Acho que Amália está pagando pelos erros enquanto a vida continua para todos na vida e no mundo espirtual.
Capitulo 16 - Desamarrando correntes
Curitiba, 22 de junho de 2017
Laura e Melissa tomavam café da manhã, enquanto Lennon e Yoko, os dois cachorros da raça Yorkshire, latiam e corriam enquanto puxavam um ursinho de pelúcia de um olho só, curtindo um animado cabo de guerra.
- Mel
- Oi amor?.
- Eu queria te pedir uma coisa...mas, acho que você não vai gostar muito da ideia.
- Meu bem, se você não falar o que você quer, terá 100% de não acontecer.
- Ok amor, então...queria te pedir um grande favor...vamos dar uma passadinha na casa da minha mãe?. Eu sei que você não se sente muito à vontade, principalmente depois do último encontro com ela, mas, eu não a vejo a meses, ela é terrível, eu sei, mas, ainda é minha mãe, e não gostaria de ir sozinha, ela sempre aproveita essas ocasiões para me pressionar, e não quero brigar, só quero saber como ela está, enfim, você pode ir comigo?.
Melissa desce os olhos para o chão, lembrando da última vez que vira Amália e o seu jeito esnobe e sarcástico, mas, não pensa mais que um minuto e responde.
-Está bem amorzinho, jamais ia te deixar sozinha nessa, vamos tomar o nosso café e logo mais iremos, é sua mãe minha querida, faz muito bem em querer vê-la.
Laura sai de sua cadeira com um enorme sorriso no rosto, sentando no colo de Melissa, que quase derrama o copo de Nescau que tomava, deixando um bigode de leite em cima da boca.
- Obrigada Mel, meu amor.
Enquanto falava, Laura enchia o rosto da namorada de beijinhos para depois falar um eu te amo cheio de amor.
- Laurinha, você está com gosto de ovos com bacon- disse Melissa rindo muito enquanto balançava o rosto para não ser beijada.
- Mel, temos que repensar essa nossa alimentação, não é?, não temos mais idade para comer tanta bobeira.
- Pense que estamos treinando para quando Manuela chegar?, nossa filha deve gostar de tudo isso.
- Você diz tanto Manuela, e se for um menino?, quando se faz inseminação, não se pode escolher o sex*, sabia?, pode vir o Rodrigo e não é para se frustrar, depois não quero uma criança seguindo nosso péssimo hábito alimentar.
- Está certo, e que tal gêmeos?.
- Ah, você quem sabe, já estou imaginando você com aquela barriguinha, vai ficar tão linda amor.
- Linda?, vou parecer uma pata, gorda e com uma melancia na barriga, é só muito amor, muita vontade de ter uma mini Laura, aliás, temos que escolher no banco de sêmen as características do pai, não é mesmo?.
- Mel, estava pensando, nós podíamos adotar ao invés da inseminação, tem tanta criança abandonada, o que pensa disso?.
- É mesmo, você está totalmente certa meu amor, a criança será amada independente do sex* e do seu DNA, vamos essa semana procurar uma assistente social. Bom, agora vamos lá visitar sua mãe?.
- Claro amor, só não vamos falar nada lá em casa, esse assunto é nosso.
- Laura, eu conheço sua mãe, sabe que tive uma ideia?, podíamos chamar algum casal de amigas que sentem vontade de adotar, assim, não estranharíamos tanto participar de um grupo de adoção, geralmente hetero normativo.
- Claro, agora vamos meu bem, não quero chegar muito tarde.
- Para isso você precisa sair do meu colinho Laura, levanta garota.
- Claro Mel, mas, saiba que eu voltarei.
Laura pisca o olho e seguem até o carro abraçadas, no caminho escutavam Adriana Calcanhotto, uma das cantoras preferidas de Laura. "Você diz que eu te assusto, você diz que eu te desvio, também diz que sou um bruto...". Cantavam juntas tentando dissolver a tensão de seguir até a casa de Amália. Melissa nada falou, mas, lembrava muito bem do último diálogo com a sogra.
