Meus pedaços por Bastiat
MartÃrio
Isabel
Bendita ou maldita a hora que resolvi usar o banheiro antes de iniciar mais uma gravação?
A sensação de estar sendo puxada por dois lados é agoniante. Se metade de mim está explodindo de felicidade neste momento, a outra metade está se afogando em um mar revolto de tristeza do passado.
Se alguém viesse do futuro me dizer que mais uma vez eu teria a Helena para mim, daria risada. Há três semanas nossa relação piorou, mas bastou uma divisão de camarim para, literalmente, cair de boca nela.
O corpo pequeno da paulistana exausto ao meu lado, seu tórax subindo e descendo rapidamente, e seus lábios um pouco entreabertos procurando ar com um sorriso discreto, trouxeram-me satisfação.
Beijei o seu pescoço buscando aproveitar o momento. Foi como se voltássemos ao passado, como se a atriz tivesse viajado como fez inúmeras vezes, passado dias ou até meses fora, e retornasse da viagem diretamente para os meus braços.
A menor abraçou-me e eu agradeci por isso. Não quero sair do seu lado com ela pensando que transei por um impulso. A todo momento eu estava consciente dos meus atos, desejei estar com ela no exato momento em que por obra do destino a apresentadora caiu nos meus braços.
Mas esse desejo todo não deixa de ser conflitante na minha cabeça. É desgastante pensar que ela tenha se entregado a mim mesmo depois de tudo.
Ontem já foi tão difícil, passei o dia inteiro chorando, praguejando, pensando e sofrendo por saber que eu nunca mais a teria. Não tive nem condições de trabalhar. Muito menos sabendo que a veria.
Lembrei-me de todos os anos: no primeiro que fomos ao show do Aerosmith. No segundo quando ela me pediu em casamento. Do terceiro que a levei para conhecer a minha abuela, minha infância e meu passado em Madrid. Já no quarto viajamos juntas para Cancún. O quinto caiu bem no dia ela teve gravação de uma novela, mas mesmo assim levei um jantar para a estúdio, comemos às pressas para depois eu ficar admirando-a trabalhar. No sexto nós duas pegamos uma gripe horrível e ficamos cuidando uma da outra deitadas e assistindo diversos filmes. No sétimo ela me surpreendeu com um motel de luxo depois de fingir o dia inteiro que havia esquecido. O oitavo que passamos o dia brigadas por causa do seu ciúme, mas mesmo contrariada ela apareceu para o meu convite de jantar no seu restaurante favorito. No nono eu tive a ajuda do chefe dela para inventar uma suposta gravação em Florianópolis em que me recusei a ir para no final conseguir surpreendê-la. No décimo, mesmo eu estando com sérios problemas financeiros, decidimos juntas viajar para a Veneza, Paris e Budapeste, foi renovador. O décimo primeiro foi um dos mais especiais porque estava quase no final da gravidez e ao mesmo tempo foi o mais corrido pois precisava trabalhar na tentativa de recuperar a minha companhia que estava tecnicamente falido. O décimo segundo foi um jantar tarde da noite em casa preparado por mim após a Helena chegar de um evento. O décimo terceiro foi após um dia exausto de gravações do Atuando no qual apenas trocamos declarações na cama. No décimo quarto passamos um final de semana na praia deixando a Gi com a Elisa para ter um momento só nosso. O décimo quinto eu cancelei a festa um dia antes fingindo estar doente. O décimo sexto não existiu, assim como este décimo sétimo.
Me martirizei o dia inteiro tentando entender onde foi que erramos. Quando Helena deixou de me amar? Quando eu passei a ser uma conveniência? Rotina? Trabalho? Quando nos rompemos? Não cheguei à conclusão nenhuma.
A minha única certeza é de que a amo. Talvez tenha sido por isso que não consegui resistir aos seus encantos. Eu sabia que conviver com essa mulher seria o meu fim.
Quando senti que ela estava relaxada nos meus braços, decidi que era a hora de levantar e encarar as consequências dos nossos atos.
Eu não queria machucar a mais velha, então optei por perguntar se ela se lembrava do dia de ontem. Talvez assim ela perceba que eu não transei só por diversão.
- Você... - falhei. - Você está com gosto de chocolate aqui - disse qualquer coisa que veio na minha cabeça e passei os dedos entre os seus seios para indicar o lugar.
Senti medo da Helena responder que não se lembrou.
- Um acidente no set. Derrubaram chocolate em mim, por isso tive que vir trocar de roupa.
Ouvi sua resposta como se estivesse distante dela. Meu corpo foi abraçado com mais força, mas meus pensamentos já estavam longe.
Decidi que era hora de me levantar pois continuar com ela nos meus braços passou a ser dolorido.
Sai do encaixe de seu pescoço e Helena virou o seu rosto na minha direção. Não percebi o que ela planejava fazer, apenas entendi quando tomou a minha boca para si e começou a retirar o primeiro botão da minha camisa.
