***

- Não precisa fazer essa cara minha amiga, como se você tivesse culpa, pois não tem. Eu é que confundi as coisas, devia ter focado na nossa amizade, e não alimentado uma fantasia. O quê importa agora é que apesar das minhas loucuras você nunca se afastou, continuou sendo a mesma pessoa carinhosa, e eu espero de coração que você seja muito feliz com a Letícia. - a Quézia falou quando ficaram a sós.

- Eu não estou me sentindo culpada, apenas não imaginava quê você sentia essas coisas por mim antes de começar a namorar o Maurício. Depois que você me contou achei quê era apenas atração física, pois mesmo dizendo que gostava de mim você sempre ficava com outras meninas. - a Eva salientou.

- Quando eu descobri o teu envolvimento com a Letícia fiquei muito chateada, mas depois que me vi baleada, amparada, e protegida por ela, quê mesmo ferida não me abandonou, pensei o quanto fui egoísta, e realmente eu não merecia você, pois não tive paciência pra te conquistar; e você não está errada, se eu te amasse de verdade não me envolveria com tantas outras. - a Quézia concluiu envergonhada.

- Boa tarde senhoritas! - o doutor Mesquita falou ao entrar no quarto.

- Boa tarde! - elas responderam.

- Senhorita Quézia, tudo aconteceu de acordo o esperado; ficarás mais está noite aqui, e acredito que amanhã a tarde poderá ir para casa. - o doutor falou sério.

- Doutor, eu não estou conseguindo mover o meu braço direito, na verdade sinto como se ele não estivesse aqui. - a Quézia argumentou.

- Menina, já é um milagre muito grande a senhorita está viva, pois a bala passou a poucos centímetros de veias importantes; com a passagem danificou tecidos, nervos, e alguns vasos sanguíneos, mas conseguimos retirar o projétil, e fazer a cirurgia de emergência, no entanto os movimentos do teu braço direito ficarão limitados por algum tempo, e terá que se submeter as sessões de fisioterapia tão logo estiver cicatrizada; quanto a dormência vai passar a medida que for cicatrizando. - o médico falou de uma vez.

- Doutor seja franco por favor! Eu fiquei aleijada de um braço, e terei que abrir mão da minha carreira na polícia é isso? - a Quézia falou já com lágrimas nos olhos.

- Não senhorita! Vamos iniciar o tratamento tão logo a cirurgia cicatrize, daqui há um mês creio eu, quê já poderemos iniciar com as fisioterapias. E tire da tua cabeça quê está aleijada, apenas terar alguns movimentos limitados. Evite tentar mexer, pois o máximo quê conseguirar é inflamar a cirurgia. Tenha paciência, e fé quê tudo dará certo. - o médico falou, e minutos depois deixou o quarto.

- Por que eles nunca dizem as coisas claramente, e sempre nos enrolam? - a Quézia desabafou.

- Porque nem sempre estamos prontas para aceitar, mas você não vai desistir, fará quantas sessões forem necessárias até ficar cem porcento! - a Eva falou limpando as lágrimas da amiga que teimavam em cair.

- E se depois de tudo isso eu não consegui recuperar os movimentos? - a Quézia perguntou, já sabendo o quanto seria difícil ficar tantos dias afastada do trabalho, e pior se tivesse que sair definitivamente.

- Não vamos fazer suposições agora minha querida, o mais importante é quê fique boa, depois pensamos no resto. - a Eva beijou a cabeça da amiga.

- Obrigada pela força, e acho quê está na hora da senhorita ir descansar ao lado da tua investigadora gata, se não daqui a pouco ela vai dizer quê estou me aproveitando de ti. - a Quézia brincou.

- Eu vou mesmo, pois o horário de visitas já terminou, e é melhor não abusar, a dona Quênia daqui a pouco chega pra cuidar da bebezinha dela. - a Eva provocou a amiga, pois sabia que ela destestava quando a mãe a chamava assim na vista de outras pessoas.

- Diga pra Letícia quê preciso falar com ela, e assim quê puder venha me visitar. - a Quézia pediu.