- Sabe o que eu penso?, psicólogo é uma espécie de arquiteto das ciências humanas.
- Como assim Dona Amália?.
- Ora, veja bem, o arquiteto ele não foi macho suficiente para ser um engenheiro, mas, também não foi viado o bastante para ser designer de interiores.
- Mãe, que frase mais preconceituosa, e o que tem a ver com a Psicologia?.
- Então, psicólogo é o que?, alguém que não teve competência para passar em Medicina e ser psiquiatra, aposto que os pais de Melissa preferiam uma filha psiquiatra ao invés de uma filha psicóloga, acertei?.
Amália percebe o vermelho que tomou conta de Melissa, saindo do pescoço até o rosto, parecia que sua cabeça ia explodir. "Viu Laura, eu estava certa, sabia, ninguém quer os filhos em um cargo menor".
- Chega mãe, que maldade.
-Dona Amália, saiba que fiz Psicologia por opção mesmo.
- Se você diz...
Laura olhou o portão da casa dos pais de forma desanimada, lembrando que o passar dos anos tornaram Amália cada vez pior e mais difícil de lidar, com a sutil diferença que tinha perdido a polidez que construíra a sua máscara social ao longo dos tempos.
Melissa espantou a lembrança ruim com a sogra e estacionou o carro na garagem da mansão tão logo foi autorizada a entrar. Sabendo que a namorada devia estar apreensiva, Laura segurou sua mão com carinho, indo direto a cozinha.
- Oi Lucinha.
- Lau-Laurinha?.
- Cruzes Lúcia, parece que viu um fantasma.
- Nem vem, só não esperava você por aqui menina, deixa te dar um abraço, vocês precisam voltar mais vezes. Bá veio aqui essa semana, já tinha me dito que você estava bem Laurinha, mas, saiba que não tem só aquela babá ranzinza não.
- Ciumenta...e meu pai e irmão?.
- Saíram bem cedinho, parece que Luigi arrumou uma nova namorada, sabia?, uma moça muito boazinha, diferente daquela mulher xarope. Seu pai está bem mais magro, está mais cuidadoso com a alimentação, vai todos os dias a academia, uma belezura.
Laura não estava entendendo a motivação para os assuntos prolongados de Lúcia, que não era muito adepta a comentários desse tipo, mas, parecia que neste dia estava com muita vontade de estender tudo o que falava, e preferiu não cortar.
- E a minha mãe?.
- Está bem, essa não se cuida muito você sabe, mas, é saudável igual um cavalo de raça, está lá no ático tomando um café da manhã com Dona Chiara, deve ser algo muito sério, estão conversando faz um tempão.
- E onde está o novo motorista dela?.
-Rafael?, não sei, estava aqui agorinha mesmo, pode ter ido resolver ou comprar algo para sua mãe.
Lúcia transpirava nervosa, olhando de vez em quando para o ático, tentando buscar assunto enquanto deixava o tempo passar, sabia que pela demora Dona Amália e Dona Chiara estavam se divertindo com o motorista, como de vez em quando faziam.
- Bom, vou até o ático falar com minha mãe.
- Não Laurinha.
- Porque não?.
Laura olhou intrigada, querendo entender toda a situação, sabendo que havia algo errado.
- Ah Laurinha, eu gostaria de fazer aquele pastelzinho de nata que você tanto gosta e o bolinho de camarão com um suco de uva feito na hora, o que acha?.
- Não precisa Lucinha, estou vendo que está fazendo o almoço, e vai atrasar sua vida, sei muito bem como minha mãe é, sou de casa, não precisa me agradar.
Laura já ia seguir em direção ao ático, quando Lúcia entra em sua frente, tentando impedir Laura de chegar ao cômodo no final da casa.