"- Cheguei, Isa.
Helena entrou no quarto da nossa filha falando baixo.
- Olá, cariño - respondi ao seu cumprimento estudando o seu rosto.
- Mamãe - Giovanna agitou-se na cama.
- Oi, minha princesa. Já está pronta para dormir?
- Sí - respondeu bocejando.
Helena deu um beijo na sua bochecha e nossa filha fechou os seus olhos.
- Buenas noche, Gi - sussurrei.
- Boa noite, meu amor - Helena disse à pequena.
Olhei para a minha mulher que sorria de orelha a orelha, juntas seguimos para fora do quarto.
- Demorou hoje, cariño.
Eu sabia que era o dia de gravar uma entrevista de apresentação com o competidor Gustavo, queria saber como foi. Torci para ela contar com detalhes como sempre faz.
- Foi uma longa entrevista, mas o importante é que ficou boa.
A cada resposta pronta, sentia-me pisando em ovos. Minha mulher sempre foi tão detalhista sobre o seu dia. Falante, semana passada mesmo contou toda a vida de um outro competidor que fez a mesma entrevista.
Sinto que não vou aguentar por muito mais tempo essa angústia de estar mais próxima de mais uma certeza.
Helena entrou no nosso quarto e jogou sua bolsa na cama. Com saudade, abracei o seu corpo por trás e cheirei o seu pescoço.
Péssima ideia.
- Helena... tu olor (cheiro)... - disse gaguejando.
- O que foi? - Perguntou saindo dos meus braços.
Eu não sei de onde vem tanta calma em momentos como esse. Respondi com uma voz suave:
- Teu cheiro, Helena. Você está cheirando a perfume forte de homem.
A apresentadora passou a mão pelo seu pescoço e sorriu amarelo. Foram segundos apenas desviando o seu olhar.
- Deve... deve que... ficou quando eu abracei algum, não sei - mordeu o canto dos lábios nervosa. - Acho que foi na Escola para Roteiristas. Tive uma reunião antes de ir gravar na casa do Gu. Do Gustavo - corrigiu-se do apelido usado.
Mentiu. Eu sabia que era mentira. A atriz me olha com apreensão. Ou talvez seja verdade, Helena abraça todo mundo. Prefiro acreditar na segunda opção, por conveniência.
Pensei em confrontá-la, eu já estava chegando ao meu limite. Sinto-me tão cansada em suas desconversas. Tenho certeza de que tentará reverter toda a situação com beijos e carinhos.
- Vá tomar banho, Helena - sorri com pesar por toda situação - Se eu gostasse de cheiro de homem tinha me casado com um - tentei brincar.
Helena respirou, o que me pareceu, aliviada e começou a desabotoar a sua camiseta social preta.
- Isa, desculpa por chegar tarde.
- Está tudo bem, Helena. Muitas veces eu também llego tarde.
Vi quando ela retirou sua calça e mordeu seu lábio inferior. Vai começar a sua tentativa de me seduzir para enterrar o assunto.
- Quer tomar banho comigo?
- Adoraria, mas já tomei o meu banho. Vou me deitar e ler um pouco.
A apresentadora assentiu e caminhou até a porta do nosso banheiro.
Eu permaneci parada no mesmo lugar. O cheiro masculino ainda adentrava o meu nariz, cortando em pedaços o meu coração.
Eu ignorei por anos coisas que fariam qualquer pessoa se sentir ameaçada. Foram tantas cenas que gritavam na minha cara que eu deveria investigar melhor. É como se não quisesse tirar a venda de meus olhos.
Talvez se há sete anos eu tivesse ido atrás de saber o porquê daquele dia que a Helena dormiu fora de casa, eu teria evitado chegar a este ponto. Hoje eu sei que a desculpa do carro quebrar foi grotesca, mas eu confiava tanto nela que se alguém dissesse que ela estava me traindo, daria um tapa na cara da pessoa.
Confiança demais cega, parece que eu sou a prova viva disso.
Quando terei coragem de me separar dela? Quando a minha dependência por ela cairá?
Ouvi o barulho do chuveiro. Balancei a cabeça para espantar as imagens horríveis que começaram a se reproduzir. Caminhei até a nossa cama para retirar a colcha e arrumar para dormir.
Peguei sua bolsa que estava em cima da nossa cama para guardá-la, mas algo cinza que estava saindo de um dos pequenos bolsos por fora chamou a minha atenção. Puxei a embalagem.
Um preservativo masculino.
O jantar revirou no meu estômago.
Lágrimas imediatamente brotaram nos meus olhos.
A pergunta que eu tenho medo da resposta martelou a minha cabeça: por que a Helena tem isso bolsa dela?
Passei as costas da minha mão no rosto para enxugar as minhas lágrimas. Eu não deveria estar surpresa.
Coloquei a camisinha de volta no pequeno bolso e joguei a bolsa de qualquer maneira na poltrona. Terminei de arrumar a cama e desliguei a luz.
