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Fios do Destino por La Rue

Ver comentários: 4

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Palavras: 3356
Acessos: 1005   |  Postado em: 17/10/2020

Notas iniciais:


Olá meus queridos, nem acredito que finalmente cheguei nesse capítulo. Fico aqui pensando que antes achava que a fic não teria nem 20 direito e se tivesse nós estaríamos no final, pois bem, como eu estava enganada kkkkk...

Estou muito feliz e agora é a hora de colocar a cara a tapa, ou vocês vão me amar ou vão de odiar de vez. Mais do que nunca vocês vão ter que entrar na maluquice aqui junto com a autora.

Primeiro de tudo, lembra que eu vinha dizendo que Clarisse estava há praticamente um mês fora? Pois bem, nesse lugar onde ela está o tempo passa diferente, um mês equivale a um ano onde. Mas não se liguem a isso, só queria mesmo dar uma explicação pra esse tempo fechadinho, depois eu explico melhor sobre isso então não esquenta a cuca.

Segundo, teremos a primeira parte da profecia citada pela Clarisse e uma coisa que eu queria deixar clara sobre profecias em PJO alguma linha ou detalhe pode não acontecer em ordem.

Terceiro... Lembram que a Annabeth falou sobre linha do tempo alternativa? Pois bem, alguns já sacaram, outros não, mas deixo aqui registrado que teremos mais uma spin-off - no momento certo e futuramente - sobre os antepassados das meninas.

Eu tô rindo muito por ter conseguido passar esse tempo sem dar com a língua nos dentes, mesmo eu dando dicas, principalmente naquela oneshot sobre Athena e Afrodite... Felicidade me define por vocês terem focado em diversos pontos e não nesse *risada maléfica*.

Boa leitura a todos!

A Herdeira

 

"Deve haver um outro mundo

por detrás de cada amante,

Uma ponte infinda, um assoalho,

Um berçário de estrelas...

Vazio... Profundo.

Na densidade infinita dos deuses

Dentro a lente dos olhos, dos átomos,

de todas as coisas indivisíveis!

Realidades nascem sorrateiras...

Do que você sonha em fugir?"

 

~***~

Estava feito... Annabeth seguira rigorosamente o ritual assim como ela havia observado pela lâmina da katoptris. Um dos dons dos filhos de Athena era justamente não esquecer aquilo que escutava e as palavras mencionadas por Clarisse estavam frescas em sua mente como se tivessem acabado de serem proferidas. Percy e Silena aproximaram-se da garota em posição defensiva, mas a loira manteve-se tranquila quando as Moiras apareceram diante deles.

 

-Os olhos de quem procura por respostas. - a mulher do centro olhou Annabeth com intensidade, a semideusa retribuiu da mesma forma, estava cansada de esperar, ela queria resultados. - a curiosidade pode ser uma dádiva semideusa, mas tem o seu preço.

 

-Respostas que as três deusas certamente possuem. - retrucou com a maior dose de respeito que lhe foi possível, tratar de favores com deuses era sempre algo muito delicado. Eles poderiam complicar sua vida apenas por não estarem em um "bom dia".

 

-Estava me perguntando quanto tempo demoraria para vermos esse rostinho bonito e orgulhoso. - a idosa posicionada ao lado esquerdo de Láquesis parecia extremamente satisfeita em ver a filha de Athena.

 

Annabeth franziu o cenho, deveria ser prudente ficar apreensiva ao ver a deusa que cortava o fio da vida empolgada em lhe ver. Seu corpo era tão frágil que tinha receio que a mesma se quebrasse a qualquer momento ou se fragmentasse em cinzas, mas bem sabia que isso não seria possível.

 

-A pomba e o tridente a seguiram...

 

Chase tremeu ao voltar seus olhos novamente para Láquesis, havia chamado também a atenção de Silena e Percy. Onde ela queria chegar? Havia recitado a terceira linha da profecia e esperava que se mantivesse por ali, havia ocultado aquilo por muito tempo para simplesmente ser recitado aos dois companheiros de missão.

 

-Formidável não é mesmo?! - completou a velha batendo palmas brevemente, como se estivesse em um espetáculo. - finalmente aceitou, não se pode fugir do destino minha menina, você é filha da deusa da sabedoria, deveria ter conhecimento disso... - a voz de Átropos se fez mais profunda assim como a forma de olhar quase aterrorizadora, mesmo que não o fizesse por mal. - mas não nego que tem coragem, tentou protegê-la mesmo que de forma perigosa.