- Lúcia, estou começando a sacar que algo está acontecendo naquele ático e nada vai me impedir de descobrir, dá licença querida.
- Não, não vá Lau...
Antes de terminar a frase, Laura corre a tempo de escutar risos e nitidamente a voz de sua mãe e um som de chicote batendo no chão.
- Venham meus escravos...
Enquanto isso, Chiara e Rafael riam alto e diziam "não nos maltrate nossa dominatrix".
Laura entra de supetão, abrindo a porta.
- Mas, o que é isso mãe!!!?.
Amália estava nua, da mesma forma que Chiara e Rafael, após olhar a filha, Amália deixa o chicote que segurava firme, cair displicentemente no chão. Laura olha absorta a cena e fala seriamente.
- Vistam-se os três, depois vamos conversar.
Após dizer isso, Laura fica de costas, enquanto Amália se recuperava do susto, trocando de roupa enquanto dizia.
- Escute aqui mocinha, você não manda em nada aqui, estamos nos divertindo sim, seu pai não tem a capacidade de me suprir, eu preciso de sex*, sabia?.
- Esses anos todos me recriminando, enquanto isso está aí com Chiara, é muita hipocrisia mãe!!, revoltante, e ainda põe o motorista no rolo de vocês. Como você pode ser assim?, meu pai não merece, por isso que eu o vejo cada vez mais triste.
- Triste?, triste porque?, eu já pedi que ele fosse embora, o banana não vai, se quer ficar na casa que me aguente.
Chiara trocou de roupa e fez menção de sair.
- E você pode ficar Chiara, não vai fugir não, também me deve uma explicação.
- Que devo uma explicação menina, eu e sua mãe temos um caso sim, é recente, Amália contou ao seu pai, pediu que ele saísse, pois na minha casa não rola, meu marido não sabe. E Rafael é nossa diversão, como um brinquedinho sexual.
- Espera, eu sou o quê??, um brinquedinho sexual??. - Falou o motorista revoltado.
- É... - Responderam Amália e Chiara jutas, para logo após rir da situação e espanto de Rafael.
- Ora Rafael, o que esperava?, que eu e Chiara formássemos um trisal com você?, ah, faça-me o favor, é muita audácia.
O motorista olha para Laura e pergunta pela última vez.
-A senhora me permite ir embora?.
- Claro, e pode deixar que te indico a um amigo para trabalhar, você sempre foi competente como motorista.
- Obrigada Dona Laura, eu tenho filho pequeno, preciso trabalhar.
- Pois devia pensar em respeitar sua mulher e seu filho antes de se meter nessa encrenca.
- Eu pensei Dona Laura...esquece.
Rafael saiu cabisbaixo, aliviado pelo próximo emprego prometido, jurando que não ia nunca mais ia misturar sex* e trabalho.
- Então mamãe, agora somos nós duas e Chiara, não vão se explicar, não?.
- Ora Laura, você é casada, não entende de sex*?.
- Estou querendo entender, vocês sempre foram amigas mãe, desde quando viraram amantes?, é isso que estou te perguntando...
- Você não entende 1/3 da nossa história, nós sempre nos ajudamos, somos amigas de muitos anos, já aprontamos muito Laura, você não imagina até onde vai nossa relação de amor, um dia nos beijamos e resolvemos continuar esse romance, agora, não entendo absolutamente o motivo de estar comentando isso com você, não devo explicações a minha filha, depois Chiara é feminina, tem classe, estirpe e beleza...
Chiara coça a cabeça nervosamente e diz muito séria.
- Olha aqui guria, você não pode nos recriminar - falou Chiara com o dedo em riste, para logo depois continuar.