Com uma dor de cabeça terrível, deitei-me. Peguei o edredom para me cobrir e me virei para o lado oposto do dela.
As minhas lágrimas diminuíram, mas ainda assim molhava o meu travesseiro.
- Eu no sei o que hacer - sussurrei.
Quando cessou o barulho do chuveiro, procurei parar de chorar e enxuguei o meu rosto antes de ela sair do banheiro.
Fechei os olhos e torci para conseguir dormir de repente antes de ela deitar-se. Fracassei.
Ouvi os seus passos, senti quando ela se deitou e o cheiro de banho recém tomado foi se aproximando de mim.
Nua, Helena me abraçou por trás.
- Isa, fiquei cheirosinha para você, vem sentir - disse no meu ouvido.
Lena mordeu o lóbulo da minha orelha e passou a beijar o meu pescoço.
Eu segurei o choro.
Sua mão apertou o meu seio esquerdo e eu a impedi de continuar.
- No, Helena.
- Ai, amor... - reclamou, mas continuou tentando me estimular.
- Helena, eu estou cansada e com muito sono.
Coloquei a minha mão sob a sua para retirar do meu seio..."
Da mesma maneira que fiz antes, também impedi seu toque.
Eu não conseguia. Toda vez que eu sentia a Helena me tocar, o meu corpo a repudiava. Um desejo culpado.
Por mais que eu a ame, o perdão não vem. Por mais que o meu corpo peça por ela, a minha razão é o remédio para a loucura.
De repente o beijo tornou-se amargo. Parei aos poucos, evitei assustá-la.
Meu corpo todo retraído se afastou um pouco. Helena me olhou confusa. Não tive coragem de encará-la. Ela nunca me verá chorar.
- Temos que voltar.
Levantei-me rápido e fui ao banheiro fechando os botões da minha camiseta.
Entrei no banheiro e busquei ar. Sinto-me muito nervosa, minhas mãos tremem. Encarei o espelho com os meus lábios como uma linha de tanto apertá-los para segurar o choro. Minha vontade é socar todas as paredes do trailer, mas me controlei.
Abri a torneira e molhei a minha nuca. Respirei fundo e soltei o ar devagar. Eu preciso voltar para conversar e para gravar. Mas minha prioridade é falar com a Helena.
Aos poucos consegui me acalmar e colocar a cabeça no ligar.
Sai do banheiro e dei de cara com ela ainda nua no sofá.
Rapidamente a menor pegou a sua calcinha que larguei no chão. Vi suas bochechas ganharem uma cor rubra e seu gesto de esconder os seus seios. Fechei os olhos com vergonha da minha atitude anterior. Eu deveria ter encarado o que fizemos de frente.
Ouvi a porta do banheiro ser batida. Decidi por sentar-me no sofá e a esperar.
Enquanto aguardava, enviei uma mensagem para a diretora avisando que demoraria um pouco mais para que eu e a Helena retornássemos.
Esperei, esperei e esperei mais um pouco. O tempo não passa, a atriz não aparece. Quanto mais tempo espero, pior a minha cabeça fica.
- Es hora de dejar que mi corazón hable um poco.
Quando terminei de falar, a porta foi aberta pela apresentadora.
- Não acredito - sussurrou.
- Hele... - tentei falar.
- O que você está fazendo aqui?
Murchei como um balão no final da festa. A voz dela não está das melhores.
- Te esperando... eu... eu...
‘Eu queria te perguntar como você está', só ficou em meu pensando.
Helena está arredia. Nada lembra a mulher que gemia de prazer minutos atrás.
- ...Eu só quero te pedir um tempo porque isso...
‘Mudou tanta coisa para nós. Acho que estamos confusas e precisamos conversar para entender o que vai ser daqui para frente', outras frases que morreram na minha garganta.
- Não! Por favor, agora não! - Mais uma vez me interrompeu.
- Espera, caramba... - tentei.
- Eu já sei, Isabel. Você não precisa verbalizar as suas atitudes, elas já foram bem claras. Nós não precisamos disso. Eu não preciso de outra conversa como aquela no estacionamento.
- Você pode escuchame... - me desesperei.
- Não! Eu já disse que não! Ou você acha que só você tem o direito de dizer não e eu te obedecer?
Eu sabia que o meu ‘não' teria um peso enorme. Mas o que posso fazer se não me sinto à vontade para ser tocada por quem me prometeu fidelidade e não cumpriu?!
- No seas ridícula...
Comecei a ficar nervosa, mas não consegui falar.
- EU JÁ DISSE QUE NÃO!
O grito da minha ex foi direto nas minhas emoções. Eu sabia, é hora de apenas escutá-la.
- Está tudo bem, Isabel. Eu já sei de cor todo discurso que vai sair da sua boca, esta mesma que estava se deliciando de mim minutos atrás. Poupe-me de escutar que isso tudo foi nada, apenas uma atração, essas coisas. Eu sei que para você foi um momento de fraqueza porque do nada eu apareci pelada na sua frente...