 

Percy se mexeu incomodado como se estivesse pronto para atacar a qualquer momento, já Silena estava mais tranquila, ou pelo menos era o que tentava aparentar, mas talvez fosse porque a Beauregard sabia algo sobre aquilo - outro fato que ainda não havia conseguido digerir de forma adequada. Porém ela fez um sinal para que os dois se mantivessem como estavam, a líder do chalé 6 sabia bem o peso daquelas palavras... Ela não podia dizer que não havia tentando, pois ela tentou, tentou de todas as formas fugir, se afastar, mas no final sempre haveria caminhos que anulariam a sua escolha. O pior de tudo era que sempre resultaria em alguma consequência, foi burra... Inconsequente demais em achar que qualquer tomada de decisão sua seria o suficiente para que uma profecia não se concretizasse.

 

-Eu não vou desistir, não vou deixá-la sozinha e preciso trazê-la de volta. - retrucou com o máximo de coragem que possuía.

 

-Você sabe o preço que deve ser pago, não sabe... Filha de Athena?! - as palavras vieram de Cloto, uma criança de aparência adorável, mas que trazia uma seriedade no olhar que parecia não pertencer a ela.

 

Annabeth titubeou por alguns segundos, era impossível não se sentir tentada a recuar, até mesmo Clarisse esteve balançada ela pode constatar quando lhe viu pela lâmina. Aquilo complicaria ainda mais os seus planos, reduzindo suas esperanças a algo insignificante.

 

-O que houve? De que preço ela está falando? - perguntou o amigo com a voz baixa, porém levemente transtornado, o rapaz sentia o suor frio lhe descer pela testa.

 

A loira não respondeu de imediato, ainda estava imersa em seus pensamentos, possibilidades e incomodada com o frio que se espalhou por sua espinha dorsal. 

 

-Nossas lembranças... - começou com a mente ainda enevoada. - quando Clarisse se foi esse foi o preço a se pagar, ela esqueceria tudo até então. - ela se virou para poder olhar para os dois semideuses e os olhares que lhe dirigiram a princípio não foram dos mais encorajadores. - o mesmo acontecerá conosco, talvez seja algo temporário, mas ainda seria um risco.

 

Silena tentou dar o seu melhor sorriso e levantou o queixo de Chase antes de deslizar a mão até o seu pulso, como se quisesse lhe lembrar de algo importante.

 

-Vamos encontrá-la, não importa como, mas nós vamos achar a La Rue. - sua voz era convicta e encorajadora, por mais que também estivesse assustada.

 

Percy fez um sinal positivo com a cabeça e sorriu daquela forma que tranquilizava seu peito, não importava se estivessem no pior momento ele sempre conseguia lhe fazer bem, mesmo que Jackson fosse esquecer sua mãe, a pessoa que mais amava, ele estava ali... Sorrindo. Olhou para o próprio pulso, onde Silena ainda mantinha o toque delicado, Beauregard estava certa... Não importava como, não importava se seria de forma rápida ou demorada, ela encontraria a sua guerreira estúpida.

 

Voltou novamente os seus olhos para as Moiras, agora sem todo o peso e o medo que se instalara em seu coração. Ela tinha os seus amigos, não sabia ainda o que faria, mas tinha certeza que dariam um jeito de se encontrarem e se reconhecerem. Voltaria com Clarisse de qualquer forma, ela possuía o fio e o fio sempre estaria preso a filha de Ares, aquilo já seria alguma coisa.

 

-Determinada, sempre pronta para correr riscos, a lutar pelo que acredita, uma líder nata... Tem grandes batalhas para viver minha jovem, acha que irá conseguir? Acha que pode suportar? - Láquesis tirou a semideusa de seu torpor, no lugar da roca de fiar apareceu um braseiro com chamas azuis. - ser um herói é transitar entre dois mundos, o mortal e o divino, mas nunca pertencer a algum de fato... Aquele que se sacrifica em prol dos humanos e dos deuses.

 

-Eu estou pronta! - afirmou com seriedade e precisão, aproximou-se um pouco mais do braseiro com os outros dois semideuses em seu encalço como se temessem alguma armadilha.

