Capitulo 31
Outubro de 2020.
Acordei com Elis entre minhas pernas naquela manhã de sábado. Resmunguei algo, ainda sonolenta e senti ela afastando minhas coxas delicadamente. Seus gemidos enquanto se servia de mim me fizeram acordar no mesmo instante, amava os gemidos daquela mulher. Da minha mulher. Abri um pouco mais as pernas e ela aprofundou suas investidas. Abri os olhos procurando os dela, corri os dedos por seu cabelo, um pouco mais curto do que antes. Ela me olhou e eu mordi os lábios.
- Continua... – Sussurrei agora já completamente desperta.
E sem que eu estivesse esperando, senti dois dedos entrando em mim e fechei os olhos no mesmo instante com essa mistura de sensações. Ela sabia o lugar exato como eu gostava e me queria rápido pelo que eu podia perceber e ela me teve da mesma forma. Segurei os lençóis da cama e g*zei em sua boca, gem*ndo alto, sem precisar me preocupar com os vizinhos.
Já estávamos morando em nossa casa em Mogi. Tínhamos a reformado do jeito que queríamos, com algumas ajudas, muito bem-vindas, do meu pai. Ele nos tinha ajudado a pintar a casa e fazer algumas reformas internas, principalmente alguns ajustes na parte elétrica, o que acabou sendo também bom para ele para distrair um pouco sua cabeça e lidar com o luto de uma forma mais saudável.
A dor não estava mais tão latente em meu peito, alguns dias eram bons, outros dias ruins. Havia dias em que me lembrava mais de minha mãe, alguma música que ela gostava, alguma comida, alguma situação. Havia dias em que eu chorava, outros não e assim continuei seguindo minha vida. Porém, algumas coisas mudaram dentro de mim, eu comecei a dar mais valor a cada momento e a cada pessoa em minha vida, pois eu não sabia quando eles poderiam ser chamados para encerrarem a jornada deles na Terra.
A irmã de Elis, adepta a religiões afro-brasileiras acabou nos dando uma nova visão da vida, da morte o que ajudou muito a confortar meu coração, bem diferente de tudo o que eu tinha ouvido durante toda minha infância. Eu redescobri minha ligação com Deus.
Elis escalou meu corpo e beijou meus lábios de maneira carinhosa.
- Você é deliciosa. – Ela disse baixinho.
- Você que é. – Rolei-a para o lado e me aconcheguei em seu peito de olhos fechados, curtindo aquela nova sonolência que se apoderava do meu corpo.
- Ei, acorda... – Ela me cutucou. Resmunguei enfiando a cabeça em seu pescoço. - Eu estava há meia hora te chamando, resolvi tentar te acordar de outra forma... – Eu ri sentindo seus braços me envolvendo. Eu me sentia tão segura naqueles braços. Tão protegida. Como se nada pudesse me fazer mal. Como se nada fosse capaz de nos separar.
- Espera um pouquinho... – Eu sussurrei.
- Posso ir te falando os planos pra hoje enquanto isso?
- Uhum.
- O Juan tem um horário às 10:30 no petshop, ele vai tomar banho.
Juan Pablo, o pug de Elis, já estava morando com a gente. Ele não tinha se dado muito bem com Salem a princípio, mas acabaram suportando a presença um do outro com o tempo. A mudança definitiva dela também tinha chegado. Eram tantas caixas que realmente não iriam caber no meu antigo apartamento.
A Covid ainda estava presente em nossas vidas, porém em alguns locais a situação estava um pouco mais controlada e as pessoas de alguma forma tinham perdido o medo, o que não era algo tão bom, pois de certa forma estavam se arriscando mais.
- Por que não damos banho nele aqui? – Perguntei.
- Porque a Carla e a Natasha vão vir aqui hoje, esqueceu? Ele precisa estar muito mais limpinho que o normal.
- Nossa, é verdade... – Disse baixinho. - Já chegou o aniversário dela?
- Já, é hoje, Leah. Ela é sua melhor amiga, como pode esquecer disso?
Carla tinha voltado a ser alguém presente em minha vida, estava namorando uma moça de Santos chamada Natasha e tudo indicava que as coisas estavam indo bem pras duas. Natasha era uma linda mulher-trans com pouco mais de 30 anos. Algo que fez a cabeça de Carla dar uma pirada a princípio ao se ver apaixonada por ela. Contudo, o amor acabou vencendo no final.
Eu levantei a cabeça e beijei seus lábios.