- Eu direi sim. Tenha uma boa noite querida. - a Eva falou, beijou a amiga na cabeça, e se foi.

- Olá Eva, já está indo embora? - a Flávia quê estava entrando em seu carro alí próximo aonde o de Eva estava parado falou.

- Oi Flávia, sim! - ela respondeu destravando a porta.

- Vai encontrar a Letícia né, diga pra ela quê eu mandei um abraço, e amanhã irei fazer uma visita na hora do almoço. - a Flávia falou sorridente, e a Eva arqueou as sobrancelhas.

- É, sim eu, eu darei o abraço, e o recado. - falou ficando corada, imaginando se a Letícia teria falado algo sobre elas com a Flávia.

- Ela é uma ótima amiga Eva, e se você gosta dela como imagino que sim, invista seriamente no namoro, pois a Let é mulher pra casar. E ela pode até parecer uma pegadora, mas quando assume um relacionamento não trai a companheira. - a Flávia falou ao notar a insegurança da outra.

- Eu gosto dela sim, mas tudo é muito novo pra mim, me sinto um pouco insegura, e confesso quê tenho medo, pois já fui traída uma vez. - a Eva respondeu um pouco sem graça.

- Desculpa, eu acho quê estou te atrapalhando, mas só mais uma coisa; a Quézia gosta de ti não é mesmo? - a Flávia perguntou com o rosto vermelho, mas precisava saber em quê terreno estaria pisando.

- Bom, ela dizia ser apaixonada, mas acho quê confundiu as coisas; acredito que ela me ama sim, mas como amiga. Si a doutora quiser arriscar na conquista o caminho está livre, pois até onde sei a minha amiga nunca namorou sério; acho que estava presa na fantasia de que eu era o amor da vida dela, mas agora está liberta, e quando a ferida sarar estará pronta para amar de verdade. Agora deixa eu ir! - a Eva acenou depois da fala, entrou no carro, e seguiu sorrindo. "Ah Quézia, mesmo dodói tu flechou o coração da doutora Flá, e ainda falou mal do cupido!" Pensou consigo.

***

A Letícia estava sentada no sofá da sala da tia Helena quando escutou leves batidas na porta, e antes de abrir imaginou que poderia ser a Eva, mas pelo horário quê a loira falara com ela dizendo que viria ainda não seria, a menos quê ela não tivesse ido vê a Quézia como disse que faria.

- Boa tarde Lê! Por que não me avisou quê estava no hospital? Eu fiquei sabendo hoje por acaso lendo uma manchete desses jornais sensacionalistas, você mudou de número, e nem me avisou! Eu liguei para a Alanis, ela disse quê você estaria aqui. Não está mais na casa dela? - a Tatiana passou porta adentro vomitando as palavras.

- Boa noite Tatiana! Você acha quê quem está num hospital tem cabeça pra ficar ligando pra alguém que não pode vê uma gota de sangue que já está desmaiando? E eu não mudei de número, o telefone foi danificado na ação, e a tia Lena pôs no conserto. E ainda estou morando na casa da Alanis, mas como ela irá para a fazenda no final da semana, e é folga da Naty, a tia Lena não iria deixar eu ficar lá sozinha, então eu vim logo para cá. - a Letícia falou voltando a sentar.

- Nossa Lê fiquei tão preocupada quando li a reportagem, pensei em tudo que nós já vivemos juntas, sinto saudades da gente dividindo o nosso cantinho. Volta pra mim Lê! - a Tatiana falou sentando ao lado da ex companheira.

- Eu estou muito bem Tatiana, não precisa se preocupar, foi só um tiro de raspão. Quanto a voltarmos, não existe esta possibilidade. - a Letícia falou séria encarando a outra.

- Lê, porque não? A gente se dava bem, vai dizer que não sente saudades das nossas noites, e manhãs de sex* quente, sem contar que nos divertiamos nas festas! Vamos tentar mais uma vez meu amor, eu prometo ser mais responsável com as nossas coisas. Por favor, me dá mais uma chance! - a Tatiana tentou agarrar a Letícia enquanto falava, mas essa levantou rapidamente ficando de costas pra porta quê a outra deixara aberta.