- Laura, você só arranjava tralha, já teve tanta mulher que não valia nada em sua vida que não vou ter o trabalho de contabilizar, e saiba que eu e sua mãe tivemos o maior trabalho para comprar cada uma delas, foi duro, mas, conseguimos afastar todas, e ó, se não fosse por nós, nem estaria com essa tal de Melissa, o que seria de você se não tivéssemos arranjado Roberta para seduzir a tal médica masculina?, quem era ela?, te digo, ela era um zero a esquerda...não tinha nome, era masculinizada, com certeza ia te tirar até as calcinhas, só não podíamos adivinhar o final, quem diria que ela ia morrer de susto?.
Amália ficou tonta com as palavras de Chiara, nunca imaginava que a amante em algum momento ia revelar o que acontecera.
- Chiara, não acredito que você cometeu esse erro tão primário, não se pode deixar a emoção tomar conta nesse tipo de situação...
Mas, já era tarde demais, Laura já havia ouvido o suficiente.
- Claro, agora tudo faz sentido...eu nunca pensei que pudesse fazer algo assim mãe, você é cruel, nem tenho mais nada a falar. Adeus...
Laura chegou a cozinha transtornada, pálida, tinha os olhos cheios de lágrimas, que escorriam soltas na face, mas, ainda encontrou forças para dizer.
- Dona Amália e Dona Chiara, aconselho a tirarem essa maquiagem borrada dos rostos se não quiserem humilhar ainda mais meu pai, se é que se importam.
Amália mantinha a postura altiva, e ainda tentou argumentar, mesmo com a cena óbvia, mas, Laura fingiu nem escutar.
- Eu não quero ouvir mais nada que venha da minha mãe, Melissa meu amor, por favor, vamos embora. Ah, mãe, vamos levar a Lúcia conosco.
- Pode levar essa incompetente, nem para segurá-la serve.
- Eu tentei - disse a empregada já chorando.
- Mãe, não ponha os seus erros em cima de ninguém. Que coisa mais feia essa reação...vou te dizer, mesmo na lama, não perde a prepotência, não é Dona Amália?.
- Na lama?, uma pessoa de classe e com brasões nunca ficará na lama, seu querido pai vai sair daqui, e ainda vai me dar uma gorda pensão e viverei com Chiara nessa casa, contrataremos novos empregados e vamos viver nossas aventuras.
- Amália, sabe que não posso, meu marido nunca me perdoaria, faria de tudo para me deixar sem nada. Nosso caso vai ter que ser repensado, vamos ter que nos reorganizar, viajo daqui há três semanas para Paris, meu marido vai fazer um trabalho, já pedi licença e seguirei com ele...sinto muito.
- Quer saber?, saiam, saiaaaaaaam, saiaaaaaaam todos, os ratos sempre abandonam o navio, saiam e me deixem, ficarei aqui de pé, altiva como sempre. Saiam seus ratos.
Quando se percebe sozinha, Amália sussurra muitas vezes "ratos, são todos ratos'. E segue até o bar, servindo-se de uma dose forte de whisky, levantando o copo em um brinde diz.
- Um brinde a Amália Hearst Koch e Lefrève, a mulher mais bela e cobiçada de Curitiba, uma verdadeira rainha paranaense, e como rainha eu preciso de uma coroa, onde posso arrumar uma coroa digna?.
Amália segue dançando até o enorme jardim, "eu sou linda, maravilhosa, rica, invejada, tenho o corpo perfeito, os seios lindos, coxas grossas, enfim, rainha". Já no jardim, Amália puxa um cacho de flores amarelas, imaginando uma coroa de ouro, e com uma fita adesiva faz sua coroa de rainha.
- Amália I, no dia do seu coroamento, se declara a rainha do reino de Curitiba, e que comece o baile. Cavaleiros, podem cumprimentar suas damas.
A valsa tocava em um volume beirando ao insuportável quanto Ernesto, marido de Amália chega com o filho Luigi, e vê a mulher dançado uma valsa vienense como se estivesse sendo levada por alguém. Ernesto abaixa o volume do som, espantado.