- Que horas são agora?
- 9:50.
Eu me apoiei nos meus cotovelos, ela colocou meu cabelo atrás da orelha e eu beijei seus lábios ficando por cima dela, entrelaçando nossas pernas. Encaixei minha coxa nela, sentindo o quanto ela estava quente e molhada por cima de sua calcinha. Gemi em sua boca.
- Adoro te sentir assim...
- Não temos tempo... – Ela também gem*u. – Eu programei o dia todo e já estamos 10 minutos atrasadas.
- O petshop é aqui do lado...
Beijei seu pescoço, sentindo ela se mexendo em baixo de mim, procurando uma boa posição. Ela me tombou para o lado, vindo por cima de mim.
- Encosta...- Ela disse.
Eu já sabia exatamente o que ela queria. Encostei-me na cabeceira da cama, sentada, ela sentou em meu colo colocando os braços em volta do meu pescoço, afastei sua calcinha e corri um dedo por ela, lentamente. Ela apertou meu ombro, descendo seu corpo, querendo um contato maior. Percorria aquela mulher de uma maneira vagarosa e deliciosa.
- Não faz isso... – Ela gem*u.
- Por que?
- Eu quero logo você...
- Como?
- Dentro... – Ela sussurrou em meu ouvido, arrepiando meu corpo inteiro.
Deixei com que meus dedos entrassem nela, dois, facilmente. Ela gem*u alto e começou a rebol*r em meu colo. Encaixei meu polegar em seu nervo, que estava deliciosamente duro, e conforme ela se mexia, aumentava o contato. Beijei sua boca.
A cada dia mais que conhecia Elis, mais eu me apaixonava. Cada gesto, cada fala, cada olhar, cada entrega... Tudo me deixava ainda mais louca por ela.
Ela gozou assim, alguns minutos depois e permaneceu agarrada em mim, no meu colo. Sua respiração estava ofegante e agora minhas mãos passavam por suas costas de maneira carinhosa. Ela ficou assim até se recuperar.
- Precisamos ir. – Ela disse baixinho.
- Vamos fazer assim, eu vou levar o Juan e você fica deitadinha aqui até eu voltar, pode ser?
- Sério que você faria isso?
- Já estou fazendo. – Ajudei-a a deitar-se na cama e beijei sua boca. – Fica quietinha ai que eu já venho. – Beijei seu nariz. Ela se enrolou no lençol, fechando os olhos. Permaneci por alguns segundos olhando para ela e o quanto ela ficava ainda mais linda depois que goz*va. Ela reabriu os olhos.
- Você ainda está ai?
- Já estou indo, só gosto de ficar te olhando...
Ela sorriu.
- Eu amo você. – Ela sussurrou.
- Eu também amo você. – Beijei sua boca e peguei uma camiseta qualquer que estava jogada no chão do quarto. Coloquei um short de moletom e prendi meu cabelo de um jeito meio bagunçado. Fui até a sala e Juan estava deitado em sua almofada preferida do Darth Vader. Ele tinha bom gosto. Salem estava em cima da geladeira me olhando desconfiado. Fiz um carinho rápido em sua cabeça, peguei a coleira e balancei. Juan levantou no mesmo instante da almofada e começou a pular em meu joelho. Coloquei a coleira nele, a máscara em mim e saímos.
Elis tinha conseguido um emprego na Universidade de Mogi das Cruzes, estava gravando aulas de matemática para liberar para cursos a distância. De tanto ela me incentivar, acabei aceitando prestar vestibular, tinha me inscrito em Biomedicina e começaria em 2021.
Deixei Juan e voltaria para pegá-lo dentro de algumas horas. Fui com Elis fazer algumas compras quando voltei pra casa. Ela iria fazer um jantar especial essa noite. Carla e Natasha chegariam por volta das 18:00.
Nós não sabíamos o que o futuro nos reservava, mas eu sabia perfeitamente que era ao lado dela que era o meu lugar.
Amor
(Pablo Neruda)
Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em Taltal não amanhece ainda a primavera.
Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono, de água, de quadris,
até ser só tu, só eu juntos.
Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
a desembocadura da água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações
tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos
com todos confundidos, com homens e mulheres,
com a terra que implanta e educa cravos.