- Tatiana, foi você que sugeriu a separação, e nós concordamos em continuar amigas, e amizade é a única coisa que posso compartilhar contigo. - a Letícia falou já se sentindo incomodada com o rumo daquela conversa.

- Eu sugerir, mas não imaginei que você fosse aceitar, é que você reclamava demais Lê, mas no fundo eu achava que uma hora a gente iria se reencontrar, e se acertar. Poxa, vamos tentar! - a Tatiana levantou se colocando na frente da Letícia.

- Não Tatiana! - a Letícia falou, e a Tatiana simplesmente partiu pra cima da outra a agarrando com força.

- Você está com raiva de mim, mas eu vou te mostrar que ainda me quer. - falou a apertando, e tentando beijar.

- Não Tatiana, me solta! Você está me machucando, ai meu braço! - a Letícia gritou de dor, enquanto tentava se soltar do abraço da outra.

- Eu estou atrapalhando alguma coisa? - a Eva falou da porta, e a Tatiana soltou a Letícia que ficou com o coração a mil ao ouvir, e vê a Eva alí parada.

A Tatiana encarou a recém chegada de cima abaixo, achou a mulher muito bonita, e apesar dos quilinhos a mais tinha um corpo lindo. A Eva por sua vez também analisava a ex da Letícia, uma mulher branca, cabelos castanhos escuros, bem mais alta quê si, corpo bem definido, olhos negros bem expressivos, uma mulher muito bonita, aparentando uns trinta e poucos anos.

- Não está atrapalhando nada querida, chegou na hora certa! - a Letícia falou temendo que a Eva estivesse pensando mal, pois não sabia o quê a loira de fato tinha presenciado. - Tatiana, esta é a Eva minha namorada. - a Letícia apresentou enfatizando bem o minha namorada; viu os olhos negros da ex se estreitarem, e o rosto que já estava rosado ganhar mais cor.

- Prazer Tatiana! - a Eva falou educada, e estendeu a mão para a outra quê apertou desconfiada.

A Eva imaginou logo de cara que aquela mulher quê tentava abraçar a Letícia meia desajeitada era a sua ex, e por pouco não tirou conclusões erradas do quê viu, pois só ao ouvir a Letícia gritar ai meu braço é quê resolveu interferir, em vez de dá meia volta e ir embora. Agora estava surpresa, pois não esperava quê a Letícia a apresentasse para a sua ex como namorada.

- Prazer Eva. Bom, eu já estava de saída,  e desculpa aí Letícia! E, a gente se fala outra hora. Boa noite pra vocês! - a Tatiana falou apanhou a sua bolsa, e saiu quase correndo em direção a porta.

- O quê foi isso? O quê deu nela? - a Eva perguntou para a Letícia que sorriu discretamente.

- Isso foi o choque da realidade meu bem. - a Letícia falou séria.

- Você me apresentou pra ela como a tua namorada, tem certeza que quer mesmo ficar comigo? - Eva olhou bem fundo nos olhos cor de âmbar.

- Eu que deveria te perguntar Eva, se você tem certeza que me quer de verdade em tua vida. Porque eu não brinco com coisas sérias. E eu tenho certeza que quero você desde aquele dia que dormir no quarto de hóspedes morrendo de vontade de te dá um beijo na boca. Você me atraiu no primeiro dia que nos conhecemos lá na casa da Alanis. - a Letícia fazia carinho no rosto de Eva que a olhava encantada.

- Eu agora posso confessar que também fui dormir morrendo de vontade que você me beijasse, até esperei pelo beijo que não aconteceu como eu queria. Você é uma sedutora! - a Eva desenhava a boca carnuda da Letícia com a ponta dos dedos.

- Agora você pode beijar a vontade. - Letícia falou beijando as pontas dos dedos dela, e notando quê as unhas estavam bem curtas; sorriu lembrando dos arranhões nas costas.

- Então eu quero muitos! - falou, e se apossou dos lábios da outra que correspondeu com vontade. Eva ch*pava, lambia, mordia levemente, e a abraçava com cuidado pra não tocar no braço ferido.