 

-Faça os seus votos, Annabeth Chase. - Cloto lhe encorajou para que prosseguisse com o ritual. Porém antes que a loira o concretizasse ela lhe advertiu. - dois estão indo com você... Dois terão de retornar, essas são as regras.

 

Annabeth franziu o cenho, como ela se lembraria de uma informação tão específica? Afinal todos ali teriam suas lembranças descartadas.

 

-Se acredita em algum deus faça suas orações menina, suas memórias só dependeram daquela que partiu sozinha. - informou Átropos distraída com as chamas que tremeluziam como se fosse um brinquedo inofensivo.

 

Clarisse... Mentalizou enquanto retirava a katoptris da bainha, apenas ela seria capaz de trazer suas memórias de volta, eles conseguiriam, de alguma forma ainda tinham uma mínima chance de tudo dar certo, mas ainda assim era uma chance e era a isso que ela se agarraria.

 

-Eu, Annabeth Chase, Filha de Athena... - cortou a palma da mão onde havia a cicatriz gêmea, deixando que o sangue escorresse nas chamas e no colar que fora dado por sua mãe. - aceito o meu destino.

 

Sentiu as mãos de Percy e Silena contra as suas firmemente, mesmo que fossem entorpecidos aos poucos pelo som constante da roca de fiar. A mente da loira tornou-se um borrão, estava sonolenta, mas manteve a imagem dos olhos verdes pelo maior tempo que conseguiu até não sentir mais nada.

 

~***~


"Três presentes pelos deuses serão concedidos

O primeiro aos fortes, o segundo aos sábios e o terceiro aos perdido"


Esparta - 497 a.C

 

A casa já havia sido devidamente depurada com substâncias especiais para afastar os maus espíritos e qualquer tipo de impureza. Algo em seu ser lhe dizia que aquele seria o tão esperado dia, estava ansiosa, mesmo que procurasse deixar suas expectativas sobre controle, a noite estava atipicamente fria para aquela época e os constantes relâmpagos e trovões anunciavam que algo estava por vir. Gorgo acabara de retornar aos seus aposentos quando escutou um barulho muito peculiar, a mulher de cabelos negros e olhos verdes seguiu o som até o leito onde enfim conseguiu identificar de onde vinha o choro baixo.

 

Sua expressão transitou de surpresa para um pequeno sorriso ao se aproximar lentamente. Havia um bebê envolvido em um manto vermelho, a cor era intensa e rara, do tipo que jamais tivera a oportunidade de observar antes. Fora invadida por uma sensação já conhecida, a mesma quando segurou o seu primogênito pela primeira vez em seus braços.

 

-Está tudo bem... - sua voz tranquila chegou aos ouvidos do pequeno ser, lhe chamando a atenção e cessando o seu choro baixo. - você finalmente chegou.

 

A rainha lhe acolheu em seus braços protetores enquanto os olhos pequenos, curiosos e bonitos focaram em seu rosto. Um sorriso singelo surgiu em seus lábios delicados.

 

-Nós estávamos a sua espera... - disse ainda encantada com o bebê que se aconchegara em seu corpo ao sentir o calor.

 

Gorgo desceu as escadas que levava ao andar inferior, a passos leves cruzou o pátio central a céu aberto onde havia o altar doméstico, acomodando a criança melhor em seus braços para mantê-la aquecida.

 

Seus pés lhe levaram até o homem alto de cabelos negros até os ombros, trajava uma túnica vermelha presa em apenas um dos ombros por um broche de ouro, as vestes incomuns para o exímio guerreiro lhe chegava bem próximo aos tornozelos. Era uma noite atípica, uma noite onde destinos estavam traçados, merecia uma atenção melhor com os seus trajes.

 

-Meu rei. - chamou pelo homem que seriamente encontrava-se imerso em seus pensamentos. - a profecia se cumpriu, os deuses agraciaram Esparta.

 

Leônidas virou-se deixando seus questionamentos de lado bem como as chamas do fogo de Héstia que crepitava de forma intensa, aliviando a sensação de frio que na realidade pouco lhe incomodava, seu corpo já se acostumara há muito tempo com o clima. Os olhos escuros quase brilhavam em expectativa, ele não era o tipo de homem que se atava a promessas, era prático, direto, mas respeitava os deuses, principalmente aqueles que regiam a temida pólis.