Fim do capítulo
Minhas queridas leitoras, chegamos ao fim dessa história. Tive alguns percalços ao longo da escrita, pra falar a verdade, nem acredito que consegui terminar essa história haha pensei por várias vezes desistir dela, mas aqui estou e fico feliz por ter terminado. Ela não saiu exatamente do jeito que eu queria, pensei em tantas coisas que eu poderia ter abordado por aqui, mas talvez fique pra algum conto futuramente. Eu queria agradecer a todas vocês que perderam alguns minutos pra acompanhar a história da Leah e da Elis, todas as leitoras que sempre estão por aqui comentando e também a todas as leitoras anônimas. Essa história me ajudou em muitas coisas, principalmente lá no início da pandemia em que fiquei perdida sem saber o que fazer da vida, me apoiei nessas duas e acabou me ajudando muito. Sintam-se todas vocês abraçadas! Fiquem em paz e cuidem-se!
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Manuella Gomes
Em: 26/11/2020
Eu imagino que vc teria mais coisas para serem abordadas e concordo com isso, mas entendo tb que vc precisava fechar essa história. Confesso que não imaginei que ela seria finalizada agora, terei que me conformar ;)
Repetindo: adoro a forma como vc escreve e as suas histórias. Vc pegou o caminho certo da escrita e espero ler mais coisas suas em breve.
Fique bem!
Resposta do autor:
Oi Manuella! Agradeço por ter acompanhado a história até aqui, fico feliz que tenha se envolvido com as personagens. Tenho alguns contos no papel, em breve vou colocá-los por aqui (; Agradeço os comentários e por sua presença, o que me ajudou a finalizar essa história. Grande abraço!
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Vanderly
Em: 25/11/2020
Querida thays_, bom dia!
Eu fiquei surpresa com as notas finais, pois não tinha observado que a história fora finalizada, mas enfim gostei, não ficou nada solto, só aquela sensação de quero mais...
Parabéns, por não desisti da história, mesmo com tantas dificuldades. Você é demais.
Sabe, eu vi uma garota com um lado da cabeça raspada ontem, e lembrei da Leah, de você pra ser mais específica.
Te desejo sucesso na tua jornada, e se quiser conversar com uma amiga, fique a vontade para entrar em contato.
Beijos, e fique na paz.
Resposta do autor:
Hahah sério? Que legal! Às vezes na rua me pego olhando as pessoas pensando, nossa, essa pessoa é igual a Leah, ou a Elis, ou a Carla. Uma das minhas inspirações pra essa história foi um seriado chamado Nada Ortodoxa, em que a personagem foge da comunidade judaica aonde ela morava e vai viver a vida de forma mais livre. Também me inspirei em um chamado Shtisel( nao sei se a grafia esta correta), que o personagem (também judeu), acaba gostando da prima e quer se casar com ela. Eu não tenho a menor proximidade com essa cultura, porém gostei muito desses seriados e de conhecer um pouco mais sobre esse mundo, quis colocar alguns aspectos na história. Beijos!
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 25/11/2020
Olá! Tudo bem?
Estava acompanhando seu conto, no entanto, lá em setembro você evanesceu. Fiquei meio perdida, pois seu conto estava sendo muito bem desenvolvido. Fiquei matutando: mais um que vai ficar pelo caminho? Mas eu estava enganada, não é?
Agora, lendo o final dele, estou encantada — e sinto pelos problemas que você passou, principalmente quando o que se vai faz parte de nossas raízes, sustentações — e grata por você ter a coragem de mostra-se um pouco para nós, por que, penso eu, as nossas personagens sempre tem um pouquinho de nós, certo?
Parabéns! Você é grande! Esperando pelo próximo conto!
É isso!
Post Scriptum:
''A morte não é o fim. A separação é temporária. Deixe-a seguir adiante e permita-se viver em paz. A morte é só uma mudança de estado. Depois dela, passamos a viver em outra dimensão.''
Zíbia Gasparetto
Resposta do autor:
Olá! Realmente pensei que iria abandonar a história, sua impressão foi correta. Confesso que em alguns momentos até pensei em apagar tudo, mas senti que não podia fazer isso rs precisava dar um final digno a essas personagens que me ajudaram a externalizar muitos sentimentos. Fico surpresa que tenha gostado do final, eu sinto que poderia ter sido melhor, mas precisava encerrar esse ciclo que iniciei ao começar essa narrativa pq era algo que estava me incomodando, estar inacabado, sabe? Fico feliz por ter acompanhado a história! Li alguns livros da Zíbia, agradeço pela mensagem! É o que acredito também! Grande abraço!
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thays_ Em: 19/04/2023 Autora da história