- Ops! Desculpa atrapalhar o namoro de vocês. Filha, eu fiquei preocupada quando a Cissa me disse quê a Eva tinha subido, e quê a Tatiana desceu logo em seguida, entrou no carro e saiu cantando pneus. - a Lena falou entrando e fechando a porta.

- Boa noite tia Lena! Então, eu perguntei pela Letícia, e a Cissa mandou que eu subisse, pois a senhora estava atarefada lá na cozinha do restaurante, e está tudo bem. - a Eva explicou

- Boa noite meu bem. Bom, então eu vou providenciar o jantar de vocês, e peço ao Jairo para trazer. - a Helena falou, e saiu apressada.

- Letícia, quando eu cheguei a Tatiana estava tentando te agarrar não foi? - a Eva perguntou só pra ter certeza.

- Sim, e por pouco não magoou o meu braço ferido. A verdade é quê ela me pediu pra voltar, mas não levou a sério quando lhe disse que não, então tentou me agarrar achando que com isso eu mudaria de idéia. - a Letícia falou estudando as reações de Eva.

- Por pouco, eu não dei meia volta, e fui embora. - Eva falou séria.

- Ainda bem que você ficou, agora ela tem certeza que eu não estou disponível, e não vai mais insistir. - a Letícia falou, beijou o rosto de Eva, o queixo, o pescoço, e o decote entre os seios. - Você está tão cheirosa! - falou aspirando o perfume da outra.

- Eu também gosto do teu cheiro, e quando se mistura com o meu fica melhor ainda. - a Eva falou dando um cheiro no pescoço de Letícia que ficou arrepiada.

- Dorme aqui hoje, eu estou com saudades dos teus carinhos na minha cabeça. - pediu manhosa. 

- Só na cabeça? - a Eva perguntou, e pancadas na porta foram ouvidas.

- Boa noite meninas, trouxe o jantar! - o Jairo que era garçom falou com uma grande bandeja nas mãos.

- Boa noite Jairo, pode deixar na mesa que nós nos servimos. Obrigada. - a Letícia falou, e ele se retirou. - Vamos jantar logo pois estou faminta. E por enquanto é melhor os carinhos ficarem só na cabeça mesmo. O doutor falou quê não devo fazer muito esforço. - a Letícia respondeu enquanto caminhavam até a sala de jantar. 

Depois que terminaram de comer a Eva lavou a louça ouvindo a Letícia reclamar quê não precisava, pois o Jairo viria buscar, e em seguida foram para o quarto da morena. - Então aqui é o teu cantinho na casa da mãe Lena, é a tua cara! Por quê não a chama de mãe? - a Eva perguntou curiosa.

- Porque todas as crianças do orfanato a chamavam de tia Lena, então quando vim morar aqui com ela não conseguir mudar, mas acho que ela não se importa, pois nunca me corrigiu, e o quê importa é que a amo como se fosse de fato a minha mãe. Os filhos dela cresceram, foram morar em São Paulo, e casaram, mas eu só saí daqui pra ir morar com a Tatiana, e depois fui morar na casa da Alanis porque era mais próximo do trabalho. - a Letícia explicou.

- Ela deve sentir a tua falta por aqui, pois mantem esse lugar como se você ainda vivesse aqui. - a Eva comentou olhando a arrumação do quarto. 

- Sim, mas eu nunca passo mais de três dias sem vim vê-la, e quase todos os finais de semana, durmo aqui, ou se não no domingo. O fato de eu não morar aqui sempre é porque a tia Lena ficaria muito preocupada por ser próximo a rodovia, pois ela ainda tem trauma do acidente que matou o esposo, e a filhinha dela. E ainda tem o agravante de eu ser uma policial, quê as vezes tenho que trabalhar a noite em algumas investigações, aí a tia Lena ficaria morrendo de medo, e não sossegaria até me vê chegar sã e salva. - a Letícia explicou novamente.

- Eu acho que todas as mães, e esposas de policiais têm essas preocupações. - a Eva concluiu.