 

-Temos de apresentá-lo aos éforos. - comunicou se aproximando da esposa e da criança, um sorriso mínimo apareceu no rosto normalmente duro do homem.

 

A mão calejada e áspera tocou os resquícios de cabelos no topo da cabeça daquela pequena criatura, os olhos curiosos se voltaram para o homem. Como alguém tão frágil e pequeno poderia ser tão importante?

 

A vontade de sua rainha era de lhe acompanhar no processo, mas teria de permanecer na residência, seu primogênito não deveria ficar sozinho, mesmo que fossem amparados por serviçais. O garoto tinha apenas cinco anos, mas era herdeiro do trono, não era prudente deixar uma criança de tamanha importância aos cuidados de terceiros. Beijou a fronte da mulher brevemente após tomar-lhe o pequeno em seus braços.

 

Não perderia tempo, direcionou-se imediatamente para o centro político da pólis. Leônidas estava orgulhoso por ter sido escolhido, o herdeiro de Héracles e Zeus apresentaria o bebê para a análise, porém ele encontraria com os éforos e aquelas bestas sanguessugas não lhe agradavam... Para a sociedade espartana eles eram cinco magistrados escolhidos pela assembleia, não eram agraciados com os mesmos poderes dos reis, mas possuíam sua parcela perigosa o suficiente para manipular pessoas influentes. Poderiam ser considerados sacerdotes dos deuses antigos, mas para Leônidas não passavam de porcos inatos, até então não existira um homem sacro que não amasse o ouro.

 

Quando chegou a construção próxima ao centro de treinamento um dos homens já estava a sua espera. As vestes brancas como se fosse um sacerdote, o manto lhe ocultando parcialmente o rosto, mas ele podia ver ainda os olhos astutos, quando a voz macia chegou aos seus ouvidos:

 

-Seja bem-vindo, meu rei... Os outros membros o aguardam. - um sorriso singelo surgiu em seus lábios enquanto encorajava o homem a adentrar o recinto.

 

O guerreiro não fez questão de respondê-lo, apenas prosseguiu com um dos éforos em seu encalço. Franziu o cenho se acostumando com a claridade do local, os outros quatro já estavam no ambiente como fora dito pelo que lhe recebera. Os demais lhe cumprimentaram como abutres prontos para devorar a carniça, mesmo que a contragosto ele levou a criança até o altar para que a mesma fosse avaliada... Todos sem exceção passavam por isso logo ao nascer, se estivessem aptos seriam futuros soldados que serviriam com honra, contudo, se apresentassem alguma deformação eram descartados a própria sorte.

 

Manteve-se próximo, mas deu espaço o suficiente para que os éforos fizessem o seu trabalho, achou que tudo correria bem como era de se esperar, mas o homem mais velho lhe direcionou um olhar intrigado.

 

-Meu senhor, creio que houve algum engano. - sua voz parecia incerta, os outros quatro começaram um burburinho entre eles. - esta não pode ser a criança certa.

 

-Do que está falando? - o rei aproximou-se novamente, o cenho franzido por não entender o que se passava.

 

O homem havia desfeito as dobras do manto que cobria a criança, aos seus olhos era perfeita e forte, mas somente agora notara um detalhe crucial, o mesmo que chamara a atenção dos magistrados... Era uma menina.

 

-Esta não pode ser a criança certa meu rei. - repetiu o homem enquanto segurava a criança contra a luz da tocha, mais trovões se faziam presente, o pequeno ser começava a se mexer inquieto. - os deuses devem ter se enganado. - concluiu de forma cautelosa.

 

-Cuidado com o que diz "sábio". - enfatizou de forma levemente irônica. - até mesmo eu tenho conhecimento de que os deuses são muito sensíveis... - advertiu Leônidas arqueando as sobrancelhas enquanto coçava o queixo coberto por uma barba curta, porém espessa. - meras palavras podem virar uma ofensa rapidamente.

 

O homem alto se pôs a pensar, algo ali estava errado, talvez ele não tivesse compreendido as palavras do oráculo que fora enviado especialmente para Esparta, mesmo assim achava impossível... Ela fora transparente em suas palavras. Mas uma garota?! Isso minguava todas as expectativas que tentaram não alimentar, uma garota não seria capaz de entrar no exército, havia regras rigorosas, treinamento pesado até mesmo para os homens.