- No... - falei baixo mais para eu escutar.
Eu merecia ouvir.
- Sei também que não vai negar que foi bom e que você quis, mas que é só isso. Talvez no fim do seu discurso, você me abrace e diga para eu esquecer disso tudo. Não se preocupe, eu não vou estragar a porcaria da nossa cordialidade no Helena e sei que somos mães da Giovanna. Agora, senhorita não me toque, dei-me licença pois preciso retornar ao trabalho.
Quando dei por mim, Helena já alcançava a porta e eu ainda fiz a última tentativa de ser ouvida:
- Helena!
Ela não voltou e nem pretendia.
[...]
- Helena... opa, scusami. Yo no pensé... perdón.
Congelei na porta quando percebi que ela estava nua. Assim que terminou o programa, eu comecei a conversar com os participantes para passar o tempo e achei que já dava tempo o suficiente para a Helena estar no trailer. Durante todo o programa, tentei fazer contato com o olhar, mas a apresentadora me ignorou.
Helena cobriu-se com um vestido.
- Estou começando a achar que você está fazendo isso de propósito, Isabel.
Senti raiva na sua voz.
Não que eu estivesse imaginado que ela estaria mais calma. Mas como sempre fui eu quem fugiu de uma conversa, achei que ela desejaria conversar depois que tudo se atenuasse.
- No, claro que no. Eu só quero conversar com você.
- De novo isso?
- Helena, por favor, você sabe que precisamos conversar.
- Isabel, sai! No momento eu preciso trocar de roupa, então eu peço que você saia para que eu possa me vestir em paz.
- Por quê? No tiene nada aí que já no tenha visto.
Tentei usar o meu humor que ela sempre gostou para amenizar o clima, mas foi uma péssima ideia.
- Sai logo, cacete!
Conheço bem a pequena e sei quando ela está a ponto de explodir. Coloquei as mãos para cima em rendição e optei por esperá-la fora do trailer.
Enquanto esperava, eu comecei a me dar conta do que mudou em mim.
Eu não sei se foi a data de ontem, se foi a conversa com o Maurício ou se foi o almoço na casa do Eduardo e seu marido Rodrigo.
Definitivamente este último pesou na minha mais dolorosa decisão.
" - Isabel, eu sempre te admirei demais, mas tudo mudou depois da separação. Eu não consigo mais enxergar a minha amiga feliz que implicava com o Edu e adorava beber vinho comigo. Afinal, por que você se separou sem ao menos dar uma chance da Heleninha se explicar?
- A separação só diz respeito a mim e a Helena, Rodrigo. Eu não vim aqui para discutir a minha relação com a amiga de vocês.
- Por que você preferiu se afastar de todo mundo? Eu tentei entrar em contato de todas as formas. Sabe quantas vezes fui ao Arte e tentei conversar com você? Umas 20 vezes.
- Eu sei - abaixei a cabeça.
- Qual é, Isabel? Você aceitou o convite para fingir que nada aconteceu? Ainda somos os seus amigos, conversa com a gente!
Olhei para o Eduardo que pedia calma para o companheiro.
A comida disposta na mesa de repente ficou indigesta. Eu só queria sair dali.
- Yo no tengo que dar satisfação nenhuma.
- Realmente, não tem. Mas a partir do momento em que machuca uma pessoa que eu amo, esse problema vira meu também. Para de tratar a Helena mal, para te tentar afastá-la porque você nunca vai conseguir isso, pense na sua filha! - Rodrigo alterou a sua voz, mas voltou a acalmar-se. - Lena sente-se mal por não saber o que realmente aconteceu e é por isso que ela quer tanto conversar com você. Se um dia você a amou de verdade, fala para ela com todas as letras que não têm volta e deixe-a livre para ser feliz independente do que que você pensa..."
Depois disso o meu tão estimado amigo pegou mais pesado ainda e eu tive que sair sem almoçar para evitar uma briga.
"Lena sente-se mal por não saber o que realmente aconteceu e é por isso que ela quer tanto conversar com você."
Então Helena sente-se presa a mim por não ter ouvido da minha boca o que ela sabe que fez.
Soltei uma pequena risada e olhei para o céu que começava a escurecer. Enquanto me afastei de todos os nossos amigos em comum, Helena posou-se de vítima. Mesmo que eu dissesse tudo o que sofri, ninguém acreditaria.
Mas essa frase só foi uma das soltas que ficaram na minha cabeça. A principal foi:
"Se um dia você a amou de verdade, fala para ela com todas as letras que não têm volta e deixe-a livre para ser feliz independente do que que você pensa".
Foi isso que ensaiei por três semanas. Na primeira semana faltou-me coragem, na segunda tempo e na terceira rasguei o discurso que estava escrevendo quando me dei conta da data de ontem.