- Queridosssss, marido e filho, estamos em uma festinha, vocês tem que fazer uma saudação a rainha Amália I e única.
- O que é isso Amália, você está completamente bêbada!.
- Uma rainha não fica bêbada Ernesto, foi só um whisky.
- Danúbio azul, é o cu?. E o cu?. Danúbio azul...cantem comigo.
Amália cantava loucamente, colocando uma letra inexistente e sem sentido algum na valsa.
- Mas o que é isso Amália, você ficou louca?. Onde estão a cozinheira e o motorista?.
- Seguiram com a Lady Laura e sua sapatão de estimação, Melissa.
No entanto, após lembrar do ocorrido, transtornada sai quebrando todos os copos e pratos que podia alcançar.
- Ratos, morram, seu ratos podres, que todos se fodam, seus roedores rastejantes, todos aos meus pés, satisfeitos com migalhas.
- Mãe!.
- Você não Luigi, está limpo, apesar de que, sempre foi um borra botas igual ao seu pai, um bebê chorão que se desesperou só porque viu de relance quando beijei o professor de piano, ah, tadinho, tão medrosinho e no dia ficou até gago...
Ernesto olha tristemente para o filho e diz.
- Fique com sua mãe, vou ter que chamar o Dr. Saulo Lins novamente.
- Ernestinho, psiu, ele não é teu filho, é filho do garçom italiano, o Raffaele, puxa, não...não...não é possível Ernesto?, você não sabia?, perdoa querido, pensei que tivesse contado. Danúbio Azul...e o...
- Chega Amália, não vou deixar que me ofenda assim na frente de nosso filho, tenha compostura mulher. Luigi e Laura são meus filhos sim, fiz o DNA, pois desconfiei, esquece que trans*mos no banheiro do Clube Líbano?, ou estava tão bêbada que nem lembra?.
- Para pai, ela está desequilibrada...
- Meu Deus, os gêmeos são de Ernesto, quem diria, que palhaçada, agora...voltemos ao baile, Danúbio Aaaaazul...sempre fui linda e desejada...Danúbio Aaaaazul...canta comigo Ernesto, o senhor meu marido e pai dos gêmeos, agora entendo porque Luigi é esse pamonha, o DNA não nega. Uoooou, temos visita, olha quem vem ai, Dr. Saulo...
Era a terceira vez que Dr. Saulo comparecia a mansão dos Lefrève nos últimos seis meses, sempre por conta das crises de Amália, no entanto, nunca era preciso uma medida mais drástica, apenas aplicava uma injeção e ia embora, mas, dessa vez o caso era bem mais grave, Ernesto havia relatado toda a cena que presenciara e que se desenrolava diante dos olhos do médico.
- Dr. Saulo, vejo que veio participar do meu baile, mas, antes disso, faça-me um favor, o senhor que é um homem sério, pode pedir que essa vadia saia da minha casa?, estou vendo Verônica há dez minutos aqui, e ela não quer ir embora.
- Quem Amália?.
- Ora, ora, Verônica, ela está aqui na minha frente, me ameaçando mesmo depois de morta, não é muita cara de pau?.
- Quem é Verônica, Amália?.
- Ora Dr. Saulo, era uma atriz de araque que mandei Érick Jacquer, um ex amante se livrar, pedi que enviasse a vaca direto para o inferno, disseram que foi suicídio, quer dizer, foi atestado essa causa porque compramos o perito, e foi caaaaaro, psiuuu, é segredo, mas, ela estava bem mortinha quando meu amigo simulou que ela tinha se enforcado, mas, não...não se preocupe, ele a matou gentilmente, nem doeu, foi pedido meu, sabe como é?. Venha me dar um abraço Saulinho, te conheço há anos, sempre te achei bonitão...
Dr. Saulo balança a cabeça para o enfermeiro que o acompanhava e este rapidamente aplicou um forte sedativo.