 

-A profecia era clara, um herdeiro legítimo de Ares seria enviado a Esparta e seria crucial em uma futura batalha. - disse o rei olhando para os cinco homens, voltou-se para o bebê e lhe pegou novamente nos braços, sequer poderia imaginar que seu futuro estava sendo decidido naquele momento.

 

-Como... Como vocês se atrevem? - a voz potente chamou a atenção de todos.

 

As tochas se apagaram uma a uma, o frio adentrou o local com mais intensidade, Leônidas trouxe a menina para junto de si, mesmo que a voz lhe fosse familiar. O homem que se apresentara de surpresa tinha aproximadamente dois metros de altura, a armadura que trajava era de ouro imperial, tinha um brilho bonito que fazia irradiar poder, era algo tão imponente quanto aquele que a usava, apesar do elmo e da pouca iluminação ocultar quase toda a sua feição os olhos plutônicos estavam em evidência pelas aberturas.

 

Os éforos se encolheram como vermes rastejantes e bajuladores que eram, atordoados, pois era a primeira vez  a serem agraciados com a presença de um verdadeiro deus, baixaram os olhos para que não fossem consumidos pela ira estampada nos olhos de Ares; entretanto o rei de Esparta manteve sua pose altiva perante a divindade como era de se esperar.

 

-Eu ofereço a vocês de bom grado aquela que possui minha carne e o meu sangue e é dessa forma que vocês me agradecem? - a voz saiu pausada, mas todos ali podiam sentir a pressão sufocante causada pelo deus da guerra.

 

-Ares, meu senhor, creio que os éforos não tiveram a intensão de ofendê-lo. - Leônidas aproximou-se a passos calmos, com a pequena ainda em seus braços. - jamais cometeriam tamanha blasfêmia.

 

O deus momentaneamente amenizou sua fúria contida com as palavras do rei. A pequena semideusa nos braços do guerreiro lhe direcionou os olhos bonitos, cheios de curiosidade, fazendo um pequeno barulho. Ares levou a enorme mão até a cabeça do bebê por breves segundos enquanto dirigia novamente suas palavras aos presentes:

 

-Aqueles que renegarem a minha filha estão também renunciando ao próprio deus da guerra. - comentou em leve tom de ameaça, para que tal ato impensado não fosse mais repetido.

 

Leônidas continuou a estampar serenidade perante o deus, ele lhe era fiel, fora o escolhido de Ares mesmo que a pólis possuísse dois reis, ele seria o guardião da criança. Por mais que ele soubesse o que enfrentaria, estava orgulhoso por tamanha honra.

 

-Dê-lhe isto quando for merecedora. - o deus entregou aquele que lhe era fiel um colar com uma conta. O rei segurou com força a tira de couro que continha uma esfera quente e de coloração viva como o fogo, fez um breve aceno positivo com a cabeça. - quero que lhe dê o mesmo tratamento que daria a qualquer um de seus soldados, nada de regalias ou frivolidades, mas não se esqueça de que é filha de um deus. - os olhos bonitos e ameaçadores focaram os escuros de Leônidas. - e como tal possuirá desejos que não serão contidos, como uma força da natureza.

 

-A sua vontade será feita, meu senhor. - afirmou com a certeza de quem sempre cumpre honrosamente com as suas palavras.

 

-Não espero menos de você, espartano. - reafirmou Ares antes de desaparecer da mesma forma que havia surgido... Do nada e sem mais palavras.

 

O rei voltou os olhos para os cinco homens que ainda pareciam amedrontados pela presença sufocante do deus da guerra. Eles sabiam o que tinha de ser feito, mesmo que tivessem de passar por cima de leis e regras. O mais velho entre eles aproximou-se novamente e fez mais uma minuciosa averiguação, a criança era perfeita... Cabia agora aos seus tutores realizarem os outros procedimentos para introduzir a mesma ao oikos paterno.

 

**

 

Gorgo lhe sorriu assim que retornara, seu primogênito, Mark, também lhe aguardava mesmo que a esta hora já devesse estar repousando.

 

-Então é verdade? - o garoto perguntou com os olhos brilhando em expectativa. - terei um irmão filho de Ares?

 

-No caso uma irmã. - ele viu a confusão nos olhos do filho e da esposa. Entendia-os bem, ambos tinham noção do que aquilo deveria significar. - o próprio Ares colocou os éforos em seu devido lugar quando duvidaram da origem da criança.