Quando Giovanna chegou de surpresa na minha casa, eu a abracei forte. Demoramos tanto tempo para decidir ter a Gi para no fim não a criarmos juntas como um casal apaixonado que eu pensei que éramos. O nosso sonho está crescendo bem diante dos meus olhos e não está sendo nada como ela tanto contou que seria.
O pior do dia foi quando a minha pequena cópia perguntou se eu amava a outra mãe dela e questionou a nossa separação. No momento em que ela falou na possibilidade de uma volta, quase fraquejei e pensei na possibilidade de unir-me com a Helena novamente.
Imaginei só por um momento se eu conseguiria perdoá-la. Jamais. O meu coração quebrado nunca poderá ser consertado.
Desde a nossa primeira semana de namoro, deixei bem claro que a única coisa que não suportaria seria uma traição. A mais velha concordou comigo e sabe a dor de uma, afinal ela foi traída pelo ex-marido e uma amiga.
Abracei o meu corpo. Embora eu quisesse o que aconteceu entre nós, comecei a pensar o quanto fui irresponsável comigo mesma. Judiei das minhas emoções que estavam sensíveis pelo dia de ontem.
É melhor ignorar o que aconteceu, voltar com o plano de colocar um ponto final, dizer o que ela quer ouvir e deixá-la livre.
A porta foi aberta e a apresentadora revirou os olhos ao notar que eu a aguardava. Helena não se entregou porque tem algum sentimento por mim, foi desejo. Agora está como medo de que eu queira voltar, por isso quer ignorar e fugir.
- Helena! - Chamei.
Ignorou-me e caminhou na direção oposta.
- Carajo, Helena! Espérame!
Coloquei a minha mão em seu braço e a puxei.
- Me solta, Isabel! - Obedeci na hora - Qual a parte de que nós não temos nada para falar que você não compreendeu?
Sua feição irritada me fez recuar.
- Helena, eu me preocupo com você. Podemos não ter feito a coisa mais correta no momento, mas no quiero que pense...
"Eu estou arrependida de ter te amado", engoli as palavras pela interrupção.
- Eu não estou pensando nada, porr*. Aconteceu, ponto. Está tudo bem. Não se preocupe, nem se passou pela minha cabeça que algo iria mudar entre nós.
- Mas mud...
Irritei-me por outra vez ser interrompida.
- Se você realmente quer conversar, vamos deixar para um outro dia.
Chacoalhei os meus cabelos com a mão com raiva.
Vencida pelo cansaço, limitei-me apenas a observá-la indo para longe de mim.
É um claro recado de que nunca vamos falar sobre isso. Se é assim que a Helena quer, é assim que ela vai ter.
- Isabel?
Virei-me dando de cara com a portuguesa.
- Olá, Philipa - sorri.
- Estás tudo bem?
- Sí e você?
- Cansada depois dessa difícil prova.
Aproximando-se mais de mim, a competidora colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
- Desculpe se me met*s em tua vida, mas eu percebi um clima pesado entre você e a Helena. Não se preocupes, pois não escutei nada. Apenas vi que estavam agitadas e que ela não saiu com uma cara muito boa. Problemas?
Senti-me exposta.
- Nada que vá prejudicar o Atuando - tentei não ser grossa.
- Isa, esquece que é a competidora que estas a questionar-te. Eu estou a ver que estás com problemas.
- O que você viu foi uma discussão boba.
A portuguesa pegou a minha mão e colocou entre as dela.
- Isabel, eu posso te perguntar uma coisa?
- Sobre? - Perguntei olhando para a sua mão que acariciava a minha.
- Não faz muito tempo que eu moro no Brasil e me limitei apenas a estudar. Quando conheci o programa, acabei pesquisando sobre os jurados e claro sobre ti. Eu sei que vocês foram casadas e que tens uma miúda. Depois descobri que vocês se separaram, mas não há tantos detalhes. Essa separação não é definitiva? É por isso que me dispensou no seu camarim mais cedo? Não deixaste nem me sentar ao seu lado.
- Philipa... - respirei fundo e retirei a minha mão da dela. - No tiene essa de dispensar. Acontecer uma coisa entre nós é imposible.
- Impossível por que a separação não é séria?
- No, a separação es séria. Mas isso no tem nada a ver.
- O boato é verdadeiro?
Fiz uma careta tentando imaginar sobre o que ela está falando.
- Que boato? No sé sobre o que está falando.
- Ouvi pelos corredores que a Helena te traiu com o vencedor da última competição. É verdade? Tem uma entrevista que ele mesmo sugere isso.
Senti o meu rosto queimar de vergonha. Eu não fazia a mínima ideia de que as pessoas comentavam isso, nem dessa tal de entrevista. Na realidade, eu achei que todos pensavam que a separação tinha sido de modo amigável, como foi escrito na nota à imprensa.
Eu quero me enfi*r em um buraco e só sair de lá quando o meu contrato acabar. Só quero voltar a minha vida anônima e atuar na minha companhia como fiz quase a minha vida inteira.