- Ui, acho que um pernilongo me picou.
E Amália adormece, largada nos braços do médico.
- Ernesto, meu amigo, dessa vez não tem jeito, vamos interná-la.
- É, eu sei Saulo.
Completamente aturdido com as declarações que ouvira da mãe, Luigi chorou tudo que estava preso por todos os anos de convivência materna, lembrando das maldades de Amália, das surras de cinto por razão nenhuma, as vezes só por conta de uma nota baixa na escola, outras se alguma professora reclamava que era desatento, por tudo amanhava, e parecia que a mãe tinha absoluto prazer em descontar suas frustrações nele, outras vezes era chamado de mariquinhas, em uma, das muitas noites de bebedeira da mãe, era acordado para ouvir suas histórias, e isso o impedia de estudar normalmente, já que no outro dia não conseguia produzir nada, também era obrigado a trocar os cds sempre que a mãe completamente bêbada não conseguia fazer, o pai sempre omisso nada fazia, assim, Luigi repetiu de ano várias vezes, e cresceu se sentindo um burro, ele era a principal vítima da mãe, que por fim, acabou dizendo que não sabia como havia parido um filho tão sem graça, beirando ao feio. Nesse dia, Luigi entrou para o quarto, pegou um terço feito de cristais e rezou, pedindo para perdoar a mãe, mas, no momento era muito difícil, e com o coração sangrando percebeu que precisaria de uma boa psicóloga para superar tudo.
Apesar de estar em crise, Amália confessara um crime, e logo após a internação da paciente, Dr. Saulo seguiu até a delegacia, onde prestou depoimento sobre a morte da atriz Verônica Castro, neste mesmo dia Érick Jacquer é preso e indiciado, Amália Lefrève responderia como mandante, mas, com certeza responderia seu crime em um hospital psiquiátrico do judiciário.
Colônia Espiritual Nossa Casa, 02 de agosto de 2017.
Na sala de conferência, Andréa, Patrícia e Doralice e seus respectivos mentores esperavam a enorme tela de conferência iluminar, avisando da chegada de Anastácia, antiga mentora espiritual da colônia, que mudara há alguns anos para um plano superior, mas, sempre que possível atendia a todos os tutelados e mentores que precisavam de seus sábios conselhos.
- Boa noite - Falou Anastácia com uma expressão serena e um enorme sorriso nos lábios - fico muito feliz de estar aqui novamente rodeada de amigos tão queridos, compartilhando as vivências dessa colônia que muito tempo chamei de meu lar. Quem deseja começar?.
Andréa coçava a mão direita ansiosa, olha para Patrícia e Doralice com um olhar de súplica e pede.
- Posso?.
Tutelados e mentores responderam que sim, Andréa estava muito ansiosa para resolver a questão de Roberta.
- Então, como a senhora deve saber, já fui duas vezes ao mundo de Roberta, infelizmente ela permanece irredutível, o pior é que o lugar está cada dia mais feio e sujo, de todos que habitavam por lá, que viviam no castelo, restam apenas duas escravas e duas funcionárias que fazem tudo, todos partiram, e eu não sei mais o que fazer, Roberta nem me reconheceu, ela estava tão transtornada, e não sei mais o que fazer.
Ao dizer essas últimas palavras, Andréa não conseguiu segurar o choro, tentou buscar ar e forças para continuar. Após receber a mão de Liriel, respira e continua.
- Então Dona Anastácia, eu falei assim "amor, é a Andréa, sua namorada", ela me olhou com tanto ódio depois que lembrou de mim, me chamou de covarde e fraca, depois entrou no castelo e não saiu mais. Fiquei na porta, declarei todo o meu amor, chorei e ainda ouvi uma frase dela abafada "vá embora, só vá embora Déa". Em algum instante, Liriel me trouxe de volta a colônia.