- Eu gostei dos teus pais, me pareceram pessoas bastante apegadas a vocês. Espero quê eles não fiquem contra a nossa relação, pois é muito ruim quando a família não aceita. - a Letícia falou pensando nas amigas, que naquela semana iriam assumir pra família as suas relações homoafetivas.

- Não se preocupe quanto a isso, pois a mamãe desconfiou da gente, me perguntou, e eu não tive como negar; até porque não iria mentir sobre algo que mais cedo ou mais tarde teria que falar. E o papai só falou pra eu não me preocupar com eles pois iriam se acostumar com as mudanças, e quê eu tivesse cuidado pra não me machucar. - a Eva falou acariciando a face da outra quê a puxou para junto de si com o braço bom, e a beijou.

- Que bom minha linda! Nós começamos com o pé esquerdo, mas as coisas estão se endireitando. - a Letícia falou enquanto explorava o pescoço da Eva a deixando arrepiada e quente.

- Letícia pare de me atiçar, desse jeito você vai me deixar doida! Ai! - a Eva gem*u quando a língua quente da outra fez um longo caminho em seu pescoço.

- Está bem, então me dá um beijo bem gostoso. - a Letícia sussurrou sem soltá-la, inclinou a cabeça, os lábios da Eva encostaram nos seus que se abriram para receber a língua quente e deliciosa que ela ch*pou com vontade.

- Ai Letícia que tesão gostoso! - a Eva gem*u e capturou a língua da morena dando uma longa ch*pada, sentindo o seu sex* completamente molhado, e a mão ousada o acariciando por cima da calça. - Ai, por favor não faz isso! Ah, ah, ah! - gem*u, se desvencilhou da outra toda fogosa, e entrou no banheiro, pois precisava tomar uma ducha urgente pra diminuir aquele fogaréu.

A Letícia deitou na cama satisfeita, seu coração batia forte, seu sex* latej*v* loucamente, sabia que tinha molhado a calcinha, teve vontade de se juntar a Eva no banho, mas se conteve, pois se passasse daquele ponto não conseguiria se controlar. Levantou procurou um blusão pra Eva vesti, e o deixou pendurado na porta do banheiro.

***

A Alanis guiava o carro alugado com cuidado pois não conhecia aquela rodovia, e não queria ter imprevistos na viagem, tinham saído bem cedo do hotel no centro de Petrolina, e estavam quase chegando.

- A cidade é pequena, mas é bonitinha. - o Alan falou empolgado enquanto olhava as casas de Cristália. - Mamãe a senhora não pediu o endereço pra Ayla, e como iremos encontrá-la no meio de tantas casas? - o menino perguntou curioso.

- É simples meu caro afilhado, isso aqui é um ovo, todo mundo deve se conhecer, vamos parar ali naquele mercado, e perguntar onde é a casa da Azira. - a Letícia falou, e já foi logo descendo assim quê o carro parou. - Bom dia! Estamos procurando a Azira Handara o senhor conhece? - perguntou para um funcionário do mercadão, quê ficou olhando para as mulheres intrigado, pois ninguém nunca chegou perguntando pela professora.

- Bom dia! Quem deseja saber? - ele inquiriu cauteloso, pois sabia quê a filha da Azira tinha voltado, não daria informações da mãe dela para estranhos, pois temia pela volta do Bruno que sempre odiara a garota.

- Bom dia! Nós somos amigos da filha dela, e no caso eu sou também a sua vizinha lá em Recife. - a Eva falou.

- E eu sou o Alan, o senhor vai dizer onde a tia Ayla mora? - o menino perguntou impaciente, e o rapaz arregalou os olhos ao ouvir o garotinho falar.

- Com licença, bom dia! Eu não pude deixar de observar que as senhoritas são de fora, e quando ouvir esse rapazinho dizer o seu nome, e em seguida chamar alguém de tia Ayla, só posso imaginar que a senhorita seja... 

- Alanis Carreras! - a Alanis falou achando graça do jeito do homem.