Ao perceber o meu constrangimento, Philipa manifestou-se:
- Isabel... mil desculpas. Eu não deveria ter perguntado isso. Mas é que eu fiquei com isso na cabeça e não acreditei. É claro que você não foi traída. É impossível que a Helena tenha sequer pensado em trair-te.
Sorri apenas com os lábios e balancei a cabeça positivamente.
- Quem tem boca fala o que quer, sí?! Está tudo bem, querida. Vamos esquecer esse assunto.
A portuguesa aproximou-se ainda mais e capturou os meus olhos para ela.
- Assunto esquecido. Mas ainda temos um pendente.
Desta vez eu sabia sobre o que ela falava. Sem conseguir sair de seus olhos, apenas dei um pequeno passo para trás.
- Philipa, eu sou a jurada do programa...
- Você já me disse isso mais cedo. Notou uma coisa? Pela primeira vez eu vou fazer uma prova de eliminação.
Abri a boca surpresa.
- No! No pudes hacer lo que estou pensando!
- Se é o Atuando que impede de você aceitar um convite meu para jantar, então eu vou sair.
- Pero no é isso. Usted no puede perder de propósito, Philipa. É ridículo. Você não leva a sua profissão a sério? Isso daqui é mais que uma mera diversión para os outros competidores. Respeite-os. Você é uma boa atriz, tem condições de ir para a final. Isso pode te custar futuro papéis. Tudo isso para quê?
- Para ficar com você, Isabel.
- Você não me conhece mesmo. Acha que me envolveria com alguém que não respeita a atuação?
- Estás a me dizer que eu tenho uma chance?
- Eu no disse nada, Philipa.
Fechei os olhos e respirei fundo. Quando senti uma mão no meu pescoço e os abri os meus olhos, a portuguesa estava perto de me beijar.
Afastei-me de imediato. Dei um passo grande para trás e a olhei com indignação.
- O que você pensou em fazer, garota? Dónde estás el respecto? Estás volviendo loca? Eu sou jurada de um programa que te julga. No puedo deixar me influenciar. Quer que eu pense que você está tentando me seduzir para ter vantagem na competição?
- Ei, calma. Calma, Isabel. Foi por impulso. Você estava tão perto, tão linda. Desculpe-me.
A última coisa que quero é iniciar uma briga neste dia já tão confuso.
- Vamos esquecer esse assunto, sí? Eu preciso trocar de roupas e acho que você precisa ir também.
- Só mais uma coisa. - Arqueei a minha sobrancelha. - Aqui, neste papel, deixei o meu número e o meu endereço. Caso mude de ideia e perceba que eu jamais precisaria seduzir-te para ganhar o Atuando, procure-me.
Ousada, o papel foi colocado no decote que minha camiseta social faz.
Sem despedir-se, Philipa saiu rebol*ndo e eu a acompanhei com o olhar.
Como se a minha vida não estivesse cheia de problema, agora tenho que administrar a paixonite da portuguesa. Não basta a pressão de toda competição dentro do reality, agora sinto-me responsável por poder estragar a carreira de uma pessoa realmente boa.
Eu deveria ter cortado as asas dessa menina já no começo das gravações. Mas perceber o interesse dela por mim acalentou-me. Carência, curiosidade, vontade de sentir-me amada. Um mix de bobagens que está ficando sério demais.
Olhei para o papel e o amassei. Procurei um lixo e achei perto do trailer dos meninos.
Estiquei o meu braço para jogar fora, mas não o fiz.
Balancei a cabeça em negação e desamassei o papel. Dobrei e caminhei até o meu camarim.
Quando entrei, peguei a minha bolsa e o coloquei dentro.
[...]
- TÁ BOM, ISABEL?
Ouvi o grito do Maurício e despertei dos meus pensamentos.
Ajeitei-me no banco de seu carro irritada.
Eduardo dava risada no banco de trás pelo meu susto e eu mostrei o dedo do meio para ele.
- Qué pasa?
- Te fiz uma pergunta e você estava aí olhando para o nada, espanhola - Maurício me respondeu.
- No te escutei, desculpa. O que você perguntou?
- Perguntei se você decidiu ir com a gente ou se te deixo no estacionamento da emissora mesmo. Deixa o seu carro lá, amanhã você pega - sugeriu. - Faz tempo que não nos divertimos juntos.
- Boa ideia essa do estacionamento, estou com preguiça de dirigir. Deixei-me em casa, por favor.
- Tá ouvindo isso, Eduardo? Dispensando a nossa companhia para dormir cedo.
- Isabel está uma chata. É do trabalho para outro trabalho e depois casa - Edu reclamou.
- Eu prometo ir à próxima.
- Ah é? Vou cobrar então.
As cenas quentes de mais cedo voltaram a povoar os meus pensamentos. Eu ainda posso sentir a maciez de sua pele nas minhas mãos, o gosto do seu prazer em minha boca, a tua língua envolvendo a minha.