- Minha querida, eu vi essa cena, não foi permitido por Roberta que você ouvisse ‘eu também te amo Déa', ela chorou por você, por não saber como aceitar que falhou. Andréa, menina, seu amor por Roberta se reflete em seus olhos, quer um conselho?. Leve Patrícia na próxima vez, Roberta precisa ouvir esse perdão, ela está presa no seu mundo, simplesmente porque acha que é merecedora de tamanho sofrimento. Na próxima vez seu coração a libertará, vou trabalhar para isso nesses próximos dias. Confie no amor do criador.
- Como nunca pensei nisso?.
- Com dor não me pensa muito minha querida. Vai dar tudo certo e em breve, Roberta estará nessa colônia. A próxima por favor.
- Oi, sou Doralice, o Davi me convenceu que tenho uma nova chance de reencarnar, vou voltar para perto da minha filha Isadora, eu tenho muito medo de errar, de não ser uma boa filha, não sei se vai ser bom para ela.
- Querida, você é muito ansiosa, não sei se você já sabe da novidade, mas, Davi vai voltar contigo, ele pediu autorização de reencarne e vão voltar como gêmeos.
- Davi, você não precisava mais voltar, é arriscado estar no corpo outra vez, fez isso por mim?.
Doralice levanta-se e abraça o amigo emocionada, afirmando que com Davi voltaria o mais prevê possível.
- Minha amiga, estou há tanto tempo por aqui que também acho que está na hora de voltar, quero terminar uma missão que deixei inconclusiva da última vez que estive na Terra.
- E qual seria?.
- Tomar um gostoso banho de mar...
- Bom, resolvido o problema das duas...falta Patrícia.
- Nem lembro mais o que desejo Anastácia, por ora, o que mais quero é poder ajudar nesses dois casos.
- Conto com você Patrícia, vamos resolver juntas as duas situações...
Fim do capítulo
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Rain
Em: 15/12/2020
Vixe! A bicha ficou doida e com loucura vai pagar por tudo que fez! Já estava na hora. O povo merece se livrar dessa lambisgóia.
Então, Dora vai vim com filha da Isa? Legal!
Se Laura e Melissa vão adotar, como é que a Patricia vai reencarnar? Curiosa para ler o próximo. Vou lá ler agora para saber mais.
Resposta do autor:
A véia pirou legal mesmo...caraca, eu ri muito quando terminei de escrever a cena, foi trágico, mas, ao mesmo tempo cômico....rsrsrs
A criança que laura e Mel adotam é a Patrícia reencarnada, o egócio é organizado na espiritualidade.
Andreia
Em: 13/12/2020
Um preço bem caro Amália vai pagar pelo que ela fez.
E mais uma fez esta se parabéns como est escrevendo cada capítulo perfeito como muito amor e carinho.
Bjs
Resposta do autor:
Obrigada Andreia, sim, a Amália vai pagar por tudo que fez, é a lei do retorno que acredito que age implacával na vida de todos, e você tem toda razão, escrevi essa história com muito amor e carinho, fico feliz que está gostando. Obrigada e beijos
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brinamiranda Autora da história
Em: 23/11/2020
Ah, muitos infelizmente são assim, as vezes por medo de se expor, outras para tentar desviar o foco de si, quem sabe o que se passa no ser humano, não é mesmo?.
A Amália com certeza entrou para o rol das minhas vilãs, tirando a Pierrô creio que era uma psicopata, creio que ela era ruim igual uma peste...rsrsrs
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florakferraro
Em: 22/11/2020
Essa Amália é muito hipócrita, condenava a filha e tinha uma amante?, teve o final que merecia, completamente louca, fico com pena do filho coitado sofreu a vida inteira, e do marido corno de tudo, ele merecia encontrar alguém o senhor Ernesto.
Resposta do autor:
Bom, sabe que não lembro mesmo como o Ernesto termina rsrsrs vamos juntas, eu reviso para postar, no entanto esse livro é de 2018.
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