- Alanis, a delegada, é isso! Ela me falou sobre ti, e também, ah a senhorita deve ser a Eva! - o homem sorria.

- E o senhor como se chama? - o Alan perguntou agoniado.

- Eu sou o professor Paulo, e estou indo para onde elas estão no momento. Vocês estão de carro então é só me seguirem. - ele falou imaginando que a Ayla iria ficar doida de pedra quando visse a sua delegada chegando com o filho, e as amigas.

- Nós não conhecemos o senhor, como vamos saber quê não é uma cilada? - a Letícia perguntou olhando dentro dos olhos do homem.

- Bom, vocês estão procurando a Ayla, eu sei onde ela está, então é só me seguirem. - o Paulo disse isso, montou na sua moto,e seguiu viagem sorrindo ao notar quê elas o seguiam.

- Ele não lembrou o meu nome de imediato, mas sabe quê sou delegada, e falou o nome da Eva, então ele é mesmo o professor Paulo da Ayla. - a Alanis concluiu.

- Se ele estiver mentindo é um ótimo ator. Ninguém consegue sustentar um olhar quando está com segundas intenções. Ele tem o olhar firme de pessoas puras. - a Letícia confirmou.

Alguns minutos depois o carro seguia por uma estrada de terra batida. - Ele deve está nos levando para o sítio que pertencia aos avós da Ayla. Incrível como o velho Chico mudou a vida das pessoas nessa região. Olhem em volta quanta vida! - a Eva falava maravilhada. 

O Paulo parou a moto diante de um grande portão de madeira de duas bandas preso por uma corrente grossa, abriu dando passagem as visitantes, e depois de fechá-lo seguiu atrás. A medida quê adentravam na propriedade viam a riqueza do lugar; mangueiras carregadas de frutas ladeavam a estrada, bananeiras se avistavam lá adiante, goiabeiras, alguns cajueiros, um capinzal onde várias ovelhas e carneiros pastavam.

- Olha mamãe um filhotinho! - o Alan apontou para um carneirinho marrom recém-nascido.

- Mamãe, está vindo um carrão preto na direção daqui de casa, e o tio Paulo logo atrás! - o Ailton falou entrando correndo na cozinha onde a irmã e a mãe preparavam o lanche da manhã.

- Deve ser a Lucy com o marido e os netos. - a Azira falou despreocupada.

- Não sei mãe, ele falou um carrão preto. - a Ayla disse pensativa, lembrou da Alanis quê tinha uma caminhonete grande preta perolada, num impulso foi até a janela, e quase as suas pernas não a seguram em pé, quando viu as portas do carro se abrirem e descerem: a Alanis, a Letícia, a Eva, e o Alan todo sorridente.

- Tia Ayla, achamos o teu esconderijo! - o menino gritou, disparou na carreira até onde ela estava, e se jogou em seus braços.

- Oi meu amor, quê surpresa maravilhosa! - a Ayla falou enquanto caminhava para fora abraçada ao garoto.

- Minha amiga feche a boca, se não a baba vai escorrer pelo queixo. - a Letícia falou ao vê a cara de boba da amiga olhando a namorada vindo em direção a elas com o Alan no colo.

Os corações estavam na velocidade máxima, os olhos de ambas mergulhavam um no outro; a Alanis sorriu do comentário da amiga, venceu os poucos metros que a separava da Ayla, e em poucos segundos a abraçou junto com o filho que não desgrudou do pescoço da Ayla.

- Nós não aguentamos a saudade meu amor! - a Alanis sussurrou baixinho no ouvido da Ayla.

- Eu adorei a surpresa minha linda! - a Ayla falou dando um beijo demorado bem próximo a boca da Alanis que corou na hora. - Bom, pra quem não sabe esses são: mainha, tio Paulo, Ailton, e Bruninha. E estes são: a minha querida Alanis, e o seu filhote Alan, a Eva minha grande amiga, vizinha, irmã do coração, e Letícia amiga e colega das duas, e consequentemente a minha amiga também. - 

Entre beijos, e abraços todos se cumprimentaram felizes, com aquele encontro de almas amigas.

Fim do capítulo