- Isabel - senti a mão do Maurício cutucando o meu braço e o olhei. - Estamos chegando no centro de São Paulo e nem ouvi a sua voz direito. Eu e o Eduardo estamos conversando o caminho todo e você nem nos xingou quando falamos merd*. Algum problema?
- No.
- Caralh*, espanhola. Você e a Helena não conseguem dividir um camarim juntas sem se matarem?! Está estampado na sua cara que aconteceu alguma coisa. Vocês brigaram?
O que aconteceu hoje eu não falaria nem para a minha mãe se estivesse viva.
- Nada demais, mas discutimos como sempre. É impressionante como ela é cabeça dura - disse qualquer coisa para disfarçar.
- Te falei que não seria uma boa ideia a sua armação de fazer as duas dividirem o camarim. Era melhor eu ter dividido com a Helena e você com a Isa - Eduardo comentou enquanto olhava o trânsito. - Eu acho você mais cabeça dura do que ela, Isabel.
- Você é o defensor número 1 da Helena, Edu. Sua opinião não vale muita cosa.
Maurício deu risada e eu revirei os olhos pensando onde ele estava com a cabeça de armar tudo isso. Eu sabia que estava esquisito a insistência da Vivi e seu nervosismo. Apesar da raiva, ignorei o assunto.
O meu celular tocou na bolsa. Com algum esforço, consegui achá-lo no fundo.
Quando vi de quem se tratava, desliguei imediatamente.
Fiquei olhando para a tela tentando entender o porquê da ligação.
Mais uma vez o aparelho começou a tocar. Não hesitei em apertar o botão de rejeição novamente.
- De quem é a ligação que você não quer atender, Isabel? - Mau perguntou dando risada.
- Ninguém importante - respondi.
Reconheci a rua do meu apartamento e respirei aliviada. Coloquei o meu celular no silencioso enquanto via o meu amigo estacionar na frente do meu estabelecimento.
- Isa - Maurício pegou na minha mão. - Qualquer coisa que você precisar, sabe que pode me ligar a qualquer momento, não é?
- No se preocupe, eu estou bem. Vá se divertir com o Edu, não deixe que ele beba muito.
Despedi-me dos meninos e sai do carro.
Entrei em casa e, diferente de outras vezes, passei longe da cozinha. Geralmente eu prefiro ver os ingredientes que tenho para preparar um jantar, porém hoje não sinto fome. Preciso de um banho.
Abri a porta do meu quarto, peguei o meu celular da bolsa e o coloquei para dar carga. Notei que tinha outras chamadas perdidas, apenas ignorei.
Caminhei até o meu banheiro deixando as roupas pelo caminho. Entrei no box, abri o chuveiro, deixei a água morna cair diretamente no meu rosto. Ali fiquei por 15 minutos, consegui não pensar nela.
Mas só de lembrar que eu tenho que esquecê-la, as imagens dela sentando e rebol*ndo em meus dedos dominaram a minha mente enquanto me vestia.
Sequei o meu cabelo de qualquer jeito, apenas para não dormir com ele molhado.
Sentei-me na minha cama e soquei o colchão por diversas vezes. Descontei toda a raiva que senti.
Inquieta, apenas uma coisa pode me aquecer e fazer com que eu durma mais rápido.
Desci até a minha cozinha a passos largos. Ao chegar no meu lugar favorito da minha casa, abri uma das portas do armário e peguei uma garrafa de Absinto que ganhei de um dos patrocinadores. Peguei um copo e retornei ao meu quarto.
Já sentada na cama, bebi, em um gole só, uma quantidade generosa. Fiz careta pela força do álcool, mas por fim gostei do sabor. Senti o sangue nas minhas veias esquentarem. É disso que preciso para dormir.
Dispensei o copo e passei a beber no bico. Um, dois, três, quatro, cinco. Perdi a conta.
Mais para bêbada do que consciente, levantei-me com o meu quarto girando, tirei o meu celular do carregador e retornei à cama.
Abri o aplicativo de música e dei play em "I don't want to close my eyes". A minha música com a Helena. A canção que marcou o nosso primeiro ano de namoro e virou o nosso tema de amor.
Na metade da música eu não consegui mais segurar as lágrimas de rolaram pela minha face cheia de lembranças dolorosas.
Eu nunca mais tive coragem de escutar qualquer música que tivesse alguma relação positiva entre nós duas. Apaguei todas as nossas fotos, não trouxe nada que pudesse me recordar dela. Evitei até mesmo de cozinhar seus pratos prediletos.
Ironia do destino trans*r com a Helena um dia depois da data mais importante para nós duas.
Dei mais um gole direto da garrafa e desejei que aquilo fizesse me esquecer de tudo que aconteceu hoje.
Será que ela se lembrou do nosso dia?
Munida de uma coragem que só o álcool na veia consegue exercer, fui até o aplicativo de vídeo, procurei um ao vivo do Aerosmith com nossa música e sem pensar duas vezes enviei à atriz.