 

Após Leônidas contar-lhes o ocorrido, a rainha pegou a menina, precisavam concluir os ritos nos próximos dez dias para inserir a menina no ambiente familiar. Seu primeiro banho foi dado com vinho para testar sua resistência e para averiguar qualquer sinal de epilepsia, uma fita de lã foi colocada na entrada da residência do rei de Esparta, indicando que ali havia "nascido" uma menina.

 

-Mostrou-se corajosa perante aquelas serpentes criança. - comentou o rei enquanto a pequena dormia tranquila nos braços da sua dama. - não duvido que serás reconhecida por grandes feitos.

 

-Como iremos chamá-la? - questionou Gorgo, provavelmente o deus da guerra designara um nome de sua escolha para o bebê.

 

-Clarisse. - respondeu Leônidas afagando os poucos fios na cabeça do bebê, assim como Ares fizera antes de partir.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

E então meus queridos, gostaram? Sim ou não? Tem alguém aí pensando nos métodos de tortura mais eficientes contra a minha pele macia huahahha...

Eu procurei não usar muitos termos gregos para facilitar mais a minha vida e a de vocês, mas caso queiram eu posso utilizar, mas preferia fazer isso apenas quando não tem como traduzir para algo próximo da nossa língua.

Vamos ao senta que lá vem história que tem bastante coisa:

Casa grega ou oikos como citei no final do capítulo. As casas gregas de antigamente são bem diferentes do que estamos acostumados - vou dar mais alguns detalhes nos capítulos seguintes, mas de forma simples e direta, o local central da casa é o pátio, onde havia normalmente um altar para Héstia a deusa do lar ou para Zeus - que também é o deus da hospitalidade - esses são os principais, mas não quer dizer que não houvesse outros, nesse pátio central poderiam ser feitas as refeições, encontros, dentre outras atividades, era de onde vinha a ventilação da casa e a iluminação. Todos os outros cômodos eram ligados a corredores que levavam ao centro da casa.

A palavra oikos refere-se a três conceitos relacionados, mas distintos, sobre a sociedade grega antiga: a família, a propriedade da família e a casa. Quando falei que Clarisse seria inserida no oikos paterno quer dizer que ela vai ser apresentada aos seus familiares e ancestrais do seu pai - aqui no caso seria o seu tutor, o Leônidas - bem como irá aprender seus costumes e adorar os seus deuses.

As mulheres normalmente eram designadas a cuidar das casas o que ficou conhecido como "oikonomia" o termo que deu origem a nossa "economia".

Sobre Esparta, temos aqui uma pólis (cidade-estado) comandada por dois reis (diarquia) cada um pertencente a uma dinastia diferente. Os éforos supervisionavam os reis para controlar e limitar o uso de seu poder.

A rainha Gorgo foi a única a ser filha de um rei que se casou com um rei (de dinastia diferente) e teve um filho como rei.

Não somente em Esparta, mas em toda Grécia depois do nascimento de uma criança o pai decidia se ia criá-la ou não. Isso porque havia uma preocupação em criar apenas crianças fortes e bem formadas para que quando adultos cumprissem seus deveres com o Estado. Se o pai decidisse não criar a criança, esta era colocada em um pote de argila e abandonada no campo, onde morreria de fome, frio ou devorada por animais.

Ufa, cansei...

Vejo vocês nos comentários e até breve! *correndo pra me desviar dos paus e pedras*    


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Comentários para 29 - A Herdeira :
Lea
Lea

Em: 23/06/2022

Querida AUTORA, você é historiadora ou apreciadora de história?

Preciso me aprofundar nesses temas,gosto de uma boa história!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Yara sousa
Yara sousa

Em: 18/10/2020

Nossa que história maravilhosa amo mt mt mt parabéns, porfavor continua logo...????????????


Resposta do autor:

Muito obrigada por comentar querida, muito em breve estarei postando mais, prometo! Nós vemos em breve!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

viinha
viinha

Em: 18/10/2020

Wow sem palavras! Cont logoooooooo por favor..... Bjus se cuida


Resposta do autor:

Olá querida, muito obrigada por comentar, pode ter certeza que em breve estarei atualizando novamente. Abraços!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 17/10/2020

Legal!


Resposta do autor:

Obrigada!

Responder

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