subir ao palco.

- Espera, tenho algo para te entregar, algo mágico.

- Fala sério, é um chocolate com a cara do Mickey?. Hahahahah - Samantha riu como há tempos não fazia.

- Não debocha, tem propriedades mágicas, come para você ver que delícia

       Mesmo brincando, o chocolate foi cheio de energia positiva, imantadas por Esmeralda, uma cigana que há muitas encarnações dividia os cuidados com o mentor espiritual de Samantha.

       Assim que terminou de comer o chocolate, Samantha se sentiu bem melhor, Jade sorriu satisfeita em ver a amiga mais animada e foram conversando coisas banais em direção a entrada da casa. De longe observaram Laura e Melissa chegar, traziam uma amiga e uma linda bebê sorridente, que batia palminhas e sorria enquanto olhava encantada os muitos balões coloridos e dizia a única palavra do seu vasto repertório de sons, "papá".

Fim do capítulo


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Comentários para 20 - Capitulo 20 - Reconvexo:
Rain
Rain

Em: 16/12/2020

Ok. Esse capítulo causou muitas emoções fortes. Estou com repulsa, nojo e náusea desse psicopatas.

Você foi muito má, autora. Poxa, estou chorando com é que você faz um coisa dessa com a Sam e a Nadi... Aí eu to triste.

A única coisa que gostei nesse capítulo foi a bebê ai do final.

Bateu uma tristeza grande agora... Você foi muito má! 


Resposta do autor: Querida, foi o que elas me contaram...vamos esperar o Spin off...elas vão se reencontrar, infelizmente a Nadine e a Samantha em que me inspirei aconteceu algo parecido...chore não BB. Bj

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Andreia
Andreia

Em: 13/12/2020

Meus parabéns nas não valeu o que aconteceu com caso e pq VC não deixou as duas juntos ai não vale viu vou  lá ler ultimo p ver se ela continua juntas.

Bjs

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florakferraro
florakferraro

Em: 30/11/2020

Sabrina, eu gosto da Samantha e da Nadine, não deixe de dar um final feliz para as duas, acho que elas merecem, mas, do jeito que vocês autoras são capaz do final feliz ocorrer só no livros delas.

Ai, eu quero um chocolate com a cara do mickey.

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