Isabel: link vídeo ‘I Don't Want To Miss a Thing - Live' (23:32)
Olhava para a tela brilhante hipnotizada. Eu não estava raciocinando muito bem, sentia a bebida me dominar.
Para a minha surpresa, o nome "Helena" apareceu na minha tela em uma ligação.
Tremi entre apertar o verde ou o vermelho. Deslizei o meu dedo e aceitei a ligação.
- Hola, cariño - seu apelido deslizou de saudade pela minha boca ao ser pronunciado depois de tanto tempo.
"- Isabel?"
- Sí, soy yo. No era a mí a quíen queíras llamar?
"- Isabel, você está bêbada? Está falando um pouco enrolado."
- Creo que sí, mi amor. Tem uma garrafa de Absinto pela metade en mis manos.
"- Pelo seu amor à Gi, larga isso agora, Casañas."
- Estas nerviosa, Helena?
"- Eu não estou acreditando que você me enviou uma mensagem completamente bêbada. Achei que você tivesse lembrado do nosso dia."
Sua voz de frustração quebrou as minhas correntes.
- Me recordé... eu passei o dia inteiro ontem lembrando de cada dia especial, até mesmo aquele que ficamos gripadas e nem conseguimos sair da cama.
"- Você quer me torturar, Isabel?"
- Eu jamais devolveria na mesma moeda, Helena.
Ficamos em silêncio. Eu conseguia ouvir a respiração da apresentadora e isso me fez ficar com o celular no ouvido.
"- Você não costuma beber desse jeito. O que deu em você?"
- Não costumava, Helena. Depues da nossa separação, eu encontrei na bebida uma boa companhia. Não é a primeira vez que bebo por sua causa. Sabe o que é pior? É que se eu virar uma alcoólatra a culpa é totalmente minha pois eu sou a única responsável por não conseguir lidar com todas las mierdas que aconteceram.
Mais uma vez o silêncio foi maior do que qualquer resposta. Deitei-me de lado, me cobri e coloquei o celular no viva-voz.
- Helena, você gostou do que fizemos hoje?
"- Você sabe que sim, Isa."
- Sí, eu sei. Vi em seus olhos o quanto você gostou.
"- Pena que eu tenha visto rejeição nos seus."
- No te rejeitei, Helena. Só eu sei o quanto te queria entre as minhas pernas, o quanto desejei sentar na tua boca.
"- Para de falar merd*, Casañas. Você tem alguém, é isso?"
- No, yo no tengo ninguém.
"- Por que você não me deixou tocá-la, então?"
Eu não respondi e encerraria a ligação, mas não o fiz ao escutar sua pergunta:
"- Isabel, você ainda me ama?"
"Se um dia você a amou de verdade, fala para ela com todas as letras que não têm volta e deixe-a livre para ser feliz independente do que que você pensa".
- Eu te amei, Helena. Te amei todos dias desde que te vi pela primeira vez até o dia que comecei a perceber que estava amando sozinha. Talvez hoje tenha sido a nossa despedida.
Bocejei e fechei os meus olhos.
"- Covarde. É isso que você é, uma covarde. Quer fugir de todos os jeitos da verdade. Pois saiba que eu estou cansada de negar e não tenho medo de confessar que..."
De repente tudo ficou escuro, não escutei mais nada.
Fim do capítulo
Por esta semana é isso.
Gostaria apenas de agradecer os comentários pelo facebook que vejo por aqui. Não posso respondê-las porque não tenho um fb. Mas fico feliz pela interação :).
Até logo!
Comentar este capítulo:
Rain
Em: 14/11/2020
Olá!
Essa história só me faz chorar. Ela é incrível mas, só me faz chorar. Essas duas tem que se acertar logo.
Acho que essa Elisa tem alguma coisa a ver com a separação delas. Acho também que é ela que tava ligando para Isabel.
Isabel fica fugindo em vez de colocar as cartas na mesa e Helena mentiu muito também e não jogava logo a merda toda.
Espero que elas se acertem antes que eu vire uma manteiga de tanto chorar e Isabel não vá se envolver com a portuguesa.
Resposta do autor:
Olá!
Primeiro, me perdoe pelo choro :(. Segundo, obrigada por ler :). Terceiro: talvez suas teorias estejam boas...
Abs!!!
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GabiVasco
Em: 10/11/2020
Eu estou adorando a estória mesmo que me irrite um pouco com a Isabel. O mistério já me fez ficar viciada, a dúvida me intriga.
Não vejo a hora do próximo.
Resposta do autor:
Haha, sempre tem coisas que irritam nas personagens.
Obrigada!
Abs.
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Baiana
Em: 09/11/2020
Rapaz, agora até eu tô desconfiada da Helena,depois que a Isabel achou aquela camisinha na bolsa dela. Será que elas foram vítimas de alguém invejoso?
Só espero que a Isabel não resolva se envolver com a portuguesa só para mostrar para a ex que não a ama.mais.
Resposta do autor:
Ih... será? Tudo pode ter acontecido.
Abs.
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